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Pardal Henriques, o advogado infiltrado no sindicalismo através de um sindicato estrategicamente escolhido tenta, com a sua voz calma frente às camaras da televisão, ser convincente nos seus argumentos falaciosos.

Diz apenas meias verdades empregando de modo proveitoso um cantarejar suave e melodioso para alguns ouvidos, qual sereia que, com o seu canto, leva os barcos e os marinheiros para o naufrágio. Pessoas que assim agem são perigosas porque arrastam muitos atrás de si ao engano.  

Quando Pardal Henriques diz frente aos ecrãs de televisão que os camionistas estão a cumprir o seu horário de trabalho de 8 horas diárias e não 12 e 14 horas que os obrigam a fazer, não refere, porque não convém, que essas horas são bem pagas aos trabalhadores de acordo com o número e o tipo de horas extraordinárias a cumprir a que ninguém os obriga. Faz parte do trabalho que escolheram e do contrato de trabalho que aceitaram com a entidade patronal.

À intervenção necessária da requisição civil pelo Governo o sindicato, manipulado por Pardal Henriques, responde com as oito horas de trabalho fazendo um boicote às horas extraordinárias que sempre fizeram. É uma forma de contornar os serviços mínimos e a requisição civil.  Se, em tempo normal, as entidades patronais acabassem com as horas extraordinárias e admitissem mais trabalhadores como reagiriam os camionistas aos cortes das horas extraordinárias. Teria mais custos para a entidade patronal é certo, mas não traria, a prazo, vantagens?

Enquanto a esquerda, e sobretudo a direita, se encontram em férias nos campos do silêncio, os que estão do seu lado, o da direita que escrevem artigos de opinião lá vão contribuindo com os seus escritos ambíguos sobre o tema, embora alguns, mais audaciosos, comecem a inventar algo que lhes seja favorável para desacreditar as iniciativas do Governo para minorar os efeitos desta greve que, no meu entender e por desconfiança minha baseado no que tenho lido, é de interesse político e está fora da onda partidária do vigente status quo do pardidarismo parlamentar.

No campo da desacreditação das iniciativas do Governo encontra-se o artigo de opinião que João Miguel Tavares escreve no jornal Público tendo em vista ajudar a oposição de direita já ele a acha inerte.  Pega então no termo hipocrisia para desmontar a atitude tomada pelo Governo face à greve dos motoristas, e não à crise energética como alguns órgãos de comunicação pretendem fazer passar.

Não tenho qualquer dúvida que João Miguel Tavares como escritor e jornalista não saiba qual o conceito de hipocrisia, só que, neste caso, deve ter-lhe dado mais jeito para o fim pretendido distorcê-lo. Pega JMT em três hipocrisias.

Assentemos em primeiro lugar que hipocrisia é a simulação de qualidades, pensamentos, convicções ou emoções que não são verdadeiras; dissimulação; fingimento.

Diz JMT que:

  1. “O Governo pôs-se ao lado da Antram, e ouvir o porta-voz do Conselho de Ministros ou o porta-voz da Antram vai dar ao mesmo: os argumentos são iguais.”

A isto coloco uma pergunta: Então, se havia duas partes de que lado se deveria colocar o Governo e a Antram? Do lado dos grevistas? E que outros argumentos para justificar as ações que minorassem os efeitos da greve? A tal equidistância a que JMT se refere seria não fazer nada? Ou, como sugeriu Rui Rio, deveria adiar a greve para depois das eleições.

  1. O facto de o advogado André Matias Almeida, porta-voz da Antram, ser muitíssimo próximo do PS não pode ser desvalorizado, porque ele está a actuar como ponta-de-lança oficioso do Governo nesta guerra.

Devo estar com um ataque de estupidez de opinião. Então, se André Martins não fosse próximo do PS, e fosse, por exemplo, próximo da direita, fosse qual fosse, CDS ou PSD, e tivesse as mesmas posições sobre o conflito já não seria um ponta-de-lança oficioso do Governo? Então, será que André Martins está a ser ponta-de-lança oficioso do Governo ou dos patrões? Ou o Governo está a ser ponta-de-lança oficioso da ANTRAM e dos patrões. Ou, ainda, os patrões, empresas da ANTRAM, são todos ponta-de-lança oficiosos do Governo!! Serão?

  1. A história de que a Antram impõe como única condição para voltar à mesa de negociações o levantamento do pré-aviso de greve “porque não negoceia com uma espada na cabeça” é treta. A Antram quer a espada e quer a cabeça – a cabeça de Pedro Pardal Henriques. O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Tiago Antunes, chegou a sugerir na segunda-feira que a requisição civil poderia vir a ser feita sindicato a sindicato, porque uns associados estariam a cumprir os serviços mínimos, outros não.

