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O “grande apelo aos indecisos para colocar o PS no poder” feito pelo candidato às eleições na Madeira parece não ter resultado.

No continente, à medida que se aproximam as eleições legislativas de outubro, as sondagens mostram um elevado número de indecisos. O impacto dos indecisos aumentou entre agosto setembro (de 19,6% para 28,4%) é muito importante nos resultados eleitorais em eleições com grande nível de competição e podem contribuir se forem em grande número para fazer oscilar as previsões eleitorais. Mas quem são estes cidadãos, potenciais eleitores, e qual o seu perfil? Pode ver em: Campanha eleitoral e Debates. Comentário e opinião.

A indecisão eleitoral tem um significado e implicações relevantes em democracia. Devido às características dos indecisos as suas preferências e a sua instabilidade relacionam-se com uma menor participação e uma menor satisfação com o sistema político sendo muito importante no que respeita aos resultados eleitorais quando nas eleições mostram uma grande competição e uma tendência para uma maior dispersão do voto.

Assim, os indecisos são o alvo principal da ação de campanha eleitoral dos partidos na tentativa de os influenciar e condicionar as suas escolhas.

Podemos considerar, à exceção dos que militam num partido, dois tipos de eleitores: os determinados e os indecisos.

Os determinados ou resolutos como não conhecidos nos estudos da sociologia eleitoral podem ser assim caraterizados: os ideologicamente convictos e os seguidores partidário do tipo clubístico que em qualquer circunstância o seu voto é sempre, ou quase sempre, no mesmo sentido; os que variam o seu sentido de voto em função das circunstâncias que os afetaram direta ou, indiretamente, aquando da ação governativa do partido em que votaram; os que votam emocionalmente num partido pela simpatia ou pelo efeito presença, nomeadamente o aspeto físico do líder do partido candidato a primeiro ministro; os que transformam o seu voto numa forma de protesto face a antecedentes governativos e também ideológicos; os que conscientemente conhecem as estratégias, os programas e as propostas dos partidos e que traduzem a sua vontade no voto racional.

No segmento dos indecisos do eleitorado há os que se mantêm nesta atitude até ao momento da votação e baseiam a sua escolha eleitoral numa lógica aleatória, numa componente racional utilitarista ou numa dimensão mais afetiva. A indecisão pode ser fruto de uma maior apatia e distanciamento em relação ao envolvimento político. São eleitores muito permeáveis às campanhas partidárias. A falta de identificação partidária e ideológica reforça a indecisão da escolha eleitoral e estão mais sujeitos à persuasão pelas campanhas dos partidos.

A persuasão política e a propaganda são formas de influência social, são dois conceitos importantes na psicologia política e social que nos ajudam a compreender as complexidades do comportamento político. Podemos definir persuasão como um processo simbólico no qual os comunicadores tentam convencer outras pessoas a mudar suas atitudes ou comportamentos em relação a uma determinada situação através da comunicação de uma mensagem num contexto de livre escolha. É então um processo que tenta mudar a atitude, as crenças e os comportamentos dos sujeitos. Os partidos políticos para captarem as várias vontades dos eleitores utilizam a persuasão e a propaganda para atrair para sua esfera os eleitores que ainda não tenham uma opção.

Por sua vez a propaganda é a forma de comunicação utilizada por organizações ou pessoas para disseminar pensamentos e doutrinas, geralmente religiosas, ideológicas ou políticas. A propaganda quando aplicada com conotação negativa pode ser definida como  disseminação de ideias, informações ou boatos com o objetivo de ajudar ou prejudicar uma instituição, uma causa ou uma pessoa, ideias, factos ou alegações difundidas deliberadamente para promover a causa de alguém ou danificar uma causa oposta.

Em campanha eleitoral a propaganda abrange as ações que visam atrair seguidores ou influenciar a atitude de potenciaos eleitores. Ela busca convencer o público a adotar uma determinada atitude ou a aderir a um grupo ou ideologia particular. É também através desta estratégia que os partidos centram a sua campanha para atrair os indecisos.

“Nas últimas décadas, as democracias ocidentais testemunharam um aumento na proporção de eleitores que fazem sua escolha eleitoral no final da campanha”, Explaining Time of Vote Decision, Simon Willocq (2018).

Estudos efetuados há alguns identificaram os indecisos como eleitores sujeitos a influências contraditórias no que se refer às características sociodemográficas, atitudes políticas, como por exemplo opiniões divergentes com a família, vizinhos ou amigos e também a influências religiosas resultantes de conflitos e atitudes políticas divergentes. Foram identificados Por exemploonde se identifica um conflito entre a identificação partidária de um indivíduo e outras atitudes políticas, isto é, estes eleitores sentem-se próximos de um partido ou candidato, mas também gostam de algumas propostas de outros partidos, o que pode ser confirmado no artigo da Oxford University  Ambivalence and the Partisan Perceptual Screen.

Os eleitores indecisos são, de facto, muito voláteis e imprevisíveis. Na minha opinião um discurso político específico direcionado apenas a atrair aquele tipo de eleitores pode condicionar negativamente a atitude política de outros mais determinados na sua escolha. Normalmente o efeito da pressão sobre os indecisos pode levar a adiar a escolha de voto devida ao desconhecimento dos mecanismos internos para resolução deste conflito. Não são eleitores indiferentes ou neutros nem com falta de opinião, acontece que as suas opiniões entram em conflito com os seus critérios de avaliação.

