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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Passos Coelho parece estar num jogo de crianças a brincar à política. Disse esta semana ao jornal Sol que "Não há qualquer hipótese de um Governo com o PS". Isto é, está a inverter as posições. Então não foi ele e o seu parceiro de coligação, a primeira vez ainda no tempo de António José Seguro, que andaram atrás do PS para fazerem um pacto de regime ou um entendimento, abençoado pelo Presidente da República?
Não tenho qualquer procuração para defender o PS, o que manifesto é a minha perplexidade quando ouço, neste caso leio, o que Passos Coelho afirmou que é o contrário do que antes propunha. Não há partido que se entenda com outro sem que haja cedências de ambos os lados e, muito menos, se têm posições opostas em relação a pontos fundamentais da execução político ideológica.
Um entendimento de governo com este PSD de Passos Coelho parece ser coisa que agrade apenas ao CDS/PP que se agarrou a uma tábua de salvação para, no caso pouco provável da coligação ganhar as eleições, ficar no poder, evitando ao mesmo tempo a vergonha de ser reduzido a um partido sem representação significativa.
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José Seguro | António Costa |
A campanha do Partido Socialista para as primárias tem decorrido num ambiente pouco convincente. A única coisa que António José Seguro tem feito é populismo e ataques pessoais e provocações torpes ao seu opositor. Podemos não concordar com o tipo de campanha que António Costa tem feito, mas uma coisa não se lhe pode negar, a sua honestidade política perante o seu adversário no partido.
José Seguro aguentou três anos e bateu-se com o adversário mas sem mostrar assertividade política, embora com dedicação, coisa que ele agora reivindica, sem conseguir conquistar amplamente os portugueses. Para o país parece ter sido uma espécie de braço direito da Passos Coelho na oposição e da ala do PSD que o apoia.
Não é por acaso que a direita no poder e alguns dos seus comentadores têm mostrado "simpatia" por José Seguro elogiando-o até como o grande vencedor dos debates. Deixou a fazer oposição diplomática ao Governo para fazer uma oposição a António Costa não com base em ideias mas com base a ataques pessoais e tentativas de levar para a praça pública a roupa que ele próprio suja em atos de desespero ao pensar que poderá não vir a ser primeiro-ministro. Como poderemos confiar em alguém cujos argumentos nas primárias resumem-se na sua maioria a ataques pessoais enquanto os argumentos enquanto opositor ao Governo são até agora meras aparências e sem conteúdo substancial.
António Costa tem o chamado "background" da política. Isto é, no seu percurso político já mostrou competências essenciais na capacidade de liderar, de decidir, gerir executivos, promover consensos entre adversários e comunicar e explicar a suas ideias, embora se compreenda que nesta fase, talvez por estratégia, tenha sido omisso na explicitação e pormenorização de algumas.
António José Seguro apenas consegui nesta campanha aglutinar em si mesmo um misto de sentimentos de vitimização, de arrogância e de impotência…
Os pedidos de desculpa por elementos do Governo passaram a cair na vulgaridade. Quando há erros de consequências políticas basta que, perante a Assembleia da República ou frente a um canal televisivo, se peça desculpa aos portugueses.
Portugal passou a ser o país da desculpabilização, quando não o jogo do empurra como fuga à responsabilidade. O pedido de desculpa por elementos deste Governo passou a ser uma forma de manutenção no poder acatado pelo próprio primeiro-ministro que, em tempo, também pediu desculpa. As consequências que advenham dum qualquer ato político gravoso passaram a poder ser substituídas por pedidos formais de desculpa. A força do pedido de desculpa, na prática, caiu na rua.
Já agora poderia também ser dada a oportunidade a Ricardo Salgado de um pedido de desculpas a todos os lesados pelo problema do BES e do seu grupo e ficaria tudo resolvido.
Este Governo perdeu o sentido de ética. Estes políticos do Governo deixaram de reger a sua conduta pessoal e profissional por princípios deontológicos. Por este andar, qualquer dia, um réu que seja condenado passa a pedir desculpa ao tribunal e o caso fica arrumado.
Seria impensável que, numa empresa privada, ao serem cometidos por um colaborador erros ou quaisquer atos lesivos que colocassem em causa os interesses e a sobrevivência da empresa, não resultassem daí quaisquer consequências, bastando um pedido de desculpa.
