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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Em certos momentos de acontecimentos da nossa política há um problema que aflige e agita a comunicação social e os jornalistas: quando não têm informação suficiente e exata sobre certos factos lançam para a opinião pública achas interpretativas e especulações sobre esses mesmos factos que, por vezes, se aproximam de oráculos.
É, por exemplo, o caso do roubo das armas de Tancos por causa do qual se tem estado a construir uma espécie de telenovela tipo mexicana a partir de alguns factos, outros pseudo factos, que surgem de penumbras que geram nebulosas segundo o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e névoas segundo o primeiro-ministro António Costa. Pode até acontecer que as nebulosas e as névoas sobre os factos sejam, com finalidades várias, adensadas e difundidas pelos próprios envolvidos durante processo de averiguações.
Recorde-se que o caso de Tancos surgiu numa altura crítica em que Governo e o país andavam preocupados com a catástrofe incendiária que grassou, ou fizeram grassar, e que tiveram uma gravidade sem par e, na mesma altura, por coincidência, é divulgado pela comunicação social o facto do roubo das armas em Tancos. Ouro sobre azul para partidos da direita cavalgarem a onda e poderem fazer oposição.
E claro que a oportunidade surgiu para a oposição explorar com a tentativa de atribuir responsabilidades exclusivamente políticas ao que deveria ser responsabilidade da competência da hierarquia militar.
A direita aproveita os nichos de “mercado” da política partidária que a vão ajudar a concentrar esforços onde têm maior probabilidade de sucesso que, aqui e ali, vão surgindo e se abrem no espaço político para fazer oposição partidária; os órgãos de comunicação aproveitam os mesmos nichos para vender informação (por vezes especulando sobre os factos) em consonância. Ambos são, afinal, consumidores públicos suscetíveis de exercer influência. A venda da agitação política para os primeiros e a venda da informação para os segundos contribuindo ambos para o mesmo fim. Assim, quanto mais radicais e agressivos forem a trocar argumentos lançando dúvidas nas mentes e proferindo ofensas, a favor das suas “causas”, mais adeptos ganham no caso de uns, e leitores ou telespectadores no caso dos outros. Para isso os grandes media têm hoje, nas suas versões impressas ou on-line mais colunas de opinião e pouco espaço para reportagens e apresentações factuais sem comentários inseridos pelo jornalista.
A falta de casos concretos e objetivos sobre a governação propriamente dita e de projetos de governação alternativos a oposição procura potencias nichos de factos, por vezes marginais, que potencialmente possam ser associados à conduta do governo para a obtenção de futuros dividendos eleitorais.
Apesar da importância que, sem dúvida, o caso de Tancos merece temos à nossa volta a perceção de que o povo já começa a estar farto desta novela que passa na comunicação social com conveniências várias porque, até ao momento, não existe objetivamente nada que concorra para o esclarecimento. O caso do roubo das armas de Tancos afigura-se-me como estando nesta configuração.
Alguns meios de comunicação, quando não todos, em certas circunstâncias cuidam de apresentar factos por vezes sem relevância, mas jornalisticamente elaborados, dando-lhes enfase de modo a criar polémicas e a ter efeito jornalístico que estimule o leitor ou o espectador.
Uma emoção leva uma pessoa a reagir diante de um acontecimento mesmo que lhe seja apenas descrito e faz ativar sentimentos sendo estes definidos como a observação das emoções e das reações provocadas por elas.
Há vários exemplos do que se afirma que contribuem para preparar e criar clima na opinião pública para julgamentos emocionais e estimular a conduta de partidos na oposição, sejam eles quais forem.
Tendo em vista a importância do layout das primeiras páginas dos jornais, nomeadamente os portugueses, é evidente a construção e a reprodução de ideias e valores na sociedade, quando abordam questões relacionadas com a possível construção de significados sociais como o objetivo de desencadear emoções e sentimentos (conceitos complementares) que possam ter muita importância quando se pretende induzir a opinião pública através da comunicação.
Vejamos dois exemplos ambos do Correio da Manhã.
CM dia 5 de novembro:
Repare-se no layout do título da manchete “Juiz de Sócrates Liberta Traficante de Armas” aparece acentuadamente em destaque em fontes garrafais que sugere informações mais relevantes da página, bem como da sua localização no domínio do “Ideal” que está associado à seção superior da primeira página e sugere os elementos representados como dotados de idealização, abstração, generalização ou emoção.
A manchetes mostram a informação relevante mais proeminente e do discurso noticioso. As manchetes simplesmente separam o evento principal da história e, portanto, são totalmente deriváveis da história. A chamada “Juiz de Sócrates Liberta Traficante de Armas” aparece com acentuado destaque, em função das fontes garrafais empregues seu respetivo título.
