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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
O voto do Bloco de Esquerda contra na aprovação na generalidade do OE21 – Orçamento de Estado para 2021, deu um sinal de aliança tácita com a direita, afastando-se das posições do Governo e consequentemente do PS. O BE com desprezo pelo que a maior parte dos portugueses acha deu indicações claras de que não pretende instabilidade política. Segundo uma sondagem os portugueses não querem que o Governo se demita em caso de chumbo do orçamento e acham que deve manter-se em funções. Em concreto 67% dos entrevistados rejeitam uma crise política.
A votação do BE contra o orçamento destinou-se a distanciar-se das posições do Governo num futuro próximo desvinculando-se de possíveis responsabilidades caso o tivesse aprovado e, assim, possuir na mão trunfos que lhe possam trazer ganhos futuros em número de votos em próximas eleições.
A teimosia do BE quanto a alguns pontos na discussão do orçamento teve algo de oportunismo ao aproveitar a atual crise pandémica. Sabemos que não há orçamentos perfeitos, mas numa situação de crise como a que estamos a travessar há que ter cautela e, sobretudo, bom senso nas medidas e na distribuição de recursos que devido ao atual contexto pandémico escasseiam. Catarina Martins quer o sol e a lua ao mesmo tempo e dispara em vários sentidos naquilo que neste momento acha que tem mais impacto na opinião pública, o SNS. E é neste campo que insiste que: “Este OE falha na questão mais importante do nosso tempo. Não dá a Portugal a garantia de que teremos os técnicos e as condições suficientes para que os hospitais nos protejam. Quando tudo se pede ao SNS, este Orçamento não tem o bom senso de o proteger.”, agarrando-se ao relatório do Conselho de Finanças Públicas que alerta para fragilidades do SNS, que não eram expectáveis face ao surgimento de uma pandemia que provocou dificuldades não apenas em Portugal mas em todo os países onde há SNS. Ou seja, “agarrou-se” ao SNS como argumento justificativo para a sua retórica.
Outro ponto foi o que se refere às regras laborais ao pretender pôr fim às “regras laborais que a troika impôs”. A cegueira ideológica de Catarina não a deixa ver que pondo fim às regras laborais existentes as empresas iriam causar despedimentos que teriam efeito contrário ao pretendido sobre o emprego que se pretende manter e se possível aumentar. Catarina e o BE insistem numa lógica de estatização da economia (a que chama reforço do setor público) o que é demonstrado pelo argumento da imposição da proibição de despedimentos. Catarina Martins pretende a comunização da economia através de decretos leis. Sobre os pontos de desacordo com o Governo e o PS pode consultar aqui com mais pormenor.
A teimosia nos pontos em que Catarina Martins fincou-pé foram uma encenação para poder justificar a votação contra o orçamento para exibir ao seu eleitorado a afirmação do partido, nem que para isso tivesse de se colocar ao lado dos partidos da direita e da extrema-direita cujo sentido da votação já tinha sido divulgada.
Gostaria que o BE e Catarina Martins nos explicassem porque é que em orçamentos anteriores por exemplo, na proposta de Orçamento do Estado para 2020 o Governo previa gastar mais 600 milhões com a recapitalização do Novo Banco através do Fundo de Resolução e o sentido de voto do BE foi a abstenção, mas agora para o orçamento para 2021, quando não há verbas incluídas para aquele banco vota contra. Também no OE para 2019 tendo em conta a performance de 2018, o Fundo de Resolução, através do Estado injetou um montante significativo e o BE votou a favor.
A fantochada que Catarina Martins e o BE têm andado a representar através de guiões teatrais para nos fazerem crer que para eles são essenciais resultam em incoerências que esta extrema-esquerda vai paulatinamente cometendo. É, portanto, evidente que, apesar dos momentos difíceis que atravessamos causados pela covid-19 e que deveria ser de convergências o BE mobilizou arranjos argumentativos próprios para se poder distinguir dos votos de outros partido mesmo do PSD e dos neoliberais radicais juntamente com a extrema-direita. Mas, por mais argumentos que arranje a evidência é que o voto da extrema-esquerda do BE acomodou-se aos votos da direita numa coligação negativa.
