Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
De acordo com o jornal Le Monde estará marcada um nova manifestação dos “coletes amarelos” em França para sábado 1º de dezembro?
Marine Le Pen líder do partido União Nacional, ex FN, sob a capa da moderação, provoca implicitamente o confronto quando disse na Europe 1, segundo o jornal FranceSoir, "Se os Champs Elysees forem interdito aos “coletes amarelos” eles sentirão isso como um ato de mais humilhação, mais uma forma de desprezo", argumentou o Marine Le Pen. "Os Champs-Élysées é uma avenida que é o símbolo da França, ora os “coletes amarelos” são o povo francês…” Eles consideram isso como como sendo seu.”, afirmou Le Pen. Pode conferir aqui.
Segundo uma sondagem em França que pode ver aqui são cada vez mais os franceses que apoiam os “coletes amarelos” e os protestos pela redução de impostos e reposição do poder de compra: 84%,. Os eleitores da União Nacional de Le Pen, antiga FN, são os que mais apoiam a contestação com 92%. Os apoiantes de Macron dividen-se: 50% apoiam e 50% não.
Isto leva-nos a refletir sobre este tipo de movimentos. As manifestações são ações democráticas em que se pretende expressar coletiva e publicamente um sentimento ou uma opinião podendo ser
Temos de nos convencer que a austeridade não acabou, mas que passou a ser gerida de forma diferente da austeridade neoliberal que a direita impôs, o caminho foi diferente. Estes três anos foram o tempo em que a prudência fiscal e a consolidação orçamental passaram a ser as novas normas e o défice público prolongado passou a ser do passado.
O ainda fraco crescimento económico embora em média com a União Europeia e o incremento dos gastos sociais para enfrentara as consequências sociais da crise e o envelhecimento da população conduziu à austeridade como uma evidência necessária.
|
|
Se continuarmos a querer tudo e a distribuir tudo por todo o lado ficam-se os gastos obrigatórios que tendem a consumir todo o orçamento e corre-se o risco de voltarmos a ter uma direita cujas alternativas já são conhecidas. Se a direita chegasse novamente ao poder iria retirar o que agora quer dar e a extrema-esquerda iria olhar para o lado e dizer que nada teve a ver com isso.
Como o Estado continua a precisar de crédito os mercados financeiros mantêm-nos sobre supervisão mesmo com a dívida a ser reduzida e se mantenha com o equilíbrio orçamental. A direita em situação crítica ameaça com os ditos e a extrema esquerda vocifera contra eles, sem resultados, porque dentro dum pensamento regionalista fala contra a globalização, mas não sabe como a combater.
O problema político decorrente está em que, em democracia, se tem de prestar contas a dois eleitorados, o do povo e o dos mercados que exercem imposição sobre os Estados de acordo com o documento “Electoral Promises & Ideological Space in Crisis Europe, p. 5”.
Portugal, é mais do que sabido, é ainda um país fortemente endividado e não estamos em condições de promessas vãs de não cortar na despesa, e a oposição, a de direita, também não está em condições de prometer que não irá cortar nos gastos para consolidar as finanças públicas. Assim, de momento, pressionam para gastar porque não estão no poder. Deste modo, entre o Governo e a oposição o eleitorado não tem possibilidades de escolha alternativa que seja diferente no ponto que diz respeito à consolidação.
Quer a direita, quer os partidos à esquerda do PS estão sem saber o que fazer e a única oportunidade que lhes resta é tentarem evitar uma maioria absoluta do PS lançando mão de tudo, entrando numa angústia à medida que se aproximam as eleições europeias e as legislativas.
É letal para os partidos com vocação de governo prometer o que sabem não poder cumprir assim como dar a impressão de que não fariam o mesmo de forma diferente daquela que os seus adversários fazem. Neste caso em 2015 António Costa arriscou na diferença e, devido a vários fatores conjunturais, conseguiu o que parecia impossível fazer com um volte face nas políticas.
Está tudo perfeito? Não. Houve erros e falhas? Sim. É aquilo que muitos esperavam? Talvez. Poderia ter feito mais e melhor? Sim. A estas respostas a direita apenas diz mal, mas não diz objetivamente o que faria diferente e melhor daquilo que já fez no passado e que o eleitorado gostaria de saber. Não digam que a culpa é de Rui Rio porque não é. A culpa é do partido que Rio o encontrou e que não conseguiu mudar porque era difícil fazê-lo sem ser com uma “limpeza” (sentido figurado) que só poderá fazer quando houver novamente eleições. Se as perder vai ser muito difícil fazer mudanças num partido anquilosado com elementos vindos de Passos Coelho. Rui Rio queria regressar à social-democracia, mas, devido a interesses em jogo, e pressões internas os neoliberais não deixaram.