Têm sido feitos estudos que associam este tipo de eleitores a terem uma baixa formação, menos interessados na política, com um menor nível de informação política e um nível cognitivo muito baixo e tendem, sobretudo, a reforçar as escolhas do passado. O nível baixo de informação dificulta decisões baseadas em determinantes básicos como proximidade partidária, avaliação do governo ou da economia, posição dos partidos no eixo do espetro ideológico.

Acontecimentos de segunda importância que tentam por vezes obscurecer o essencial do debate político sério durante as campanhas eleitorais, assim como temas supérfluos que surgem nos media obscurecerem também, pelo menos temporariamente, o esclarecimento sobre as propostas partidárias e resultados da governação causam entropias que confundem os pouco convictos da sua opção eleitoral.

Estudos sobre os fatores que determinam o fenómeno da indecisão eleitoral podem ajudar os partidos a operacionalizar a suas campanhas eleitorais dirigidos ao segmento dos indecisos, sobretudo quando as sondagens nos indicam elevados níveis daquele segmento.

Um outro fator a ter em conta é que, de acordo com os mesmo estudos, os paradigmas que têm explicado o comportamento dos eleitores não se aplicam ao comportamento eleitoral do eleitorado indeciso.[1]

A aleatoriedade e a imprevisibilidade são características de quem toma decisões apenas durante a campanha eleitoral. A indefinição ideológica e a não identificação com um partido político são os traços dos indecisos sem, contudo, ser uma caracterização unívoca do perfil deste tipo de eleitores.

Análises empíricas dos eleitores indecisos no caso português apontam para que são os indivíduos mais apáticos, mais distantes da área política e menos participativos para este raciocínio basearam-se na idade, na ideologia, na falta de identificação partidária e na falta de interesse pela política e, ao mesmo tempo, pela combinação de elevados níveis de educação, embora tal não tenha sido comprovado.

A indecisão não se caracteriza por ser um eleitorado homogéneo ele faz parte da heterogeneidade que é o eleitorado geral que não difere pelas características sociais, mas distingue-se principalmente pelas atitudes políticas.

[1] Lisi, Marco, 2010; idem, 2019; Freire, André et al., 2007; Simon Willocq (2018); Russell J. Dalton*

Ian McAllister** Martin P. Wattenberg ;

http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218738858V5xST4bl7Mk14EP6.pdf

 

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publicado às 17:55

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Os 29 Estados membros ficaram nos 50,5% de abstenção, a melhor votação dos últimos 29 anos, Portugal distinguiu-se pela negativa, sendo o país com o segundo pior registo de participação.

Responsabilizar os eleitores criticando-os pelo défice democrático ou pelos maus resultados é o mesmo que bater no cão que não fez o que o dono lhe pediu. Se a abstenção foi desesperadamente elevada e uma vergonha em comparação com a Europa quem deve ser responsabilizado são os próprios partido, todos, sem exceção, alguns com responsabilização acrescida.

Se há desinteresse dos eleitores pelas eleições para o Parlamento Europeu é porque durante os últimos cinco anos sobre política europeia e seus reflexos no país pouco se discutiu e falou. A comunicação social que se apressa a dar relevo às notícias da ascensão das extremas-direitas e agora à abstenção elevada em Portugal, fazendo dela o seu cavalo de batalha, levando à indução de que os ganhos ou perdas eleitorais dos partidos são a ela devidos. Mas abstêm-se a divulgar o quer que seja sobre o que se passa na Europa que diga respeito ao nosso país. O que nós defendemos o que votámos e quem e sobre o quê. Isso são temas de segunda ou terceira linha que não vende, nem rende! As televisões não dão relevância a questões tratadas no Parlamento Europeu com importância para o país. Aos partidos também não lhes interessa terem de prestar contas do trabalho dos seus deputados europeus devido a poderem ser postas em causa decisões tomadas, ficam-se por uma espécie de descomprometimento.

A RTP3 apresenta um programa com deputados dos diferentes partidos políticos representados no Parlamento Europeu, a partir da sede em Estrasburgo, mas cujo interesse para o comum dos cidadãos é irrelevante. Não se interessam porque são abordados os temas dirigidos a um segmento de população que se interesse sobre política.

O que sabemos, aqui em Portugal, sobre o que os deputados eleitos apresentados pelos partidos e que nos representam na U.E. fazem ou não fazem? E o que defendem ou não defendem?  

Se alguma coisa se conhece é quando há a recomendações emanadas do Parlamento Europeu que tenham de ser aplicadas em Portugal e, mesmo essas, pouco divulgadas a não ser as de pendor negativo.

Quando no Governo, os partidos que o apoiam preocupam-se mais em mostrar o contributo que deram para medidas que consideram positivas e que lhes possam dar créditos eleitorais. A oposição procura aqui e ali questões, por vezes irrelevantes, sem qualquer interesse para os cidadãos, chamadas de “lana caprina”, seja a que preço for.

Sobre o que se passa na Europa com o trabalho dos deputados, as decisões políticas tomadas que possam ter reflexo na nossa sociedade, os problemas importantes que lá se levantam para debater não é prestado esclarecimento satisfatório nem com clareza suficiente.

