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Depois do choque inicial causado pelo coronavírus e vendo o que se estaria a passar noutros países fecharam-se em casa, isto é, confinaram não fosse o diabo tecê-las e de seguida “fecharam-se em copas” sobre a escrita que eventualmente fosse contra as decisões e precauções vindas da DGS e do Governo. Centraram-se a perorar sobre o coronavírus para aqui, coronavírus para ali e mais o que se deveria e não deveria fazer-se, tudo no bom recato da segurança caseira, um sem fim…

Terminado e aliviado o confinamento, pé ante pé, lá fomos todos abrindo mão das necessárias cautelas. A maior parte dos que tinham ido trabalhar por necessidade ou imperativo, assim continuaram após o confinamento e no estado de calamidade deslocando-se como de costume apesar dos perigos que sabiam existir. De regresso a casa talvez se juntassem aqui e ali para beber um copo. Há quem assim não fizesse nomeadamente os jovens, e não apenas eles, que organizaram festas e encontros como os de Lagos e Carcavelos. São os irresponsáveis que potencialmente alimentam o vírus predador que os devorará a eles e a outros e que pensam que só pode acontecer aos outros.

Depois da abertura parcial das portas e já refeitos, em parte, do susto que apanharam dedicam-se agora a elaborar pensamentos altamente que façam soar as campainhas do afinal estava tudo mal o que se fez. Tudo deveria continuar como dantes e apontam exemplos como o da Suécia. E tudo deveria ter continuado sem paragens em nome de “um bem maior”, dizem. Ora penso que o bem maior do que a vida e a saúde da população e de quem trabalha não é o bem maior a que esses se referem mas sim às grandes empresas e ao capital que se reclama defensor da economia, mas que se algum trabalhador adoecer, seja pela Covid-19 é logo dispensado ou melhor, despedido. Assim aconteceu com o caso de um jovem gestor de marketing que foi um dos primeiros infetados do país que foi demitido, relatado no Expresso do último sábado.

Mas voltemos aos jovens que pensam que nada lhes acontece. Pois claro! Para eles já tudo passou já se pode andar à molhada no meio da rua e promover encontros de dezenas ou centenas. Dizem: não se vê ninguém doente, nem na praia, nem no bairro e os amigos não estão infetados, como eles tivessem visão de raios X quais super-homens E vai daí, há um telemóvel que passa de mão em mão, há um copo que se passa a outro para dar um golinho de cerveja porque a dele já acabou, passa aí um cigarro que eu já não tenho tabaco, e todos petiscam metendo a mão no pacote de batatas fritas que está na mão do outro. Não há risco, pois não, são todos saudáveis. E, senão quando, passado algum tempo, lá vão uns tantos ao hospital à rasquinha, sabem lá eles com o quê!

Dos que chegam ao hospital alguns não foram contaminados em grandes festas e julgam que a doença só é transmitida por quem tem sintomas. Erradíssimo! Essas informações beberam-nas eles nos “bafons” e nas traseiras das redes sociais.

Hoje no jornal Público saiu um artigo com o “Os jovens não se estão nas tintas para os outros, mas apenas fartos” e que começa assim:

“Os jovens que estão a fazer aumentar os casos de contágio porque se reúnem em festas ilegais e aos magotes nas praias e espaços públicos são os mesmos que, em Março e Abril, cumpriram zelosamente o confinamento, completaram a escolaridade à distância e até se prontificaram a ajudar os mais velhos nas compras. “Não são pessoas que se estejam nas tintas para os outros e para o país”, lembra a psicóloga Margarida Gaspar de Matos. Mas, agora que o desgaste lhes pesa, as aulas acabaram e vêem as praias e os festivais de verão escapar-se-lhes entre os dedos, mantê-los distantes socialmente, exige uma campanha feita à medida.

Não senhor, não são os mesmos jovens a que a psicóloga se refere ao fazer suposições sem dados empíricos sustentáveis para o comprovar está a cair em perigosas generalizações e, como sempre, as generalizações confundem as pessoas. Esses a que a senhora psicóloga se refere pertencem a uma outra classe, a dos responsáveis. Os outros os que estão fartos e só pensam em concertos são os provocadores, os da irresponsabilidade. Estarem fartos, é sinónimo de pôr em risco a saúde pública por negligência o que pode ser considerado crime.

Ignoram que até sábado segundo a DGS mais de 5500 infetados tinham até 30 anos, quase 2000 a mais do que no mês passado. Estes são os jovens que organizam jantares em casa e que acham que por ser em casa não há perigo, são os que no trabalho usam máscara e desinfetam as mãos, mas à noite reúnem-se em grupo sem proteção, são os que foram visitar amigos que estavam infetados e não se protegeram. Parecem que não lhes cabe responsabilidade. Ostentam a irresponsabilidade na prática diária desconhecendo que, segundo profissionais de saúde, muitos dos doentes mais velhos que passam pelos cuidados intensivos saem de lá mais rapidamente do que os mais jovens.

Para finalizar transcrevo parte de um caso relatado no jornal Expresso do dia 20 de junho que pode ser elucidativo para perigos que qualquer um pode correr.

“A recuperar em casa, onde vive com os pais, conta pelo telefone que enfrentar a doença não foi fácil, mesmo para quem praticava regularmente kickboxing e muaythai. “Sempre fui saudável e só quem passa por isto sabe o quanto é mau.” Luís nega qualquer comportamento de risco. Diz que ficava em casa e “só saía à noite para correr e fazer exercício, sempre sozinho”. Mas, então, como se terá infetado? “Talvez porque ao correr e exercitar-me, suava muito e punha a mão na cara, mesmo que antes tivesse colocado as mãos no chão para fazer flexões.” Pois, talvez. Mas não saía mesmo nunca? “Às vezes, à noite, ia às bombas de gasolina tomar café, mas ficava pouco tempo.” Pois, talvez.

Que fique o alerta os jovens, mas também os dos  grupos dos 30 aos 59 anos sem preocupação poderão ser os grandes causadores do agravamento da epidemia pondo em risco a sua vida e a de muitos outros para os quais foram cadeias de transmissão.



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publicado às 19:34



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