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Audiências e jornalismo de investigação

por Manuel_AR, em 12.06.20

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Para com a televisão somos todos crédulos e somos levados por quem pensamos que é politicamente honesto e que nos vende ideias, ideologias e nos sugere algo para alcançarmos aquilo que supomos ser a verdade.

A justificação por jornalistas de falta de liberdade de imprensa e de liberdade de expressão são por vezes refúgios para quando, numa reportagem, se ultrapassam limites cujo bom senso leva a avaliações limitadoras da emissão de uma reportagem de jornalismo de investigação, como várias vezes já tem acontecido.

Há cerca de duas semanas li no jornal Público que Ana Leal que tem um programa dedicado ao jornalismo de investigação na TVI foi suspensa por divulgar emails trocados com a direção. A defesa acusa o Conselho de Redação de censura. Está em causa, até agora, “a divulgação ao conselho de redação (CR) da TVI de e-mails particulares entre a jornalista e a direção do canal”.

A defesa de Ana Leal acrescenta que “está em casa, a receber vencimento, mas sem atividade atual na TVI – explica ainda que está em causa uma questão de “liberdade de imprensa e de expressão”. Na altura, ainda afirmou que, “não há fundamento para a suspensão ou processo disciplinar. Há divergências editoriais normais e acho que esta ação de a suspender e promover um inquérito é pouco compatível com o espírito de liberdade de imprensa e expressão que devem reinar”.

Desconheço as razões para os fundamentos, ou não, da sua suspensão. Apesar de o tema não ser de somenos importância tal facto não me interessou e apenas serviu de mote para a preparação deste comentário.

Não é a primeira vez que ao entrarem em conflito com as direções de informação, redações e setor editorial estas são acusadas por jornalistas de fazerem censura interna, de falta de liberdade de imprensa e de expressão. Não sei se tal se verifica ou não, mas o conceito é demasiado forte e pode confundir-se com a prática do bom senso, ou falta dele, quanto às reportagens ou parte delas feitas pelos jornalistas destinadas a ir para o ar. Aconteceu também na RTP1 com Sandra Felgueiras com o programa Sexta às Nove. A acusação de censura pode não ser mais do que uma espécie de refúgio dos(as) jornalistas que consideram que tudo deve ser permitido, e sem limites.

Entre as televisões e especificamente no que se refere também ao chamado jornalismo de investigação parece existir uma competição entre canais e os próprios jornalistas de cada um deles, não pela qualidade, nem pela isenção na informação, mas pelos conteúdos que possam elevar os shares.

As peças de jornalismo de investigação não têm primado pela qualidade e isenção porque tem como objetivo o impacto sensacionalista que capte audiências que, por isso mesmo, mostram falta de valor informativo e técnico. As peças que vão para o ar são muitas das vezes confusas, ambíguas que em vez de informar desinformam.

Peças jornalísticas de investigação apresentadas em dias certos, conforme os canais, são dirigidas a um certo tipo de audiências mostram-nos simplesmente o tratamento de um tema chave de interesse para o momento. O “universo” do tema apresenta-se fracionado preocupando-se mais com os impactos nas potenciais audiências, e menos com a comprovação dos factos numa preocupação de pré-julgamento público através da apresentação de realidades fracionadas.

É um facto que algum desse “jornalismo de investigação” feito tipo à la carte tem o interesse de fidelizar certo o tipo de audiências. Não tem sido raro que na sequência de peças de jornalismo daquele tipo que por falta, omissão ou adulteração dos factos tenha havido protestos e até repúdio que a redação do canal emissor tarda ou se escusa posteriormente a divulgar a sua falha e quando o faz é através de comunicados da redação plenos de justificativas complicadas enunciadas em voz off.

No “jornalismo de investigação” que nos impingem não são despiciendas as conotações ideológicas numa perspetiva de revelar algo que possa prender a atenção do público por qualquer coisa que provoque escândalo ou indignação  o que interessa em determinado momento. Quanto à forma e ao conteúdo o método baseia-se em visões parciais e truncadas dos factos que respeitam a uma certa realidade destinada a instrumentalizar a opinião pública.

Os conteúdos das peças pretendem mostrar factos e provar as teses para credibilizar as reportagens nas quais se inserem entrevistas onde são selecionados extratos de frases e raciocínios truncados das mesmas que não interessem por não ajudarem a defender a tese do(a) autor(a) jornalista, oferecendo ao telespectador apenas partes de realidades descontextualizadas. Quanto à forma as peças são montadas recorrendo a artifícios de edição e a entrevistas com planos rápidos com perda da continuidade das afirmações dos intervenientes acrescido ou substituídos na narrativa em voz off. Utilizam-se técnicas da mostra de documentos e passagens de momentos alusivos que nada têm a ver com a realidade dos factos que estão a ser relatados. São inserts destinados a criar impacto no telespectador que apenas servem para preenchimento da peça, para encher chouriços como se diz.  Um exemplo: numa reportagem ao tratar um tema sobre corrupção ou peculato recorre-se na edição de vídeo não linear a inserts a notas de euro a serem contadas seguidas de novas sequências de imagens de pessoas a manusear documentos que o espectador não consegue identificar devido à rapidez dos planos que servem para o dinamismo e impacto visual da reportagem.

Os significados das imagens são obtidos quando os seus elementos são vistos e logo de seguida interpretados, assim, podem ser criados e/ou modificados de cada vez que elas forem vistas consoante o contexto sócio histórico da sua produção que influenciará a interpretação de quem as vê.

A semiótica trata da análise das relações entre uma coisa e o seu significado, quando se faz a interpretação de imagens, sejam fixas ou em movimento, com a finalidade consciente ou não de a compreender como nas reportagens televisivas. Nestas a semiótica das imagens e a análise do seu conteúdo levantam por vezes interrogações e ambiguidades que se tornam pouco esclarecedoras para os telespectadores.

Assim, geram-se narrativas audiovisuais específicas, por meio de práticas de significação, para se produzirem certos sentidos e não outros. Isto é, durante a peça jornalística dão-se aos elementos nela constantes uns certos significados, e não outros, para criar efeitos de sentido pretendidos nos telespectadores. Utiliza-se um conjunto formal de significações para dar um sentido às relações entre os elementos da linguagem que se manifestam em diversas naturezas das expressões verbais, visuais e audiovisuais.

Em muitas peças a que pomposamente atribui a designação de “jornalismo de investigação” estão por vezes intenções que passam para além dos factos e do esclarecimento do público, daí que a edição das peças com situações descontextualizadas e com a inclusão de imagens alusivas e que, por conotação com o facto, possibilitam, em si mesmas, interpretações erróneas por parte do telespectador.

Para além do cunho ideológico e político de que algumas dessas reportagens também se revestem pretende-se o efeito da eficácia tendo em vista a captação de audiências para a narrativa através de técnicas populistas e demagógicas. Utilizam-se formas, técnicas e modelos também utilizados pelos populistas para se revelarem antissistema. Um jornalista numa da reportagem não é ideológica e politicamente isento e fica sem o perceber envolvido apesar do esforço que faz para criar ao telespetador a perceção de distanciamento, imparcialidade e isenção na denúncia de corrupções, compadrios, negócios ilegítimos e outros. Em síntese, elege-se um alvo a atingir e, a partir daí, produz-se uma peça a que se dá um título atrativo e classifica-se como jornalismo de investigação.

