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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
O que nos leva a pensar o que acontece de mau não nos acontece a nós, mas aos outros? Não é porque pensamos que somos invencíveis, é porque gostamos de pensar que somos imunes às influências das mensagens da comunicação social de massa e de fatores adversos. É isto que a teoria do “efeito de terceira pessoa” estuda.
Apresentação.
Estamos em fase de pandemia derivada ao COVID-19 e as medidas a tomar têm duas vertentes a primeira obviamente ligada à saúde e a outra são políticas adotadas para lidar com o problema. Esta última é a que tem mais impacto na solução para mitigação das dificuldades mais graves que hoje vão começar, não podem estar sujeitas a pressões seja de que lóbis forem por estar em causa as pessoas e o travão à propagação da epidemia. Se a coisa agrava por falta de coragem política quem deverá ser responsabilizado? Em caso de falha, e numa circunstância como esta, assumir a culpa e fazer pedidos formais de desculpa à posteriori não serve de nada nem a ninguém. Para situações drásticas impõem-se medidas drásticas.
Vemos exemplos por esse mundo fora a serem tomadas medidas que por cá se recusam ou recusava-se que fossem tomadas apontando as mais diversas justificações e cautelas, algumas até com risco de agravamento da situação.
Artigos de opinião rebelam-se contra medidas mais severas que possam vir a ser tomadas, parecendo preferir que a doença alastre sem controle em nome de ideologias que defendem, como que a dizer que isso só acontece aos outros, a nós não!
Vem isto em relação à decisão que tardou de fechar as escolas
entários ao blogue.
Quem anda pelas redes sociais e escreve em blogs e escuta comentários nos canais de televisão lê e ouve o que gosta e o que não gosta, até mesmo o que vem de alguns energúmenos da asneirada ofensiva e da mentira que proliferam nas redes sociais. Daí é necessário ter a dose respetiva de capacidade psicológica para o encaixe, e a disposição necessária para o desprezo de certo tipo de comentários.
Veja-se o exemplo do que se passou durante a campanha eleitoral no EUA e continua ainda a passar-se e, mais recentemente, no Brasil com Bolsonaro. Fazer comentários nas redes sociais contra ou a favor do que quer que seja ou denunciar notícias falsas não vale a pena porque, quando se trata de campanhas que se apoiam principalmente nas redes socias, a maior parte das vezes as respostas que contestem tais notícias mesmo que falsas e respetivos comentários caem no saco roto nos eleitores porque o povo irá votar irracionalmente, tanto mais, quanto a irracionalidade das atitudes perigosas e grosseiras investidas por quem faz campanha e apoia certas ideias contra a democracia, os políticos, os candidatos ou os partidos de forma radical, violenta, primitiva, brutal, deseducada.
Tenho-me referido várias vezes aos comentários e artigos de opinião escritos na imprensa alguns deles escritos para elites digerirem. José Miguel Tavares, uns dos liberais com o qual raramente estou de acordo que escreve artigos de opinião para o jornal Público, referiu naquele jornal, a propósito das eleições no Brasil, que: “as elites artísticas, intelectuais e jornalísticas têm de meter na cabeça de uma vez por todas que a sua influência sobre o povo, na hora do voto, é nula. Que os seus poderes de mediação e de persuasão, na era das redes, evaporaram-se de vez. Que ter escritores, comentadores, historiadores, músicos ou jornais a criar vídeos, e manifestos, e hashtags, e editoriais, e o diabo a quatro, onde do alto da sua imensa sabedoria tentam explicar ao povo brasileiro (como já haviam tentado explicar ao povo americano) em quem ele deve votar, é uma ridícula figura, por uma razão muito simples – aquele voto, o voto de dezenas de milhões de brasileiros e de norte-americanos, também é contra nós”.
Face a isto o confronto democrático e o debate político deve passar a seguir outro caminho porque a exigência do povo pela qualidade intelectual e cultural tem vindo a deteriorar-se progressivamente devido às redes sociais onde alguns exprimem o que lhes vai na alma através de grunhidos grosseiros rebuscados nas profundezas das cavernas mais obscuras de certa política partidária e ideológica que por vezes são mais eficazes do que dissuasores.
