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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
A biografia da treta
A atitude reativa de Paulo Portas e de militantes do CDS devido ao incómodo que a biografia de Passos Coelho provocou com a passagem onde o líder do PSD (ou de parte dele?) afirma que soube da demissão de Portas por SMS foi publicidade gratuita ao livro, à editora e a Passos Coelho. Paulo Portas admite poder "ter havido um lapso a que não atribui importância" da autora da biografia que também é assessora do PSD.
O livro ontem lançado é mais uma estratégia eleitoral de propaganda e de branqueamento da pessoa de Passos Coelho enquanto político.
A nota enviada ontem à imprensa pelo gabinete de Paulo Portas esclarece que na altura o pedido de demissão foi formalizado por carta.
É costume dizer-se que, quem não se sente não é filho de boa gente, mas o desmentido poderia ser mais comedido de modo não fazer disso um acontecimento mediático que apenas contribuiu para beneficiar o infrator com a publicidade à volta da sua pessoa.
Seja como for, a venda do livro passou a ficar garantida ao atrair o interesse da comunicação social para a biografia duma personalidade sem "riqueza de vida", líder de um partido e primeiro-ministro como o foram tantos outros e se prevê ser transitória na vida política nacional.
Não me deixo contaminar mas, pelo sim pelo não!…
Uma notícia publicada hoje pelo jornal Público coloca em título "Carlos Alexandre teme estar a ser espiado por organização secreta" e refere que o juiz mencionou as suas suspeitas a uma procuradora do Tribunal da Relação que arquivou a denúncia anónima que fizeram contra ele. Segundo aquele diário diz ele "que teme estar a ser espiado por uma organização secreta" quando respondia a uma pergunta sobre quem seriam os autores de uma carta anónima em que Carlos Alexandre era visado. Acrescenta que "foi a primeira vez que na sua vida foi acusado de corrupção" e negou "ter algum dia ter ficado refém de quem quer que seja, jornalista ou não".
Ainda segundo o Público "Segundo a carta não assinada, enviada para a Procuradoria-Geral da República e também para os seus serviços distritais de Lisboa, Carlos Alexandre estaria nas mãos de um jornalista da revista Sábado depois de este ter descoberto factos comprometedores relacionados os seus bens pessoais, não lhe tendo restado alternativa senão comprar o seu silêncio passando-lhe informação privilegiada sobre os processos judiciais.". Acrescenta ainda que "Carlos Alexandre optou por fazer uma espécie de strip-tease financeiro, explicando quanto ganhava, qual o salário da mulher, que chefia uma repartição de finanças, e indicando os encargos do casal: empréstimos para comprar habitação e apartamento de férias, prestação do automóvel, que troca de cinco em cinco anos e por aí fora. O magistrado habituou-se a acumular funções, e até ao ano passado trabalhava nas varas criminais de Lisboa, no Tribunal Central de Instrução Criminal, por onde passam os processos mais pesados, e ainda no Tribunal de Instrução Criminal. Foi assim que conseguiu ir fazendo face às despesas quotidianas, explicou."
Eu adoro uma boa e sustentada teoria da conspiração e parece que o senhor juiz Carlos Alexandre também. Não coloco em dúvida que não tenha razão, mas, talvez, dado o excesso de trabalho a que tem sido submetido, com dezenas de processos difíceis em mãos que não atam nem desatam, e a tensão nervosa a que se está sujeito lhe possam ter provocado involuntariamente uma imaginação criadora. Por isso, não podemos deixar de o desculpar por achar que há organizações secretas a espiá-lo. Uns dias longos de repouso na sua casa de férias, longe do bulício dos processos e dos tribunais talvez fossem uma boa solução para o seu stress.
Se estamos mais próximos de um segundo resgate não será pelos resultado das eleições como alguns pretendem já sugerir. Não se pode esquecer o facto de o primeiro-ministro, Passos Coelho, ter levantado em agosto passado a eventualidade de um segundo resgate após o chumbo do Tribunal Constitucional da requalificação da função pública. Há algumas semanas voltou a falar no tema. Terá sido para intimidar antes das eleições autárquicas ou estava já numa pré-preparação para aquela eventualidade?