Passos Coelho mostra a coesão do seu Governo pela manutenção de incompetentes nos lugares de ministro e secretários de estado. Passos Coelho manda matar o mensageiro quando recebe más notícias, isto é, manda demitir subalternos. Ricardo Salgado já fez o mesmo, disse que a culpa do que aconteceu no BES foi do contabilista.
Portugal está a caminhar por caminhos dando sinais de bons exemplos, isso sim, às gerações futuras no que respeita à forma de fazer política e estar num governo.
Na campanha para as primárias do PS António José Seguro está também a ser um bom exemplo no que respeita à falta ética com que argumenta contra o seu adversário de campanha na ânsia pessoal de querer ser primeiro-ministro, como em tempos já afirmou mais do que uma vez.
É costume o povo dizer que "enquanto o pau vai e vem folgam as costas", acrescento, do Governo, o que poderá ser traduzido por: o Partido Socialista, especialmente os adeptos de António José Seguro, estão a dar uma ajudinha aos partidos do Governo para que ganhem as eleições legislativas em 2015.
Só faltava agora quatro ex-dirigentes do PS virem também contribuir para a divisão do partido com um manifesto em defesa de Seguro adotando os mesmos argumentos que o PSD e o CDS utilizam como oposição aos socialistas. Não sei como é que aquelas individualidades querem que o partido ganhe as próximas eleições. Entrando no jogo dos partidos do Governo talvez…
As declarações daqueles socialistas são tiros nos pés do próprio partido e são o replay do que temos ouvido por elementos do PSD e comentadores da sua proximidade. Afirmações como "os mesmos que conduziram Portugal para o desastre" que têm sido pronunciadas pelo PSD para atacar o PS são agora proferidas por alguns, poucos, dos seus militantes como arma de arremesso a António Costa. É de lamentar.
Por sua vez José Seguro, atual Secretário-geral do PS, faz afirmações que são do domínio da impossibilidade. Como é que pode garantir que não teria assinado em 2011 o memorando de assistência externa, sabendo ele, se é que alguma vez soube, das pressões exercidas sobre o governo na altura. Ou será que, se fosse primeiro-ministro na altura, faria o mesmo que Passos Coelho fez até agora?
Atirar pedras ao telhado de quem vive na mesma casa em nada resolve qualquer problema e apenas serve para deixar entrar água na própria casa.
Onde estás António José Seguro que não te vejo? O Governo entrou em roda livre sem ninguém que o confronte e o país está a ficar sem rumo certo. Andas mais preocupado com o António Costa e com o poder do que com o país...
Entretanto Passos Coelho faz quase um ultimato ao Presidente da República ao pedir-lhe para enviar para fiscalização preventiva as medidas que já aprovou, ameaça velada de ser um fator de estabilidade o que acontecer entretanto. Ao associar a incerteza quanto às medidas que podem ou não ser aplicadas à recuperação económica está a tentar justificar-se no que respeita à estagnação e recuo da recuperação. Afronta ao Presidente da República porque o confronta com decisões anteriores quando não pediu a fiscalização preventiva de medidas. Se o fizer agora vai ao arrepio do Governo. E agora senhor Presidente o que vai fazer?
Passos afirmou ainda com grande descaramento que há "incertezas e uma certa falta de bússola". Mas afinal estes indivíduos que dizem que nos governam é que se encontram à deriva e querem sempre encontrar bodes expiatórios. Então não são eles que, antes de qualquer legislação, deveriam saber o que pode ou não estar de acordo com a constituição. Isto não é governação de um país que integra a UE, é mais ao estilo do terceiro mundo.
É bom recordar decisões anteriores do Tribunal Constitucional Alemão que, no que se refere as pensões, em 2013 equiparou as pensões à propriedade, pelo que os governos não podem alterá-las retroativamente. A Constituição alemã, aprovada em 1949, não tem qualquer referência aos direitos sociais, pelo que os juízes acabaram por integrá-los na figura jurídica do direito à propriedade. A tese alemã considera que o direito à pensão e ao seu montante são idênticos a uma propriedade privada que foi construída ao longo dos anos pela entrega ao Estado de valores que depois têm direito a receber quando se reformam. Como tal, não se trata de um subsídio nem de uma benesse, e se o Estado quiser reduzir ou eliminar este direito está a restringir o direito à propriedade. Este entendimento acabou por ser acolhido pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
Por aqui para estes sujeitos é fartar vilanagem malhar, a torto e a direito, nos pensionistas e funcionários públicos. para eles reforma do estado e cortar... cortar sempre nos mesmos.