Ao longo dos cinco anos do mandato dos deputados europeus no media entram num silêncio quase absoluto. Os partidos, quer os de que apoiam o Governo quer os da oposição, salvo raras exceções, nem falam sobre tal assunto. Uns porque talvez não encarem isso como um investimento para obtenção de votos em futuras eleições, outros, os do Governo, porque pode prejudicar os votos futuros devido às leis que, por imposição de U.E., podem criar sentimentos adversos por serem desfavoráveis.

Os partidos mais à esquerda, PCP, BE e Verdes, arrastam-se em intervenções contra a U.E. para a qual, no entanto, estão dispostos a eleger deputados dizendo que a pretendem modificar por dentro. Esse discurso parece ser idêntico ao da extremas-direita.

Aqueles partidos esfalfam-se a dizer que vão fazer e defender na Europa os mesmos pontos de vista que defendem cá dentro, como se tal fosse irrealista face à composição do Parlamento Europeu. Os partidos europeístas, como o CDS, o PSD e o PS digladiam-se com questões sem importância sobre a Europa não apresentando aos potenciais eleitores propostas credíveis para defender Portugal junto do Parlamento Europeu. Viu-se como a direita PSD e CDS orientaram a sua campanha eleitoral, difamando, ofendendo, inventando, distorcendo factos, recorrendo a um passado cada vez mais distante, passeando-se lançando para o ar frases bacocas, sem impacto significativo, por vezes até agressivas, frases sem substância no seu conteúdo.

Os deputados andam por lá cerca de cinco anos sem prestarem contas aos seus eleitores do que fizeram ou do que não conseguiram fazer para que eles possam votar em consciência. Estabelece-se um vazio completo. Não há condições para que se escolham os deputados europeus em futuras listas. Os partidos apresentam aos eleitores os cabeças de lista que a maior parte dos portugueses desconhece o que vão fazer fizeram durante o seu mandato.   São apresentados do mesmo modo que são apresentados os deputados nos circos eleitorais para as legislativas.

Sobre a U.E. os media dedicaram-se nos últimos meses à questão do Brexit porque tinha impacto, logo eram notícias vendáveis, se assim não fosse, seria também um vazio sobre o assunto.

Quando chegam as próximas europeias voltam ao mesmo: os partidos debatem tudo menos o que se fizeram,  o que não fizeram e o que irão fazer no Parlamento Europeu.

Estas eleições talvez tenham servido de lição para futuras campanhas eleitorais dos partidos da direita. Os eleitores já não apreciam a chamada conversa da treta, preferem saber com o que contam no futuro, porque o passado já eles conhecem.

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publicado às 16:36

Abstenção e dispersão.png

Há uma espécie de estado de emergência que justifica que deixemos de considerar as eleições para o Parlamento Europeu como sem interesse. Essa emergência é devido a tudo o que pode colocar em perigo a construção de uma Europa unida, democrática e aberta ao mundo. A U.E. foi considerada por outros povos ao longo de décadas como o melhor lugar do mundo e uma forte comunidade de povos diferentes com uma moeda única forte e credível em todo o mundo. A nova administração dos EUA chegada ao poder com as eleições de 2016 apontou como um dos seus tenebrosos objetivos a destruição da União Europeia.

Os fatores exógenos para a crise europeia são a nova geopolítica mundial com a emergência de novas potências. Os fatores endógenos foram os relacionado com a má gestão resultantes da crise financeira que fraturou a coesão entre países, nomeadamente os considerados ricos e os pobres, a crise das migrações e os sentimentos de raiva dos povos aproveitados e alastrados pelos partidos e movimentos populistas de extrema-direita e também por alguma direita que os aproveitaram para obterem dividendos eleitorais em vários países confirmados pela sua ascensão na última década.

Os sinais de perigo advieram do abrandamento da economia europeia, do aumento das desigualdades sociais e a retração da solidariedade. A solidariedade implícita nos países da União Europeia não só foi limitada como em alguns casos eliminada. A ideia do multiculturalismo abraçada e expandida durante os anos oitenta e noventa foi sendo lançada para segundo plano e até regrediu. As causas estão nas ideias lançadas por movimentos racistas e xenófobos aliados que aliados aos egocentrismos nacionalistas originados pela crise das dívidas soberanas que afetaram os países mais frágeis e com deficiente gestão das finanças públicas.

Outro dos fatores tem a ver com a dominância geoestratégica de lideranças nacionalistas em Washington, na China e em Moscovo. A União Europeia passou a ser cada vez um parceiro secundário a abater enquanto união. Os líderes europeus que viveram a Europa durante a crise de 2008, preocupados com o seu “umbigo” nacionalista que alimentaram a rivalidade entre os países do Norte e os do Sul, perdulários e despesistas, como alguns lhes chamavam. Ainda está presente a afirmação sobre Portugal quando o holandês Jeroen Dijsselbloem, em 2017, que acusou os europeus do Sul de gastarem dinheiro em “copos e mulheres”.   

Todos os cenários são agora alimentados por incertezas sobre o destino da U.E. que são aproveitados por aqueles que sempre a quiseram destruir e se encontram agora a caminho para uma possibilidade de vitória. O seu objetivo é o de, também em Portugal, contribuírem para a sua desagregação.    