Os comentadores, apoiantes dos partidos do Governo, pretendem agora fazer passar a mensagem de que a perda das eleições, neste caso as autárquicas, se deve ao desgaste que é habitual num partido que está no Governo. Mote lançado por Passos Coelho na sua comunicação onde assumiu perante o país a perda das eleições e recordou acontecimentos idênticos há mais de vinte e cinco anos.
A derrota do PSD nas eleições autárquicas deve-se sobretudo aos grandes responsáveis primeiro-ministro Passos Coelho e à sua “entourage” composta pelos seus “advisers” e jotas incultos e irresponsáveis, pertencente a uma geração neoliberal radical infiltrada, muitos deles retornados, apostada numa desforra sobre os portugueses pelo do 25 de abril e pela descolonização. Pretendem agora escravizar os portugueses como os seus antecessores o fizeram aos povos africanos que colonizaram.
O condicionamento eleitoral preparado, assim como a forma de comunicação que o governo seguiu ao longo destes dois anos e meio, foi um desastre total e falhou em grande parte. A divisão e a destruição da coesão social dos portugueses foi a estratégia dominante, ora vinda do próprio primeiro-ministro e dos deputados da maioria no Parlamento, ora dos jotas do PSD, incultos e politicamente impreparados, que têm revelado, para além de falta de bom senso politico, falta de cultura sobre Portugal e os portugueses. Ansiosos por agradar e ganhar lugares no aparelho do Estado, pagos pelos impostos de todos, infiltram-se onde e como podem quais raposas em galinheiro.
Pelo que já conhecemos de situações anteriores, Passos Coelho faz ameaças quando as coisas não lhe calham como previu por isso pode prever-se que vai agora fazer retaliações sobre os portugueses, apenas sobre alguns como é seu costume. Esperemos para ver.
A crise desencadeada pela direita apoiada pelo PCP e pelo BE que deu lugar à queda do governo anterior e consequente resgate necessitaria, da parte do Governo que então tomou posse, de uma forma de comunicação que jovens radicais impreparados não tinham e que continuam a mostrar cada vez mais não ter, incluído o líder da desgraça do PSD, Passos Coelho.
Numa época de crise em que seria necessário envolver e unir os portugueses, não através de “uniões nacionais” artificiais como Passos Coelho e o seu aliado Presidente da República pretendem, mas com um discurso e comunicação mobilizadores onde os sacrifícios fossem devidamente justificados e repartidos por todos e não apenas por alguns grupos sociais e profissionais, enquanto outros, favorecidos, a quem interessa a manutenção deste Governo, vestem capas e arranjam artifícios para passarem ao lado da crise.
A Reforma do Estado tem sido até este momento uma mera ficção semântica. Planear uma reforma leva tempo e necessita de indivíduos competentes na matéria. Onde está o tal prometido plano daquela reforma foi entregue a Paulo Portas? Pode questionar-se o que aconteceria se numa empresa os responsáveis pedissem a um técnico credenciado da empresa um plano de reestruturação e este não o apresentasse. No mínimo era dispensado como incompetente no mês seguinte se, pelo menos, não apresentasse uma justificação para tal.
Há só uma forma da incompetência ser apeada que é a de fazer despertar o verdadeiro PSD para a necessidade de mudança da liderança que o sufoca o que só traria vantagens para a democracia.
Está provado que os portugueses aceitam a austeridade e os sacrifícios quando necessários desde que saibam qual o objetivo e o projeto para o seu país a curto e a médio prazo desde que não, façam apenas numa perspetiva de crença e fé, promessas para a melhoria de vida de gerações futuras, indefinidas no tempo, quando até essas provavelmente já estarão mortas.
Desde já podemos prever que Passos Coelho vai retaliar e apertar os sacrifícios aos portugueses que acha foram os grandes causadores do seu desaire eleitoral. Deixou-o bem claro na comunicação ao país em que assumiu a perda das eleições.