Assim, o diário Correio da Manhã pretende que o público faça a conotação do tráfico de armas com Sócrates aproveitando ser o mesmo juiz Ivo Rosa, a quem foi atribuída por sorteio a instrução da operação Marquês (que envolve entre José Sócrates e Ricardo Salgado, entre outros), associando-os ao tráfico de armas. Não está claro no título porque o pretendido será a opinião pública possa fazer conotações do julgamento de Sócrates com o tráfico de armas por ser o mesmo juiz a tomar as decisões judiciais.
Outro caso ainda tendo em vista neste caso a amplificação dirigida de casos.
CM 9 de novembro:
Como no primeiro exemplo nesta capa o layout do título da manchete “Juiz Apaga Teia da Máfia do Sangue” aparece acentuadamente em destaque com fontes garrafais em cor branca sobre fundo preto que sugere a informação mais relevante da página e o seu impacto bem como o da sua localização associada no domínio do “Ideal” ao centro da primeira página. Os significados sociais (re) produzidos pela composição das capas dos jornais estão ao nível do domínio do Ideais associados à seção superior da página e sugere os elementos representados como dotados de idealização, abstração, generalização ou emoção.
O tema principal da notícia está em letras reduzidas com cores e fundo contrastantes em fonte mais pequena, menos evidente e de difícil leitura. É obvio que neste caso o objetivo da redação parece ser o início da ofensiva contra o juiz Ivo Rosa com a procura de quaisquer decisões judiciais que tomar.
Este tipo de jornais e de jornalismo, e ainda os comentários e notícias que circulam nas redes sociais, procuram com títulos e frases persuasivos explorar o espaço emocional no corpo da opinião pública para desencadearem permanentemente o alerta emocional da sociedade e manter a atenção necessária para despertar em cada caso o correspondente conteúdo sentimental.
Quatro dos jornais diários em Portugal salientaram ontem nas suas primeiras páginas a notícia da eleição de Bolsonaro, cada um dando-lhe mais ou menos relevo o que pode mostrar maior ou menor simpatia pelo resultado de acordo com a sua tendência.
O Jornal de Notícias salienta que Bolsonaro promete resgatar o país e, em subtítulo menos evidente diz que Bolsonaro promete defender a democracia e a liberdade. Por sua vez o jornal i salienta com mais evidência a mesma frase do eleito Presidente. O Diário de Notícias em letras gordas
O jornal Público salientou que a extrema-direita chega à presidência num Brasil dividido.
O Diário de Notícias em letras gordas salienta apenas Brasil: Bolsonaro Presidente. O Correio da Manhã moderou na sua primeira página a importância da eleição de Bolsonaro colocando em lugar pouco destacado, no canto superior esquerdo da página, uma fotografia do eleito e a frase “Bolsonaro é o novo Presidente do Brasil”.
Através dos destaques podemos verificar o grau de apoio dado por estes órgãos de comunicação à fação que levou Bolsonaro a Presidente do Brasil. As hipóteses a considerar é que:
Jornais diferentes encontram-se veiculados a ideias diferentes;
Consequente da anterior hipótese é de considerar que se façam juízos diferentes consoante os blocos;
Verifica-se a validade da existência dos juízos de valor diferentes sobre cada um desses blocos.
Assim, os critérios dos jornais analisados para os agrupamentos de blocos podem existir afinidades político-económicas e ideológicas e poder de intervenção e de potenciar influencia ideológica ao nível nacional.
Verifica-se então que, no que se refere à notícia em questão, o espaço ocupado pela respetiva notícia há disparidade no tratamento da notícia salientando-se o jornal Público como tratamento desfavorável e o Correio da Manhã apresentado neste caso uma certa neutralidade.
Por outro lado, há que referir ainda que são atribuídos juízos de valor diferente ao mesmo bloco dos jornais analisados em função da imagem ideológica que se possa ter de cada um dos jornais.
Hoje, trago para aqui duas formas de dar a mesma notícia, sobre o mesmo acontecimento, em dois jornais. Ambos noticiam a reunião de ministros das Finanças dos países do euro conhecido por Eurogrupo.
Um dos jornais é o Correio da Manhã o outro é o jornal i este do mesmo grupo do jornal Sol. Não vou tecer quaisquer comentários, limito-me a transcrever as notícias de ambos os jornais para que cada um tire as suas próprias conclusões.