A oposição de direita, digo do PSD, acordou agora da letargia em que se encontrava, apesar de Rui Rio sempre ter afirmado que punha o interesse nacional acima do interesse partidário contribuindo para a união em torno do combate à pandemia e à crise por ela causada. Este estado de graça parece ter terminado quanto ao orçamento para 2021 quando António Costa teceu críticas ao PSD salientando que não precisava dele para nada. à atuação no que se refere à pandemia covid-19.
Em abril deste ano, em plena pandemia, Rui Rio lamentava que, “na vida política, haja quem não esteja disposto a combater "o inimigo comum" e prefira agravar os ataques aos governos em funções, aproveitando-se partidariamente "das fragilidades políticas que a gestão de tão complexa realidade acarreta". E eis que se começa a discutir o OE para 2020 numa fase ainda mais grave do que a primeira é o mesmo Rui Rio que com base em afirmações do primeiro-ministro António Costa, diga-se pouco oportunas para a altura, anuncia que iria votar contra o OE21. Assim, quando a gravidade da crise exigia uma “postura eticamente correta” ou “patriótica” para poupar o país aos riscos de uma crise política, Rio surpreende, muda de registo e faz a pirueta sem correr riscos de se estatelar. Se ele é um político diferente, como gosta de proclamar, não é por não saber usar o oportunismo.
O Bloco de Esquerda não tem uma festa como a do Avante! mas, mesmo assim, faz a sua festa virtual tendo na mira o próximo Orçamento de Estado cuja aprovação faz depender da sua aprovação, ou não, o seu programa de festa. Pode ser que até lá alterem a sua atitude, mas, até lá, críticas vão surgindo às posições da Catarina e do Bloco.
O Bloco de Esquerda parece viver fora da realidade apesar de quando em vez ateste a sua presença quanto à epidemia que nos assolou, e ainda assola, sem sabermos o que virá a seguir. O que sabemos ao certo é que a crise nos bateu às portas desta vez a reboque da covid-19 que rebentou com a economia como há muito não se verificava. Contudo, para o BE parece que nada se passou e ameaça o Governo com turbulência política, não apenas este, mas o país, isto é, todos nós, mesmo os adeptos do BE porque a crise vai atingir-nos a todos apesar das canções de embalar da sua coordenadora.
Catarina Martins apesar da crise parece apostada na tentação de querer mostrar que tudo está bem e que é possível anunciar boas notícias para o orçamento do próximo ano 2021 ainda que o primeiro-ministro diga que será muito difícil cumprir todas as promessas feitas antes da pandemia.
Catarina engana-se e engana-nos porque a análise que faz da presente realidade é, para além de irrealista, perigosa.
Catarina engana-se e engana-nos porque deixa subentendido que cumprir o que foi acordado em 2019 depende apenas de um ato de vontade.
Catarina engana-se e engana-nos porque a economia registou a pior quebra desde há décadas e por isso há que haver cautelas com opções a tomar.
Catarina engana-se e engana-nos porque as receitas e despesas do Estado previstas tornaram-se uma ilusão devido à covid-19.
Catarina engana-se e engana-nos porque Portugal está a braços com uma crise que faz dos tempos da troika uma coisa de amadores.
Catarina engana-se e mente ao querer fazer-nos acreditar que presente quadro é possível anunciar boas notícias e porque no próximo ano, até que as recuperações se façam sentir, as escolhas serão difíceis e péssimas. Há que proteger os desempregados, os mais pobres, a educação ou a saúde pública e proteger empregos e rendimentos e que não pode haver grandes melhorias.