Têm sido realizados vários estudos sobre os efeitos dos media, como por exemplo o de McDonald, Daniel G. Twentieth-Century Media Effects Research em 2004, que tratam a forma como são escolhidas as mensagens a difundir e as motivações económicas, políticas ou ideológicas dos jornalistas. Contudo ainda há quem tenha uma visão romântica do papel do jornalista que o vê a “representar a sociedade objetivamente, desinteressado e imune a qualquer influência, impossível de desviar da sua missão de informar e contar a verdade, ‘doa a quem doer’”. Porém não é assim, há quem define o que será emitido de acordo com o valor-notícia, a linha editorial e outros critérios, de acordo com os acontecimentos considerados suficientemente interessantes, significativos e relevantes para serem transformados em reportagem ou notícia.

Johan Vincent Galtung e Mari Holmboe Ruge sociólogos noruegueses utilizando uma psicologia simplificada da perceção e algumas suposições adicionais apresentaram em tempo um sistema de que descrevem eventos usados ​​como uma definição para o que deve ser notados nas notícias: a hipótese da adicionalidade em que quanto mais condições satisfaz um acontecimento tanto maior a probabilidade de se tornar notícia; a hipótese de complementaridade em que os fatores tenderão a exclui-se, pois se um fator estiver presente, será menos necessário do que outros fatores que estejam também presentes para que o evento se torne notícia; e a hipótese de exclusão em que eventos que não satisfaçam nenhum ou muito poucos fatores não se tornarão notícias. Na maioria dos casos, os dados são consistentes com a teoria. (Galtung, Johan; Ruge, Mari, The Structure of Foreign News, p.65)

As más notícias e os escândalos aumentam as audiências então, pelo efeito da negatividade, as más notícias vendem mais do que boas notícias e são mais fáceis de noticiar do que as boas. Mesmo entre as más notícias há uma certa hierarquia na preferência do telespectador que demonstra que por entre as notícias negativas umas vendem mais do que outras.

“Porque é que as notícias são como são?”. Estudos sobre métodos de seleção que definem as notícias que fazem parte de um noticiário ou peça jornalística a emitir concluíram que o processo é arbitrário e que as decisões do jornalista são altamente pessoais, subjetivas e dependentes das atitudes e espectativas de quem define o que irá para o ar e não se limitam a selecionar os temas que lhes interessam pessoalmente, mas as que eles presumem ser do interesse do público. Definem o que será noticiado de acordo como um valor-notícia, linha editorial e outros critérios por vezes mais ou menos subjetivos e ideológicos de acordo com o momento.

Em algumas peças de jornalismo de investigação a mensagem que se pretende passar está relacionada a um referente que, para além de simplesmente informar o telespectador, também pretende atingir algo ou alguém. Neste caso o referente, isto é, o assunto a que a mensagem se refere, e o tratamento audiovisual dado ao conteúdo do tema não são coincidentes.

Esta aceção pode ser bem explicada através de uma citação de António Damásio no livro “O Sentimento de Si”: “Se o leitor tiver alguém que lhe conte duas histórias comparáveis com igual número de factos e que apenas diferem porque numa delas alguns dos factos têm elevado conteúdo emocional, o leitor lembrar-se-á de um número muito maior de pormenores da história emotiva do que da outra” (António Damásio, O Sentimento de Si, 2000; p.336).

A televisão pode ser formativa, mas “o poder que a televisão tem em oferecer interpretações poderosas sobre a forma de compreendermos os acontecimentos que são escolhidos para serem notícia afetam diretamente a formação dos cidadãos”. (O Papel da televisão na Educação e na Construção Social da realidade, (2006). Revista do SNESup. Disponível em: http://www.snesup.pt/cgi-bin/artigo.pl?id=EEZuZVFyElfSrnWtRU (Consultado a 09/06/2020).

Alguns autores apontam algumas exigências que nem sempre são respeitadas encontrando-se sempre formas de as ultrapassar tais como: apresentação parcial da verdade quando se ocultam deliberadamente aspetos da realidade que impedem o indivíduo de aprender a totalidade do que foi apresentado; o sensacionalismo quando se distorcem os fatos mediante a acentuação de aspetos que provocam reações emocionais e não racionais; silêncio quando se suprimem determinadas informações necessárias nas compreensão de uma notícia; o engano quando há um falseamento da realidade. Por exemplo: quando se apresenta como uma reportagem autêntica aquilo que não é outra coisa que a imaginação do autor.

O propósito das reportagens do jornalismo de investigação deveria ser o de oferecerem temas únicos, rigorosos, profundos e analíticos dos acontecimentos recorrendo ao flashback para introduzir os antecedentes do acontecimento. Todavia são editados de modo a satisfazer o objetivo e o interesse do jornalista, por vezes até destituídas de sentido ético, no sentido de provocar polémicas na opinião pública. Assim, os telespectadores devem estar preparados para empreender uma leitura crítica do que vêem nas reportagens, o que raramente é feito.

O jornalismo de investigação precisa e deve obedecer à lei da objetividade, sinceridade e verdade. Torna-se, por isso, necessário que a comunicação transmita os factos a partir da verdade, o que muitas vezes acontece, mas, no decorrer da reportagem essa verdade vai-se tornando difusa e usa de subterfúgios ou rodeios para a tornar um valor absoluto e indiscutível conducentes a julgamentos na opinião pública. É frequente deparamo-nos em alguns casos com uma suposta coerências na informação emitida mas com uma documentação mostrada truncada e confusa.

O(a) jornalista autor de uma reportagem que deveria ser justo e escrupuloso em relação aos factos do objeto da reportagem nem sempre segue estas regras ao designar as suas “vítimas” heróis ou praticantes de atos ilegais e por vezes manifesta juízos de valor e até vereditos sobre a história que conta cometendo erros formais ou informais que descredibilizam o(a) jornalista e os meios de comunicação.

Para com a televisão somos todos crédulos e somos levados por quem pensamos que é politicamente honesto e que nos vende ideias, ideologias e nos sugere algo para alcançarmos aquilo que supomos ser a verdade.

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publicado às 15:49

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A limitação aos contactos sociais a que estamos sujeitos para proteção nossa e dos outros cria na maior parte das pessoas novos estados de ansiedade e emocionais. Até que se encontrem caminhos seguros devem ser dados apenas pequenos passos em direção à porta da liberdade. Até lá os canais de televisão e a imprensa têm-nos brindado com oráculos da desgraça que aparecem como cogumelos no espaço mediático com intervenções, entrevistas, divagações, propostas, palpites, comentários e opiniões das mais díspares e contraditórias.

Entre os que de modo imparcial e com base na ciência se pronunciam sobre a atual situação fazendo projeções com base no que a ciência conhece até ao momento, surge umas outras espécies que, de forma muitas vezes categórica, proferem sobre assuntos de que não são especialistas, mas apenas aprendizes de profetas da desgraça conforme as conveniências.