Esta é de tal maneira rebuscada que não merece perder muito tempo. Esperem lá, onde está a hipocrisia. Todos ouviram ao presidente da ANTRAM dizer que volta à negociações, mas sem a presença de Pardal Henriques. E então? Podemos, ou não, concordar, mas isso é a posição de André Martins enquanto representante dos patrões.

Se há vários sindicatos com diferentes representantes que estão em negociações por razões idênticas ou não, e com procedimentos negociais diferentes, onde está o problema da hipocrisia de o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros sugerir na segunda-feira que a requisição civil poderia vir a ser feita sindicato a sindicato, porque uns associados estariam a cumprir os serviços mínimos, outros não.

  1. A cabeça de Pardal Henriques interessa a todos, incluindo ao Partido Comunista, que quer os sindicatos debaixo do chapéu da CGTP e não nas mãos de cavaleiros solitários que o partido não controla.

Esta é tão óbvia que nem chega a ser hipocrisia pode até ser ser evidência, como tal não merece comentário.

Eu, cá por mim, que não sou sindicalista nem pertenço à ANTRAM se houvesse um referendo para pedir ou não a cabeça de Pardal Henriques, em sentido figurado claro, diria que SIM.

 

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publicado às 18:43

O rejubilo da direita

por Manuel_AR, em 29.03.16

Durante o Governo de direita de Passos Coelho e de Paulo Portas, sempre demostrou o seu desagrado pelas greves, manifestações de rua, protestos, contestações que as populações e trabalhadores faziam contra cortes de salários e pensões, contra o aumento da TSU para o trabalho e a sua diminuição para as empresas. Foi o tempo em que os impostos aumentaram como dantes nunca sentido pelos portugueses sempre com a desculpa revertida para o passado.

O pressuposto justificativo da direita para as greves e contestações era que tudo isso era aprontado pelas organizações sindicais de trabalhadores que eram manipuladas por alguns partidos de esquerda com o objetivo meramente políticos e desestabilizadores que contribuíam para a destruição da economia e apenas serviam para aumentar o desemprego, prejudicar a competitividade e descredibilizar Portugal face aos mercados.

A ANTRAM - Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias uma organização de empresário, (não tenho nada contra os empresários, bem pelo contrário, lamentável é que cada vez haja menos), esteve ou está a preparar-se para, uma manifestação de camionistas contra o aumento do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP), previsto no Orçamento do Estado para 2016. A justificação é dada como sendo prejudicial ao setor. Claro que qualquer aumento de impostos é sempre prejudicial para todos. Verifica-se, mo entanto, que este aumento é muito inferior aos aumentos sucessivos que ouve no preço do combustível em anos anteriores. E aquele setor nunca se manifestou com intensidade nem pedia na altura que o Governo de então colocasse o preço do gasóleo ao nível de Espanha. Já nessa altura muitos diziam que se abasteciam naquele país por ser mais barato.

A direita, quando no Governo, teve a sorte da extraordinária baixa do preço do “brent” nos mercados internacionais. Contudo quando entre em 2013 e 2014 o petróleo estava em alta (ver gráficos) alguma vez o Governo de direita teve condescendência para com os empresários dos transportes de mercadorias baixar o imposto sobre o gasóleo a bem da competitividade e da economia? Alguma vez estes empresários fizeram manifestações apresentando os argumentos que agora utilizam?

A tendência do preço médio do gasóleo tem sido para descida apesar de algum pequeno aumento nos últimos meses. Basta fazer contas para ver, nesta altura qual o valor do imposto no acréscimo do custo do gasóleo e o aumento do preço no passado. O aumento do preço do gasóleo aumenta para todos, particulares e empresas que não apenas para as de camionagem. 

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 Cotação mensal do barril de petróleo em Londres. Jan/2013 a Nov/2014.

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 Janeiro de 2016

WTI -West Texas Intermediate negociado em Nova Iorque

Brent - serve de referência às importações europeias

 

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 Fonte dos dados para elaboração do gráfico: Direção Geral de Energia

A associação defende que o aumento do imposto, “compromete a competitividade do setor e, consequentemente, a sobrevivência das empresas e a manutenção dos postos de trabalho”. Veja-se o argumento a favor da manifestação que é o mesmo que é defendido quando os sindicatos decretam greves neste ou noutros setores poer melhores condições de vida.

Esta não é uma manifestação de trabalhadores por mais salários ou qualquer outra reivindicação, é uma manifestação de cariz político convocada por empresários e apoiada pela direita na oposição que, em conluio, aproveita o aumento daquele imposto para fazer oposição ao Governo. O que diz agora a direita sobre a paralisação dos camionistas? Já não vem em defesa da economia? Nada! Aprova! O que se questiona é o que leva a direita a ter dois pesos e duas medidas.

Quanto ao argumento do abastecimento em Espanha está esvaziado porque esta “conversa” já a ouvimos há anos episodicamente divulgada durante os noticiários dos canais de televisão e pela imprensa.

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publicado às 09:05


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