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O senhor penumbra do PSD

Eleições no PSD e as lideranças

por Manuel_AR, em 22.10.19

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Após a questão levantada sobre um curso superior tirado à custa de falsas equivalências andou durante alguns anos a fugir à exposição mediática. Surgiu no início deste ano coberto por uma cortina translúcida para atacar Rui Rio quando, em janeiro do corrente, Montenegro pôs em causa a sua liderança e desafiou-o para eleições no partido. Miguel Relvas quando viu que o seu favorito perdeu a batalha puxou novamente a cortina.  

O ex-ministro de Passos Coelho e ex-secretário-geral do PSD Miguel Relvas, da fação neoliberal do PSD, depois dos resultados de domingo no dia seguinte às eleições regressou à ribalta para pedir “um novo líder e uma nova equipa no PSD” e que “Não há derrotas honrosas”.

O antigo braço-direito de Passos Coelho afirmou também na altura então que “Na nossa tradição no PSD não há serviços mínimos. Houve líderes que ganharam e líderes que perderam — e os que perderam têm sabido tirar as ilações”, afirmado ainda, depois de ter participado no Fórum TSF, que "Precisamos de uma lufada de ar fresco”.

O que Relvas pretende é o regresso ao passado recente do neoliberalismo no PSD agora também com o beneplácito de um dos piores Presidentes da República que tivemos desde o 25 de Abril.

Cavaco que publica memórias sendo a dele muito curta, defende que é urgente mobilizar os militantes que se afastaram ou foram afastados, apontando a ex-ministra Maria Luís Albuquerque como um exemplo. Esta declaração pode ser lida como o tirar de tapete a Rui Rio, de quem foi apoiante há dois anos.

Recorde-se que Maria Luís Albuquerque foi professora de Passos Coelho na Universidade. Segundo a revista Visão de julho de 2013 Maria Luis Albuquerque é Licenciada em Economia pela Universidade Lusíada de Lisboa, universidade privada, e mestre em Economia Monetária e Financeira pelo ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão). Chegou ao Governo em 2011, para liderar a secretaria de Estado do Tesouro e Finanças. Isto no mesmo ano em que a amizade a Passos Coelho, de quem foi professora, a leva a aceitar ser cabeça-de-lista do PSD em Setúbal, nas legislativas, o que considerou um "batismo de fogo" para quem se estava a iniciar na política ativa e chega a ministra das finanças no meio dos polémicos 'swap'.

Miguel Relvas que esteve envolto em polémica relativa à sua eventual ligação ao banco Efisa sobre o qual, até à data, nada mais se soube, afirmou, segundo a TSF, que “Para salvar o centro-direita em Portugal, o ex-governante aponta dois nomes, Passos Coelho e Paulo Portas…”. Com esta afirmação o que poderemos esperar dos candidatos à liderança do PSD que ele apoia?

Rui Rio fez bem e recandidatar-se para evitar que um partido que foi social-democrata se aproxime de partidos neoliberais populistas que andam por aí. Relvas pretende o regresso ao passado é do passado para se poder movimentar junto ao poder. Quer ter poder sem estar no poder e, para isso, tem os seus satélites. Diz que Rui Rio não gosta do partido, mas ele também não gosta de Rui Rio. É óbvio não interessa aos seus desconhecidos desígnios.  

Montenegro não professa as causas do partido, nem da social democracia e diz situar-se na área do centro-direita, tem interesses de outra ordem.  Em janeiro, na corrida à liderança no PSD, Rui Rio lembrou a polémica em que Montenegro esteve envolvido em 2012 por causa da alegada presença a uma loja maçónica, referindo-se a “permanentes manobras táticas ao serviço de interesses individuais ou de grupos” e conclui: “Sejam estes mais às claras ou mais escondidos sob o manto de um qualquer secretismo.”

Quer saber mais sobre Miguel Relvas e os seus desígnios? Então clique aqui.