Nesta era das tecnologias da informação e comunicação todos passámos a ser, para além de consumidores, produtores de informação, falsa ou não, boa ou má, sem censura, enfim sem quaisquer riscos que não sejam os comentários dirigidos. A informação que antigamente era validada, e conferida segundo critérios pelos órgãos de comunicação social – felizmente alguns ainda continuam a seguir – deu lugar à desinformação desenfreada nas redes sociais e à contra informação, numa competição sem tréguas do quanto mais falso e ofensivo melhor que contribui para confundir opiniões, até as dos bem intencionados, numa espécie de rodopio de notícias confusas, e não factos, difundidas pelas redes.
Quem mantém blogs de opinião política seja qual for o quadrante, mesmo de visão sectária, está no seu direito de liberdade de expressão que a democracia lhe confere. Já no que diz respeito á comunicação social, nomeadamente a imprensa, a coisa é diferente. Detesto jornais de orientação tendencialmente unilateral. Em jornais online com opiniões provenientes de vários quadrantes ideológicos e partidários aparece de tudo na zona dos comentários, desde os que se insurgem contra a opinião do autor fazendo comentários insultuosos até aos que defendem as suas opiniões e criticam outros como se fossem eles os proprietários de verdades absolutas. Nestas tarefas de crítica e opinião no domínio da política temos de ter a capacidade de encaixe suficiente para podermos ler e ouvir quer o que gostamos ou com que concordamos, quer o que não gostamos ou com que não concordamos e se assim não for o melhor é: não comentar.
Entr
Montagem de MR
As televisões que não sobrevivem com dinheiros públicos, necessitam de "shares" para captar publicidade. Desta forma, arquitetam e produzem programações e conteúdos destinados a conquistar audiências. Estes programas vão desde os telejornais aos de entretenimento, passando por debates por vezes com cariz de pertença atualidade política.
A televisão tornou-se, desde há alguns anos, o espaço privilegiado da luta política, quer em momentos excecionais, como por exemplo em tempo de eleições, quer no dia-a-dia da política, tendo contribuindo para o fenómeno da política espetáculo.
A política adequou-se necessariamente à linguagem de comunicação televisiva. Para que os seus objetivos se realizem absorveu a lógica da produção do espetáculo em detrimento da lógica exclusivamente política. Isto é, numa perspetiva de produção de espetáculo, a política torna-se ela mesmo espetáculo, passando a obedecer a padrões daquele tipo de produção televisiva.
A adequação a esta nova forma de existência da política implicou uma mudança de dinâmicas que conduziram à chegada de técnicos especialistas em comunicação, publicidade, analistas de sondagens e de outro tipo de especialistas e, os não raramente pseudo-especialistas em economia, finanças, contabilistas, fiscalistas, politólogos, outros ainda integradores de todas estas áreas que de tudo falam e sobre tudo comentam do alto das cátedras construídas para público comprar. Entre estes últimos salientam-se os facciosos da política, os propagandistas e doutrinadores situacionistas, militantes partidários disfarçados de comentadores isentos, alguns aterradores que apenas falam de números como se as pessoas e as suas vidas, a sociedade, fossem exclusivamente elementos numéricos sujeitos apenas às leis da aritmética e dos modelos macroeconómicos.
Há dois exemplos da política espetáculo feita em estúdio: o programa da TVI24 "Olhos nos olhos", não a novela que a TVI iniciou em julho de 2013, mas outro tipo de novela. Outro é o programa de comentário político de Marcelo Rebelo de Sousa aos domingos na TVI.
No primeiro, para além da jornalista moderadora cujo brilho se esbate no meio do estrelato dos outros atores em cena, encontra-se o fiscalista Medina Carreira, ator feito à pressa a fazer carreira televisiva não sabemos se pro bono.
