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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
O pequenino país em que vivemos, dizem alguns iluminados, está melhor do que as pessoas. Começou novamente a ser passada a mensagem falaciosa de Passos Coelho para captar votos, esperando que os portugueses vão atrás do engodo e já se tenham esquecido do que foram as últimas eleições legislativas.
Veja-se como o discurso de Passos Coelho está aos poucos, e temporariamente, a transformar-se num alinhamento de falsa esquerda quando afirma que "Não queremos um país fechado sobre si próprio, nem o regresso do escudo. Queremos um país com um Estado social forte - e sabemos que é forte, comparado a outros países - mas que só será sustentável se a economia o permitir e as escolhas o determinarem".
Queremos um país com Estado social forte disse o primeiro-ministro no congresso do Coliseu. A frase parece soar a falso sabendo nós quem a proferiu e qual a sua ideologia e a sua política. Estão na moda os cata-ventos. O que era nos anos anteriores deixou se o ser agora.
Passos Coelho apresenta-se com uma alma de esquerda ao afirmar-se defensor do Estado social em particular do Serviço Nacional de Saúde. Mas acrescenta, não a qualquer preço porque diz ele que sabemos o que custa para o Estado social a falta de rigor nas contas públicas. Podemos descortinar nestas afirmações algo pouco clarificado e muito ambíguo, como seria de esperar.
Todavia, acrescenta que esse Estado social que diz pretender (não se sabe qual é) só é possível se a economia o permitir e as escolhas o determinarem. Claro que, se assim for, com a política que está a ser seguida talvez lá para meados deste século, se o for, voltaremos a ter um Estado social. Mas atreve-se ainda a dizer que é para defender esse Estado social que insiste no convite à oposição para que se sente na comissão parlamentar de reforma do Estado.
Vamos lá ver se percebo: quer uma reforma do Estado para o qual já apresentou um rascunho feito por Paulo Portas, tem maioria absoluta mas precisa de consenso. Não atinjo, a menos que isto seja uma estratégia para ter um companheiro do fracasso que já antevê.
Aponta para um regresso do PSD à matriz social-democrata. Algo muito estranho se passou entretanto porque ele próprio afirma agora que o PSD se tinha afastado daquela matriz. Então quem o titulava de neoliberal parece que tinha razão.
O descaramento vai mais longe quando assume uma atitude de arrependimento ao afirmar que estávamos talvez muito agarrados às nossas opiniões (o que parece ser o reconhecimento de que falhou ao insistir na sua conduta de estratégia política) e que, por isso, não conseguimos um entendimento talvez porque houvesse muitas medidas difíceis para tomar. Na altura houve medidas difíceis? Então e agora já não vai haver? Ao mesmo tempo continua a afirmar que aquela política é para manter.
O PSD necessita do PS como de pão para a boca, como popularmente se diz, para lhe validar as políticas que seguiu e que vai continuar a seguir.
Esperemos o que vai dar a escolha de Francisco Assis como cabeça de lista para o Parlamento Europeu. Mas parece-me que os portugueses vão ter que estar muito atentos às armadilhas que os espera pela frente para não se deixarem enganar como o foram à cerca de três anos.
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