Acenam com ameaças terríveis que hão de chegar, por vezes contraditórias, pouco concisas e até redundantes que, embora possam parecer despejadas de intencionalidade, o objetivo parece ser o de influenciar, confundir e desorientar quem os escuta. Laçam para o ar medidas para responder às crise causada pelo novo coronavírus e consequente área socioeconómica, o que é  agravado pelo lixo de conselhos errados, perigosos e falsas e forjadas notícias difundidas por alienados (com objetivos obscuros) que não têm o mínimo pejo em troçar de populações desprevenidas, ansiosas e com fraca capacidade de avaliar e compreender as mensagens dos vários meios de comunicação social, ou seja, com fraca literacia mediática.

Na passada semana órgãos internacionais de comunicação social como New York Times, o El País ou o Der Spiegel dedicaram-nos artigos com elogios aos procedimentos no que respeita aos controle do COVID-19 mesmo que as coisas possam estar a correr bem, há que, para além de não aligeirar as  guardas, tentar descobrir maneiras de evitar a tempestade económica e social que se forma no horizonte. 

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publicado às 18:54

Quo vadis, democracia?

por Manuel_AR, em 27.02.20

(Texto de Carlos Esperança, 22/02/2020)

Temos de perguntar como foi possível legalizar um partido racista e xenófobo, quando a CRP expressamente proíbe a difusão da ideologia de quem se está nas tintas [sic] para a Constituição, normaliza a violência racista e subverte a democracia na AR.

A memória dos povos perde-se, ao contrário da ambição das pessoas a quem qualquer desculpa serve para ascenderem ao poder, como o vereador que Passos Coelho escolheu liderar a lista do PSD às eleições autárquicas de Loures. Ele é o íman que atrai nazis, marginais, cadastrados e intelectuais extremistas, que canalizam medos e ressentimentos contra a democracia e a moldura jurídica que a define.

É o deputado que diariamente ocupa a comunicação social que segue a velha máxima: notícia não é o cão que morde um homem, mas o homem que morde um cão. Mitómano, narcisista e incoerente, alimenta as notícias com o medo que infunde, a violência verbal que verte e o carácter amoral de quem não tem moral nem carácter.

É inútil acusar o invertebrado que defendeu uma tese humanista para efeitos académicos e a contraria para fins eleitorais. Ele viu o filão fascista que, à semelhança da década de 30 do século passado, vulgarizou os ideólogos do nazi/fascismo. Basta-lhe a falta de escrúpulos.

Engana-se quem pensa que 48 anos de ditadura, 5 de ditadura militar e 43 de fascismo, podem constituir uma vacina contra novas aventuras, quando a própria Alemanha, onde a pedagogia e repressão antinazi foram exercidas, não conseguiu impedir a ressurreição dos demónios que atormentaram o mundo e levaram a tragédia ao seu próprio povo.

Não conheço uma receita para evitar a deriva fascista que, tudo leva a crer, já entrou no aparelho de Estado, nas polícias, nos órgãos de soberania e na mentalidade de quem não sabe o que foi a tragédia da guerra de 1939/45.

O que hoje é visto com leviandade por quem julga o país imune ao regresso ao passado, passará a ser uma preocupação antes de acabar em tragédia.

Não é preciso ser bruxo.

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publicado às 16:56

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A televisão deveria ser uma referência de estabilidade, diante da violência da insegurança e da complexidade do cotidiano. Os telejornais deveriam funcionar como uma janela para a realidade, mostrando que o mundo circundante existe, está lá e que o mundo não se transformou num caos e a vida segue a sua normalidade. Infelizmente não é isso o que acontece, quanto mais caos e o passar do que é normal a uma anormalidade tanto melhor, porque também quanto mais audiências tanto melhor. Temos, por isso que nos capacitar da necessidade de uma leitura distanciada, mas atenta, do que as televisões e, já agora também, as redes sociais, nos dão para consumo para evitarmos ser manipulados.

Sobre o que afirmamos conhecer como sendo um facto objetivo e como uma verdade empírica, também estão envolvidos os nossos preconceitos culturais, interesses económicos, pontos de vista políticos e, ainda, as nossas crenças e perceções que também podem ser uma projeção induzida pelos meios de comunicação social, nomeadamente os canais de televisão.

Há duas realidades sociais: a objetiva que existe independentemente de cada um de nós e a realidade subjetiva contruída numa perspetiva que depende de cada um de nós que não é mais do que uma combinação de múltiplas subjetividades. A realidade é influenciada pelos meios de comunicação (imprensa, rádio, televisão, redes sociais) que leva as mesmas mensagens a múltiplos recetores cujo poder é manifesto porque uma ideia transmitida através deles pode modificar a realidade social, isto é, alterar a forma como a comunidade entende aquilo que acontece dentro da sua própria sociedade. Realidade social é então o conjunto das interações que os seres humanos estabelecem entre si e entre aquilo que os rodeia num dado espaço e tempo.  

Os meios de comunicação social, especialmente as televisões, são os que mais contribuem para informar acerca da

 

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publicado às 12:13

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Em certos momentos de acontecimentos da nossa política há um problema que aflige e agita a comunicação social e os jornalistas: quando não têm informação suficiente e exata sobre certos factos lançam para a opinião pública achas interpretativas e especulações sobre esses mesmos factos que, por vezes, se aproximam de oráculos.

É, por exemplo, o caso do roubo das armas de Tancos por causa do qual se tem estado a construir uma espécie de telenovela tipo mexicana a partir de alguns factos, outros pseudo factos, que surgem de penumbras que geram nebulosas segundo o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e névoas segundo o primeiro-ministro António Costa. Pode até acontecer que as nebulosas e as névoas sobre os factos sejam, com finalidades várias, adensadas e difundidas pelos próprios envolvidos durante processo de averiguações.

Recorde-se que o caso de Tancos surgiu numa altura crítica em que Governo e o país andavam preocupados com a catástrofe incendiária que grassou, ou fizeram grassar, e que tiveram uma gravidade sem par e, na mesma altura, por coincidência, é divulgado pela comunicação social o facto do roubo das armas em Tancos. Ouro sobre azul para partidos da direita cavalgarem a onda e poderem fazer oposição.

E claro que a oportunidade surgiu para a oposição explorar com a tentativa de atribuir responsabilidades exclusivamente políticas ao que deveria ser responsabilidade da competência da hierarquia militar.

A direita aproveita os nichos de “mercado” da política partidária que a vão ajudar a concentrar esforços onde têm maior probabilidade de sucesso que, aqui e ali, vão surgindo e se abrem no espaço político para fazer oposição partidária; os órgãos de comunicação aproveitam os mesmos nichos para vender informação (por vezes especulando sobre os factos) em consonância. Ambos são, afinal, consumidores públicos suscetíveis de exercer influência. A venda da agitação política para os primeiros e a venda da informação para os segundos contribuindo ambos para o mesmo fim. Assim, quanto mais radicais e agressivos forem a trocar argumentos lançando dúvidas nas mentes e proferindo ofensas, a favor das suas “causas”, mais adeptos ganham no caso de uns, e leitores ou telespectadores no caso dos outros. Para isso os grandes media têm hoje, nas suas versões impressas ou on-line mais colunas de opinião e pouco espaço para reportagens e apresentações factuais sem comentários inseridos pelo jornalista.