Catarina engana-se e engana-nos quando acha que a economia e as finanças públicas estão saudáveis quando estão à beira do abismo e que não podemos viver como no ano passado devido a de incertezas e aflição. O que Catarina nos faz crer é uma falácia.
Catarina engana-se e engana-nos porque nós, cidadãos, sentimos que estão em causa escolhas que exigem muita prudência e resistência necessárias para dias melhores e não estamos em tempo dos amanhãs que cantam e em que sol brilhará já no próximo orçamento.
Catarina desconhece que não queremos voltar a ouvir discursos e atos de fé como o de 2012 quando o ex-primeiro-ministro Passos Coelho escreveu no Facebook:
“A eles, e a todos vós, no fim deste ano tão difícil em que tanto já nos foi pedido, peço apenas que procurem a força para, quando olharem os vossos filhos e netos, o façam não com pesar mas com orgulho de quem sabe que os sacrifícios que fazemos hoje, as difíceis decisões que estamos a tomar, fazemo-lo para que os nossos filhos tenham no futuro um Natal melhor.”
Os sacrifícios de hoje, as decisões irrealistas do presente poderão ser o preço a pagar por um futuro próximo melhor que Catarina e o BE prometem.
Depois de lerem o que escrevi virão alguns ferrenhos e exaltados do BE acusar-me de não saber o estou a dizer, de não perceber nada disto e acrescentar que tudo o que escrevi é uma idiotice. Até mesmo correndo o risco de me chamarem fascista, capitalista, reacionário, revisionista, social-fascista, inimigo do povo, lacaio do capital, amigo dos patrões, explorador do trabalho alheio, traidor à Pátria, etc., etc., apesar disso tudo aqui vai:
a) Não aprecio radicalismos e, como tal, ao ler o programa do BE até fugi, tal é a dose! Mas mesmo que assim não fosse contém propostas altamente demagógicas e, talvez até, a maior parte inexequíveis a prazo. É uma lista de boas intenções para atrair muita gente boa. O programa do BE é vago e sem forma de execução objetiva a não ser parcial e pontualmente e como complemento a medidas realistas.
b) Porque tudo aquilo que é positivo, que interessa às pessoas e consta do programa do BE também está nas promessas de outros partidos.
c) Porque é anti União Europeia embora lá se encontre representado. Será que está lá com a justificação de a destruir por dentro?
d) O BE sendo contra a iniciativa privada põe em causa as suas dinâmicas com as medidas propostas. Se não é, faz bem o papel propondo taxar as empresas sempre que pode.
e) Para o BE a criação de emprego é vista como algo que deve ser o Estado a garantir. Um mundo de funcionalismo público.
f) O BE tem uma ânsia desmedida de nacionalizar e transformar tudo o que possa em público, até os empregos.
g) Há uma ambição gastadora dos recursos financeiros que coloca como subjacentes ao bem do povo, mas com critérios por demais discutíveis de oportunidade e de quantidade.
h) Não tem olhos para o futuro. Gasta-se tudo agora e de uma só vez e, depois, logo de vê. A seguir a uma crise forte, ser for o caso, apanhamos novamente com a banca rota. Lembremo-nos de Tsipras na Grécia que se viu obrigado a negociar e a renunciar. Dizem que foi o capitalismo europeu e internacional. Que foram os juros que cobra, bla..bla…bla… Pois é! Mas acontece. E depois? Vamos pegar em armas e invadir esses tais países exploradores capitalistas? Ou, então, fechamo-nos ao mundo e ao isolacionismo e ficamos por cá com o marxismo-leninismo antirrevisionista como foi em tempos a Albânia? Sim, já sei. Hoje os tempos são outros e a coisa é diferente! Mas, há sempre um mas…
i) Criar habitação para os mais carenciados. Quem não quer? Com a reabilitação urbana ou com a nacionalização do património imobiliário?