Refiro apenas o primeiro caso como exemplo. O programa "Olhos nos olhos", para atrair audiências, fabricou um personagem controverso, dizem. É um ator com uma frontalidade mistificada, politicamente escandalosa que debita o texto do guião e defende, com modos teatrais, as suas tomadas de posição, tecendo argumentos sobre os quais não tem contraditório. Este ator da política espetáculo, cujo carisma se tem vindo a perder devido às doses repetitivas, e já cansativas, dos seus argumentos e gráficos sempre baseados na mesma informação que transforma a seu bel prazer mudando apenas a cor e a estrutura.
Este tipo de política espetáculo quando não é bem moderado tem um poder enganador para o público, qual novela de ficção ao confundir-se com a realidade. Nas atuais condições de desigualdade, por falta de um contraditório, beneficiam os situacionistas mais privilegiados que passam à margem da austeridade devastadora que se abate sobre parte da sociedade.
O referido programa potencializa a aparição semanal dum espetáculo de política mediatizada cuja marca provoca indignação pela apresentação de aritmética pura e de argumentos sem contraditório o que pode ter um maior impacto popular e indutor de interpretações erróneas.
Aqui, a moderadora também se evidencia como atriz marcando contracena neste palco televisivo. Isto é, finge que dialoga ou questiona enquanto os outros atores em presença debitam as suas deixas sem interrupção. Como não se documenta previamente com informação fidedigna, tem corrido o risco, e várias vezes aconteceu, de se deixar manipular pelas deixas dos restantes.
Estes atores da política espetáculo são matreiros pelo que, quem contracena com eles, como é o caso da jornalista do programa, a maior parte das vezes não tem na sua posse as deixas que desarmem o protagonista confrontando-o com eventuais falhas ou contradições, como foi o caso do programa do dia 4 de novembro. É isto que tornaria o espetáculo com interesse, e não um monólogo ou diálogo entre pares, quando os há, cujo discurso é o mesmo, variando apenas a entoação e as palavras. Esta encenação torna a ação monocórdica, repetitiva, semana após semana, em que o ator principal apresenta ad nauseiam os mesmos e falsos argumentos mascarados com dados em bruto e sem contexto. Este tipo de atores valoriza a ação em desfavor do conteúdo.
No último programa sobre a apresentação de números e gráficos produzidos a partir de estatísticas do Banco de Portugal ou de quaisquer outras fontes, como habitualmente sem qualquer enquadramento e aprofundamento, não foi dada uma explicação cabal sobre o funcionamento financeiro do sistema da instituição que rege e paga as pensões, ( Instituto de Gestão dos Fundos de Capitalização da Segurança Social do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social), que até este governo entrar em funções, 2011, era sustentável. Apenas como esclarecimento, em 2011, após fecho de resultados auditados pelo Tribunal de Contas, o sistema de previdência teve de quotizações 13757 milhões de euros, pagou de pensões 10829 milhões de euros e 1566 milhões de euros de outros subsídios. O saldo? É só fazer a conta!
Os argumentos apresentados por aqueles comediantes da política fazem-me lembrar trabalhos de maus alunos do primeiro ano da faculdade, como me apreciam alguns, que se limitam a fazer uma apresentação a partir de dados recolhidos sem dar a conhecer o seu fundamento e a forma de apuramento. Primavam pelo impacto visual da apresentação em detrimento da análise do rigor. O objetivo da representação destes atores é criar o pânico entre os espectadores da peça televisiva para captar audiências, qual filme de terror que esteja na moda.
Este é apenas um dos vários exemplos do espetáculo televisivo da política que utiliza uma das estratégias de manipulação do público desprevenido que obedece ao seguinte preceito: dirija-se ao espectador como se fosse uma criança menor de 12 anos ou um débil mental.
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Em resumo, tudo não será mais do que, através da comunicação social, enganar o povo sobre o que realmente se está e irá passar, à boa maneira da antiga União Soviética, para já não dizer à moda da Coreia do Norte, com um cariz democrático, tendo em vista minimizar a imagem desfavorável sobre o Governo na opinião pública, preparando as próximas eleições.
Esta segunda-feira abriu a época da caça ao voto, e da propaganda ao Governo. O grande comunicador e coordenador Poiares Maduro vai iniciar os “briefings” com os órgãos de comunicação social conduzidos por Pedro Lomba. Tendo sido colunista do Jornal Público desde 2009, é bem conhecida a sua opinião ligada à direita. Um dos artigos que escreveu tinha o título , vejam só, “O Sucesso de Tatcher”.Por aqui podemos ver onde ele se arruma.
