Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Recordem-se que o segredo para vender é "sinceridade". Assim que a conseguirem imitar venceram!
É só seguir as instruções
|
|
Marcelo Rebelo de Sousa é um candidato produzido nos mediam e por eles apoiado. Não fosse a sua visibilidade televisiva e estaria ao mesmo nível de todos os outros. Marcelo pode ser um estudo de caso da influência dos mediam nas opções de voto. Marcelo é um "show men" da política. Marcelo responde ao que os portugueses mais apreciam na política a capacidade de serem conduzidos por alguém que os consiga iludir com traços de credibilidade, seja ele quem for.
Marcelo tem tudo aquilo que a maioria dos portugueses gosta num político, conversa fiada, mediatismo, popularucho e vendedor de falsa política e que lhes transmitam empatia, ou seja, com quem se identifiquem emocionalmente. Os portugueses têm necessidade de alguém que percebam e que os conduza a um rumo, não interessa qual, desde que de acordo com o seu conservadorismo atávico. Dito de outra forma, precisam de alguém que exprima o reaparecimento de caracteres que pertenciam a gerações antepassadas e que tinham já deixado de se manifestar.
Marcelo Rebelo de Sousa, quer se queira ou não, é um político que não se distanciará do seu perfil ideológico na política. Aparentemente poderá mostrar-se como sendo um candidato de todos os quadrantes, com "savoir faire", com capacidade comunicacional e que diz não fazer o mesmo que fez Cavaco Silva. É tudo uma questão de forma.
A tagarelice de Rebelo de Sousa tem sido mais do que óbvia viu-se na entrevista que deu na televisão. Foi a entrevista dum comentador da política que comenta a sua candidatura política. As televisões apoiam a sua candidatura sem qualquer espécie de preconceito no sentido da relevância que lhe atribuem em detrimento de outras candidaturas.
Segundo as últimas sondagens (15 de dezembro), Rebelo de Sousa, ao estar à frente nas sondagens mostra que o comentador político entra em todos os eleitorados e é o candidato mais nomeado entre os eleitores do PS, BE e CDU, o que parece irrealista, demonstra que os portugueses preferem à frente da Presidência da República uma figura mediática que venda comentários políticos.
Há figuras que são criadas, produzidas e gratuitamente vendidas pelos media, Marcelo Rebelo de Sousa é uma delas. Não fosse o mediatismo que a TVI lhe proporcionou e não estaria agora à frente das sondagens.
Já disse em tempo, neste blog, que, se Cristina Ferreira da TVI se candidatasse à Presidência da República teria probabilidade de ganhar. Os portugueses são assim…
Não é por acaso que a direita decidiu apoiar a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, eles sabem que irá estar ao seu lado como Cavaco Silva sempre fez mas com estilo diferente.
A direita tendo perdido o poder que pensava garantido para sempre segura agora Marcelo como uma hipótese de, a prazo, voltar novamente ao poder. Aliás, o discurso da direita tem vindo a mudar, inclina-se mais para o centro e já utiliza ideias perfilhadas pela esquerda, quer agora mostrar que é um partido social democrata que perdeu e que se voltar ao podder voltará à senda do neoliberalismo.
À primeira oportunidade o candidato Marcelo, se for eleito, tenderá a conduzir os processos da política ao seu modo, isto é, para o lado da direita. O candidato Marcelo pisca o olho a todos os quadrantes partidários, da direita à esquerda radical. Tudo lhe dá jeito, depois se verá…
Na passada sexta feira Passos Coelho no Conselho Nacional do PSD destacou o mandato "apartidário" de Cavaco Silva (hilariante!) e afirmou querer que Marcelo Rebelo de Sousa seja um Presidente como Cavaco Silva e apelou a que os eleitores e militantes votem em Marcelo tendo o PSD aprovou apoio a Marcelo por unanimidade e aclamação. Está tudo dito! A perda de poder pelo PSD, que lhe soube a pouco, leva-o a recorrer a todos os meios que lhe possam garantir a volta à cadeira dos privilégios governativos. A direita quer agora, através de Marcelo, ganhar nas presidenciais como forma de revalidar e justificar o ganho que obteve nas eleições legislativas mas perdeu na Assembleia da República.
Para quem tenha sido fã do Presidente da República Cavaco Silva terá em Marcelo Rebelo de Sousa o seu presidente. Mas Marcelo já disse que não será como Cavaco Silva, e não será. Ninguém é igual a outro, o estilo pode mudar mas as opções e as decisões, essas é que importam.
Por sua vez, Paulo Portas também apoia Marcelo. "Não precisamos de um Presidente também socialista" disse ele. Pois claro, precisam de um que seja de direita e bem!
|
Cabaz de Natal |
Cartoon de http://felizardocartoon.blogspot.pt/2011_11_01_archive.html |
Está bem de ver que os alemães estão bem satisfeitos com a política seguida por Angela Merkel, quer no país, quer no que se refere à sua política na União Europeia. Nem outra coisa seria de esperar. Tendo conseguido dominar e controlar a europa através da economia e com uma política de austeridade excessiva aplicada aos estados soberanos do sul, a quem chamou preguiçosos, é natural que a estima dos alemães esteja no auge.
As previsões de crescimento da Alemanha têm sido revistas em baixa com 1,4% do PIB em 2014 e 1,5% em 2015, a maior da União Europeia. O baixo desemprego e a defesa intransigente dos interesses nacionais durantes estes últimos anos contribuíram para a popularidade de Merkel dentro de portas.
