Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
O Presidente da República Cavaco Silva ao mesmo tempo que desprestigia uma distinção honorífica que devia ser dada apenas a quem se distingue por excelência quer por serviços prestados à sociedade, quer por trabalhos ou influência social, política ou econômica que lhes confiram esse prestígio, fica "aliviado" com a venda da TAP. Mas alívio porquê? Estaria ele aflito com algo sobre a TAP?
Cavaco Silva transformou o que devia ser a sessão solene das condecorações numa espécie de feira do relógio onde tudo se vende ao desbarato.
Condecorou o alfaiate, digo estilista, da "sua esposa" com uma comenda. E porque não a peixeira, com todo o respeito que tenho pelas peixeiras que me vendem sempre peixe fresco, e o meu talhante que me corta uns bifes de qualidade (não todos os dias, porque estou impedido disso, pelo menos diz a senhora Jonet) e poderíamos ir por ai fora.
Este absurdo é muito bem analisado por Carlos Esperança quando diz "O que surpreende não é a condecoração cair num estilista, é a distinção incidir no da mulher do PR e ser atribuído o mais alto grau de uma das maiores condecorações. Assim, estranha-se que tivessem sido ignorados o sapateiro, a manicura e o cabeleireiro e esquecida a Ordem de Mérito Empresarial, Classe de Mérito Comercial, ao vendedor de frutas e legumes para o Palácio de Belém ou a comenda do Mérito Industrial para o fabricante e fornecedor de pastéis de bacalhau."
Este PR é uma caso perdido e a sua senilidade começa a ser evidente e os seus assessores não o sabem aconselhar ou, então, não servem para nada e apenas recebem o ordenado da função pública, porque ele é que ditatorialmente impõe o que quer, e pronto.
Caprichos de um Presidente cujo perfil eu vejo sem isenção, comprometido com o Governo, partidário que complementa e reproduz as narrativas do Governo e se compraz em vingar-se dos seus adversários ou de quem se lhe oponha ou o contrarie. Basta ler com atenção o seu discurso de posse deste seu segundo mandato.
Até hoje ainda não me deu oportunidades para reconhecer as suas virtudes enquanto ator político. Sim político, porque a função dele é também política, embora seja a única coisa de que se quer distanciar. Faz de conta parecer que está acima dos políticos e da política. Não está acima dos partidos, ele está com os "seus partidos".
O senhor PR engana-se, é político e dos maus ao afirmar-se e ao demonstrar nas suas intervenções que não é Presidente de todos os portugueses.
Um verdadeiro Presidente da República, quer seja eleito por 40% ou 50% ou qualquer outro número que o colocasse em Belém deve ser o Presidente de todos, mesmo daqueles que não lhe deram o seu voto.
A visão de Cavaco Silva sobre a presidência sempre foi enviesada. E com aproximar das eleições legislativas só falta que pegue numas bandeirinhas do PSD e do CDS e se ponha a acená-las da sua varanda.
O discurso do Presidente da República, Cavaco Silva, que ouvi no dia 10 de junho, nada trouxe de novo. Foi mais do mesmo. Foi um discurso redundante e repetitivo. Quem o ouviu terá com certeza verificado que a segunda parte foi muito idêntica à primeira, isto é, o regresso ao passado recente do ano 2011 com avisos repetidos para não cair no mesmo erro do passado. Serão os erros cometidos quando ele foi primeiro-ministro durante dois mandatos (agricultura? pescas? indústrias destruídas ?...).
É a pessoa dele que defende e nunca perdoou a José Sócrates ter sido desconsiderado e relembra a situação sempre que pode fazendo finca pé nos pedido de assistência financeira.
As palavras de Cavaco Silva neste ponto pareceram tiradas de um qualquer comício da coligação durante a campanha eleitoral para as europeias. Uma análise de conteúdo comparativa e aturada entre o discurso que o Presidente enunciou e os do Governo decerto se encontrariam muitas "palavras-chave" idênticas, cujo objetivo seria o de não se afastar muito do rumo seguido por este último.
A mensagem que quis deixar passar foi igual à do Governo, dos seus apoiantes e comentadores com apenas umas pinceladas de referência ao Estado Social, ao Serviço Nacional de Saúde, aos desempregados e aos que foram mais afetados pelas medidas de austeridade. No restante poderíamos afirmar que, até nos termos que utilizou, parecia estar a ouvir-se Passos Coelho e os membros do seu Governo.
Ao referir-se à saída do programa de assistência (saída da troika) e em esperança que se abre foi uma espécie de palavreado do tipo Paulo Portas. Apenas faltaria ter sido colocado um relógio em contagem decrescente, também na Presidência. Quanto aos ataques ao Tribunal Constitucional nem meia palavra.
O apelo ao consenso entre os principais partidos, coisa que comentadores e jornalistas da área do Governo, apoiam foi mais uma treta do costume e como se isso fosse oportuno e possível neste momento e com este Governo. O Presidente sabe muito bem que o objetivo é entalar o PS colando-o ao futuro orçamento para 2015 e, sendo ano de eleições, minimizar os prejuízos aos partidos da coligação e, se possível, colocá-lo em segundo lugar. Esperemos que não caia nessa armadilha.
O discurso do Senhor Presidente da República no 10 de junho de 2013 merecia uma análise de conteúdo como aquele que elaborei quando da mensagem de natal de Passos Coelho. O trabalho seria em vão e trataria por ventura conclusões ainda mais tristes. Limito-me portanto a comentar.
