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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
A expressão favas contadas parece ter origem na forma de escolha do abade nos mosteiros por meio um sistema de votação de favas brancas e favas pretas. Contavam-se as favas e o monge que tivesse o maior número de favas brancas era nomeado abade do mosteiro.
A frase tem assim o sentido de coisa certa, negócio seguro, algo que já é certo que vai acontecer. Que não há dúvidas que vai acontecer. A direita não se pode arvorar a manter-se no poder sine die.
Durante quatro anos e meio a direita de Passos Coelho e de Paulo Portas rejeitaram todas e quaisquer propostas do PS. Lamentando o facto e vendo que as favas não estavam contadas após eleições, de aflitos, lembram-se até de propor a participação do PS no governo pensando que iria cair na esparrela. Em política não há favas contadas. Uma democracia parlamentar depende da conjugação de forças em presença. A vitória pode não ser favas contadas quando há adversários à altura.
Vamos até supor que não haveria qualquer acordo do PS com o PCP, o BE e o PEV, o que esperaria a coligação de direita da conjugação de forças parlamentares? Que a oposição parlamentar maioritária deixasse passar, após a experiência dos quatro anos anteriores, um Governo agora de apoio minoritário? A coligação de direita passaria a depender do Partido Socialista para fazer passar o seu programa de Governo, o orçamento e os diplomas que viessem a seguir. Era com isso que a direita contava, pensava serem favas contadas. Fazer com que, a prazo, o PS se tornasse num partido, aliado da direita, sem identidade política, como o é atualmente o CDS-PP.
A coligação de direita ganhou as eleições mas centra-se apenas no resultado percentual. Pretende fazer passar um apagador pela representatividade parlamentar. Isso não é possível. Face aos resultados eleitorais e escolhas do povo os partidos têm a liberdade de fazer acordos pontuais, ou não, com quem muito bem entenderem e com quem esteja em melhores condições de defender quem os elegeu.
Por mais que a direita faça e tenha ganho a eleições os resultados mostraram com clareza que foram 2736845 portugueses que votaram na esquerda e 1742012 que votaram na direita por mais jogos e joguinhos dialéticos que façam.
Não sou especialista em leitura de expressões faciais mas quem viu ontem o debate na Assembleia da República poderia notar em alguns deputados da direita, nomeadamente Telmo Correia expressões de fúria e oratória de sabor amargo.
A direita acha-se o diamante da democracia, da política e da governação, mas, contrariamente ao filme de James Bond, os diamantes em política não são eternos.
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