À semelhança de Portugal também há um senão no CDU-União Democrata-Cristã da Alemanha onde também se encontram infiltrados jovens radicais neoliberais que são representados por um deputado que poderá vir a candidatar-se a um dos lugares elegíveis do partido.
O Congresso da CDU-União Democrata-Cristã da Alemanha debate a economia e o futuro da Alemanha tema que serve para disfarçar o ámen às políticas de Angela Merkel o que consignou a sua reeleição como líder com uma larga maioria de votos de 96,7% a curta distância dos históricos 97,9 por cento obtidos no congresso de Hannover, em 2012 o que, na prática, não tem qualquer significado.
Foi a oitava vez que Merkel foi eleita para a chefia do partido, que lidera desde 2000. O resultado foi o segundo melhor de sempre.
Com Merkel bem posicionada na Alemanha nada faz supor qualquer mudança na política europeia já que, no seu partido e no país, há um grande consenso daí a popularidade. A austeridade ao modo Merkel será para continuar sobretudo nos países do sul.
A União Europeia é dela, o resto são balelas e assim será, até que os países do sul cheguem a um consenso sobre as políticas a prosseguir para lhe poderem fazer frente, o que não será possível porque há governos subservientes em alguns desses países que se lhe submetem com subserviência.
A palavra mais ouvida nas últimas semanas é consenso. Consenso é um consentimento, uma anuência. Para que haja uma anuência é necessário que existam pelo menos duas partes que se ponham de acordo sobre alguma coisa.
O pedido de consenso vindo primeiro dos partidos do governo e agora do Presidente da República é um logro e um ardil, palavra que também é sinónimo de embuste.
Argumentam comentadores e jornalistas propagandistas do governo que, na Europa, os consensos entre partidos são comuns como se verifica em alguns países, nomeadamente na Alemanha, onde existe uma coligação de governo entre a CDU (União Democrata Cristã), CSU (União Social Cristã da Baviera) e SPD (Partido Social Democrata) todos partido de direita exceto o SPD que é filiado na Internacional Socialista.
Destes argumentos pode aduzir-se que, se na Europa se estabelecem consensos entre partidos, em Portugal o mesmo deveria ser feito. Estes iluminados senhores parecem esquecer os contextos sociais, económicos e os enquadramentos políticos, dos diferentes países.
Os argumentos são fracos e apenas se justificam porque há uma situação de emergência do governo para envolver o Partido Socialista no buraco em que transformou o país, necessitando, por isso, de um companheiro que vá com eles ao fundo.
A história da política europeia dos últimos cinquenta anos mostra-nos alguns exemplo entre os quais o do PCI (Partido Comunista Italiano) que anos setenta, com mais de 20% de votação, se consensualizou com o Partido da Democracia Cristã em nome de um "Compromisso histórico" que o conduziu na prática a transformar-se num partido residual.
Pretende-se agora uma espécie de "compromisso histórico" ou de salvação nacional como alguns saudosos do passado chamam a um consenso cujo objetivo, dizem, é encontrar uma saída para situações difíceis e complexas que se aproximam. Claro que ao falarem em abstrato estão a referir-se, nomeadamente, a mais cortes a que o Governo chama reforma do Estado ao que se acrescenta a tal saída da "troica" que não será mais do que meramente virtual.
Os pressupostos para o insistente pedido ao Partido Socialista para consenso são evidentes. Apesar de existir uma maioria parlamentar confortável, os partidos do governo sabem que não será possível, respeitando a Constituição, governar e transformar um país cultural, política e socialmente complexo que foi por eles próprios fraturado. Assim, precisam de dispor de uma força suficiente para gerir e implementar as reformas neoliberais profundas, mantendo os extensos interesses financeiro e económicos e hábitos enraizados, num período de tempo suficientemente longo para se obterem efeitos desejados. Ora, numa previsão ou antecipação de uma possível crise (perda de eleições, por exemplo) há a necessidade de chamar a participação de outros, formando um consenso maioritário heterogéneo que legitime a força do governo.
O que pretendem com o consenso é uma opção estratégica de conveniência para atapetar a tomada de decisões difíceis que o Governo tem na forja, arrastando o seu opositor para o mesmo rumo de políticas seguidas o que é, no todo, uma armadilha.
Consenso político alargado como o que se pretende num país como Portugal, onde se procede ao empobrecimento institucionalizado, à diminuição da qualidade de vida e ao reduzir à sua expressão mais simples o Estado Social transformará a democracia parlamentar num pró-forma. O tipo de consensos que se pretende é viável em países ricos da UE e estabilizados financeiramente, onde se trocam consensos por pastas governamentais.
A liberdade de escolha dos cidadãos passa a ser meramente formal porque deixaria de haver alternativas. Isto é, torna-se indiferente votar em projetos políticos porque perante a existência dum projeto comum formalizado é indiferente a opção tomada pelos eleitores, podendo conduzir, a prazo, numa progressiva redução de representatividade do Partido Socialista. Ou, como já disse Pacheco Pereira, "vote-se em quem votar, ou mesmo não votando, nada muda". Esta passaria a ser uma atitude que conduziria ao enfraquecimento da democracia e a uma espécie de "democracia consensual de partido único" que governaria para sempre fosse qual fosse o resultado das eleições. Uma forma de colocar a direita sempre no poder como se pretende ver pelos apelos ao consenso vindos das direitas europeias.
Pretende-se um consenso para o empobrecimento contínuo dos portugueses durante os próximos anos, a que chamam ajustamento, como se pode inferir das declarações de Poul Thomsen, vice-presidente do departamento europeu do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Pela insistência do consenso pode dizer-se que não há fumo sem fogo.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.