“Em vésperas de eleições europeias, o cenário mais preocupante é o da fragmentação política da Europa, com a ascensão dos partidos populistas e nacionalistas, na sua generalidade fortemente eurocépticos, e a queda das velhas famílias políticas que construíram a União Europeia desde a sua fundação.”, escreve Teresa de Sousa no jornal Público.

Estou convicto que ninguém deseja para a U.E. uma força unida de partidos da extrema-direita cujo lema é a destruição do projeto europeu que venham a ser Cavalos de Troia na Europa. Estes são os mesmos partidos que têm discursos de populistas e de mentiras que pretendem destruir a Europa. Com este tipo de discursos já existe um, embora de sinal contrário, que destruiu a Venezuela  

Ao contrário do que diz o candidato Nuno Melo da direita CDS, (que agora parece também ser de extrema-direita), não é a extrema-esquerda que está a pôr a U.E. em perigo, que o está a fazer são os partidos como aquele que ele passou a defender.   

Em Portugal não parecia existirem partidos da direita democrática que direta e ostensivamente se opusessem à Europa e se identificassem com a extrema-direita. Parece ter chegado o momento dessa aproximação da direita a esses partidos. Tal é o caso de Nuno Melo, cabeça de lista do CDS-PP às europeias para quem o partido espanhol Vox não é um partido de extrema-direita e admite que venha a integrar a mesma família política europeia do CDS e do PSD. Para Nuno Melo o Vox é um simples partido de Direita, que cabe perfeitamente na mesma família política do Partido Popular Europeu a que pertencem o CDS e o PSD.

Esta posição de Nuno Melo foi comentada por Ana Sá Lopes num editorial do jornal Público cujo título é “Vox, o partido amigo do dr. Nuno Melo” onde escreve que Nuno Melo “Tem medo que o sr. Ventura de Loures lhe vá tirar votos? Mesmo sendo o CDS o partido mais à direita do espectro nacional, esta colagem ao Vox e ao orgulho franquista não deixa de ser uma aberração.”.

Na véspera de um encontro de líderes das principais formações europeias de extrema-direita, realizado no sábado, o vice-primeiro-ministro e ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, proferiu declarações perante jornalistas estrangeiros em Milão, em que diz ser "Mais pró-europeu do que os pró-europeus” acrescentando que "Os eurocéticos são quem domina a Europa neste momento. Os antieuropeus são os socialistas o Partido Popular Europeu. Converteram um sonho num pesadelo, numa prisão.”. É este tipo de inversão de valores que os populistas da extrema-direita utilizam para captar apoiantes, sabendo eles que, se tiverem maiorias absolutas nos seus países revertem tudo quanto defendiam, como aconteceu por exemplo na Hungria e na Turquia, este último país não pretendendo à U.E.

A abstenção e a dispersão de votos nas eleições da próxima semana para o Parlamento Europeu podem resultar numa vitória da extrema-direita que critica e está contra tudo, e diz, ao mesmo tempo, tudo poder resolver. Não sabemos é como!

A extrema direita populista não faz parte da solução é a parte do problema.

Pode também ler aqui sobre a extrema-direita.

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publicado às 16:26

Extrema direita_lideres_eleições.png

A decisão destas eleições encontra-se em muito na mão da população mais jovem que terão de escolher entre uma União Europeia construída em liberdade e com sacrifício e a sua destruição a troco de nada. Uma das respostas é evitar a abstenção.

As eleições europeias apresentam-se mais importantes do que as do passado. Quem preza a democracia no seu país deve contribuir para a preservar também no contexto europeu onde nos inserimos e só há uma forma: votar.

Isto por causa do atual contexto político, e da possível saída do Reino Unido e, ainda, devido a problemas regionais, como é o caso da gestão das fronteiras externas da União Europeia.

A abstenção nas eleições não é a saída para os problemas da U.E., bem pelo contrário, eles apenas se resolvem com a votação em massa nos candidatos que os podem resolver para não deixarmos os que fazem afirmações populistas prometendo modificá-la por dentro criando entropias no seu funcionamento com objetivos tendentes à sua desagregação.

Os jovens que circulam livremente pela Europa, quer através do programa Erasmus, quer através de qualquer outra forma com motivações várias, devem ser os primeiros a tomar consciência da gravidade da situação que pode advir do Parlamento Europeu vir a ter maioria dos partidos que pretendem limitar essa liberdade de circulação ao conseguirem impor nacionalismos exacerbados e outras limitações à liberdade dos cidadãos.

O resultado destas eleições encontra-se muito na mão da população mais jovem que terão de escolher entre uma União Europeia construída em liberdade e com sacrifício, que, de certo, deve ser melhorada, e a sua destruição a troco de nada. E a única forma é evitar a abstenção.

Os mais velhos que viveram a nossa adesão à comunidade das nações europeias se forem honestos podem ver quanto o nosso país progrediu e as melhorias lhes lhes trouxe apesar de alguns saudosistas do passado , à esquerda e à direita, pretenderem que Portugal volte à política do orgulhosamente sós com a saída da U.E. 

O referendo que trouxe o Brexit ao Reino Unido é o exemplo paradigmático do que aconteceu com um país rico e que está a braços com uma aguda crise política onde as sondagens dão a maioria a um partido o Brexit de Nigel Farage que nada tem para oferecer e que apenas aposta nos problemas que o Brexit tem trazido ao Reino Unido. E depois do Brexit que partido passa a ser este? O de oferecer soluções enganosamente simples para problemas complexos?