j) O programa do BE propõe-se acabar com a banca privada e transformá-la toda em banca pública para vivermos melhor e em segurança?!!. Nem me digam!
k) Quanto ao dinheiro do Estado que dizem ir para a banca: o que me dizem? Deixar os bancos ir à falência e deixar que os depósitos e poupanças das famílias se volatilizassem?
l) Não pagar a dívida ou restruturá-la com riscos vários de credibilidade externa? Buh!
m) Restringir o investimento externo?
n) Aumentar a dívida pública e o défice aumentando a despesa pública? Ou será que os ricos, as empresas lucrativas que criam emprego paguem a crise indo lá buscar dinheiro com impostos e mais taxas!!!
Acho que Catarina Martins foi uma boa parceira política. Mas tenho de separar as águas!
Assim, há muitas mais razões, mas, estas chegam para não votar no Bloco de Esquerda.
Claro que estão a pensar que vou votar à direita. Pensem o que quiserem.
A conduta do Bloco de Esquerda (BE) e da sua coordenadora Catarina Martins, olhando à distância para as próximas eleições legislativas, tem vindo a ser orientada por duas estratégias que se destinam a captar dois tipos de eleitorado de esquerda: os que se situam no campo da influência do PCP e os se situam na ala mais à esquerda do PS.
Se algumas vezes Catarina Martins mostra um rosto menos radical, conciliador até, afastando-se do radicalismo do PCP, outras, mostra um rosto de ameaça, uma rutura com o partido que lá vai apoiando no Parlamento. A mensageira do BE, Catarina Martins, quer mostrar aos seus apoiantes que lidera a política de oposição à esquerda e, ao mesmo tempo, apoia o partido do Governo no Parlamento. O PCP por seu lado tem-se mostrado mais sóbrio com uma responsabilidade q.b. A sua movimentação faz-se mais através dos sindicatos e organizações de trabalhadores do que na praça pública, mostrando nas suas intervenções públicas para os seus militantes o que lhe vai na alma, dele e do comité central, em relação ao governo do Partido Socialista.
Catarina Martins quer apresentar um bom resultado eleitoral nas próximas legislativas daí a sua entrada em ebulição com a fervura centrada agora em Mário Centeno em relação à revisão do défice que Centeno quer ver reduzido para 0,7%. Mostrar a Bruxelas o que conseguimos é positivo e pode, no futuro, trazer-nos apoios e credibilidade. A fervura de Catarina Martins leva-a ao ponto de fazer ultimatos para que o ministro das Finanças recue na intenção de ir além das metas do défice definidas com Bruxelas e que use essa folga para investir em serviços públicos. Os avisos saem em tom mais duro e concertado, mas a concretização das ameaças só será conhecida quando o Governo apresentar o documento, conforme notícia do jornal Público que pode ver aqui.
Encontrando-se ainda Portugal numa circunstância para uma consolidação financeira sustentável após a saída da crise e com resultados económicos favoráveis quer agora a esquerda que apoia o Governo no Parlamento que se abram indiscriminadamente os cordões à bolsa.
A direita apoia neste sentido os pontos de vista da esquerda porque lhe interessa que o diabo volte a aparecer para haver argumentos para o regresso ao poder. Se o que não passa de uma ameaça de rutura e esta se concretizar e a direita vier a aproveitar vantagens políticas os portugueses irão penalizar os partidos que ajudaram a essa rutura. Todavia resta-nos a esperança de que tal não aconteça já que Catarina Martins vai dizendo que "Tudo o que nós queremos é que os compromissos se mantenham", e "que se mantenha o espírito de negociação, de convergência e de cumprir os compromissos que tivemos até agora na maioria parlamentar".