Não é difícil prever o que vai acontecer nesses “briefings”: sairá para a rua a propaganda no seu melhor às ações e medidas do Governo. De forma apriorística o objetivo que se evidencia é o de propiciar e fortalecer a unicidade, (sublinha-se unicidade para a distinguir de pluralidade), do discurso e da coerência da linguagem de um Governo sem rumo, evitando comunicações contraditórias.
Tudo não vai ser mais do que um planeamento estratégico de marketing com o qual pretendem, sob a capa de informar, persuadir quem os ouvir ou ler, sobre as boas práticas do Governo, e só dele.
Tudo isto fará sentido se pensarmos na articulação das mensagens a divulgar aos jornalistas, tendo em vista a criação de sinergias e potencialização dos efeitos no público-alvo (as populações) através dos órgãos de comunicação social, em especial impacto nas televisões.
O objetivo é, assim, moderar e modelar a atitude das pessoas levando-as a desenvolver atitudes favoráveis ao Governo, através da unicidade da informação comunicada aos jornalistas que, bem espero, não passem a ser apenas uma correia de transmissão da informação que lhes oferecerem.
Conhecendo nós as trapalhadas, os erros, as falsas promessas, o acalentar de esperanças de melhores dias jamais conseguidos em tempo útil da vida ativa da maior parte dos cidadãos, leva-nos elencar, para além dos já indicados, outros objetivos, previamente pensados e refletidos, que poderão esta por detrás dos tais “briefings”:
Em resumo, tudo não será mais do que, através da comunicação social, enganar o povo sobre o que realmente se está e irá passar, à boa maneira da antiga União Soviética, para já não dizer à moda da Coreia do Norte, mas com um cariz democrático, tendo em vista minimizar a imagem desfavorável sobre o Governo na opinião pública, preparando as próximas eleições.
Não há paciência para isto. Começaram hoje os briefings do Governo, mas tiverem antecedentes. O ministro Poiares Maduro foi empossado para a coordenação dos diversos ministérios do Governo e para ultrapassar os problemas de comunicação com o público, isto é, a forma como o Estado deve comunicar com os portugueses. Para tal encomendou ou vai encomendar mais um estudo desta vez para conhecer a forma de como fazer chegar a mensagem. A ideia é fazer aproximar, em tempo de crise, os cidadãos ao Governo. Como se o problema dos disparates que o Governo tem feito conduzissem ao descontentamento popular devido aos problemas de comunicação.
O problema da comunicação não é novidade porque, comentadores da área dos partidos que sustentam o Governo, face a notícias que vêm a lume que indignam até o cidadão mais apoiante vêm dizer que o que se diz não é bem verdade, o que houve foi um problema de comunicação. Outras vezes quando o primeiro-ministro faz uma declaração, mesmo que tenha sido bem clara, como mais do que uma vez aconteceu, e, posteriormente, entra em contradição, lá começam os “sacristãos” a desdizer o que se disse transformando o erro e a mentira em problema de comunicação. O que se pretende no final é a utilização de técnicas comunicacionais mais eficazes para ludibriar os portugueses.
Não se sabe hoje, momento em que se iniciaram os briefings, se o estudo já foi ou não entregue, se é que alguma vez chegou a ser feito e se aqueles foram uma consequência destes. Mas interessava saber por que eles foram pagos com os nossos impostos e com os “cortes” nos salários e pensões que também contribuíram.
Há uma solução para os problemas de comunicação que se usava muito na ex-União Soviética, e, para quem se recorda também no tempo do Estado Novo, embora de outra forma mas com o mesmo objetivo, é torná-la monolítica através do controle da informação antes de ser divulgada.
Marcelo Caetano, nas suas conversas em família, não tinha problemas de comunicação porque, o que ele dizia era assim e pronto, mesmo que estivesse enganado ou o que anunciasse fosse contra o que o ”público” pensasse ou viesse a dizer…
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