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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Desde muito jovem que sou um seguidor da obra de Woody Allen. Sejam as críticas boas ou más não perco nenhum dos seus filmes. Penso que poucos ou nenhuns filmes de Woody Allen me devem ter escapado. Tenho uma coleção de DVD’s de alguns dos seus melhores filmes que de vez em quando revejo no ecrã da televisão, mas não é o mesmo que os ver no cinema. Um dos que mais me marcou foi a “Rosa Púrpura do Cairo” que infelizmente emprestei a um aluno quando professor numa escola profissional de comunicação e cinema que não me foi devolvido.
Argumentista, autor dos diálogos e realizador, Allen é também o narrador, descartando-se da sua participação como ator, como tem feito nos seus últimos filmes.
O seu mais recente filme, “Café Society”, lançado em 2016, tem a participação de Jesse Eisenberg, Kristen Stewart e Steve Carell entre outros. É um filme nostálgico, mas divertido, que nos leva aos anos trinta e ao esplendor hollywoodesco dos anos trinta do século passado. Allen evoca nomes bem conhecidos do mundo do cinema daquela época e também dos anos vinte quer através dos diálogos, quer através de fotografias colocadas aqui e ali nos decores. Veja-se este diálogo entre dois dos personagens: “Este é o meu presente para o nosso primeiro ano. Veja... Uma carta escrita e assinada por Rudolph Valentino… descobri-a numa loja de presentes incrível…”.
Como sempre não faltou Nova York, presente em algumas sequências, assim como o jazz, banda sonora preferencial em quase todas as suas obras. O clássico triângulo amoroso centrado em Vonnie é tratado de forma engenhosa e surpreendente saído fora do “dejá vue”. A narrativa fluente apresenta-nos de forma ligeira e divertida curtos episódios que nos atiram para os clássicos filmes sobre famílias mafiosas do bairro de Bronx do Estado de Nova York. O ambiente de 1930, de Hollywood e Nova York são esboçados nitidamente com linhas “art déco” e iluminação à altura impecavelmente adequados à época tornando-se num dos principais ativos do filme.
Allen está à vontade ao trazer-nos uma história que presta homenagem a um tempo passado do cinema. Por outro lado, o naturalismo discreto de Kristen Stewart é atrativo e traz a personagem Vonnie para o centro do filme. O talento para conjugar a boa representação com a história é visível na subtileza continua patente em mais um dos seus filmes.
São cerca de uma hora e noventa minutos de boa disposição que nos diverte e transporta para um universo dos bastidores do cinema do passado.
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