Num artigo de opinião Sónia Sapage no jornal Público diz que “Hoje mesmo, o Governo aprova em reunião de ministros um documento que nada diz à generalidade dos portugueses, o Programa de Estabilidade, mas que pode interferir com a estabilidade governativa. Pode mesmo? Vem aí uma crise? O Bloco saltaria fora da "geringonça" a meses de ser aprovado o último Orçamento do Estado (OE) desta maioria? E o PCP, que não quer ser a peninha no chapéu do Governo, poderia chumbar um orçamento? Até o Presidente acabou a dizer que "uma crise política envolvendo o OE é duplamente indesejável". E termina “Mário Centeno mostra-se inamovível nas suas pretensões de não falhar metas – já lhe basta a percentagem da dívida estar acima do desejável. Não somos todos Centeno, mas não nos iludamos: Costa "é" Centeno. E é daí que vem a força do ministro das Finanças.”.
Não é novidade, pois é por demais conhecido que quem tem mais poderes nos governos europeus são os ministros das finanças serem que têm mais poder nos governos europeus durante a crise e na recuperação que ainda decorre nesta pós-crise que é necessário não deitar a perder o que se conseguiu. Se em muitos setores é necessário investimento público para melhorar serviços há que por enquanto ir com calma valendo mais acautelar do que darmos um passo maior que a nossa perna e é nas finanças que está o segredo.
Aliás, esta nova meta do défice, que se pretende constar no Programa de Estabilidade a ser remetido para a Comissão Europeia até ao final do mês, pretende assumir novas metas e sobre a U.E. são conhecidos os pontos de vista do PCP e do BE em relação.
O BE assim como o PCP, cada um ao seu modo, manifestam o desejo de que, num futuro mais ou menos próximo, a U.E. se desmantele e que Portugal abandone o grupo, mesmo que isso vinha a tornar-se a tragédia do século. Uma situação deste tipo, com a escalada das extremas-direita nacionalistas e xenófobas que se verifica em alguns países da U. E. seria a concretização dessa tragédia. As razões de cada um dos partidos são idênticas. Jerónimo de Sousa disse já depois das eleições, em 2016, que “adesão foi um desastre e a permanência é um desastre ainda maior. Recuperar a soberania monetária é recusar esta sentença. É não nos conformarmos com o subdesenvolvimento, nem com o empobrecimento, nem com a submissão do País. A integração no euro é um grande obstáculo ao desenvolvimento nacional, que tem de ser removido, a adesão ao euro foi um desastre e a permanência é um desastre ainda maior”. Em março de 2017 a coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu a urgência de preparar o país para a saída do euro e rejeita que "Numa Europa em degradação, o nosso país não pode ficar alegremente no pelotão da frente para o abismo". Na mesma altura Marine Le Pen dizia que se ganhar presidenciais a União Europeia "vai morrer"
O deputado madeirense do PTP José Manuel Coelho foi condenado a um ano de prisão efetiva pelo Tribunal da Relação de Lisboa devido a um processo que Garcia Pereira, noutro tempo líder do MRPP, por o ter apelidado de agente da CIA. Isto é uma tontice se considerarmos o que Garcia Pereira dizia quando andava por aí a dizer nos comícios revolucionários.
Há também outras tolices escritas por quem não é revolucionário e anda por aí a dar opiniões utilizando conotações absurdas e acenando com papões da velha guarda. Numa tentativa de se distanciarem de Trump mas que, no seu íntimo e sem o declararem explicitamente, parecem defender as suas políticas. É o caso do atual presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, que tem uma coluna de opinião às quartas feiras num jornal diário e que, na sua última tirada de opinião começa por escrever: “Anda toda a gente muito perplexa com a escolha que os americanos fizeram para a Casa Branca. Não sei qual é o espanto. O nosso azar é muito maior que o dos americanos. Afinal de contas, nós não temos um Trump. Temos dois: Catarina Martins e Jerónimo de Sousa.”, o sublinhado é meu.
Carreiras foi presidente do Conselho de Administração do Instituto Francisco Sá Carneiro entre 2010 e 2013. Defensor incondicional, pelo que diz e escreve, da atual direção do PSD, passou de social-democrata a neoliberal seguindo fielmente o seu líder.