Paulo Portas, como de costume, com o seu ballet acrobático, faz do CDS/PP o grande vencedor das eleições autárquicas iludindo o seu eleitorado fugidio. Paulo Portas faz dos portugueses parvos. Depois das acrobacias trapézicas que tem feito será que ainda há quem apoie e aceite continuar a assistir a ver este circo? O penta autárquico, como ele designou por ter conseguido seduzir cinco autarquias não é mais do que um caso atípico nestas eleições que, com o tempo, se irá esvaziar. Casos como o de Ponte de Lima no domínio do CDS são raros. Se são bons ou maus os autarcas quem melhor do que os eleitores para o decidirem? Veremos com o tempo. João Jardim também governa a Madeira ao longo de mais de trinta anos, até que um dia…
Quanto ao PS resta-lhe ter cuidado porque, não será por vencer estas eleições que as futuras estarão garantidas e já não falta muito. Ou apresenta alternativas consistentes e começa a preparar um discurso de verdadeira oposição, sem ser através de medidas comezinhas e de cariz sedutor ou não vai conseguir que os portugueses lhes reconheçam crédito para governar. Se José Seguro não reconhecer isto voluntariamente mais vale retirar-se da liderança enquanto ainda está nas em algumas boas graças.
Se os discursos de Paulo Portas, convenceram e ainda convenciam alguém, deixaram de ter a ténue credibilidade que ainda se lhes atribuía. Paulo Portas está, agora, não na corda bamba do equilibrista, mas no trapézio donde a queda pode ser mesmo mortal.
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O meu comentário aos últimos acontecimentos da política, enquanto factos, é de apenas “no comments”, pelo que, face à velocidade com que os acontecimentos iniciados na passada semana apenas me resta deixar alguns registos, desligando-me do que muitos comentadores debitam causando tédio aos telespectadores e ouvintes que já nem os ouvem, apenas veem conversando para o lado.
Há já algum tempo coloquei um “post” sob o título de “O Ballet Acrobático de Paulo Portas” sobre as viragens e piruetas político-acrobáticas pauloportianos. Enganei-me apenas no “timing”.
Curioso foi que, com a carta de demissão assertiva e preocupante de Vítor Gaspar, os mercados não tugiram nem mugiram ou, se mugiram foi pouco. Mas, face à pseudo irrevogabilidade demissionária de Paulo Portas, os mercados reagiram em delírio. Até Durão Barroso como que alucinado e surpreso pelos acontecimentos veio tentar exercer pressões, mascaradas de aconselhamentos dizendo, numa declaração escrita sublinhava que, "como já é patente pela reação inicial dos mercados, existe risco evidente que os ganhos de credibilidade financeira de Portugal sejam postos em causa pela instabilidade política", ao que a SIC Notícias acrescentou, que se vive no país, na sequência do pedido de demissão do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, líder do CDS-PP, parceiro de coligação do PSD no Governo. "A acontecer tal, seria especialmente grave para os portugueses, nomeadamente porque se anunciavam já sinais de alguma recuperação económica", adverte.
Recuperação económica? Qual? Claro que isto foi mais uma ajudinha ao PSD e ao seu Governo de incompetentes, infiltrado por juventudes neoliberais sem preparação cultural e política, na verdadeira aceção das palavras.
Os comentadores e jornalistas que oraculizaram sobre o tema das demissões dos dois ministros adjetivaram, cada um à sua maneira, os comportamentos e atitudes políticas dos dois demissionários. Para alguns, o Dr. Paulo Portas foi irresponsável, emotivo, birrento, viravoltas, incompreensível, etc.. Mas, para ele, a sua demissão foi uma “atitude de consciência”. Podemos então ser levados a pensar que, Paulo Portas, com a reviravolta, perdeu a consciência?
Segundo a Rádio Renascença, Paulo Portas terá afirmado que nesta crise, separou o plano pessoal do institucional e que o facto de ter pedido a demissão de ministro e de Estado e dos Negócios Estrangeiros não o impediu, nem poderia impedir, de conduzir pelo CDS negociações que classificou de muito relevantes para o interesse nacional. O líder do CDS afirmou ainda que, ao tomar a atitude que tomou, tinha de estar disponível para renunciar a qualquer tipo de atividade política, quer ao nível do Governo, quer do partido. Mas acrescentou que se tivesse de escolher entre o interesse próprio e o do partido, escolheria o do partido e, se tivesse de escolher entre o interesse do partido e o interesse do país, escolheria o do país.
Há um enigma no meio disto tudo que só muito mais tarde, se alguma vez se vier a desvendar, passaremos a conhecer.