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publicado às 19:34

Os desígnios de Miguel Relvas não apoiam Rui Rio

Eleições no PSD e a campanha para a liderança

por Manuel_AR, em 22.10.19

Miguel Relvas2.png

No texto que escrevi com o título de “O senhor penumbra do PSD” abordei a questão do interesse de Miguel Relvas em apoiar um dos seus correligionários para disputar eleições contra Rui Rio na liderança do PSD.  Aí sugeria nuances que envolvem este personagem da política interna do PSD e as suas eventuais razões que movem a sua estratégia que considero, enquanto opinião, nada terão a ver com o interesse do país e de todos quantos fazemos parte dele.

31 jul 2015

Estado reforça capital do Efisa antes de o vender

O acordo para a venda do Efisa, o banco de investimento do ex-BPN, foi anunciado ainda sem encaixe. Antes da venda, o Estado tem vindo a reforçar o capital do Efisa para cumprir rácios legais.

 

21 jan 2016

Efisa: Relvas pode tornar-se acionista da empresa

Miguel Relvas foi um dos nomes apresentados ao Banco de Portugal como possível acionista da Pivot, a empresa que comprou a Efisa em 2015. Agora, o banco vai avaliar a idoneidade do ex-ministro.

 

10 feb 2016,

Efisa em modo de controlo de danos sobre Relvas

Poucas horas depois de o PS ter exigido a ida de Miguel Relvas ao Parlamento, o dono do Efisa emitiu um comunicado a explicar que o ex-ministro não tem, nem terá qualquer poder na gestão do banco.

 

10 feb 2016

PS chama Miguel Relvas à AR para explicar Efisa

O Partido Socialista pretende chamar o antigo ministro e a ex-secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco, para que a injeção de 90 milhões de euros no banco Efisa seja explicada.

 

17 feb 2016

Relvas chamado a explicar negócios com Efisa

Miguel Relvas vai ser chamado a prestar esclarecimentos ao Parlamento sobre as ligações ao Banco Efisa. Ao Observador recusa dizer se aceita ou não esclarecer as dúvidas dos deputados.

 

24 apr 2016

Relvas disponível para esclarecer ligação ao Efisa

Ex-ministro vai esclarecer aos deputados a sua eventual ligação ao banco Efisa. Mas vai fazê-lo por escrito. PS tinha pedido audição de Relvas para saber se era ou não acionista da Pivot.

 

09 jun 2016

Relvas "respondeu não respondendo" sobre Efisa

O PS vai requerer novamente a audição de Miguel Relvas no parlamento sobre o banco Efisa, considerando os socialistas que o antigo governante "respondeu não respondendo" às questões sobre a matéria.

22 jun 2016

Efisa: Relvas chamado ao Parlamento (outra vez)

A esquerda aprovou hoje a audição do ex-ministro na comissão de Orçamento e Finanças sobre o Banco Efisa. É a segunda tentativa de ter Relvas no Parlamento, mas não deverá acontecer.

 

17 maio 2018

O novo emprego de Miguel Relvas foi oferecido por velhos conhecidos

Ex-ministro dos Assuntos Parlamentares de Passos Coelho vai liderar uma empresa norte-americana de tecnologia blockchain que foi fundada pelos dois sócios com quem tentou comprar o Banco Efisa.

“O ex-ministro acaba de ser anunciado como um dos líderes na área de governança e sustentabilidade da Dorae, uma empresa fundada por 2 sócios do antigo dirigente do PSD, que desenvolve produtos em inteligência artificial e tecnologia blockchain e que tem escritórios em Londres, Silicon Valley e Ilhas Caimão.

A empresa que assume-se como um grupo norte-americano na área da economia digital, que trabalha para fazer a ponte entre o mercado e os produtores, os governos e os reguladores.

A Dorae escreve que os “20 anos de experiência (de Miguel Relvas) como político, onde o trabalho muitas vezes passa por encontrar bases comuns entre o interesse público e o interesse privado, e a experiência na construção de redes de contactos que potenciam o crescimento económico” fazem dele um “parceiro de excelência” nesta área de negócio. O sublinhado é meu.

Miguel Relvas diz que considerou o desafio “muito aliciante” porque permite “associar a um modelo de negócio a perspetiva de sustentabilidade e de responsabilidade social”.

Trabalhar entre velhos conhecidos porque os novos patrões do ex-ministro dos Assuntos Parlamentares são o português Ricardo Santos Silva (ex-BES Investimento) e a norte-americana Aba Schubert, os dois fundadores da Dorae. E ambos se cruzaram já com Miguel Relvas nesta nova fase de empresário de sucesso.”