Note-se apenas a moderação de um, o primeiro, e o alarmismo tendencioso do segundo com seleção de algumas citações menos favoráveis para provocar preocupação. Não digo que as notícias tenham sido trabalhadas, falsas, nem tão pouco pretendo sugerir que as mesmas não fossem divulgadas. O que pretendo evidenciar são as citações escolhidas pelos jornalistas de cada um dos jornais retiradas de partes do contexto demonstrativas da tendência do jornalista que podem levar a interpretações erradas.
Notícia do CORREIO DA MANHÃ
Portugal está a tomar as medidas certas para tranquilizar mercados
O presidente do Eurogrupo considerou esta quinta-feira, em Bruxelas, que a volatilidade dos mercados sublinha a necessidade de Portugal prosseguir uma agenda de reformas e reforçar o setor bancário, mas manifestou-se convicto de que o Governo está a tomar "as medidas adequadas". Questionado durante a conferência de imprensa final da reunião de hoje do Eurogrupo sobre o aumento das taxas de juro da dívida pública portuguesa, Jeroen Dijsselbloem apontou que o assunto não foi discutido de forma detalhada mas foi registado "o facto de haver alguma volatilidade" dos mercados. "Penso que (essa volatilidade) sublinha uma vez mais a necessidade de Portugal fazer avançar a agenda de reformas, com a qual disseram estar comprometidos, e de dar mais passos para reforçar o setor bancário, o que está a ser feito neste momento. Penso, portanto, que estão a tomar as medidas adequadas", disse. O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, disse partilhar a opinião do presidente do Eurogrupo, no final de uma reunião que tinha como um dos pontos em agenda as conclusões da quinta missão de monitorização pós-programa realizada em Portugal no final de 2016. " Analisámos a situação com um olhar construtivo e tomámos nota dos compromissos claros assumidos por Mário Centeno, com quem me encontrarei amanhã (sexta-feira) à tarde, num encontro bilateral", afirmou o comissário francês.
Notícia do Jornal I
Eurogrupo sem “espaço para complacência com Portugal”
O Eurogrupo deixou alertas sobre a situação financeira de Portugal e o governo garante que vai adotar as políticas que permitam cumprir todos os compromissos do país. Os juros da dívida pública são uma preocupação.
Ontem, à saída da reunião dos ministros das Finanças dos países do euro, o presidente do Eurogrupo disse que “não há espaço para complacência com Portugal” e que há “riscos relevantes no médio prazo”. “A volatilidade nos mercados sublinha a necessidade de Portugal acelerar as reformas e fortalecer os bancos”, afirmou Jeroen Dijsselbloem, citado pela agência Bloomberg.
Por seu lado, e também à saída do mesmo encontro, o seu homólogo português afirmou que a análise feita pelo Eurogrupo tem uma perspetiva um “pouco mais longa”e salientou que “estamos num período de volatilidade no mercado e de incerteza que se instalou”.
Em relação ao sistema financeiro, Mário Centeno lembrou que “o governo delineou um plano que está a ser implementado” e, sobre a banca portuguesa, garantiu que o executivo está a “atuar” e que essa “foi essa a mensagem que aqui ficou”. “Nós mantemos sempre os compromissos. E mostrámos de forma muito evidente a determinação do país em cumprir os seus compromissos”, salientou o governante, citado pela agência Lusa.
Por seu lado, o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, afirmou ter analisado “a situação com um olhar construtivo e tomámos nota dos compromissos claros assumidos por Mário Centeno, com quem me encontrarei amanhã (sexta-feira) à tarde, num encontro bilateral”. Já Klaus Regling, presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), também salientou que os mercados estão “nervosos com o nível de dívida, o setor financeiro e a competitividade” do país, ao mesmo tempo que disse estar “confiante que, se derem resposta a estas questões, os mercados irão reagir positivamente”.
Sócrates é o político residente das primeiras páginas do tabloide Correio da Manhã, da revista Sábado e do canal CMTV. Sempre que necessário, e a palavra necessário pode aqui ter várias leituras, lá vem a público mais uma novidade não comprovada de fonte a que estes órgãos dizem sempre ter acesso.
Hoje foi mais um desses dias.
Sobre outros casos raramente nos informam. Mas nós, o povaréu, gostaríamos de saber o que se passa com o caso do Banco Efisa quando Miguel Relvas, na altura ministro do Governo PSD e CDS presidido por Passos Coelho, decidiu capitalizar aquele banco em 90 milhões de euros e pediu em 2016 para entrar na Pivot, a sociedade que adquiriu o banco Efisa.