Passou a ser moda a imitação de Trump. Farage imita-o fazendo crer que vai tornar a Grã-Bretanha grande novamente. Um elevador direto da cartilha de Donald Trump.

Aquando do referendo “os mais jovens, 70% votaram pela permanência. Os eleitores mais velhos, que votaram pela saída, não estarão vivos para ver as consequências”. A decisão destas eleições encontra-se assim na mão da população mais jovem e de mentalidade aberta.

Os que tendo responsabilidades políticas falam contra aqueles a que chamam burocratas de Bruxelas, dos défices democráticos na U.E. e contra os que lá se encontram, dizem, não foram eleitos democraticamente são tudo mechas demagógicas e populistas. A estes, quando se lhes perguntam quais as alternativas atuais para alterar a situação nada dizem ou, então, dizem que concorrem às eleições para modificar por dentro a U.E. Sabemos bem o que significa, para eles, modificar a U.E. por dentro! O partido Brexit lança um fluxo de mentiras sobre traição e humilhação.

A desvalorização e a abstenção nas eleições europeias é como perdermos o nosso cartão de débito ou crédito com o código PIN escrito no próprio cartão. Mais tarde ou mais cedo alguém se irá aproveitar. Neste exemplo não sabemos que poderá vir a utilizá-lo, no caso das eleições sabemos bem que são os que se irão aproveitar. Não votar nas eleições europeias é uma espécie de cheques em branco passado aos partidos que se irão sentar no Parlamento Europeu.

O que temos de fazer é, com as eleições ajudar a bloquear a tentativa através dos meios democráticos disponíveis para que partidos radicais de direita se coloquem em maioria no Parlamento Europeu.

Em Portugal há dois partidos europeístas com representação relevante que poderão estar em linha para ganhar as próximas eleições são eles o PSD e o PS. O CDS será apenas uma ajuda à mão do PSD.

Na U.E. existem vários grupos ou famílias políticas onde os partidos europeus se incluem. Os grupos onde os dois partidos portugueses mais influentes estão incluídos são o PPE – Partido Popular Europeu* onde estão incluídos o PSD e o CDS e o S&D - Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas** onde se inclui o Partido Socialista.  

Para contrabalançar o peso da extrema-direita e do populismo no Parlamento Europeu que é o órgão legislativo da EU e é diretamente eleito pelos cidadãos europeus de cinco em cinco anos  só o grupo dos partidos do centro-esquerda como em Portugal o PS - Partido Socialista poderão, para tal, contribuir, já que o PSD, em algumas circunstâncias, aproxima-se de algumas das posições tomadas no Parlamento Euroipeu estando do lado dos partidos da extrema-direita

______________________________________________________

*Reúne, no essencial, Eurodeputados do centro-direita, favoráveis ao aprofundamento da integração europeia, mitigado pela subsidiariedade na repartição de poderes (isto é, seguindo a máxima “a Deus o que é de Deus, a César o que é de César”, o PPE é favorável a que os Estados mantenham na sua mão a atuação numa série de domínios sobre o quais a UE não tem ação exclusiva) e ao equilíbrio das contas públicas. Sendo o maior grupo político – e partido – há muito tempo, o PPE tem dominado e direcionado grande parte das questões europeias fundamentais deste século. Internamente, o partido tem vindo a lidar com críticas pela “tímida” condenação das políticas de Viktor Órban, Primeiro-Ministro Húngaro e membro do partido. Manfred Weber, líder do grupo parlamentar, é o candidato do partido à presidência da Comissão. São membros os MEPs do PSD e do CDS-PP e ainda José Inácio Faria (inicialmente no ALDE).

**Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D) – representam o contraponto do PPE à escala europeia e em grande parte dos Estados-membros, tendo conseguido a maior representação no Parlamento Europeu até 1999. Inclui membros de partidos sociais-democratas, principalmente de centro-esquerda. O partido político europeu a que pertencem é o Partido Socialista Europeu (PES). As principais prioridades são o aumento do emprego, a aplicação de um modelo redistributivo da economia e o desenvolvimento sustentável. Juntamente com o PPE formam o grande bloco decisor – e decisivo – das principais políticas europeias ao longo dos tempos. São membros os MEPs do PS.

 

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publicado às 18:00

A essencial derrota

por Manuel_AR, em 21.08.15

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É essencial que no dia 4 de outubro seja infligida uma derrota significativa à coligação no Governo, por dois motivos também essenciais. Em primeiro lugar para se mudarem as políticas seguidas nos quatro anos do Governo de Passos Coelho que, ainda há bem pouco tempo, reafirmou que eram para continuar. Ao mesmo tempo, mostrar que há outras vias que não a duma direita neoliberal retrógrada submissa ao estrangeiro que não tem mostrado qualquer espécie de dignidade. Aliados na Europa sim, mas sem subserviência. Em segundo lugar, para que o PSD renove a sua liderança e retire de campo esta rapaziada fogosa que tem atormentado o país.