A falta de casos concretos e objetivos sobre a governação propriamente dita e de projetos de governação alternativos a oposição procura potencias nichos de factos, por vezes marginais, que potencialmente possam ser associados à conduta do governo para a obtenção de futuros dividendos eleitorais.

Apesar da importância que, sem dúvida, o caso de Tancos merece temos à nossa volta a perceção de que o povo já começa a estar farto desta novela que passa na comunicação social com conveniências várias porque, até ao momento, não existe objetivamente nada que concorra para o esclarecimento. O caso do roubo das armas de Tancos afigura-se-me como estando nesta configuração.

Alguns meios de comunicação, quando não todos, em certas circunstâncias cuidam de apresentar factos por vezes sem relevância, mas jornalisticamente elaborados, dando-lhes enfase de modo a criar polémicas e a ter efeito jornalístico que estimule o leitor ou o espectador.

Uma emoção leva uma pessoa a reagir diante de um acontecimento mesmo que lhe seja apenas descrito e faz ativar sentimentos sendo estes definidos como a observação das emoções e das reações provocadas por elas.

Há vários exemplos do que se afirma que contribuem para preparar e criar clima na opinião pública para julgamentos emocionais e estimular a conduta de partidos na oposição, sejam eles quais forem.

Tendo em vista a importância do layout das primeiras páginas dos jornais, nomeadamente os portugueses, é evidente a construção e a reprodução de ideias e valores na sociedade, quando abordam questões relacionadas com a possível construção de significados sociais como o  objetivo de desencadear emoções e sentimentos (conceitos complementares) que possam ter muita importância quando se pretende induzir a opinião pública através da comunicação.

Vejamos dois exemplos ambos do Correio da Manhã.


CM dia 5 de novembro:

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Repare-se no layout do título da manchete “Juiz de Sócrates Liberta Traficante de Armas” aparece acentuadamente em destaque em fontes garrafais que sugere informações mais relevantes da página, bem como da sua localização no domínio do “Ideal” que está associado à seção superior da primeira página e sugere os elementos representados como dotados de idealização, abstração, generalização ou emoção.

A manchetes mostram a informação relevante mais proeminente e do discurso noticioso. As manchetes simplesmente separam o evento principal da história e, portanto, são totalmente deriváveis da história. A chamada “Juiz de Sócrates Liberta Traficante de Armas” aparece com acentuado destaque, em função das fontes garrafais empregues seu respetivo título.

Assim, o diário Correio da Manhã pretende que o público faça a conotação do tráfico de armas com Sócrates aproveitando ser o mesmo juiz Ivo Rosa, a quem foi atribuída por sorteio a instrução da operação Marquês (que envolve entre José Sócrates e Ricardo Salgado, entre outros), associando-os ao tráfico de armas.  Não está claro no título porque o pretendido será a opinião pública possa fazer conotações do julgamento de Sócrates com o tráfico de armas por ser o mesmo juiz a tomar as decisões judiciais.

Outro caso ainda tendo em vista neste caso a amplificação dirigida de casos.

 

CM 9 de novembro:

 

 

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Como no primeiro exemplo nesta capa o layout do título da manchete “Juiz Apaga Teia da Máfia do Sangue” aparece acentuadamente em destaque com fontes garrafais em cor branca sobre fundo preto que sugere a informação mais relevante da página e o seu impacto bem como o da sua localização associada no domínio do “Ideal” ao centro da primeira página. Os significados sociais (re) produzidos pela composição das capas dos jornais estão ao nível do domínio do Ideais associados à seção superior da página e sugere os elementos representados como dotados de idealização, abstração, generalização ou emoção.

O tema principal da notícia está em letras reduzidas com cores e fundo contrastantes em fonte mais pequena, menos evidente e de difícil leitura. É obvio que neste caso o objetivo da redação parece ser o início da ofensiva contra o juiz Ivo Rosa com a procura de quaisquer decisões judiciais que tomar.

Este tipo de jornais e de jornalismo, e ainda os comentários e notícias que circulam nas redes sociais, procuram com títulos e frases persuasivos explorar o espaço emocional no corpo da opinião pública para desencadearem permanentemente o alerta emocional da sociedade e manter a atenção necessária para despertar em cada caso o correspondente conteúdo sentimental.

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publicado às 23:09

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Quem anda pelas redes sociais e escreve em blogs e escuta comentários nos canais de televisão lê e ouve o que gosta e o que não gosta, até mesmo o que vem de alguns energúmenos da asneirada ofensiva e da mentira que proliferam nas redes sociais. Daí é necessário ter a dose respetiva de capacidade psicológica para o encaixe, e a disposição necessária para o desprezo de certo tipo de comentários.

Veja-se o exemplo do que se passou durante a campanha eleitoral no EUA e continua ainda a passar-se e, mais recentemente, no Brasil com Bolsonaro. Fazer comentários nas redes sociais contra ou a favor do que quer que seja ou denunciar notícias falsas não vale a pena porque, quando se trata de campanhas que se apoiam principalmente nas redes socias, a maior parte das vezes as respostas que contestem tais notícias mesmo que falsas e respetivos comentários caem no saco roto nos eleitores porque o povo irá votar irracionalmente, tanto mais, quanto a irracionalidade das atitudes perigosas e grosseiras investidas por quem faz campanha e apoia certas ideias contra a democracia, os políticos,  os candidatos ou os partidos de forma radical, violenta, primitiva, brutal, deseducada.

Tenho-me referido várias vezes aos comentários e artigos de opinião escritos na imprensa alguns deles escritos para elites digerirem. José Miguel Tavares, uns dos liberais com o qual raramente estou de acordo que escreve artigos de opinião para o jornal Público, referiu naquele jornal, a propósito das eleições no Brasil, que: “as elites artísticas, intelectuais e jornalísticas têm de meter na cabeça de uma vez por todas que a sua influência sobre o povo, na hora do voto, é nula. Que os seus poderes de mediação e de persuasão, na era das redes, evaporaram-se de vez. Que ter escritores, comentadores, historiadores, músicos ou jornais a criar vídeos, e manifestos, e hashtags, e editoriais, e o diabo a quatro, onde do alto da sua imensa sabedoria tentam explicar ao povo brasileiro (como já haviam tentado explicar ao povo americano) em quem ele deve votar, é uma ridícula figura, por uma razão muito simples – aquele voto, o voto de dezenas de milhões de brasileiros e de norte-americanos, também é contra nós”.

Face a isto o confronto democrático e o debate político deve passar a seguir outro caminho porque a exigência do povo pela qualidade intelectual e cultural tem vindo a deteriorar-se progressivamente devido às redes sociais onde alguns exprimem o que lhes vai na alma através de grunhidos grosseiros rebuscados nas profundezas das cavernas mais obscuras de certa política partidária e ideológica que por vezes são mais eficazes do que dissuasores.