Esclareço que não tenho procuração nem do PCP e de Jerónimo de Sousa nem do BE e de Catarina Martins, mas aquele senhor lança para o ar tais disparates populistas, sem argumentos válidos, utilizando chavões e conotações disparatados que só de cabeças como a dele poderiam surgir. O que escreve deve ser dirigido a incultos, adeptos, simpatizantes e oportunistas militantes do atual PSD porque a outros não convence. Deve estar a dirigir-se a senhoras muito chiques e “muito bem”, sem nada que fazer a não ser aparecer nas revistas cor de rosa, senhores, senhores da alta finança duma “estrita” freguesia de Cascais, vila que frequentemente visito porque é agradável, simpática e onde nos sentimos bem, não fossem os preços exagerados praticados pela restauração.
Escreve ainda, em síntese, este nosso (deles) militante do PSD: “O nosso azar é muito maior que o dos americanos. Afinal de contas, nós não temos um Trump. Temos dois: Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. A nossa sorte é que nem BE nem PCP são poder”. O negrito é meu.
Julga que nos engana ao fazer esta conotação disfarçando, mal, uma potencial simpatia oculta pelo atual presidente do EUA. Aqui, e ali, vai dizendo o que Trump tem feito e dito sem, no entanto, mostrar claramente desacordo refugiando-se a falar de outros, os que não lhe agradam, porque ajudaram o PS a retirar o poder ao seu querido líder. Ele e o seu partido ainda não fizeram o luto da perda, (não das eleições), mas do parlamento que representa o voto do povo.
Carlos Carreiras utiliza Trump como oportunidade para lançar o seu viperino veneno sobre uma solução parlamentar maioritária quer queiramos, quer não. Assim como o PSD também ganhou as eleições, gostemos ou não. No entanto, os portugueses não os escolheram ao nível do parlamento. Gostariam talvez de ter a muleta do PS para lhes validar os desvarios de outrora.
A desregulação interna e a desorientação do partido a que pertence obriga-o à verborreia política se quiser nas próximas eleições autárquicas renovar o mandato. Os senhores da vila assim o exigem nem que seja necessário virar um partido cujo passado sempre foi social-democrata. Se Sá Carneiro voltasse e visse como o partido se encontra encher-se-ia de vergonha e voltaria para donde está.
Afirma claramente que Trump e os líderes do PCP e do BE são iguais, que perfilham os mesmos princípios. Deduz-se que, para Carreiras, as ideologias e os motivos porque cada um defende certos objetivos não interessam porque alinha com a nova estratégia do PSD renunciar o que anteriormente defendia.
Podemos dizer que Carreira utiliza a mesma tática de Salazar e de Trump, difamar quem se lhe opõe compondo letras para canções com estribilhos plenos de bolor. Quem ler o artiguinho de Carlos Carreiras, se não pertencer ao seu grupo, poderá considerar à semelhança do que fez Garcia Pereira ao deputado do PTP se não mereceria também um processinho já que mais não fosse para chatear.
Carreiras, injuria aqueles a quem, ainda há bem pouco tempo o PSD se colou, no caso da TSU, preparando-se, mais uma vez, agora no caso da Carris da cidade de Lisboa, para, negando os seus princípios, votar ao lado dos da extrema-esquerda, os que ele denomina de “virgens do estalinismo e do neomarxismo”.
É como no futebol, quando se perde a culpa dos falhanços é sempre do árbitro. Temos pena!
Embora contrariado, o Presidente da República Cavaco Silva, finalmente, indigitou António Costa como primeiro-ministro do novo Governo de Portugal.
A responsabilidade é enorme. Ninguém lhe vai perdoar se falhar e voltar a défices excessivos que eventualmente possam dar lugar a novos resgates. Os partidos que se comprometeram dar apoio parlamentar ao governo PS não podem falhar. A direita que perdeu votos vai andar por aí atenta a tudo e tudo sirva para fazer oposição, por mais sórdida que seja. Aliás, como já tem vido a ser seu hábito.