Quando em abril de 2016 Miguel Relvas foi chamado a depor sobre este caso recusou-se dizendo que apenas o faria por escrito, tudo isto devido ao que estaria por detrás dum banco que recebeu capital público e tivesse sido vendido a uma empresa privada. Sobre este caso se veio a público foi uma vez e por aí ficou.
E o que nos têm informado aqueles pressurosos órgãos de comunicação social sobre o caso avançado pela RTP em maio de 2015 de Marco António Costa estar a ser investigado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto, na sequência de uma participação, em que se denuncia que terá beneficiado amigos e pessoas da estrutura partidária, confirmada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na sequência da denúncia de alegados crimes de tráfico de influências durante os mandatos na Câmara de Gaia.
E sobre os 150 casos de “swap”´s que o Ministério Público estaria a investigar o que nos têm a dizer? Pois é, estão em segredo de justiça. Será este só para alguns e não para outros?
E o que nos dizem os mesmos órgãos de comunicação sobre como se encontra a investigação do caso BES e Ricardo Espírito Santo. E, para ir mais longe gostaríamos que os diligentes órgãos nos fossem informando sobre o caso de Dias Loureiro e do BPN porque disso nada mais soubemos.
Façamos aqui justiça ao CM que em maio de 2015 assegurava que tinha contactado a antiga diretora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), Cândida Almeida, sobre o facto de o processo de Dias Loureiro nunca ter sido direcionado para a Polícia Judiciária. A ex-dirigente do DCIAP não soube – ou não quis – explicar, o que leva o aquele diário a concluir que a investigação foi “abafada”. Esta notícia do CM não é possível ser confirmada já que a página onde se encontraria o seu desenvolvimento dá erro. Porque será?
É importante sabermos mais sobre outros casos porque de José Sócrates já estamos fartos, pelo menos até ao julgamento, quando o houver.
A imprensa diária de hoje dá relevo de primeira-página e saúda a eleição de António Guterres para Secretário Geral da ONU. A exceção é do Correio da Manhã que faz apenas uma pequena referência em cabeçalho. Para este tabloide os títulos em letras gordas onde se anunciam meias verdades ou verdades tendenciosamente adulteradas são sinónimos de venda. Neste caso não interessa a importância do facto, não é escândalo, não é acidente, não é pânico, não é catástrofe, não é notícia má para Portugal, não provoca instabilidade, não descredibiliza, não é Sócrates. Se não é nada disto, logo, não merece destaque em cacha (notícias mais importantes com direito a um grande título, na primeira página).
Não contesto a importância para Portugal do facto de Guterres ter conseguido por mérito próprio o lugar de Secretário Geral da ONU, nem o prestígio de estar um português naquele lugar e posso até não lhe atribuir a importância que, de facto, tem. No entanto, há por aí luminárias de comentadores que são conhecidos como adoradores do neoliberalismo a qualquer preço, como João Miguel Tavares, ex-colunista do Correio da Manhã e atualmente do jornal Público, que pretendem ser originais nos artigos de opinião que escrevem por aí e que, por tortuosas prosas, procuram desacreditar pessoas apenas e só porque não são da mesma fação.
Não interessa para o caso se a coluna de opinião que hoje publicou, onde descreve com frieza, indiferença e disfarçado regozijo o facto de Guterres ter obtido o lugar relevante da ONU com alguns senãos pelo caminho. Mas não é por aí que o estala o verniz. Tavares pode ter a opinião que quiser, o que é extraordinário é o título “Tão bons lá fora, tão maus cá dentro” que dá ao artigo tendencioso e despropositado, pretendendo abranger não apenas Guterres, mas também outros da mesma área política e ideológica.
Mais comentários sobre esta lamparina da opinião são escusados a não ser que seria interessante saber o que escreveu sobre o sombrio caso de Durão Barroso.
O comentador maestro da direita neoliberal
mais radical de Portugal
É extraordinário como os comentadores e jornalistas dedicados a argumentos dedicados em defesa da direita enganam, omitem, distorcem, deturpam para confundir, com os seus comentários, os que, menos atentos, podem deixar-se confundir mesmo que os factos desmintam os que defendem as causas que lhes pode trazer a prazo vantagens para sua tabanca.
Quando uma votação coincide com o que eles esperam é sempre uma votação de responsabilidade, na estabilidade, na competência e de clareza no caminho desejado, caso contrário é a votação na irresponsabilidade, na insegurança, etc., etc.. Ao longo dos anos é sempre o mesmo.