A irresponsabilidade pode ser de vários tipos. Os que não reconhecem a autoria do que fizeram: “não fomos nós, foram os outros”. Outros dizem: “não fomos nós foram as circunstâncias” o que de certo modo os pode desculpar. Ao fazermos escolhas que nos vão governar durantes quatro anos somos por vezes empurrados pelo sistema político e económico vigente e pela sua propaganda, influenciados pelo exemplo de outros como vizinhos, amigos e familiares, que fazem também a suas campanhas privadas onde prevalecem medos, ignorância, falta de informação política, a não ser a que lhes “vendem” e que condicionam as nossas opções e liberdade de escolha que deve ser só, e apenas nossa. Quando admirados perante os resultados o abstencionista afirma que não sabia que seriam estes os resultados da sua ação e não se considera responsável por eles. Mas também foi.

Não podemos ser apenas meros sujeitos arrastados pelas circunstâncias e propaganda que nos impingem. Só seremos verdadeiramente livres em democracia se expurgarmos os medos e os fantasmas com que nos ameaçam e fazermos escolhas de acordo com a nossa consciência e não de acordo com a dos vizinhos ou amigos.

Neste momento a opção é escolhermos entre continuar a ficar encarcerados numa prisão, vigiada pelo mesmo carcereiro, que nos diz que iremos mudar para uma cela melhor sem ter mais celas disponíveis, ponto de vista da coligação ou, então, matar o carcereiro (em sentido figurado, claro) para lhe tirar as chaves e sair em plena liberdade.

Para bem da nossa democracia o PSD da coligação deve perder as eleições para se renovar e poder recuperar as suas raízes de modo a voltar a ter a credibilidade que perdeu com a gente que o capturou para seu interesse pessoal e político e que tem prejudicado o partido pela ânsia de poder. Não necessariamente regressando a um passadismo, mas aproveitar os jovens com honestidade política e fiéis à matriz social-democrata. Estou à vontade para o dizer convicta e desinteressadamente porque não pertenço a essa área ideológica e partidária.

O PSD necessita de uma renovação por dentro e de renovação do discurso para fora. Como, com a atual liderança não se consegue renovar por isso pede continuamente, tendo como suporte a Presidência da República, (agora perto das eleições com menos insistência), compromissos e consensos, muletas necessárias para a sua sobrevivência enquanto partido que pretende continuar a ser poder.

Quanto ao CDS e a Paulo Portas vale mais que se mantenha do que vir outro pior que por lá apareça para ocupar o lugar. Pelo menos, Paulo Portas, sempre nos vai divertindo com a sua linguagem anafórica e com as tuas tiradas eloquentemente demagógicas e  demissões irrevogáveis.

O distrito de Viseu, onde me encontro de momento, é um caso de estudo. No que respeita à votação nas várias eleições, exceto nas legislativas de 2007, o PSD tem obtido sempre a maioria de votos.

Particularmente, fora do centro urbano Cavaco Silva deixou o seu cheiro que perdura e perdurará anos. É um cheiro a mesquinhez, bacoquice, conservadorismo levado ao extremo. O povo do distrito é politicamente acrítico e visceralmente conservador no que respeita à política do PSD. O seguidismo acéfalo pelo velho líder Cavaco que na altura se formou tem-se reproduzido ao longo dos anos. Se houvesse um partido que defendesse uma “democracia musculada”, seja lá isso o que for, era lá que Cavaco Silva estaria. Não é por acaso que o distrito é conhecido por “cavaquistão”. 

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publicado às 17:29

 

 

 Não podemos deixar que esta direita marque pontos a seu favor. Estar atento ao que se passa é uma missão de cidadania, portuguesa e europeia.

Os portugueses vão às urnas dentro de duas semanas para eleger o Parlamento Europeu pela quinta vez desde que é membro de facto da União Europeia.

A participação em eleições anteriores tem sido muito caracterizada pelo abstencionismo. Apenas em 1987 foi a mais baixa, apenas com 27,5%, a partir daí tem vindo sempre a crescer rondando em média os 62%. Isto significa que o que há um pensamento em que prevalece a ideia de que União Europeia está muito longe e em nada influencia a vida em Portugal. Nada mais enganador. Tivemos ao longo dos três últimos anos a prova disso.

Este ano todos devemos ir votar contribuindo assim para que a abstenção diminua o que pode vir a beneficiar este Governo. Como sabemos e temos vindo a sentir por experiência própria a União Europeia não é uma coisa que está muito longe e que em nada interfere connosco. A crise que atravessamos em Portugal tem sido gerida e, não raras vezes agravada, pelo domínio de uma direita neoliberal à qual pertence Durão Barroso e segue tudo quanto lhe é imposto.

A família da direita neoliberal detém uma maioria no Parlamento Europeu que requer, sem demora, seja substituída. Só desta forma alguma coisa poderá mudar na europa e, consequentemente, em países como Portugal.

Os presidentes da Comissão Europeia, com o fim do mandato de Durão Barroso, serão selecionados pelos partidos políticos.

A direita europeia cerra fileiras em todas as frentes para fazer acreditar no sucesso da austeridade nos países do sul e que ela conduziu ao sucesso da recuperação económica nesses países. Basta estarmos atentos aos números estatísticos, às vezes até contraditórios, e às declarações que nos chegam de todos os lados da U.E. e que pretendem demonstrar o sucesso do ajustamento. Até na Grécia passou a estar tudo bem.

Segundo o Le Monde, na abertura da campanha eleitoral do seu partido CDU, Angela Merkel congratulou-se pela saída progressiva da crise na zona euro dizendo que "Estou feliz por termos decidido que a Grécia devia permanecer no euro. A Grécia tomou um caminho difícil, mas nós estavam ao seu lado.". Não é de admirar que, após as eleições, tudo volte ao passado e já nada seja outra vez como é gora.

