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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Marcelo Rebelo de Sousa é uma pessoa bem-disposta, bom comunicador, que atrai audiências com os seus comentários. Gostamos de o ouvir, é um ator espontâneo no mundo da política que pondera bem o que diz e como o diz e, por isso, tem a qualidade e o dom de dizer e desdizer colocando quem o escuta numa ilusão de isenção. Diz, não diz, conhece, desconhece, informa, desinforma, publicita livros, revela factos, olvida factos, vira à direita, vira à esquerda, fica no centro hoje, amanhã, se necessário, é PCP ou Bloco ou PS ou…
Fartos do Presidente da República Cavaco Silva, sorumbático e partidário, os portugueses estão a dar ao nível das sondagens maioria de intensões de voto a Marcelo Rebelo de Sousa. Pretendem alguém que os divirta, que faça da presidência da república um local menos cinzento, que fale para que o percebam que entretenha com intervenções de comentador político.
Os jornalistas convidados pelas televisões para comentar a política andam entusiasmadíssimos com Rebelo de Sousa. Ele é o melhor, tecem-lhe elogios, recorrem ao seu percurso político desde 1973, recordam que foi um dos fundadores do jornal Expresso, como se atualmente fosse garantia de alguma coisa. Esquecem-se, ou querem fazer esquecer que muita coisa mudou na política, especialmente desde 4 de outubro.
Esquecem que Marcelo Rebelo de Sousa andou em campanha eleitoral para as legislativas pelas ruas ao lado da coligação PàF do PSD e do CDS-PP. Marcelo é um político que, como a cortiça, está sempre à tona da água. Vira-se para todo o lado, quer "agradar a gregos e troianos". Ora diz que apoia este, ora pisca os olhos aos que lhe podem dar votos, ora mais à frente diz que tem apoiantes desde o PCP ao Bloco de Esquerda, como se isso fosse possível, a não ser que estejam todos de olhos fechados ou meio abertos.
Marcelo prepara há anos a sua carreira política e o comentário político nas televisões durante dez anos abriu-lhe a porta. A sua candidatura teve a ajuda da indecisão dos partidos a lançar, ou não lançar candidatos devido à proximidade entre as eleições legislativas e as presidenciais criadas pelo atual Presidente da República que prorrogou a data das legislativas até ao limite com o intuito de favorecer os partidos no Governo então em funções.
Marcelo, como Presidente da República, não hesitará em tomar decisões que possam dar vantagem ao seu partido e sempre que for oportuno. Não será Cavaco Silva, mas será um Cavaco Silva com o "savoir faire" que lhe é peculiar e em que é exímio.
É evidente que, em campanha eleitoral, qualquer candidato tem a tendência de dizer o que, quem lhe dá o votos, gosta de ouvir.
Rebelo de Sousa estrategicamente convida para sua mandatária Maria Pereira, uma jovem investigadora em biotecnologia que exerce a sua atividade em França. É uma forma de mostrar que, por um lado, a sua candidatura defende a educação e a ciência e, por outro, captar o eleitorado composto por jovens investigadores e académicos, competindo assim, nesta área, com Sampaio da Nóvoa que terá eventual apoio das universidades. Esta estratégia tem ainda a vantagem de chamar a atenção para o seu distanciamento em relação à política de Passos Coelho nesta área e, mostrar a intencionalidade de remediar a destruição que causou a investigadores e universidades e à educação em geral. Enquanto presidente não sabemos como o fará porque são competência do Governo, colocando-se assim como se fosse tivesse um programa de candidato a primeiro-ministro.
Ele próprio o confirma quando considera que Maria Pereira representa o futuro, a aposta na educação e na ciência defendida pela sua candidatura, e é também um exemplo dos jovens que nos últimos anos partiram para o estrangeiro e um elogio aos emigrantes portugueses. Esperteza e argúcia política não lhe faltam… Cuidado e olho ele…
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