A chanceler Merkel manifesta, na sua gestão política, mostra um grande respeito pelo Tribunal Constitucional alemão, evitando tomar decisões que possam ir contra as normas constitucionais, por cá, Passos Coelho com a sua seita e a apaniguada Teresa Leal Coelho faz exatamente o contrário, ano após ano, e só falta pedir que se suspenda a Constituição da República. Por este andar já faltou mais.
A última crise política causada pelo governo e agravada pelo Presidente da República foi fértil em tecer armadilhas ao Partido Socialista para o seu envolvimento pleno no desastre que já existia, mas agravado por Passos Coelho. A primeira caixa da armadilha continha uma cenoura para atrair António José Seguro para uma dita salvação nacional em que o PS deveria estar envolvido.
Tudo se tem passado como se alguém, segundo a própria vontade, deitasse fogo à casa e, não conseguindo sozinho apagar o incêndio que alastrava cada vez mais, chamasse tardiamente os bombeiros para o ajudar a deter o que ele próprio tinha provocado ao mesmo tempo os culpabilizava por lhe terem colocado em casa os fósforos. Recordam-se? A tal história do queremos fazer mais e ir para além da “troika”.
Numa primeira tentativa para atrair o Partido Socialista para a armadilha, Cavaco Silva mostra a José Seguro uma cenoura que só não mordeu porque se apercebeu, à última da hora, onde estava a entrar.
Após aquele primeiro esforço várias outras tentativas têm vindo a ser feitas de vários quadrantes para que o PS dê o aval às políticas que, dizem eles, ser de um governo e um de novo ciclo. Mais armadilhas e engodos serão colocados para atrair o PS a aderir ao que agora Passos Coelho passou a chamar de união nacional. O que será para ele, politicamente falando, união nacional? Seria bom que os mais jovens se informassem junto dos seus avós ou procurassem informação através de livros ou outros meios sobre o que era de facto a união nacional. A união nacional que pretendem em termos políticos é uma espécie de associação de confrades onde se pretende incluir o Partido Socialista, a UGT associações patronais e outros parceiros sociais.
O Presidente da República que começou agora a sair da sua zona física de conforto onde se tinha acomodado há muito passou agora a fazer declarações com fundinho eleitoralista de apoio ao atual governo. Volta a mencionar e a fazer apelo a um consenso, que não seria mais do que uma união nacional, onde todos seguissem em uníssono os pontos de vista que ele acha serem o interesse de todos. Onde caberiam então as divergências que caracterizam as diferentes correntes de opinião e as diferentes sensibilidades políticas, sociais e económicas? Só falta agora defender uma nova concordata com a igreja idêntica à do tempo do antigo regime de Salazar. Como dizia Ribeiro Sanches, médico e intelectual português do século XVIII “que dificuldade tem um reino velho para emendar-se…”.
A estratégia do governo, sugerida e apadrinhada por Cavaco Silva, não tem outro objetivo que não seja o de captar o PS para este círculo de medidas impopulares que o governo prepara para o orçamento para 2014, após eleições autárquicas, comprometendo-o e, com isto, obter posteriores vantagens eleitorais para os partidos do governo, especialmente para o PSD, já que o PS ficaria no mesmo saco.
A minha leitura de novo ciclo é muito linear. As eleições autárquicas estão próximas, há que convencer alguns eleitores desertores e esperar que alguns dos ingénuos que acreditaram nas promessas feitas e não cumpridas de quem atualmente nos governa, acreditem agora na reviravolta prometida. Com as más experiências que temos desta coligação e dos seus embustes, seja ela com estes ou outros elementos do governo, há apenas uma coisa em que se deve acreditar, é que, após as eleições, tudo voltará à mesma senão piorar. Gostaria de me enganar.
Para mostrarem a terra prometida do crescimento procuram agora nos números das estatísticas os mais pequenos indícios, como se tratasse de pequeníssimas sementes dispersas, para agitar como bandeira nos seus discursos encantatórios, quais sereias que conduzem os marinheiros para os recifes e aí naufragam.