Por outro lado, há que ter em vista que os partidos da extrema-direita como o de Marine Le Pen da França com o seu discurso social-populista e Geert Wilders da Holanda com o discurso autocrata e xenófobo, pretendem também ganhar o maior número de lugares no Parlamento Europeu.

Faz falta a Portugal e à Europa um novo despertar de modo a bloquear as tentativas que têm vindo ser feitas para a manutenção e reforço no Parlamento Europeu das direitas liberais e neoliberais, alguns com traços autocráticos, com prejuízo, em especial, para os países do sul.

A todos cabe a missão de defender a Europa e fazer soar os toques de rebate. São os jovens e os que agora têm entre quarenta e cinquenta anos e mais que beneficiaram de tudo quanto a Europa ajudou a trazer, desde infraestruturas, passando pelo Estado social até ao elevado nível de escolaridade obtido, e que julgam, erradamente, que são dados como adquiridos. Os últimos anos de governação em Portugal têm demonstrado o contrário pondo tudo em causa e querendo fazer-nos recuar quase aos níveis da pré-adesão.

Não podemos deixar que esta direita marque pontos a seu favor. Estar atento ao que se passa é uma missão de cidadania, portuguesa e europeia. Abstermo-nos é deixar que outros decidam por nós.

 

Composição atual do Parlamento Europeu 

 

 

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publicado às 23:59

Condicionamento pré-eleitoral

por Manuel_AR, em 27.09.13

Uma coisa é certa, a abstenção não é solução, votar na manutenção dos que têm conduzido e vão continuar a conduzir o país para o abismo também não é. A mudança por vezes é necessária até ao nível do poder local afeto ao regime.  

 

Os partidos da coligação, nomeadamente o PSD o CDS e o chefe do executivo Passos Coelho, têm vindo a fazer dos portugueses parvos e, mais uma vez, tentam manipulá-los com a tática do medo, da insegurança e da instabilidade.

Nos períodos que antecedem atos eleitorais proliferam as agências de rating e personalidades cimeiras de organismos internacionais que fazem comunicados, “press releases” e outras formas de intervenção tentando dar uma ajudinha através do condicionamento pré-eleitoral que possa ir de encontro aos interesses da direita. Apareceu em Portugal há poucos dias, por coincidência (?), o secretário-geral da OCDE que fez declarações, muitas delas num registo de elogio à ação do governo. O mesmo acontece com a esquerda que, a maioria das vezes, produz ideias contraditórias à semelhança do governo, repetindo até à exaustão as mesmas propostas pouco claras, causando confusão e ruído nas mensagens.

Estamos no âmbito da teoria do condicionamento social segundo a qual o ambiente social como a família, o emprego, e outros, que incluem formas de manipulação como a publicidade e a propaganda política, influenciam e modelam o comportamento dos indivíduos.

Condicionar os eleitores é objetivo fundamental para os enganar induzindo-os a uma opção de voto que mais convenha ao manipulador. Todos os partidos tentam o mesmo, mas, o caso mais paradigmático tem sido o do governo de coligação PSD/CDS que a utiliza para atingir os seus fins, centrados na manutenção do poder a todo o custo, e tentando evitar o mínimo abanão possível nas eleições autárquicas.

Preferem suscitar reações afetivas fortes na expectativa de, não só captar a atenção, mas também de mudar a atitude e o comportamento político dos eleitores de forma captar o sentido do voto em vez de sobrecarregarem os recetores das mensagens com argumentos intermináveis. As mensagens persuasivas que são emitidas, especialmente durante a campanha eleitoral, apelam aos sentimentos e às necessidades das pessoas têm um objetivo óbvio.

De acordo com estudos efetuados provou-se que os sujeitos gostam tanto mais de um estímulo quanto mais vezes o vêm ou ouvem. É a teoria da exposição simples segundo a qual, uma maneira simples de modificar as atitudes das pessoas consiste em apresentar-lhes o mesmo estímulo muitas vezes.

Vamos então ver como poderá ser feito o referido condicionamento pelo que é necessário esclarecer alguns conceitos no domínio da psicologia social. Quem já ouviu falar no cão de Pavlov e do reflexos condicionados sabe à partida o que isso significa. Contudo, o condicionamento pré-eleitoral de uma sociedade já não tem origem em reflexos mais ou menos condicionados, é mais sofisticado, vai mais longe e tem outros objetivos. Entra-se então no domínio do instrumental ou operante.

É uma espécie de engenharia eleitoral em que, através de um esquema de reforços, se podem arquitetar alterações comportamentais de modo a poder fazer infletir, em certa medida, o sentido do voto dos eleitores. O propósito seria então moldar os indivíduos para melhor refletirem sobre os objetivos determinados por um partido, um governo, um grupo ou uma pessoa.

O que se pretende é condicionar a votação através do chamado condicionamento instrumental ou operante cujas respostas denominadas operantes, que dependem do sujeito mas que operam no ambiente para realizar uma mudança que leva à recompensa. Deste tipo de ambiente exterior ao sujeito fazem parte, entre outros, a difusão pelos órgãos de comunicação, em especial a televisão através da emissão de comunicados, reportagens, entrevistas, intervenções e até notícias que poderão servir de estímulo para a obtenção de uma determinada resposta.

