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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
O Natal já lá vai e a política da oposição de direita é a de continuar à procura de prendinhas preciosas para oferecer a si própria. Mas não é só a oposição, são também alguns que, não sendo da oposição de direita e considerando-se do PS, fazem oposição ajudando a meter golos na baliza do “clube” a que dizem pertencer.
A pesquiza de preciosidades e a procura de brechas insipientes na política do Governo são a oportunidade que resta à direita para fazer oposição fácil porque oposição afirmativa séria e alternativa, não sabem como fazê-la.
A oposição a Passos Coelho dentro do PSD começa a borbulhara e a fazer sair da penumbra a que se votaram, depois da perda do poder, alguns senhores que então o apoiavam. Saltitam alguns reagindo a uma possível aliança do partido com o CDS para a Câmara de Lisboa. Autarcas e ex-autarcas sugerem um congresso extraordinário do PSD.
Seguem-se outros de direita, nomeadamente colunistas de jornais diários que aproveitam para pegar em tudo quanto o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, diz ou possa ter dito para fazer manchetes e para o criticar oraculizando esboços de divergência institucionais com o Governo.
Há ainda outros, os que escrevem em editoriais que o “Presidente não é o menino Jesus e que por muita fé que tenha, o boletim meteorológico continua a apontar para mau tempo.” Fazem parte do grupo que, entrando na carruagem de Passos Coelho, esperam ansiosos pela paragem onde entra o diabo. Estes eram os defensores das políticas de Passos Coelho no passado.
Vão escavando, garimpam aqui e ali, em tentativas de procurar algo fazendo uma oposição sem consistência. Primeiro foi a CGD, agora são os lesados do GES para os quais Passos, enquanto esteve no Governo, não conseguiu, não quis ou não soube arranjar uma solução. Surgem como senhores das trevas que dizem defender o interesse de Portugal.
Timidamente vão saindo da nebulosidade outros comentadores e opositores vindos duma direita enfezada, porventura devido a estarem próximo do diabo que dizem estar para vir. Tecem estes críticas veladas ao Presidente da República, ainda de forma comedida, mas que, entre linhas, vão insinuando que o Presidente está em consonância com o Governo por estar a fazer discursos pacificadores. Estes são os mesmos que, durante a campanha eleitoral, faziam campanha e elogiavam Marcelo. Anseiam agora por conflitos institucionais, querem instabilidade porque é isso que os torna vivos.
Estou à vontade para escrever porque sempre critiquei Marcelo Rebelo de Sousa para Presidente. Reconheço o meu erro, apenas, e só, porque, ao contrário do que pensava na altura, ele veio trazer um contributo para a paz social com uma atitude contrária ao passadista Passos Coelho que, durante o seu mandato, criou feridas, crispações e instabilidade sociais dividindo o que deveria unir, até porque Portugal estava confrontado com dificuldades a ultrapassar que necessitavam de união e não de divisão. Sobre esse tempo e essa atitude, neste mesmo sitio, várias vezes manifestei-me contra.
É mais do que certo que, nem tudo o que o Governo fez, ou se proponha fazer, está isento de críticas, nem tudo tem sido perfeito, mas qual foi a perfeição do Governo da passada legislatura. Aqui entram, mais uma vez, os que exaltam o que bom fez o Governo de Passos que preparou o terreno do que, dizem, estar o atual a aproveita-se.
Não falemos agora da saída limpa e do que, para isso, esconderam sobre o estado da banca!…
Garimpam desesperadamente em terrenos onde nada existe para garimpar.
Apenas como uma nora final tomem nota senhores autarcas do PS, atuais, futuros ou recandidatos, os garimpeiros da política andam por aí e a caça ao nepotismo e a outras atividades menos éticas já começou com a aproximação das eleições autárquicas. Essas vão ser duras, mais do que se estivéssemos num Governo do PSD onde muita coisa seria ocultada, desculpada e dada sombria visibilidade.