Nesta era das tecnologias da informação e comunicação todos passámos a ser, para além de consumidores, produtores de informação, falsa ou não, boa ou má, sem censura, enfim  sem quaisquer riscos que não sejam os comentários dirigidos. A informação que antigamente era validada, e conferida segundo critérios pelos órgãos de comunicação social – felizmente alguns ainda continuam a seguir – deu lugar à desinformação desenfreada nas redes sociais e à contra informação, numa competição sem tréguas do quanto mais falso e ofensivo melhor que contribui para confundir opiniões, até as dos bem intencionados, numa espécie de rodopio de notícias confusas, e não factos, difundidas pelas redes.

Quem mantém blogs de opinião política seja qual for o quadrante, mesmo de visão sectária, está no seu direito de liberdade de expressão que a democracia lhe confere. Já no que diz respeito á comunicação social, nomeadamente a imprensa, a coisa é diferente. Detesto jornais de orientação tendencialmente unilateral. Em jornais online com opiniões provenientes de vários quadrantes ideológicos e partidários aparece de tudo na zona dos comentários, desde os que se insurgem contra a opinião do autor fazendo comentários insultuosos até aos que defendem as suas opiniões e criticam outros como se fossem eles os proprietários de verdades absolutas. Nestas tarefas de crítica e opinião no domínio da política temos de ter a capacidade de encaixe suficiente para podermos ler e ouvir quer o que gostamos ou com que concordamos, quer o que não gostamos ou com que não concordamos e se assim não for o melhor é: não comentar.

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publicado às 23:10

1. Incêndios e incendiários da política.

 

A oposição de direita coadjuvada pela comunicação social ainda não largou os fogos da época passada, postos por incendiários cuja origem e motivos se desconhecem, e já a comunicação social e os partidos da oposição de direita estão a dar o mote para que os incendiários novamente se preparem. Portugal, como nenhum outro país da UE, é um país de incendiários por mais que nos queiram fazer ver o contrário.

Não se percebe como é possível que responsáveis partidários e políticos aparecem a falar assumindo a inevitabilidade dos incêndios em vez contribuírem com propostas para a sua prevenção.

A frase mais do que uma vez utilizada pela impressa e pela televisão é a “época dos incêndios que se avizinham”, como se estes fossem um determinismo. O pressuposto deveria ser que ninguém deita fogo às florestas, a menos que se aceite implicitamente a existência de a circunstância de há uma “causa terrorista”, e, a ser assim, haverá “interesses” a ela subjacentes para se retirarem dividendos.

Como iremos continuar a verificar durante toda a época de verão os incêndios não deixarão de ser o estribilho da oposição de direita e da comunicação social que a apoia. Partem da suposição de que eles se continuarão a verificar. E assim vai ser! Essa direita que, quando no governo, nada fez para alterar essa calamidade que assolam o país todos os anos, pretende agora que um problema de tal envergadura e complexidade seja resolvido em menos dum ano.

Pela rede da web não faltam comentários das notícias vindos da direita estão todos sintonizados na estação da culpabilização do Governo como se nada existisse antes…

Até Rui Rio já viu o filão pode explorar partidariamente e possa colher daqui e dali alguns votos.

O Presidente da República sobre os incêndios disse numa entrevista ao jornal Público que se “Voltasse a correr mal o que correu mal no ano passado, nos anos que vão até ao fim do meu mandato, isso seria só por si impeditivo de uma recandidatura”. Como se as causas dos incêndios fossem unicamente da responsabilidade deste Governo, e se, à simultaneidade da ignição dos mesmos fosse possível dar respostas imediatas.  António Costa parece ser mais sensato quando ao responder à pergunta se se demitiria se houvesse nova tragédia, diz que "Quando há um problema, a solução não é demitirmo-nos, é estarmos prontos para resolver o problema".

 

2. Sócrates e ódios de estimação

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Tocqueville, historiador e escritos francês do século XIX disse no seu tempo que, em política, a comunhão de ódios é quase sempre a base das amizades.

Nesta semana João Miguel Tavares num dos seus já habituais escritos de opinião no jornal Público veio defender uma tese muito interessante numa tentativa de desculpabilizar mais os que praticam um certo tipo de corrupção e de culpabilizar mais outros, conforme os níveis da sua prática quando se está no poder. Como se a corrupção tivesse níveis quando e como é praticada e consoante é em proveito próprio ou não. A corrupção por princípio tem como fundamento benefício próprio e ou de outrem.

João Miguel Tavares refere que “Uma das reacções mais estupidamente pavlovianas à invocação do nome de José Sócrates, e à sua cumplicidade com tantos socialistas, consiste em elencar de imediato todos os casos de Justiça envolvendo figuras da direita – e lá vem Dias Loureiro, Oliveira e Costa, Duarte Lima, o BPN, os submarinos, Paulo Portas, Miguel Relvas, a Tecnoforma, e o mais que der jeito e assomar à memória.”

Ao contrário do que acha João Miguel as reações não são pavlovianas pois estas têm como base reflexos condicionados, e as que o autor se refere são reações comportamentais ou behavioristas como se quiser. Baseiam-se no condicionamento operante que é um processo pelo qual se pretende condicionar uma resposta de um indivíduo, seja para aumentar a sua probabilidade de ocorrência ou para extingui-la. No primeiro caso, são apresentados reforços (e o reforço são as notícias sobre a Operação Marquês e Sócrates).  Vale a pena ressaltar que o conceito de reforço está diretamente ligado a ocorrência da resposta, um estímulo só pode ser considerado reforçador se aumentar a probabilidade de determinado comportamento ocorrer.

Mas voltando ao que interessa, não assomou à memória de João Miguel Tavares o caso de Aníbal Cavaco Silva. Como liberal assumido defende os seus, os que agora se encontram do lado de lá, e centra-se nos que estão do lado de cá. Tem, todavia, alguma razão quando escreve que o caso de José Sócrates é um caso singular de corrupção. E, sê-lo-á, se vier a ser provado em tribunal, ao contrário da comunicação social que acusa, julga e condena. Não há que esperar, há que fazer notícia a qualquer preço.

Lembro-lhe que na oitava eleição presidencial portuguesa, em janeiro de 2011, foi reeleito Aníbal Cavaco Silva para um segundo mandato. Conforme divulgou o jornal Expresso, no mesmo ano, uma testemunha revelou em tribunal que Oliveira e Costa vendeu, em 2001, a Cavaco Silva e à sua filha 250 mil ações da Sociedade Lusa de Negócios, a um euro cada, quando antes as adquiriu a 2,10 euros cada à offshore Merfield. Respondendo a perguntas dos juízes do julgamento do caso BPN, o inspetor tributário Paulo Jorge Silva disse "não ter explicação" para o facto de o principal arguido, José Oliveira Costa, ter perdido 1,10 euros em cada ação que vendeu a Aníbal Cavaco Silva e à filha do atual Presidente da República, Patrícia Cavaco Silva Montez.

Em 2016 a revista Sábado publica o seguinte: Luís Montez "beneficiou" das mesmas facilidades que o antigo Presidente da República no BPN, mas ao contrário do que aconteceu com Cavaco Silva, não era "permanentemente fustigado" pelo Partido Socialista. Depois de em 2011 a SÁBADO ter avançado que o genro do antigo Presidente da República tinha renegociado uma dívida de 260 mil euros com o BPN, agora é Fernando Lima, antigo assessor de imprensa de Cavaco Silva, quem o escreve em "Na sombra da Presidência", livro que hoje é citado no jornal i.

