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O ónus da culpa

por Manuel_AR, em 27.04.16

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Comentar o discurso de Paula Teixeira da Cruz na Assembleia da República quando das comemorações do 25 de abril é dar importância à doença que avassala o PSD dito social-democrata. Uma espécie de azia com que se confronta, no dizer de Correia de Campos “azia prolongada, desconfortável” que “chega a ser dolorosa.”. E acrescenta: “Esperava-se que Bruxelas recusasse o Orçamento. Em vão. Esperava-se que o spread da dívida soberana castigasse a esquerda intrusa, a querer ombrear com os bem comportados. Em vão. Esperava-se que as agências de rating viessem repor a ordem natural de não deixar governar a esquerda. Em vão”.

Paula Teixeira da Cruz e o PSD encerraram-se no casulo que teceram com as suas políticas sem ainda conseguiram que a crisálida emergisse sob a forma de borboleta para ver a luz do dia. Preferem “curtir” o seu passado recente com o orgulho neoliberal com que brindaram Portugal.

O discurso não é mais do que o retorno das ameaças amedrontadoras já bem conhecidas e repetidas pela direita (PSD) de que nos podem levar novamente à catástrofe. Conhecemos bem as políticas e os discursos que conduziram à divisão dos portugueses. Entretanto Passos Coelho vai dizendo por aí que as previsões do PE - Plano de Estabilidade são pouco ambiciosas e irrealistas e, ao mesmo tempo, dizem outros, serem excessivamente otimistas. Concordo se o termo ambição para Passos Coelho, forem cortes, sacrifícios, mais austeridade. Como tornaria Passos Coelho o PE - Plano de Estabilidade e o PNR – Plano Nacional de Reformas mais ambiciosos? Curioso é que alguns comentadores de economia das televisões, tomando-se ares de credibilidade, alinham pelo diapasão da oposição do PSD de Passos, o mesmo é dizer que, em vez de comentaristas isentos, mais parecem deputados da oposição.

Mas voltemos ao discurso da tragédia e do “odor do salazarismo bafiento” com que Teixeira da Cruz rotula os partidos que apoiam o Governo acusando-os de traidores à pátria por se atreveram a reagir às posições sobre matérias financeiras em relação à Europa, feitas internamente, diga-se, tivessem que ser silenciadas.

Se bem me lembro, e quem esteve atento à comunicação social quando se estava a discutir o Orçamento de Estado para 2016 para apresentar em Bruxelas recordar-se-á também e pode avaliar quem de facto poderá ser considerado em termos valorativos, mesmo que em sentido figurado, ser traidor à pátria quando um deputado europeu do PSD (Paulo Rangel) em Bruxelas fez questão de “chamar a atenção” da Comissão Europeia para o facto de “todo o esforço que a população portuguesa fez nos últimos quatro anos, com resultados tão prometedores e tão inspiradores”, estar agora “comprometido” devido ao “acordo de forças da extrema-esquerda com o PS, que põe em causa o equilíbrio que até agora tem sido seguido em Portugal”. Deixo a cada um tirar as ilações que bem entender.

O discurso é uma espécie de catarse do ónus da culpa do PSD feito pela “psicanalista” Paula Teixeira da Cruz, isto é, faz uma terapêutica psicanalítica do partido tendo em vista o desaparecimento de sintomas pela exteriorização verbal e emocional de traumatismos governativos recalcados enquanto o PSD esteve, juntamente com o CDS, no Governo.

A senhora deputada quis contemplar o atual Governo e os partidos que o apoiam com os mesmos argumentos que, com razão, lhe foram dirigidos ao Governo da altura. Foi um discurso com a emoção à flor da pele, virado para o passado, com laivos traumáticos pela perda do poder que queriam manter à imagem e semelhança do anterior. Fazem acusações que sabem lhes couberam quando o PSD foi Governo querendo agora imputar a outros. O trauma do PSD e de Paula Teixeira da Cruz manifestam-se numa espécie de cegueira ensaiada para ocultar o ónus duma culpa que acarretam.  

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publicado às 20:30

Notas Soltas da Imprensa

por Manuel_AR, em 14.04.12

As parcerias público privadas

 

do Editorial do Jornal i em 14/04/2012 

 

.... As parcerias público-privadas (PPP), que deverão custar mais cerca de 35 mil milhões de euros até 2050, pretendiam terminar com o clássico problema de uma obra que devia custar cem ter o preço final de mil. E porquê? Porque o risco seria sempre do parceiro privado, pois este investia o capital e responsabilizava-se pela construção e pela manutenção da infra-estrutura durante um período entre os 15 e os 30 anos.

Passados 17 anos da assinatura do contrato com a Lusoponte (a primeira PPP), sabemos que não foi e não é assim. O Estado pagou, entre 2000 e 2011, 1663 milhões de euros de indemnizações a título de reequilíbrios financeiros só das concessões rodoviárias, como o i noticiou. Isto é, tem sido quase sempre o parceiro público a assumir o risco da operação.

O Estado assumir esse risco (como aconteceu com a famosa banda mínima de tráfego nas Scut ou a propósito da introdução de portagens) subverte a lógica inerente a qualquer negócio. Mas afinal qual é o risco do parceiro privado neste fabuloso negócio?

.........

 

É certo que, noutros casos, o Estado teve culpa no cartório, alterando de forma unilateral os traçados previstos e sujeitando-se a uma indemnização pesada (como na Scut da Costa da Prata). Ou assinando os contratos das Scut sem ter nenhum estudo de impacto ambiental aprovado.
Mas, na maior parte das situações, muito está por explicar. A começar pelos contratos leoninos das PPP.

.....

Editorial do Jornal i em 14/04/2012

 

 

O caso da Maternidade Alfredo da Costa

 

O previsto encerramento da Maternidade Alfredo da Costa na minha intuição, e não sendo a astróloga Maia, diz-me que aquele local se irá transformar num hotel ou num condomínio privado de luxo, para o qual deve estar a haver grandes pressões. Nisto já se falava no governo Sócrates e não me parece que não continue neste governo.

Uma alternativa proposta pelo antigo ministro Correia de Campos (AGORA!) que o Jornal i noticia:

 

 "Correia de Campos defendeu ontem que, em vez de levar partos da Maternidade Alfedo da Costa ara um novo centro em São Francisco Xavier, os nascimentos sejam concentrados ma MAC, que está mais rodada".

Correia de Campos contesta também a atual tutela que "visa rentabilizar a capacidade da unidade do Restelo, hoje usada a menos de 50%", e que "São Francisco poderia ter outras especialidades."

 

Jornal i de 14 de Abril de 2012 p.7

 

 

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publicado às 16:50


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