Pelo que se sabe, na política, Paulo Portas raras vezes tem perdido e, se alguma vez perdeu, voltou para ganhar. As piruetas e acrobacias de Paulo Portas não irão ficar por aqui.
Se os discursos de Paulo Portas, convenceram e ainda convenciam alguém, deixaram de ter a ténue credibilidade que ainda se lhes atribuía. Paulo Portas está, agora, não na corda bamba do equilibrista, mas no trapézio donde a queda pode ser mesmo mortal.
Algo a médio prazo, talvez um ano, se irá passar, o que duvido é que seja para bem de Portugal e da maioria dos portugueses.
Imagem de: http://depoisfalamos.blogspot.pt/
Os portugueses receiam a instabilidade política mesmo que seja momentânea e com o objetivo de, a muito curto prazo, poder contribuir para uma nova vida pessoal e social. Não gostam de sair da sua zona de conforto, termo, este, já utilizado por Passos Coelho.
Esta atitude pode ser demonstrada pelos comentários que se ouvem por aí na rua, nos cafés e outros locais públicos, como, por exemplo, vale mais isto do que nada, temos esta reforma mas é melhor do que a retirarem toda, os outros (os políticos) que vierem fazem o mesmo que estes, nós sempre vivemos assim e nada vai melhorar para nós, mudar para quê eles estão a fazer o que podem, temos que dar graças a Deus porque temos emprego apesar do ordenado baixo e outro grande número frases que seria exaustivo numerar. Estas são frases que agradam ao governo porque é para isto mesmo que vem "treinando" a equipa chamada povo português, qual treinador de futebol que mentaliza a equipa do seu clube.
O pior de tudo é que, quem nos governa sabe disso e, por isso, sabe que pode tomar, sem grande cautela, até impunemente, medidas com as mais toscas justificações que vão contra os interesses dos governados que os colocaram no poder.
Poderia dizer-se que estaríamos a chamar estúpidos aos portugueses. Bem longe disso, são é comodistas e preferem manter-se na tal zona de conforto porque, apesar de sentirem que estão a ser enganados e prejudicados têm receios, o que prova que a pedagogia do medo que é lançada para a opinião pública tem funcionado e bem. Decerto modo é compreensível porque a situação que se criou é tal que tudo até a perda do posto e trabalho se tem em conta quando as pessoas se pretendem manifestar quer através de comentário, quer de qualquer outra forma. Não é por acaso que nos serviços de diversos departamentos dos ministérios as pessoas têm um certo cuidado em falar de certos assuntos com receio de que alguém possa escutar as conversas, mesmo as efetuadas ao telefone.
A instabilidade política é o “chavão” do medo, acenado pelos que nos governam e por quem os apoia, agora, com a justificação da intervenção da “troika” para, conhecendo as características do povo português, se servirem disso para eles próprios se poderem manter nas suas zonas de conforto enquanto detentores do poder que lhes foi dado através de eleições.
Só nos governos não democráticos é que a estabilidade política é imposta, em democracia a instabilidade política é sempre possível existir. Veja-se o caso atual da Itália onde sem grande perturbação social são convocadas eleições antes do final do mandato. Dirão alguns que nós estamos intervencionados e não podemos assustar os mercados e a ”troika” que nos emprestam dinheiro. Direi eu, a “troika” está-se borrifando para que haja ou não eleições antecipadas, o que quer é que o programa que nos impõe, aceite de mão beijada e sem negociação por este governo, seja cumprido para garantir o dinheiro e os juros do empréstimo.
Se continuarmos a prendermo-nos ao problema da instabilidade política o melhor é, durante a próxima década, não termos eleições porque, nessa altura, ainda estaremos a cumprir os nossos compromissos e, por isso, não podemos assustar os mercados.
Instabilidade política não é uma revolução, é apenas uma prática que deve conduzir à possibilidade de mudança devido à falta de compromissos assumidos pelos que elegemos para nos governarem. Para além disto, tudo o que se disser será ceder à tal pedagogia do medo que apenas serve para a manutenção de uma situação conveniente que dure quanto mais tempo melhor. Em democracia só há uma forma de sair de crises políticas, são as eleições que servem para criar estabilidade e não para criar instabilidade.
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