Não seria também Cavaco Silva um caso singular de corrupção por ser na altura o mais alto magistrado da nação e que, por isso, deveria ser investigada até à exaustão? E alguns desses outros a que se refere não tiveram responsabilidades governativas? Mas não, foram enviados para os arquivos mortos.

João Tavares afirma que “Muita gente tem dificuldade em perceber isto – e daí a obsessão por tentar encontrar exemplos idênticos no partido ao lado.” Para ele são casos diferentes, e são-no de facto. Será por isso que uns devam passar impunes e outros sejam sistematicamente atacados e lançados desmesuradamente para a opinião pública?

Mas João Tavares não espera, Sócrates já é culpado e sentencia que Sócrates “utilizou a sua posição de poder para promover de forma ilícita o enriquecimento pessoal”. Lembro-me outra vez do que atrás referi sobre Cavaco Silva, sujeito que esta semana, na TVI24, José Miguel Júdice considerou ser a pessoa mais honesta do país e fora de qualquer suspeita.

Pela minha parte não faço juízos de intenção nem de valor sobre ainda presumíveis factos. O facto é que, o que tem sido divulgado pelos órgãos de comunicação sobre Sócrates e sobre Operação Marquês, que “opinion makers” aproveitam para tecer as mais diversas opiniões, são considerados. sem qualquer dúvida. como verdades. Podem vir a ser dados como provados (ou não), mas deixo sempre tudo em aberto até ao julgamento.

Com uma coisa concordo com João Miguel, é que “a corrupção é um mal transversal, que não olha a ideologias”, mas se assim é então há que combatê-la afincadamente, sem diferenciar tipologias consoante os interesses, dando-lhes o mesmo destaque e fazendo as mesmas críticas, porque corrupção no mundo da política é sempre corrupção seja, ou não, no sentido convencional do termo, mesmo quando governantes ou ex-governantes sejam eles quem forem estiverem presumivelmente implicados.

Caso curioso é que, quando as televisões avançam com notícias sobre o caso Sócrates de seguida colocam umas peças relacionadas com anteriores casos sobre os quais raramente se fala. É como nos quisessem dizer:

- Estão a ver como somos isentos também falamos de outros casos.

Não brinquem connosco.

 

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publicado às 13:13

Teoria da conspiração.png

Segundo alguns dicionários um saco é uma "espécie de bolsa de pano, couro, plástico ou outro material, aberto em cima, geralmente com asas para facilitar o transporte". Há vários tipos de sacos: os sacos para batatas, os sacos de plástico, os sacos de papel, os sacos para dormir, etc., mas também há os sacos azuis e os sacos da política e do jornalismo donde se tiram peças para aproveitamento político.

Aqui entram hipotéticas teorias da conspiração cujo atributo é a crença de que certas forças poderosas, são responsáveis ​​por adversidades e infortúnios de outro modo inexplicáveis e cujo alcance se estende a governos, finanças, cultura e educação, e a ausência de evidência real da sua existência ou influência é simplesmente tomada como prova.  Algumas são baseadas na política e compartilham da crença de que uma “mão oculta e sinistra” pode estar a manipular eventos para o benefício dos conspiradores em detrimento de todos os outros.

No que respeita a estes últimos existem os que, como os incêndios de outubro na região de Pedrógão Grande e outros próximos, causaram lamentáveis vítimas, dezenas delas que terminaram em mortes trágicas de gentes indefesas daquelas regiões violentadas pelas chamas por assassinos a soldo de alguém.

Escrevi em tempos neste mesmo blog a minha opinião sobre a causa daqueles e de outros incêndios que me pareceram muito estranhos e arquitetados com bastante pormenor.  E, como resultado, o oportunismo com todo o fulgor da oposição de direita aproveita a tragédia. Em política nada acontece por acaso. Certas reportagens ditas de jornalismo de investigação da TVI, como foi por exemplo o caso das adoções pela IURD, presumivelmente ilegais, de crianças, são desenvolvidas e debatidas até à exaustão e outras como a reportagem sobre as presumíveis caudas dos incêndios, feita pelo mesmo canal, ficam-se pelo caminho.

Ao longo dos últimos meses noticiários e reportagens nos canais de televisão resplendecem com peças sobre os incêndios numa amalgama de acontecimentos trágicos e chamas. É uma espécie de cadinho onde se misturam episódios, atrás de episódios, que já não são notícias, são antes uma edição de construções ficcionadas aproveitadas a partir da triste realidade. Bem podiam dar um aviso aos espectadores, como naqueles filmes de ficção e em novelas, que alerta para que qualquer semelhança com personagens da vida real é pura coincidência. São imagens acompanhadas de palavras refeitas para públicos com iliteracia imagética.

Já afirmei em anteriores postes que até às próximas eleições a oposição de direita revisitará, sempre que lhe convenha, o mesmo tema atualizado e melhorado. Assim está a acontecer. Com a ajuda da comunicação social, cuja quebra de vendas a torna sedenta de más notícias, aos poucos vai tirando do saco o que lá vai guardando para ocasião oportuna.

É um cadinho onde se vão colocando casos da política relacionados com presumíveis corrupções misturados com químicos diversos, tendo Sócrates como catalisador, ou misturando outros elementos da química política que, eventualmente, possam reagir com o ingrediente Partido Socialista.

A pergunta que me tenho feito várias vezes é: porque será que, quando a direita está envolvida em corrupção o caldo não é aquecido à mesma temperatura e é colocado na gaveta mais fria do frigorífico da comunicação social, mas quando se trata da área da esquerda o caldo da corrupção é posto a ferver?

Tudo isto pode parecer mania da conspiração. Se há conspiração é a comunicação social que acompanho com frequência, e não as redes sociais, que me fornecem a informação e as notícias que me levam a colocar as hipóteses de conspiração.

Em março do corrente ano João Miguel Tavares chamou palermas aos que defendem teorias da conspiração dizendo que, “É precisamente porque o escrutínio do poder é um mecanismo de vigilância insubstituível que as teorias da conspiração só servem para entreter palermas “. Se lesse este artigo eu ficaria no seu rol de palermas.

Para o escritor e jornalista liberal João Miguel os que apresentam opiniões a partir de evidências ou pressupostos causais sobre algo que se relacione com a direita são teorias da conspiração para entreter palermas, mas, quando, pelo contrário, os pressupostos têm em mira a esquerda que governa não são teorias da conspiração, são escrutínio do poder.

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publicado às 00:21

Episódios jornalisticos.png

 Começo com uma frase do artigo de opinião de Teresa de Sousa no jornal Público. Diz a jornalista em determinado ponto do seu artigo: “deixámo-nos cair no debate público pendurado numa sucessão de palavras que, sabe-se lá por quê, todos repetimos e que vão mudando quase todos os dias. Passámos da Raríssimas, que não permitiu derrubar um ministro, ao pernil de porco, do pernil de porco ao financiamento dos partidos, do financiamento dos partidos para qualquer outra coisa que chegue amanhã de manhã. E já me esquecia da “reinvenção” do país que Marcelo nos recomendou como mote do ano que agora começa e que já toda a gente parece disposta a adoptar. Temos o dever de acompanhar a realidade, mas não precisamos de fazer de cada pequeno episódio uma guerra total, todos os dias.”.