Dou apenas dois exemplos de colunista de jornais e de comentadores de televisão cujas opiniões e a credibilidade, mais do que uma vez já foram contraditadas pelos factos. São um tal de Pereira Coutinho, do Correio da Manhã e da CMTV e Henrique Monteiro colunista do jornal Expresso que, quando bem calha, e por interesse de opinião, surge nos canais de televisão da SIC que pertencem ao mesmo grupo do Expresso.
Eduardo Monteiro está sempre com um meio sorriso (será de escárnio?) que mais parece estar sempre a "gozar" com tudo o que comenta e outras vezes parece estar zangado com a vida. Pois este dito jornalista que, pensa ele, ser isento nos comentários que verbaliza diz coisas tão atabalhoadas que ninguém percebe.
Ontem, no canal SIC Notícias, ao comentar o referendo na Grécia onde ganhou por larga maioria o NÃO disse no momento em que no ecrã passavam imagens dos gregos a festejar a vitória que os gregos estão a festejar mas nem sabem o quê. Pois, para Monteiro, os gregos são uma cambada de estúpidos que não sabem em que votaram nem para quê. Ao falar-se do número de votantes da fraca abstenção e da percentagem conseguida pelo NÃO lança outra, dizendo que ali até os mortos estão a votar.
Como é possível que dum sujeito, enquanto jornalista, se esperava seriedade, lança para o ar estas "bacoradas". Será isto um contributo para a credibilidade dos comentadores que andam por aí a enxamear e a encher a cabeça dos cidadãos que os escutam, contribuindo para o descrédito da comunicação social.
Temos outro espécime requintado, esse, declaradamente da direita extremista que pretende enganar quem o ouve utilizando a técnica do medo que é um tal Pereira Coutinho. Este, lança para o ar a ideia de que o não pagamento de salários e pensões na Grécia pode também acontecer em Portugal, como se o Governo que ele pretende apoiar não o tivesse já feito.
Mas confunde e deturpa a realidade quando associa, sem qualquer prova do que diz o problema da Grécia ao aumento de impostos, cortes de salários e de pensões que Portugal poderá ou poderia sofrer por causa dos gregos terem optado pelo NÃO.
A direita pretende passar a mensagem de que os problemas da Grécia foram devido ao atual governo democraticamente eleito, o que é falso. Não foi o Syrisa, no poder há cerca de seis meses apenas, que levou os gregos à situação em que se encontram, foram as coligações de direita que o precederam.
A causa final para o Syrisa estar no poder foi ao estado a que a direita conduziu a Grécia. É evidente que a austeridade excessiva, a difusão da pobreza, a perda de poder compra, os cortes nos rendimentos, o desespero, os impostos que as grandes empresas não pagam por culpa da direita que esteve no poder resultou numa viragem para o extremo, por mais que a direita diga o contrário.
Os gregos no domingo passado deram uma lição de inconformismo apesar de todas as vicissitudes, sacrifícios, ansiedades, dúvidas, não recebimento total de reformas, fecho dos bancos e a impossibilidade de poderem levantar mais do que 60 euros, como se a grande maioria tivesse a necessidade ou a possibilidade de levantar diariamente aquele valor (1800 euros mês!).
| http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=4037830 |
http://economico.sapo.pt/noticias/antigo-dono-da-tecnoforma-o-pedro-abria-as-portas-todas_192683.html |
Não vou tecer juízos de intenção e de valor sobre a culpabilidade ou não de José Sócrates, nem sobre o modo como tudo foi conduzido nem sobre as acusações de que é presumivelmente arguido. Mas posso, isso sim, tecer opiniões sobre a forma diferente como a justiça tem atuado no que se refere ao tempo e às decisões de alguns processos judiciais. Há comentadores e jornalistas que por aí proliferam, possivelmente com razões de queixa de quando Sócrates foi primeiro-ministro que dizem agora que a justiça tem tido tratamento igual para todos. Eles sabem perfeitamente que não é assim.
Alguns jornais e televisões, nomeadamente o Correio da Manhã, (não ler correio da manha), o canal CMTV, o jornal Sol, e também o seu familiar mais pobre Jornal i, agora pertencente ao mesmo grupo, têm sido neste últimos dias os arautos da luta contra Sócrates.
Quanto à rapidez da justiça, absolvições e condenações basta relembrar o que se tem passado. A direita parece colocar-se acima de tudo o que se sejam burlas, branqueamento de capitais, abusos de confiança, corrupção, peculato, fraude fiscal, tráfico de influências, etc.porque se acha impoluta, esquecendo-se dos casos do BPN, BPP, vistos gold, Tecnoforma, Duarte Lima, BCP, submarinos e outros, alguns deles ainda a navegar em águas paradas.