Logo que a decisão do Presidente da República foi conhecida alguns partidos, nomeadamente o BE através de Catarina Martins perfilou-se frente às câmeras das televisões falando como se o seu partido fosse o principal e único protagonista das mudanças que constam do programa de Governo do Partido Socialista, esquecendo-se que houve outros parceiros na negociação. Nesse aspeto o PCP foi mais comedido. Esperemos que isto não sirva para começar a gerar conflitos tendo como base a propaganda partidária, que a oposição de direita irá aproveitar em pleno. Não é estratégico os partidos que assinaram o acordo iniciarem uma competição onde cada um pretende chamar a brasa à sua sardinha, o que apenas servirá para dar argumentos e razão à direita.
Das centrais sindicais e dos sindicatos nelas filiados espera-se uma contenção reivindicativa responsável.
Ao presidente da CGTP, Arménio Carlos, pede-se uma outra atitude e contenção verbal e parar com a contínua guerra aberta respeitando os outros dirigentes quer da UGT quer das associações patronais, da mesma forma que o respeitam a ele. Refiro-me, neste caso, ao presidente da CIP.
Arménio Carlos, quando fala, parece estar sempre em guerra aberta com todo e qualquer representante das confederações patronais quando em negociação ou em debates. Não negoceia, exige, reivindica, vendo apenas e só um lado da questão, esquecendo-se que existe uma economia para crescer e gerar postos de trabalho. Torna-se por vezes inconveniente, o que pode conduzir a ruturas que, nem agora, nem num futuro próximo, interessam a qualquer das partes, nem aos portugueses. Gerar conflitos apenas ajuda a direita. Não é o momento de vanguardismos de esquerda, mas de calma e consensos. Se assim não for quem ganha sempre é a direita. E, nas próximas eleições, se a direita volta a ganhar, as vítimas serão sempre os mesmos, os que afinal pretendem defender!
Pensem nisto.
A recondução de Carlos Costa como governador do Banco de Portugal que tem a função de supervisionar a atividade financeira é um sintoma de que, mesmo em democracia, a ditadura do exercício do poder pelos governos com determinados objetivos pode ser praticável. Não se consulta, decide-se e depois informa-se.
Tendo ficado mais do que claro por todos os partidos quando da comissão de inquérito ao BES da responsabilidade do governador do Banco de Portugal, vem agora o Governo apresentar justificações confusas e nada clarificadoras remetendo ao passado cuja conjuntura em nada tinha a ver com a atual.
Mariana Mortágua disse que foi um prémio dado a Carlos Costa por ter protegido o Governo assumindo na íntegra as responsabilidades que também lhe caberiam e em parte ao presidente da República. É um facto, mas eu penso que o caso é muito mais grave do que isso.
A menos de um mês do mandato deste Governo que terminaria em 21 de junho se o Presidente da República não resolvesse dar um bónus de mais três meses com a justificação de não haver coincidência da campanha eleitoral com as férias.
O cargo de governador do BdP é por cinco anos, e inamovível, logo, o que sugere é que caso a coligação venha a perder as eleições interessa ao Governo que se mantenha em funções um governador no BdP que os protegerá de quaisquer possíveis “descobertas” que os viessem no futuro a comprometer, assim como a outras hierarquias do Estado eventualmente envolvidas não apenas relativamente ao caso BES mas a outros,.
Resta saber se terá ou não havido
O mais grave e incompreensível é que estando Carlos Costa fragilizado tenha aceitado novamente o cargo de mão beijada. Ou tê-lo-ão obrigado?
Carlos Costa novamente como governador do Banco de Portugal é uma espécie de cobertor de proteção para o que e vier no futuro.