Esta frase foi o mote para abordar as formas como a comunicação social, as redes sociais e os blogs, como este onde escrevo e que por aí proliferam utilizam a informação. A crítica que se pode fazer, e que é legítima, é dizer que os autores, mais ou menos espontâneos (eu incluído) escrevem sobre o que desconhecem. Isto é um facto. Mas, daí dizer que escrevemos sobre o que se desconhece ou pensa conhecer com uma atitude de estar no centro dos acontecimentos políticos sobre o qual se escreve já é falso.

No centro dos acontecimentos e dos meandros do conhecimento do facto político apenas se movem políticos e jornalistas. Estes furam aqui e ali para obterem informações, muitas das vezes recebendo-as de fontes “secretas”.  Os jornalistas que se encontram nos meandros da política ouvem, perguntam, entrevistam e utilizam tais fontes “secretas” que podem ser pessoas quer de direita, quer de esquerda, que têm funções em instituições e organismos públicos. Aquelas fontes divulgam ao seu jornal ou jornalista preferido, por vezes deturpando a informação, se acharem conveniente para os objetivos em vista, que passam por denegrir personalidades que exercem determinados cargos ou desempenham determinadas funções focadas como potenciais elementos a abater. Enfim fazendo julgamentos formulados em opiniões ou raciocínios baseados em hipóteses ou suposições não confirmadas e muitas vezes com sentido pejorativo, isto é, fazendo juízos apriorísticos.

Não tenho acesso a fontes “não identificadas, privilegiadas e próximas de”, nem consigo entrevistas, nem tenho conhecimentos e amigos nas redações de jornais nem nos canais de televisão, nem entrevisto pessoas, nem ando atrás de personalidades da política para as entrevistar para poder conhecer com profundidade os assuntos sobre os quais escrevo.

As minhas fontes são a imprensa escrita, os jornais televisivos, os artigos de opinião, os debates televisivos, os comentários, a literatura disponível sobre os temas sobre os quais escrevo. É a partir destas fontes, a que todos também podem ter acesso, que me abalanço a escrever sobre alguns assuntos emitindo apenas a minha opinião e a minha visão perspetivada sobre o que se diz, vê ou escreve. Quando me engano é porque as minhas fontes também se enganaram. Privilegio sobretudo a honestidade nas opiniões ou críticas que formulo apesar de algumas vezes contundentes. Quantas vezes comentadores profissionais da política, que supostamente estarão dentro dos assuntos, divulgam publicamente informações dando-as como certas, anunciando que tiveram origem em fontes fidedignas ou do seu meio de conhecimentos e contactos, mas que, posteriormente, não são confirmadas.

O que escrevo não são “fake news”, são interpretações pessoais de notícias e de opiniões que, como é óbvio, podem ser concordantes ou discordantes dos seus autores.  

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Alguns dos profissionais da comunicação social, felizmente não todos, por vezes cumprem a sua função para agradar a quem lhes paga o ordenado, como uma espécie de “vozes do dono”, para manterem o emprego já que isto, para os lados do jornalismo, anda mal por todo o lado.

A maior parte da comunicação social, ao invés de dar as notícias faz manchetes preparadas para induzir à oposição política, por vezes até, hostil, a certos governos ou pessoas que exerçam funções públicas que não são seu agrado, político ou ideológico, diga-se. Essas manchetes como se sabe são suscetíveis de produzir respostas emotivas resultando em sentimentos emocionais provocados e desfavoráveis para quem as lê ou ouve, mas cujo desenvolvimento do conteúdo não acompanha a conotação do título.   

Vejamos este exemplo real que foi publicado ontem dia 10 do corrente.

O jornal Expresso escreve em manchete: “Mal-estar: Marcelo espera explicações de Costa sobre Marques Vidal”

O lead da notícia é o seguinte:

«Oficialmente, “o Presidente da República não comenta entrevistas da ministra da Justiça”, mas o mal-estar é indisfarçável.»

No desenvolvimento da notícia acrescenta-se que “Uma fonte próxima de Marcelo, não identificada, disse ao Expresso que este caso "é uma afronta ao Presidente" e que as declarações da ministra da Justiça e do primeiro-ministro “causaram mal-estar em Belém”. (Cá está nesta notícia uma das fontes próximas e não identificadas a que os jornalistas recorrem e que anteriormente referi).

O mesmo jornal Expresso, e no mesmo dia, a notícia refere que: “Para Marcelo Rebelo de Sousa, a questão que envolve a eventual não recondução de Joana Marques Vidal como Procuradora-Geral da República “não existe”, pelo menos “até ao momento em que tiver de exercer o meu poder constitucional”.

De acordo com a nota que ontem o Presidente fez publicar no site da Presidência é que “só se pronuncia sobre a nomeação de titulares de órgãos do Estado sob proposta do Governo, no momento da designação”.

Os jornalistas que redigem as notícias, digo notícias e não opiniões, afirmam, deduzem, especulam sobre as mesmas levantando dúvidas e suspeitas. Colocam partes de frases, tiram ilações e até, por vezes, fazem juízos de intenção e de valor quando redigem algumas notícias. Quais serão os objetivos?

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publicado às 23:42

Os zombies da direita

por Manuel_AR, em 13.12.17

Zombies da política.png

Hoje acordei virado para o lado da ficção de terror que atualmente está muito em voga, especialmente em séries televisivas só que, ao nível da política, infelizmente não é ficção.

O PSD, partido que nos últimos anos abandonou a social-democracia e passou a representar uma certa direita em Portugal, faz-me lembrar a série de televisão “Walking Dead” cujo enredo se baseia nos zombies que segundo o estereótipo popular são seres humanos dados como mortos que, após sepultados, são posteriormente reanimados por meios desconhecidos.

Esta direita zombie arrasta-se por aí, por todo o lado, sem rumo e sem projeto tendo como único propósito a assombração de tudo e de todos.

Com o auxílio de alguns media a direita vai desenterrando aqui e ali tudo quanto encontra e sirva para fazer oposição através de casos que os media lhe vão fornecendo, ou que ela vai fornecendo aos media. Estes zombies da direita têm alvos com prioridades estabelecidas e auxiliados pelas suas toupeiras no terreno.

Na campanha eleitoral interna para eleição do futuro líder do PSD, quer Santana, quer Rio, talvez com o objetivo de captar os fiéis neoliberais de Passos Coelho, não têm apresentado nada de novo e recuperam as teses do ainda atual líder. Rui Rio, por exemplo, sem nada propor de novo, volta à tese do “com o consumo interno não vamos lá”. Poderá até ter razão, mas onde está a alternativa que não coloque novamente o país como Passos Coelho o deixou? Claro que devemos reconhecer-lhe algum mérito como Santana Lopes já fez. Contudo, quais são as propostas que os candidatos a líder da direita PSD têm apresentado ao partido e ao país? Será a evolução na continuidade à semelhança do que foi a primavera Marcelista, mas em democracia?