Sobre o caso BPN, em que elementos do PSD estão envolvidos não se viram ainda diligências de prisão nem ninguém ser constituído arguido com tanta celeridade e empenho. Para esses nunca há provas suficientes. Talvez não convenha a alguns, altamente colocado na hierarquia de Estado, que assim aconteça. Para uns não há provas, não há documentos, não se prova nada; para outros há que agir, e depressa que se faz tarde. Na justiça não deve haver nem uns, nem outros, devem ser tratados como iguais perante a lei.
Se para uns se pretende fazer justiça célere e com o máximo de mediatização, para outros vai andando de ano em ano até à prescrição final ou, senão conduzindo a algo inconclusivo ou eternamente em segredo de justiça.
Este caso de José Sócrates tem-nos revelado como funcionam alguns canais de televisão como o CMTV que mais parece ser um canal de televisão bombardeando o povo com o mesmo acontecimento repetido até à exaustão tal como na ex-união soviética ou Coreia do Norte, com o objetivo de fazer lavagem cerebral ao público.
Técnicas utilizadas, como a repetição exaustiva com associação de imagens do passado nada tendo a ver com os factos presentes numa sequência mais do que discutível massacram o telespetador com o intuito de enganar a opinião pública. É a chamada intoxicação pública.
A detenção de José Sócrates mesmo sem culpa formada veio dar trunfos à direita num momento em que António Costa foi eleito líder do Partido Socialista e se aproxima o congresso do PS. Foi uma janela aberta de oportunidades (provocada ou não, não o saberemos para já) que assentou que nem uma luva para a direita no governo entrar já em campanha eleitoral. Fez esquecer os vistos gold e o caso BES que ocupavam as páginas da imprensa e os noticiários televisivos que passam agora a secundários e, por outro lado irá possibilitar a lavagem da imagem da ministra da justiça. A ver vamos.
Foi coincidência dirão. Será que foi? Para mim não há coincidências. Sócrates tem andado há mais de um ano, de cá, para lá, e foi precisamente agora que tudo se decide repentinamente, dando até lugar a convites a alguns canais de televisão privilegiados para captarem a detenção.
José Sócrates incomodou muita gente, tentou maniatar e a imprensa e pressionar alguns jornalistas, erro crasso. No último ano, com os seus comentários de opinião continuou a ser incómodo para alguns em posições hierárquicas elevadas que não gostam de ser incomodado e, muito menos, criticados. Mas ele fê-lo. Não queiramos ser ingénuos tudo foi provocado num contexto. Tudo o que se desenrolou em três dias, e nesta altura, já poderia ter sido feito antes porque já se sabia, mas foi precisamente este o momento escolhido. Por causa duma eventual fuga! Mas qual fuga? Alguém acredita que o ex-primeiro-ministro não saberia de todo o que se estava a passar? Não sejamos ingénuos a esse ponto.
Já escrevi em blog anterior que o jornal "Sol" sempre teve, e continua a ter, matizes de parcialidade e de interesse muito peculiar pelas manchetes da primeira página que favoreçam a direita e infamar e desacreditar a esquerda que lhe faça mais frente, basta fazermos uma leitura retrospetiva.
Enquanto os jornais diários generalista colocam manchetes sobre as suspeitas de corrupção de altas chefias do Estado no que toca aos vistos gold, apadrinhados por Paulo Portas, o jornal "Sol" apenas lhe dedicava um pequeno subtítulo no fim da primeira página. O Jornal i e os jornais económicos seguem-lhe as pisadas. Porque será? Cada qual que tire as suas conclusões.
Agora procede precisamente ao contrário. Esconde uns casos e mostra outros com grande esplendor. Tudo quanto sirva para criticar a esquerda ou José Sócrates gasta resmas de linhas nesse tipo de jornal quando se trata de elementos da direita faz-se mouco. O CMTV que pertencente ao mesmo grupo económico, segue-lhe os passos, mas é um caso especial de noticiário espetacular, a necessidade de audiências leva-o a preterir a isenção e a imparcialidade.
Que fique claro que não pretendo dizer que se devem esconder uns casos e salientar outros só porque são de direita ou de esquerda. O que está em causa são os privilégios dados a alguns órgãos de comunicação com vantagem no acesso a fugas de informação e à sua falta de independência e de isenção não tratando todos os casos por igual.
Por outro, para disfarçar atitudes sectárias ou parciais colocam alguns artigos de opinião de sensibilidades diferentes. Não é por isso que esses jornais nos dão uma informação isenta.
