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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Passos Coelho, o primeiro-ministro de Portugal, já não é a primeira vez que justifica o injustificável no que se refere às suas declarações de impostos. É um cidadão, mas não é um cidadão qualquer. E preparar o terreno para eventuais problemas futuros não fica bem na fotografia porque é o mesmo que dizer, atenção, podem ser descobertos outros casos.
Enquanto primeiro-ministro, e não enquanto cidadão comum, no encerramento das jornadas parlamentares do PSD resolveu preparar os deputados para eventuais revelações sobre o seu cadastro fiscal que possa vir a ser incómodo tendo gasto cerca de dez minutos da sua intervenção sobre esta questão.
Diz que ninguém espera que ele, Passo Coelho, seja um cidadão perfeito. Pois não ninguém é perfeito, mas será que qualquer outro cidadão pode alegar o mesmo por incumprimento?
Qualquer cidadão ao entrar em incumprimento das suas obrigações fiscais, como por exemplo não apresentar uma declaração de IRS, e justificar tal facto por desconhecimento ou por não ter sido notificado o que aconteceria?
As justificações de Passos, primeiro-ministro, foram uma autêntica trapalhada, negações, desculpas e vitimização. Aliás, sabemos bem que ele tem sido exímio nisso.
Justifica as notícias sobre o caso da sua dívida à Segurança Social com o “desespero” de “certas áreas políticas” e devido às sondagens recentes sobre as eleições. Pois claro, vitimização que ele sabe que pode ainda comover e convencer muito boa gente a cair na armadilha nas próximas eleições. Ao dizer isto está admitir uma “cabala” contra ele. O que podemos concluir é que, para o senhor primeiro-ministro, tudo o que ele deve ou ainda deva deveria ser esquecido porque há eleições. Tenhamos paciência para isto!
Passos Coelho, o primeiro-ministro, diz que “em consciência sempre cumpriu aquelas que achava serem as suas obrigações”. Em consciência também cumpri as minhas obrigações, mas isso, no meu caso, não serviria como justificação se estivesse em incumprimento perante o Estado.
O mais grave da sua vitimização foi o recurso de baixo nível a casos de justiça ainda em curso para uma “autolavagem” e autoelogio das suas virtudes e integridade pessoal foi quando afirmou que nele “não encontrarão alguém que tenha enriquecido através de cargos públicos, prestar favores, ou viver fora das minhas possibilidades…”.
Nunca neste espaço me referi ao caso de José Sócrates porque é um caso de comunicação ruidosa e aguardo para ver porque, em situações de justiça e por maioria de razão, e conhecendo apenas aquilo é ilegalmente colocado na praça pública por alguns órgãos de comunicação social não faço juízos de valor baseado apenas em meras e duvidosas intenções de culpabilidade lançadas para a opinião pública.
Dito isto, voltemos a Passos Coelho, o primeiro-ministro, cujo caso é bem claro e tem provas factuais por ele não desmentidas e atabalhoadamente justificadas. Sem mencionar nomes ficou implícita a referência ao caso do ex-primeiro-ministro José Sócrates. Mais uma gafe cometida por Passos Coelho, o primeiro-ministro, porque se refere àquele caso como se já tivessem sido provados em tribunal os crimes e deduzida a acusação a Sócrates. É lamentável que o primeiro-ministro Passos Coelho tenha recorrido a conotações com um caso em investigação (e ainda em segredo de justiça como alguns dizem por aí) para justificar a sua integridade e seriedade, baseado apenas em suposições que vieram a público através de fugas de informação veiculadas por aquilo a que podemos chamar uma espécie de comunicação social.
Podemos questionar se Passos Coelho, o primeiro-ministro, teve acesso ao processo, se alguém lhe comunicou o seu conteúdo e se, mesmo que assim fosse, o que o levaria a concluir que as acusações a que se refere estavam dadas como provadas?
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