Nos casos que se irão abordar e que têm estado mais presentes são que se pode designar por medo condicionado. Os estímulos puxam por um lado à racionalidade e, por outro, às emoções. Neste último caso é a fragilidade que é utilizada. Com o receio de perderem ainda mais regalias ou direitos sociais e cortes nos seus rendimentos, colocam de lado a racionalidade e votam tendo presente o medo como suporte.

Meter medo para convencer ou avançar com ilusões efémeras de crescimento ao mesmo tempo que faz cortes sociais e aumenta a austeridade é uma das táticas utilizadas por este governo ao mesmo tempo que fala num segundo resgate. Por sua vez para Paul Portas o ténue crescimento deve ser apenas um exercício de fé. Nada mais fácil do que encontrar exemplo nas declarações do primeiro-ministro por vezes até contraditórias com as que prestou em momentos anteriores dependendo das circunstâncias. Os exemplos que pendem agora são os da ameaça do segundo resgate, de medidas mais gravosas que serão tomadas se determinado diploma não for aprovado, ameaças de bancarrota para atemorizar parte da população, etc..

Outro exemplo caricato, como antítese à do medo, é o caso do candidato da direita para a Câmara de Lisboa que, através de cartazes espalhados pele cidade, oferece tudo no que respeita à proteção o que, em princípio, qualquer cidadão não acredita ser possível, nem mesmo em tempo de vacas gordas, quanto mais em tempo de vacas magras.

É a teoria da motivação aplicada dirigida ao instinto de proteção dos indivíduos. Isto é, as pessoas estarão mais motivadas para tomar determinada opção se a ameaça é real, criando a ideia de que fica em perigo se não fizer nada e que existem comportamentos que estão ao alcance que permitem reduzir os riscos de modo substancial. Assim, provocando sentimentos negativos, pode-se contribuir de muitas formas para reforçar o impacto de uma mensagem.

A exploração dos sentimentos de insegurança e instabilidade na população tem sido óbvia com este governo desnorteado que, à falta de argumentos claros e sólidos, utiliza a tática do terrorismo comunicacional. O que pretende é despertar na população emoções negativas sobre determinados grupos sociais ou profissionais que possibilitem justificar medidas impopulares que dirige apenas a alguns grupos alvo mais frágeis, sempre os mesmos, ou, até, para justificar decisões ou leis que foram rejeitadas por colocarem em causa a lei fundamental do país.

Veja-se, por exemplo, os seguintes casos: o primeiro-ministro menciona o perigo de um segundo resgate caso não sejam aprovadas medidas, mesmo que inconstitucionais e rejeitadas pelo Tribunal Constitucional, culpabiliza o Tribunal Constitucional por não deixar passar diplomas que vão contra a Constituição, utiliza argumentos para colocar os cidadãos contra aquelas decisões, lança para a opinião pública a ideia de que a Constituição é um estorvo e noutras declara que ela não é em si mesmo um problema, mas sim a sua interpretação.

A questão da interpretação da Constituição merece umas linhas porque não se percebe se, o que alguns senhores pretendem é que a lei fundamental possa ser interpretada conforme os interesses, a ideologia e as páticas mais ou menos democráticas, de quem está no poder. Segundo os argumentos dos iluminados dos partidos da coligação, num ano, porque A está no poder e quer implementar uma medida, faz-se uma interpretação, no ano seguinte, ao ficar B no poder far-se-ia outra interpretação. Fará isto sentido? Parece caricato mas pensamento idêntico tem o senhor bem-falante do PSD, Paulo Rangel, que tem a convicção de que a Constituição pode ter várias interpretações. Então se ela deve ser interpretada ao sabor dos governos qual a razão para a sua existência? Mas aquele senhor disse mais, que o Tribunal Constitucional da Alemanha, cujas decisões são por todos respeitadas e não postas em causa são, para ele, um exagero.

As opções que tomamos em situações eleitorais pode ser resultado de um conjunto particular de estímulos que nos foram sendo impingidos. Atualmente, a difusão de informação pelos órgãos de comunicação, muitas das vezes confusa e contraditória, controla o nosso comportamento. Muitas das pessoas já não são dirigidas pelos seus ideais, emoções pessoais fortes ou por ideias profundas mas pelo que diariamente lhes oferecem as televisões, órgão envolvido por excelência no condicionamento de atitudes e comportamentos através de reforços proporcionados. Técnicas de comunicação que produzam mudanças de comportamentos eleitorais significativos são utilizadas sem que o cidadão comum se aperceba que está a ser manipulado. Outras, são tão evidentes que cheiram a manipulação a distância, caso já anteriormente referido da campanha da coligação de direita à Câmara de Lisboa.

Votar nas eleições, segundo as convicções e valores pessoais e sociais de cada um, é um dever, com a devida distância do que possam dizer os arautos da propaganda para a sua manutenção no poder. Há que filtrar sempre o que nos dizem os detentores do poder e os órgãos de comunicação. Uma coisa é certa, a abstenção não é solução, votar na manutenção dos que têm conduzido e vão continuar a conduzir o país para o abismo também não é. A mudança por vezes é necessária até ao nível do poder local afeto ao regime.  

 

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publicado às 22:47


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