Os 3 foram sócios da Pivot SGPS, uma sociedade criada no início de 2015 e que nesse ano ganhou o concurso de venda do Banco Efisa por 38 milhões de euros. Um negócio muito comentado na altura, por ter sido conseguido com um valor inferior aos 77,5 milhões de euros injetados pelo Estado, entre 2012 e 2015, neste banco de investimento do antigo BPN.

Miguel Relvas foi até chamado ao Parlamento para explicar o envolvimento neste negócio que começou a ser desenhado ainda durante o governo de Passos Coelho, do qual Relvas chegou a ser o número 2.” Pode conferir aqui.

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publicado às 19:30

A brecha

por Manuel_AR, em 08.10.17

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O assunto do dia a dia é a substituição da liderança no PSD. Os que não são simpatizantes ou o que pensam que naquele partido nada tem a ver com eles estão muito enganados.

Dois dos potenciais candidatos já desistiram depois duma dita reflexão. E parece que refletiram bem. Abandonaram a hipótese de candidatura à liderança, cada um apresentando as suas válidas razões. Parece que até ao momento estão em campo dois potenciais concorrentes, Santana Lopes, Rui Rio o neorracista e populista André Ventura.

A tendência interna do PSD, pelo que tem saltado daqui e dali pelos órgãos de comunicação afetos aos neoconservadores do partido têm ilustrado rasgados elogios ao líder Passos Coelho e, consequentemente à clique que ele ajudou a construir e que consideram com antigos e obsoletos todos os que pretendem que o partido regresse à sua base social-democrata. Jovens impreparados, de cultura deficitária, cuja ideologia se centra apenas nos interesses pessoais, partidários deixando para segundo lugar os de Portugal.

A herança de Passos Coelho é a fermentação de uma “nova extrema-direita” ainda pouco radical, mas é tudo uma questão de tempo, que deixa o centro vazio que pode vir a ser ocupado pelo CDS de Assunção Cristas. Deixou uma brecha cavada por jovens fogosos que Passos Coelho ideologicamente conseguiu angariar e que terá de ser fechada sacrificando estes ou, então, será ocupada por outros que estão à espreita.

Será por isto que dois dos potenciais líderes deixaram de ser candidatos e os outros estão num dilema porque não saberão se conseguirão lidar com esta estrutura radical infiltrada no PSD.

O que acontece é que alguns dos tradicionais eleitores do PSD ainda não se aperceberam do que está a acontecer e outros ainda sonham com as ideologias passadistas do tempo do Estado Novo que quer reconstruir ao modo século XXI.

O PSD, com a ajuda dos seus órgãos de comunicação social, está a seguir numa direção de direita radical e a combater o recentrar político do PSD facilitando a ocupação desse lugar, possivelmente para o CDS.   

O PSD está a ficar nostálgico da fase em que dizia ter que ir para além da troika dos tempos de Passos. Que provas há? São a quantidade de artigos que glorificam a sua dignidade e as suas virtudes e que, segundo eles, apresentam como tendo sido o melhor primeiro-ministro de sempre.  Para esta gente é o PSD o partido que pode continuar a política agressiva que corresponde a uma ideologia próxima do populismo de Trump, versão à portuguesa. Uma política agressiva que corresponda em primeiro lugar aos seus interesses à sua visão neoliberal do mundo.

Sobre a deriva do PSD para a direita radical escreveu hoje Pacheco Pereira no jornal Público:

«Eles sabem o que é importante, como a nossa alt-right sabe que sem Passos e com um PSD menos controlado ficam reduzidos a um pequeno grupo extremista, ou então tem que se dedicar ao CDS, que é um fraco instrumento, ou tentar fazer um partido “liberal” que, com um sistema político bastante bloqueado como o português, é uma tentativa de muito pouco sucesso previsível. Acresce que a direita tipo do PNR não lhes serve para nada, visto que é o exercício do poder político que lhes interessa e não a ortodoxia política, nem mimetismos das “frentes nacionais” europeias. Como tiveram a sorte grande, agora não lhes basta a terminação.»

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publicado às 11:22


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