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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Andamos todos às escuras em relação aos dados que nos são fornecidos sobre a evolução da covid-19. Com isso o Governo talvez pretenda ocultar o que se passa na realidade. Se no início da pandemia acreditávamos na informação nos eram diariamente comunicados através do boletim diário da DGS e transmitido na hora nobre dos jornais televisivos hoje nem por isso, apresentam-nos dados gerais em valores absolutos e ficando sem se saber a informação ao nível desagregado.
As conferências de imprensa diárias da DGS parcialmente divulgadas pelos canais televisivos passaram a ser uma seringação sem qualquer interesse diariamente repetitivos até à exaustão e pouco esclarecedoras. Para “encher pneus” gasta-se tempo a informar sobre os lares como se fosse ali que o problema da covid-19 se concentrasse e lá fossem originados os surtos. Mais parecem manobras de diversão para distrair do que se passa na realidade do país sobre o surto pandémico.
Não pretendo com isto dizer que não se dê importância aos lares de idosos, é de facto importante e os problemas que varrem essas instituições devem ser resolvidos. Mas não é de lá que saem os problemas, o vírus não se gera nos lares, é transportado de fora para dentro provocando surtos epidémicos nos que não têm nem tiveram qualquer intervenção no caso. Após a entrada nesses locais por transmissores é evidente que também saem posteriormente para o exterior.
A população anda mal informada faltam dados importantes que não são divulgados por interesses de pura política. A não divulgação de dados desagregados ao nível da freguesia é justificada porque leva a estigmas entre as populações. Há neste argumento algo de hipocrisia. Parece que é preferível deixar a população circular em roda livre por locais com um grau elevado de potencial contaminação do que fazer alertas nessas freguesias e nas que se encontram à sua periferia. A informação não seria isso uma forma, também ela pedagógica, de levar as pessoas dessas freguesias incluindo nas periféricas a adotarem comportamentos que não sejam de risco e a protegerem-se quando para ali se deslocavam ou, inversamente, as que delas saiam. A demarcação era feita pela precaução dos próprios cidadãos ao circularem nesses locais e não por confinamento parcial imposto.
Vejamos então alguns dos dados que a DGS não divulga. Não estão disponíveis o número diário de surtos ativos e a sua localização, assim como os dados sobre os principais locais onde o contágio está a ocorrer, dados que serviriam para alertar e tranquilizar a população. A identificação de setores profissionais onde a transmissão ocorra com mais frequência. O número de óbitos por concelho não é conhecido sabendo.se apenas por grandes regiões ao nível da ARS. Por exemplo a Região de Lisboa e Vale do Tejo (RLVT) é composta por cinco NUTS III (Sub-Regiões: Grande Lisboa, Península de Setúbal, Médio Tejo, Oeste e Lezíria do Tejo), 51 concelhos e 526 freguesias, ficando sem se saber o que se passa em cada uma das sub-regiões.
Será que é suficiente a justificação já anteriormente referida de evitar a estigmatização de locais para não haver um confinamento parcial? Há que ponderar se o que é mais importante conter a pandemia e evitar infeções sucessivas por desconhecimento de localizações de contactos ou o perigo de uma hipotética marginalização devido ao conhecimento de locais centros de surto pandémico. Se a questão do confinamento de freguesias ou bairros é, ou não, constitucional é uma coisa, outra é o que se para evitar a difusão por contágio de uma epidemia como a covid-19.
A difusão por contágio apenas será controlada se cada um de nós estiver com menos pessoas por dia e socializar mais à distância.
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