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A propósito do caso Sócrates recordei um artigo de opinião publicado no Correio da Manhã, de vinte e dois do corrente mês escrito por um tal Pereira Coutinho, conhecido comentador da direita neoliberal, que chama aos portugueses maltrapilhos, exalta o rico internacional, chamando por sua vez ladrões aos ricos do país. Os outros, os que se servem dos vistos gold para lavar dinheiro de origem duvidosa são os honestos, os que devemos acarinhar. Para este sujeitinho não há ética nem moral, nem deverá haver, desde que entre dinheiro. Pelos vistos dá a entender que até é a favor da entrada de droga, da lavagem de dinheiro proveniente seja do que for e até da corrupção desde que entre dinheiro.
Para ele vale tudo, devemos fechar os olhos, não importa ao quê. Se houver abusos e corrupção e fugas ao fisco pelo meio tudo bem, devemos encolher os ombros e continuar o caminho. Por esta pequena amostra vêem-se os princípios, a ética e a moral deste senhor. Porque não sermos um entreposto da corrupção, de máfias, de república que dê guarida a todos quantos tragam dinheiro qualquer que seja a sua origem?
Quando se pensa em votar ou não na direita, ao termos dúvidas este é o exemplo mais evidente que nos mostra o que estamos a defender e quem estamos a eleger para nos governar.
Passo a transcrever na íntegra o artigo publicado.
"O principal problema do país é não ter ricos. Não falo de ricos-pelintras, que fazem férias no Algarve e jantam nos restaurantes ‘duas estrelas’ Michelin. Nem sequer dos outros: que enriqueceram pela roubalheira e andam por aí à solta. Falo de ricos a sério: com fortunas respeitáveis e dispostos a investir. Esses, só por importação. Coisa que o dr. Portas fez com os vistos ‘gold’, concedendo direito de residência a quem comprasse casas milionárias e investisse no quintal. O arranjo, normalíssimo em qualquer país europeu, rendeu uma soma considerável. E, pelo caminho, alimentou os abusos da praxe. Que fazer? Uma criatura sensata pediria rigor: na aplicação da justiça e na concessão dos vistos. Mas não deitaria fora o bebé com a água do banho. Em Portugal, não há sensatez; só inveja. O maltrapilho nacional sente-se ofendido com a figura do rico internacional."
Quem tiver a disponibilidade e a paciência para ver e ouvir os comentadores políticos, analistas de economia e um novo grupo, a que alguns “pivots” da televisão resolveram dar o pomposo nome de “senadores”, que proliferam pelos vários canais de televisão, poderá, facilmente, tirar algumas conclusões. A primeira é que, todos eles, quase sempre os mesmos, pertencentes ou simpatizantes de uma determinada ala político-partidária, tecem de cima da sua cátedra, sapiência sobre as medidas que se tomaram e que se devem ou não tomar.
Como se tem reparado, este jogo de xadrez de comentadores está à partida viciado. Porquê? Porque, salvo raras exceções, são conhecidos militantes de topo dos partidos atualmente no governo, pelo que, estamos no direito, de em princípio pôr em causa a sua isenção. Claro que mau seria que por vezes não fizessem críticas ao executivo em pontos demasiado evidentes. Mas se num dia o fazem noutro dia apontam logo no sentido contrário.
Quando se referem, por exemplo, à necessidades de mais austeridade, aos cortes de subsídios e de pensões, aos cortes na saúde e na educação como soluções inevitáveis, medidas que afetam a maior parte das populações, podemos pensar, e o pensamento ainda é livre, que se estão a defender a eles próprios porque sabem que ficarão em certa medida salvaguardados e, por isso, os “outros” que somos nós, o povaréu, como alguns já chamaram, que paguem a crise.
Se nos dermos ao trabalho de pesquisar quem é esta elite de comentadores, facilmente chegaremos à conclusão de que estão todos bem instalados, sem preocupações de desemprego, com remunerações mensais que ultrapassam em muito as dezenas de milhares de euros mensais, e a saúde e as reformas estão mais do que garantidas. Poderá dizer-se que eles também são afetados pelos impostos, pois também era o que mais faltava! Mas, como todos sabemos, há sempre formas de minimizar esse efeito, coisa que qualquer vulgar trabalhador por conta de outrem, que recebe o seu salário mais do que controlado, não consegue.