Ao começar o seu discurso o Presidente Cavaco Silva referiu-se às fortificações da cidade de Elvas como símbolo da resistência ao adversário espanhol, contudo, esqueceu-se que deu cobertura à extinção do importante feriado que comemorava a Restauração da Independência de Portugal que esteve durante sessenta anos sob domínio dos Filipes de Espanha.
O Senhor Presidente da República faz-me lembrar um mágico de feira que, no palco da sua tenda, tenta distrair o público com ilusionismos cujos truques são mais do que conhecidos. Exibe a manga de um braço distraindo os olhares menos atentos para, com o outro, manipular o objeto do seu truque e, de seguida, tirar coelhos da cartola.
Aproveitou as comemorações para vir a terreiro mostrar as suas habilidades de “entertainer”, agora com o discurso do otimismo contra o pessimismo, da união entre os portugueses, da agricultura como jardim das maravilhas, com o pós-troika e, sobretudo, ao contrário de qualquer mágico, o Senhor Presidente veio relevar mais a sua pessoa auto elogiando-se e justificando-se.
Volta-se agora para a agricultura esquece-se do mar . Em 21 de outubro de 2010 afirmava a importância de "…abraçarmos novas causas, principalmente em momentos de crise. É vital desenvolvermos novas ideias de negócio, com vista a construir novas indústrias e serviços. O mar deve ser uma dessas ideias."
Em 21 de novembro de 2011 apelava para a necessidade de “olhar para o que esquecemos nas últimas décadas e ultrapassar os estigmas que nos afastaram do mar, da agricultura e até da indústria”. Ao falar de esquecimento, esqueceu-se que foi primeiro-ministro entre 1985 e 1995 e que surgiu nesses mandatos o problema do abandono daquelas atividades.
Nega agora a evidência e tenta “desfazer equívocos” sobre a destruição da agricultura e a perda da nossa capacidade produtiva naquele setor dizendo que “afirmar que a adesão de Portugal às Comunidades implicou a destruição d mundo rural e a perda irreversível da nossa capacidade produtiva no setor primário” é “completamente desfasado da realidade”.
Quanto ao pessimismo disse e passo a citar “Se há quem pretenda alimentar o pessimismo e contribuir para o desânimo dos portugueses, sentimentos que a nada conduzem, para isso não contarão comigo”. Esta afirmação apenas demonstra o total desconhecimento da realidade portuguesa nestes dois últimos anos. Não saberá este senhor presidente que o desânimo e o pessimismo que se instalaram nos portugueses, neste últimos dois anos, são da responsabilidade deste Governo e não de alguém em abstrato? Quererá, por acaso, o Senhor Presidente dizer que os portugueses andam pessimistas, descontentes e desanimados apenas e porque alguém lhes alimenta esses sentimentos? Ou, não será antes porque o Governo, que descaradamente tem apoiado, lhes cai em cima sem dó nem piedade sem quaisquer esperanças num futuro próximo, a não serem promessas virtuais, a um prazo que não se avista e em que já estaremos todos mortos?
Vai longe o tempo em que o Senhor Presidente avisava o Governo, a propósito das medidas de austeridade propostas pelo Orçamento de 2012, de que "Há limites ao sacrifício que se pode pedir às pessoas".
Numa retórica desproporcionada e desproporcional no tempo, faz apelo ao passado recordando a miséria que existia no tempo da ditadura há mais de sessenta anos (faz-nos lembrar César das Neves em alguns dos seus escritos), como se isso nos libertasse do pessimismo e desânimo. Isto apenas faz recordar os discursos ocos de Américo Tomaz numa altura em que, de facto, o Presidente a República era um pau-mandado.
Fazendo apelo à união dos portugueses esqueceu-se, mais uma vez, de que o grande causador da divisão dos portugueses é o Governo do qual é protetor. Afirmou numa entrevista à RTP1 que “não há desestruturação social” que dizem existir em Portugal, o que vai no sentido contrário ao que disse Silva Peneda no mesmo dia. Mais uma vez tenta passar falsas mensagens. Existe sim é uma falsa coesão, a ser gerida pelo desânimo e pelo medo das pessoas perderem o pouco que ainda têm. Ninguém sabe neste momento o que lhes pode acontecer. Ninguém sabe se ainda terá emprego na semana seguinte ou se lhe vão cortar no rendimento.
Coisa ainda mais estranha é que Cavaco Silva diz não querer ter qualquer nenhum papel político. Como se o papel de Presidente da República, eleito por sufrágio direto e universal não tivesse um papel político do mais alto nível. Não se percebe então o que é que tem andado a fazer!
Não há um tempo de “troika” e um tempo de pós-troika. Ao afirma-se que este programa que está a ser seguido é o programa do Governo é óbvio que se está a preparar também o pós-troika. Ou será que o programa que o Governo tem estado a seguir deixará de estar em vigor após a “troika” ter saído de Portugal, se sair!? O pós-troika não vai acontecer. Podem os elementos que a compõem deixar o país mas ela existirá pairando sobre as nossas cabeças via programa deste Governo se continuar e funções. Ainda muita coisa vai acontecer incluindo um novo resgate ou qualquer coisa idêntica com outra designação.
Tudo isto não é mais do que uma encapotada campanha pré-eleitoral de apoio ao Governo por parte da Presidência da República.
Pensando bem, ao reler os discursos do Presidente Cavaco e pelo que tem vindo a público nos últimos tempos, acho que sem qualquer pejo revela que tem vindo descaradamente a apoiar o Governo sem o distanciamento que lhe adviria do cargo de Presidente da República que deveria ser de todos os portugueses.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.