Como votar numa coligação que mostrou mais do que suficientemente uma falta de ética e de moral e até de falta de respeito pelos portugueses. Isto passa-se em Portugal do século XXI e os portugueses não se podem alhear das responsabilidades que lhes cabem.
Mentirosos
O espetáculo lamentável dado pelo primeiro-ministro na Assembleia da República em primeiro lugar não o dignifica e que demonstrou ter perdido o rumo e o controle da situação. A deputada Catarina Martins do Bloco de Esquerda, pessoa que nunca foi do meu agrado devido às suas intervenções mais ou menos comicieiras, ao referir que a palavra do primeiro-ministro não "vale nada", não foi de todo desajustada na verbalização do termo aplicado, pois é sabido que Passos Coelho tem mentido e ocultado a verdade ao longo destes três anos de governo, por isso não tem autoridade moral para criticar seja quem for quando o confrontam com afirmações contraditórias no que se refere a políticas que anteriormente negou aplicar ou que nunca clarificou.
O primeiro-ministro foi questionado sobre questões do corte de salários e pensões quando dizia que eram medidas pontuais e transitórias. É verdade e evidente que ele mais do que uma vez o afirmou. Há cerca de um mês disse Passos Coelho que "Não enfrentaremos o futuro pensando que todos estes cortes que tivemos de fazer permanecerão. Muitos deles serão transitórios". Ao afirmar convictamente que aqueles cortes são para continuar significa que Passos Coelho mentiu logo, Catarina Martins ao afirmar que a palavra dele não vale nada não cometeu nenhuma calúnia.
Passos Coelho refugiou-se numa frase tirada da cartola num momento de ilusionismo para se esquivar a respostas objetivas dizendo que "Dado o valor que a minha palavra tem não estará à espera de resposta". Portanto, acabou por assumir a falta de valor da sua palavra. O menino ficou com a birra ao ser confrontado publicamente com as suas mentiras e, mais uma vez, aproveitou para fugir à questão.
Desvairados
Hieronymus Bosh - O Jardim das Delícias Terrenas, painel direito - Detalhe do Coelho
Face ao desaire eleitoral que preveem os partidos do Governo os seus líderes e apoiantes perderam o rumo e desesperam refugiando-se nuns índices e dados macroeconómicos que neste momento ainda nada representam na realidade portuguesa.
Mas, para além das mentiras com que têm iludido os portugueses o Governo anda desvairado, alucinado, desatinado. Palavras, todas elas, mais do que adequadas ao que os seus elementos e propagandistas têm vindo a demonstrar nas mais diversas ocasiões e lugares.
Um dos desvairos são as afirmações de Paulo Rangel como o de fazer apelo à utilização das redes sociais para atrair as gerações mais novas com certeza para caírem, mais uma vez, nas armadilhas que a coligação Aliança Portugal prepara e que mais se deveria chamar "Coligação Aliança para a Destruição de Portugal". Claro que agora pretendem tirar dividendos do discurso fácil e divisionista lançado na sociedade colocandojovens contra velhos sabendo, previamente, que estes não andam pelas redes sociais.
Outro desvario corrente que se repete ad nauseam é o do sistemático convite para o Partido Socialista se sentar à mesa com o Governo. Será para alguma almoçarada? Mas que pressa é esta? A insistência leva a desconfiar. Se alguém convidasse outro para colaborar depois de o ter acusado e intrujado este ficaria sempre de pé atrás.
Paulo Rangel já arquitetou o discurso desatinado contra a oposição mas, ao mesmo tempo, apela a consensos. Mas que consensos? Será que pretende fazer campanha eleitoral em conjunto casos os haja?
Nesta altura perante a proximidade de eleições europeias um governo com maioria absoluta que governa Portugal há três anos estar a insistir numa negociação com o seu opositor político é o mesmo que estar a dizer que o quer meter num buraco sem saída com comprometimentos e prejuízos óbvios.
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