Coloquemos como hipótese que um de nós concorria a um emprego, éramos selecionados e a proposta contratual remuneratória era a seguinte: um valor base de remuneração que seria 1000€, com direito a viatura própria, pagamento mensal de gasolina pela empresa, pagamento de parte da habitação própria através de despesas, cartão de crédito da empresa com permissão de despesas pessoais, seguro de saúde pago pela empresa, entre outras regalias. Vejamos agora qual seria o valor que iria declarar para o IRS. Fazendo as contas teríamos 1000€X14 meses seria igual a 14000€ anuais e seria isso que declarava como rendimento. Comparemos agora com outro trabalhador que recebia também e apenas um salário mensal dos mesmos 1000€ sem quaisquer outras regalias. A sua declaração para o IRS seria 14000€ de rendimento anual. Para bom entendedor meia palavra basta. O que está em causa é a facilidade com que alguns e não tão poucos como se pensa, contornam os impostos.
Também não está em causa o valor salarial recebido que pode ser maior ou menor pois tem que ser de acordo com a sua formação, responsabilidades, experiência profissional, grau de exposição pública, etc., etc.. Um administrador de uma grande empresa ou um governante têm que ser bem remunerados, pois que ninguém aceitaria um ordenado, por exemplo, de 1000€ mais ajudas de custo para ter determinada responsabilidade, preocupações e o ritmo de trabalho que se lhe exige. A grande vantagem não está apenas na remuneração, mas nas portas que se lhe abrem, posteriormente, para o domínio privado. São contra o aumento de impostos mas, por outro lado, defendem a austeridade ma para os “outros”, porque da austeridade estão mais ou menos a salvo.
Ainda em 30 de outubro deste ano pudemos ouvir um banqueiro defender publicamente que ainda há espaço para mais austeridade e, comparando Portugal com a Grécia dizia que lá fazem umas revoluções, “partem umas montras”, mas “lá continuam vivos”. Que conclusões se podem tirar destas afirmações? Que interesses poderão existir por detrás delas ao apoiar o orçamento? Que interesses estarão em jogo? Que promessas terão sido feitas à banca? Perante as afirmações do referido senhor banqueiro, se tivesse dinheiro em tal banco correria a tirá-lo de lá nem que, para isso, tivesse de sacrificar os juros.
Não sou contra os bancos, longe disso. Que se deve tentar baixar o défice e diminuir a despesa e que para isso deva haver austeridade é um facto, contudo há limites.
Os bancos estão a ganhar com a dívida pública. Estão a financiar-se junto do banco central europeu a uma taxa baixíssima, cerca de 0,75%, e estão a emprestá-lo ao estado português a 7% ou 8%. Que grande negócio está a ser a nossa dívida.
Portugal perdeu a sua soberania face à Alemanha e tenta uma aproximação ao nível da educação e, internamente, o Estado perdeu a autoridade face aos grandes grupos financeiros que o controlam e dele tentam obter o maisque podem. Ainda esta tarde foi divulgada uma notícia pelo Correio da Manhã de que Nuno Crato “assinou um memorando de entendimento com a Alemanha para a cooperação na área do ensino profissional”.
Leia algumas prendas de última hora do nosso governo e adivinhe quem vai pagar.
Apesar de se dizer que a segurança social pode vir a estar em colapço, Mota Soares recusa-se a subir o limite das reformas para os 67 anos o que não justifica com argumentos convincentes, ao contrário do que vem sendo sugerido por alguns especilaistas (porque será?). Expliquem-me por favor!
Contudo prefere reduzir em 25% as reformas dos que entrarem no sistema. Por sua vez, segundo o Correio da Manhã, o ministro Mota Soares dispensa as empresas agrícolas e os seus trabalhadores do pagamento das contribuições para a segurança social (mas com recuperação!). Como é possível? Segundo dizem a segurança social está em dificuldades financeiras! Claro que no futuro, com medidas destas, as pensões irão ficar cada vez mais em risco. Alguém vai pagar a fatura! Quem será...? Quem será...? Vejam se adivinham!
Ah! já me esquecia, ele também diz que em 2013 recupera a verba mensalmente de forma equitativa. Quem lhe diz a ele que as empresas agrícolas vão ter dinheiro nessa altura para cumprir o compromisso! Está-se mesmo a antever o que pode acontecer, ou não está?
Outra prenda a que me referi em "post" anterior quando abordei a questão dos nosso impostos que compensam as PPP pela falta de tráfego, confirma-se agora. Nas auto-estradas o tráfego no primeiro trimestre deste ano caiu cerca de 14% em relação ao mesmo período do ano passado. Nas antigas SCUTS após introdução das portagens houve uma quebra de 45% a Norte e a Via do Infante do Algarve perdeu mais de 56%. Quem está a pagar, através dos impostos, esta diminuição de tráfego e deixou de poder utilizar as auto-estradas devido ao preço das portagens, quem é? Adivinhe se for capaz!
Fontes: Estradas de Portugal e CM
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