Começam a mostrar-se por aí pequenos núcleos de partidos, e outros que já existem, com tendências populistas ainda disfarçadas que, sabendo não irão ter possibilidade real de governar, não se importam de fazer promessas impossíveis de cumprir.
Assim, como neste momento não há alternativa ao governo, ou a que há é destituída de sentido o que é o mesmo como se não existisse. Como os eleitores já se perceberam disso poderá haver o perigo que uma pequena parte do eleitorado reaja de maneira distinta votando em quem não gostaria de ver no governo como mostra de expressão do seu mal-estar. Não é por acaso que surgem partidos como o Aliança tentando tirar votos à direita e ao centro, e, pior ainda, movimentos populistas como o Chega, de André Ventura.
Rui Rio abriu a época do populismo pegando nas declarações de Mário Centeno que disse não haver mais lugar a aumentos salariais em 2019, procura assim ganhar vantagens com o apelo a reivindicações a propagar por entre os trabalhadores da função pública, aliciando-os com o objetivo de captar votos mostrando que está do seu lado. Como o funcionalismo público e os seus sindicatos apenas se movem e mobilizam tendo euros contados à vista é claro que o apoio de Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública não se fez esperar e, na TSF, disse que sugere ao Governo que tenha em consideração as duas propostas ontem feitas por Rui Rio.
António Costa corre a dizer que não exclui em absoluto aumentos salariais na Função Pública. Abriu-se o confronto cedendo ao populismo de Rio.
Mas porque é que Rio não avançou com a mesma reivindicação em relação aos trabalhadores do privado, será que esses não têm direito e não sofrem a inflação? Caso para pensar. Com isto parece que Rui Rio quer ajudar a fazer cumprir a profecia de Passos Coelho ameaçando invocar o diabo. Não creio, contudo, que seja esta a tão falada social-democracia de Rui Rio.
Populismo para captar ignorante foi o que fez o líder do PSD ao questionar este domingo o facto de “António Costa ter toda a disponibilidade para injetar dinheiro público na banca portuguesa e continuar sem fazer nada em relação à função pública”. O que faria Rui Rio se estivesse no governo no lugar de Costa e nas circunstâncias? Deixava falir os bancos ao mesmo tempo que aumentava a função pública? Não creio que Rui Rio esteja a falar a sério e sem demagogia populista. Fala para potenciais eleitores e para calar a oposição mais liberal radical dentro do seu partido, mas parece-me que esta não gostaria da solução, já que foi ela que cortou salários e pensões em toda a linha e que se preparava para continuar na mesma trajetória.
Rui Rio utiliza agora a mesma estratégia do PCP e do BE, fazer reivindicações salarias é aquilo que move as pessoas. Será que o PSD irá apoiar eventuais greves convocadas pelos sindicatos para esse efeito?
Perguntas que me parecem pertinentes num momento em que o PSD e Rui Rio necessitam como pão para a boca de fazer subir as sondagens para o seu lado à medida que se aproximam as eleições. E aproveita tudo o que a comunicação social lança para a opinião pública. Agora é o ministro da saúde o alvo da comunicação social, procuram todos os casos, e tudo o que mais haja na saúde para colocar a opinião pública contra o ministro. Estratégia já bem nossa conhecida.
"Não somos racistas nem xenófobos, nem nunca o fomos", mas continuaremos a apoiar o nosso candidato, foi assim que Passos Coelho de pronunciou sobre o caso André Ventura, mas que afinal parece que o é mas Passos diz que não é.
O PSD voltou a ser PPD e, pelos primeiros ensaios para a mudança de liderança, o seu caminho vai ser o populismo. Segue no sentido duma estratégia idêntica à de Trump, de Le Pen e outros populistas da extrema direita.
O caso do candidato do CDS André Ventura à autarquia de Loures é paradigmático. CDS-PP deixa cair André Ventura e PSD mantém apoio e abandona coligação.
O partido neofascista e próximo do neonazismo PNR, cuja ideologia se pauta pelo nacionalismo, conservadorismo social, populismo, protecionismo, anti-NATO, eurocepticismo, anti-imigração já veio dizer através dos eu líder José Pinto Coelho, que “Infelizmente, ao que parece, alguns dos ‘meus’ ainda andam pelos partidos do sistema”. O líder da extrema-direita neofascista reagiu à entrevista de André Ventura ao jornal i escrevendo no Twitter que André Ventura é um dos “seus”.
Parece ser este o caminho do populismo que a nova orientação do PPD/PSD está a seguir aliás começam a ser notórias as intervenções e Montenegro, agora que está de saída, para dar lugar a um outro “jovem” Hugo Soares que quer visibilidade e que será provável ir substituí-lo como líder da bancada PPD/PSD. É um dos que para se aproximar da direita extrema só lhe faltam a penas. Iremos confirmar isso posteriormente se se concretizar a sua candidatura.