Quem se disponha e tenha paciência para suportar ler manifestos inseridos nos comentários que encontramos nos artigos e opiniões dos jornais online onde sentimentos de ódio e frustrações se misturam terá a oportunidade de se deparar com uma outra espécie de zombies que, escondidos no anonimato, saem das profundezas das redes para atacar tudo e todos os que não pensam como eles, uma espécie de protofascistas. Para estes, todos os que não são de direita são comunas. Todos o que não sejam ideologicamente de direita ou apresentem formas alternativas para governação são comunas. Estes mortos-vivos são os mesmos que lançam chavões ofensivos e “fake news” (notícias falsas) por todos os meios que estejam ao seu alcance. A constatação deste facto não se resume apenas à direita, há também os fogosos(as) da esquerda que, embora proliferem em menos quantidade, não deixam de exagerar na sua linguagem de baixo calão.

Estes mortos-vivos, especialmente os da direita que atacam tudo quanto seja a responsabilidade social do Estado e apregoam reformas (seja lá o que entendem por isso), são os mesmos que, sem se fazerem rogados e sempre que podem, atiram-se por todas as formas a tudo quanto possam sacar ao mesmo Estado, mesmo em prejuízo de outros. Estes grupos, espécie de “batoteiros”, sempre que podem sentam-se à mesa do orçamento do Estado recorrendo a subsídios, fundos europeus a fundo perdido e outros a que se julgam com direito numa perspetiva egocentrista. Por outro lado, sentem-se lesados quando se lhes acaba o regabofe e, daí, o seu sentimento de perda de poder, prestígio, revolta, agressividade e ódio que se revelam por comentários com que povoam as redes sociais e áreas de opinião dos jornais online num impulso de destruir adversários virtuais que apenas existem na sua mente.

Este tipo de zombies maltrata os outros pela linguagem que utiliza nos seus argumentos, mas não gostam que os maltratem a eles. Até políticos ditos responsáveis (deputados normalmente) verbalizam ofensas muitas vezes pessoais, mas indignam-se e levantam-se para intervir em defesa da honra pessoal ou da bancada. Não seguem a regra de “tratar os outros como queremos que nos tratem”.

A questão que se coloca é a de saber se será possível argumentar e comentar bem e com eficácia sem pesquisar nem compreender os meandros do fenómeno sobre o qual se comenta? Eu diria que sim, mas com alguma reserva. Esta reserva reside na moderação do comentário que passa a ser uma opinião e não uma crença absoluta. A crença em política é acreditar, sem margem para dúvida, que aquilo em que acreditamos é a nossa verdade; ou podemos, por outro lado, acreditar que essa coisa deve ser verdade sem o ser.

Quem faz comentário político nas redes sociais e nos comentários dos jornais online (eu incluído) não pode conhecer factos de forma completa, exata e em todos os seus detalhes; o que acontece é que os fenómenos vão chegando ao nosso conhecimento de forma fragmentada, incompleta e aproximativa, como se fossem dados por um GPS a que falta uma ou mais referência duma localização. Todavia existem pessoas que os conhecem de forma completa e exata.  Por exemplo, não é racional acreditar como um facto sem margem para dúvidas numa coisa acerca da qual temos apenas um conhecimento fragmentar e incompleto, por muito verdadeira que essa coisa pareça.

Os comentários a que me refiro são reveladores de sentimentos de fúria, raiva, frustração e outros, cujas lógicas são difíceis de compreender e, como tal, só podem ser limitadas a crenças tipo seita religiosa que movem as pessoas envolvidas e que nos parecem por vezes estranhas convertendo argumentos políticos em ofensas pessoais onde se fazem até descabidas e irracionais conotações.

Transcrevo apenas alguns exemplos desses comentários, que não são dos que utilizam linguagem mais ofensiva, tal e qual foram publicados exceto o itálico.

Entrevistado e entrevistador são ambos bolcheviques, um do bloco, o outro da soeiro pereira gomes. Louçã a preparar o terreno para a crise que se avizinha, com a despesa descontrolada pela pressão permanente dos partidos bolcheviques que, para mais, impedem qualquer reforma relevante.

Preparar o terreno para ele é acima de tudo ilibar a extrema esquerda de qualquer responsabilidade!

Quando este padreca leninista do Louçã diz que nunca há controlo das taxas de juro mente conscientemente e descaradamente, quando sabemos que o Banco central Europeu tem mantido as taxas de juro a um nível baixo, através das compras dos activos dos bancos. Compras que para a nossa banca desde 2015 ascendem a uns 30 mil milhões de euros!

Este comentário é sobre uma entrevista dada por Louçã ao jornal i a propósito de um livro que foi lançado em outubro por ele e por Michael Ash. Este economista afirma ao jornal Público que “uma nova crise financeira internacional, ao estilo da vivida há uma década é neste momento provável”, alerta. Michael Ash é economista norte-americano, professor na Universidade de Massachusetts e juntou-se este ano a Francisco Louçã, economista e ex-líder do Bloco de Esquerda, para lançar o livro “Sombras - A Desordem Financeira na Era da Globalização”. Nessa obra, traça-se um cenário pessimista em relação à forma como os mercados continuam desregulamentados e ensaia-se uma explicação para o facto de, mesmo depois da crise, pouco ter mudado.

O comentário mostra que, ou não leu a entrevista ou não sabe do que o entrevistado está a falar. A entrevista referia-se às crises internacionais que podem surgir a qualquer momento.

Francisco Louçã tem diversas obras publicadas sobre as causas das crises cíclicas, algumas publicadas com autores estrangeiros, é um economista reconhecido lá fora por esse trabalho. Que não se goste dele ou da sua ideologia, da qual não sou adepto, isso é outra questão, mas suponho que não terá nada a ver com uma conclusão desfavorável em relação ao que ele escreveu.

 

*****

Outro comentário:

Ó pateta, vai lá pedir um empréstimo ao banco e vais ver a taxa de juro que te cobram!

A (baixa?) taxa de juro do BCE reflete-se nos ganhos para a banca ou em ganhos para a economia, para o cliente? E se assim é porque mistéio é que arrotamos milhares de milhões todos os anos para pagar os tais 35 mil milhões mais juros e o mais que virá?

Este comentário nem vale comentário.

*****

Mais outro, este, provavelmente de esquerda:

 

Afinal pagamos o que não foi para o povo, mas que foi assumido como dívida pública.

O dinheiro não veio para tapar os buracos no Estado, aliás inexistentes dado o saldo primário anual de cerca de 7.000 milhões de euros. Foram para outros buracos bem privados e foram pedidos com a assinatura de Sócrates, Passos e do panasca, que constam no documento em Bruxelas.

Os comentários parecem ter vindo de seres que saíram das trevas para tentar captar alguém para as profundezas onde se encontram.  Servem-se da ofensa pessoal, atributo de fraqueza argumentativa, e destilam sentimentos de ódio e de estigmatização. Todavia outros comentários salientam-se pela sua sobriedade e clareza sem que isso signifique ser verdade, ou de quem os faz ter razão.

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publicado às 19:40


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