Desconheço neste momento como estão a decorrer as negociações entre os três partidos PS, PSD, CDS e se estão a ser distribuídas entre eles muitas beijocas de acerto de compromissos. Ou melhor, Seguro desliga-se do discurso de propaganda partidária de Passos Coelho emitido ontem e diz, segundo a TSF, que “reage com silêncio às declarações do PM, alegando querer alcançar um bom acordo e não pretender perturbar o processo de diálogo em curso com PSD e CDS”. Quer dizer um não teve receio de criticar o PS propagandeia o partido e o Governo, o outro fica silencioso. Desculpem-me o termo, mas que raio de treta é esta?
No meio de todo este quadro de estado psíquico em que já não se tem a noção das realidades objetivas geradoras desta intensa crise que posso denominar por psicose política, José Seguro está, cada vez mais a deixar-se entalar.
Quem está com as “calças na mão” é o Governo e o Presidente da República e querem agora um salvador, não da pátria mas do Governo, e José Seguro vai nessa, embalado com promessas vãs de eleições.
É verdade que o Partido Socialista está comprometido com o memorando da “troika” porque o assinou juntamente com os outros. Mas pode perguntar-se se, quem o executou não foi este Governo? Não foi este que o alterou a seu belo prazer? Podemos até duvidar se o memorando foi bem executado por esta gente que diz que governou durante dois anos.
Tudo se passa como se duas empresas assinassem um acordo assumindo determinados compromissos e, em determinada altura, uma das empresas altera o acordo à sua maneira, assume compromissos com terceiros, não assinados por ambas as partes, e conduz a segunda empresa à falência sem que a primeira tenha sido sequer ouvida. E, agora a culpa é da primeira!
Por favor não brinquem mais connosco portugueses. Já não somos mais estúpidos.
É bom fazer comentários na televisão, cobertos por uma falsa isenção, defendendo e apoiando as políticas deste governo concordando com argumentos mais do que cansativos do Presidente da República, que só fala do que faz e do que fez, por entre alguns poucos, ainda válidos, mas esses comntadores, como diz o povo, “falam de barriga cheia”.
O Pesadelo de Relvas cartoon de Henrique Monteiro |
Os abutres atacam a comunicação social
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O que andam as oposições a fazer que não estão a prestar grande atenção ao que se está a passar à volta da privatização da RTP que tem vindo, paulatinamente, a ser preparada. O primeiro ataque à televisão pública já começou com a extinção do programa Câmara Clara” da RTP2.
A maior parte das pessoas desvaloriza e não prevê as consequências da privatização que se está a fazer que é a de preparar uma informação monolítica, pró-governamental que lhes venha a garantir a manipulação da opinião pública. O mais grave ainda é que se prepara a sua venda a estrangeiros, nomeadamente a Angola, apenas por uns trocos, através de empresa com nome disfarçado e situada na europa, país que, como se sabe onde o governo é incorrupto e de uma democracia exemplar.
Entretanto continuaremos a pagar taxas que reverterão para o comprador privado. É por isso que se fala apenas na venda de 49% da RTP mas com direito absoluto na sua administração para que o Estado, ficando com 51%, possa continuar a cobrar taxas de televisão que irão parar às mãos do privado que a comprar.
Não foi por acaso que não foi aprovada, na Assembleia da República, com os votos contra do PSD e o do CDS uma proposta para que se tornassem públicos os nomes de todos os proprietários dos órgãos de comunicação social.
Há uma falta de vergonha deste governo quando, escândalo após escândalo mantém o emplastro Relvas à frente de negociações de setores importantíssimos e estratégicos para a democracia portuguesa.
O mais grave é que o maior partido da oposição, o PS, não se tem vindo a pronunciar com mais veemência e deixando-se de declarações disparatadas como aquelas em José Seguro, afirmou que, caso de a RTP ser privatizada, quando for governo voltará atrás, nacionalizando-a, o que me parece ser insólito, já que, com os contratos que entretanto forem assinados dificilmente poderão ser denunciados.
É agora que todas as oposições se deverem empenhar em que isso não aconteça e não por trancas à porta depois de casa ser assaltada.
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