A falsa isenção dos comentadores do PSD sobre a política nacional descobre-se sempre que há eleições e agora está à vista. O tríptico de comentadores da televisão que ocupam no final do ano centenas de horas de tempo de antena está em campanha eleitoral pelo PSD para as eleições autárquicas.
Claro que, em democracia, qualquer cidadão pode apoiar o partido em que milita ou o que muito bem entender e que acha que deve apoiar. Absolutamente nada contra.
No que respeita a comentadores a situação parece ser mais discutível. E porquê? Porque há duas formas de ver o problema:
a) O comentário político associado a debate de pontos de vista ideológicos e partidários o que, consequentemente, faz todo o sentido situar-se na defesa das sua posições face a determinado tema.
b) O comentário político, isento, imparcial e distanciado da governação e das posições individuais do comentador.
O trio Manuel Ferreira Leite, a obediente discípula de Cavaco, Marcelo Rebelo de Sousa, com as suas pantominices, e Marques Mendes, o estafeta das novidades que dominam as televisões para comentarem a política nacional, a coberto de uma capa virtual de isenção, lá vão, de vez em quando, criticando medidas menos positivas do governo apenas para português enganar.
Veja-se o caso de Manuela Ferreira Leite, comentadora da TVI24, que tece algumas críticas a medidas tomadas por Passos Coelho e seu governo e, ao mesmo tempo, apoia o partido na campanha eleitoral. Por outro lado não discute as posições do seu guru Cavaco Silva, por mais discutíveis que sejam, defendendo-as com o mais dedicado e afincado empenho.
As eleições autárquicas deveriam obedecer a uma campanha de cariz de interesse regional e local, mas o certo é que isso não acontece. Na campanha para as eleições autárquicas os candidatos e seus apoiantes do governo e dos partidos dirigem com maior frequência as suas intervenções mais no sentido da política nacional do que local. E aí estão a defender o contrário do que muitas das vezes disseram frente às camaras.
A decisão do Tribunal Constitucional sobre a pseudo requalificação da função pública e o novo resgate (que o governo já sabe que poderá vir a acontecer devido às sua incompetência e falhas constantes nas falsas reformas) vai ser e já é o tema da campanha para as eleições autárquicas.
Então os senhores conselheiros do governo, pagos a preços de ouro pelo erário público, não deveriam saber da mais que provável inconstitucionalidade das leis que são enviadas para promulgação?
Digam lá, digam lá,
digam lá os senhores contentes como vai este país!
Depois dizem que se está sempre a dizer mal de tudo. Pois claro, o caso não é para menos. Quando tanto se fala em cortar nas despesas que dizem respeito aos cidadãos, como SNS, e apoios sociais e despedimentos na função pública, criam-se novos cargos nas autarquias. No Jornal Expresso desta semana, 10 de novembro, última página, vem uma notícia com o título “Relvas cria “jobs” para ex-autarcas” da qual passo a transcrever alguns passos.
O “lead” da notícia informa: “Vai nascer uma nova classe de dirigentes a nível intermunicipal. Serão mais de uma centena, remunerados”
A notícia refere que o Governo aprovou uma proposta de lei em que autoriza um novo nível na Administração Publica” em que mais cem cargos remunerados vão nascer. Todos eles com vencimentos ilíquidos de 4000 euros, mais do que ganha um deputado. As remunerações dos restantes membros daqueles órgãos vão ser equiparadas a vereadores a tempo inteiro. Há algumas dúvidas quanto aos poderes daqueles órgãos. A notícia do Expresso continua dizendo que “numa altura em que se fala da racionalização da despesa, a criação da figura do "primeiro secretário" das comissões executivas é vista em meios políticos da oposição como "um fato à medida" de autarcas impedidos de se candidatarem a novo mandato.
Cortam no Estado Social e cada vez impõem mais austeridade aos portugueses para isto. Todos nós estamos a pagar isto, mas os senhores comentadores comprometidos não comentam estas notícias. Pois, não convém que se faça muito alarido. Quanto à oposição PS nem um comentário sobre isto, porque também lhe vai interessar para as suas clientelas partidárias já na expetativa das próximas eleições.
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