Quem lê os meus “posts” sabe qual a minha posição sobre uma direita ambígua na oposição que vem perdendo dia a dia a credibilidade. Pronunciar-se contra a direita ou contra a esquerda é um direito que assiste a qualquer cidadão. Outra coisa são as tentativas de boicote a iniciativas que a democracia e as suas instituições possibilitam, venham elas da direita, da esquerda ou da chamada extrema esquerda.
Não me identifico com os pontos de vista de Jaime Nogueira Pinto com quem politicamente discordo por ser um conservador de direita que revela, por vezes, algum saudosismo do passado, assim como não me identifico com os de Paulo Portas, de Catarina Martins, de Jerónimo de Sousa ou de quaisquer outros que defendem as suas ideias em ambiente de democracia.
Não encontro justificação para o que se passou na FCSH, nem é legítimo que se proceda a manobras intimidatórias e atentatórias da liberdade de expressão dentro duma universidade, ou qualquer outra instituição democrática, para evitar que se debatam temas que estão na ordem do dia e aos quais não se podem fechar os olhos como se pudessem tapar o sol com uma peneira.
Debater não significa doutrinar e, por isso mesmo, se esgrimem argumentos consoante diversas correntes de opinião. Pode haver quem prefira o unanimismo de opiniões, mas esses coabitam mal com a democracia. É assim!
A juventude é por vezes dada a impulsividades e radicalismos mais emocionais do que racionais e, só assim se compreende as atitudes que terão sido interpretadas como o exagero da ameaça de boicote que conduziram a receios e a precauções, provavelmente infundados, por parte dos responsáveis da universidade. Não é admissível em democracia. Também não faltaram alguns, como uma tal organização denominada Nova Portugalidade, responsável pelo evento, a falar em pressões e boicotes que terá havido segundo o seu representante
Quem andou pelas universidades após o 25 de abril bem sabe como é possível manipular uma assembleia de estudantes de modo a obter efeito contrário ao pretendido e, posteriormente, se poder “virar o feitiço contra o feiticeiro”. E não digo mais nada.
O sufixo “ista” é o formador de adjetivos e substantivos que participa na derivação de adjetivos a partir de nomes e exprime a noção de adepto de algo.
Neste sentido estão incluídos todos os que são fervorosos apoiantes do presidente Trump dos EUA. Em Portugal, aos poucos, vão por aí surgindo vários, uns mais tímidos, outros mais assumidos. Identifico pelo menos três que se têm evidenciado pelos seus pontos de vista: Nuno Rogeiro, António Ribeiro Ferreira, que foi em tempo diretor do jornal i, e, ainda, o mais subtil, como sempre, Paulo Portas, e outros aparecerão ainda.
Começo por Ribeiro Ferreira que alinha incondicional e explicitamente com as políticas de Trump. Aliás é bem evidente a sua concordância com o discurso e as mensagens enganadoras de Donald Trump quando faz um ataque cerrado a órgãos de comunicação dos EUA. Ferreira é um jornalista de fação, fação da extrema-direita. Ler os artigos dele, de conteúdo fascizante, é como estivéssemos a ler o jornal “O Diabo” e a sensação de termos regressado a um tempo passado, e que pode muito bem voltar a vir no futuro, se a democracia não lhe fizer frente pelos meios que tem ao seu dispor. Ribeiro Ferreira coloca em epígrafe “A América está com Trump” e inicia a sua enganadora narrativa começando por comparar o que se passa em Portugal com o que se está a passar com Trump nos EUA.
Cito uma pequena passagem da verborreia deste “jornalista” que é significativa para avaliar a sua isenção. Diz então que (os negritos foram salientados por mim):
“Nesta imensa campanha suja destacam-se, naturalmente, a CNN – Clinton News Network, a BBC – British Broadcasting Clinton, o “New York Lies” e o “Washington Dumb”, entre outros grandes meios de comunicação social. Como mentem tanto, alguns andam mesmo de mão estendida a pedir socorro a outros desgraçados que olham para o presente e futuro dos EUA com muito medo.
E têm razão. Com Trump na Casa Branca acabaram-se os tempos do laxismo, da desordem, da balbúrdia, da promiscuidade dos poderes instalados em Washington e dos milhões e milhões de imigrantes ilegais que não só tiram o emprego a cidadãos legais que pagam impostos como lhes baixam os salários. A guerra que Trump declarou a uma certa imprensa é uma guerra da verdade contra a mentira, da coragem contra a cobardia, da frontalidade contra a venalidade e a corrupção.
Triste, lamentável mesmo, é a forma como a imprensa portuguesa segue como carneirada os mentirosos do outro lado do Atlântico. São os Ecos de Aljustrel, do grande Eça de Queirós, cujo diretor, a espumar de fúria quando Bismarck invadiu a França, ameaçou com veemência: “Deixem estar que amanhã já dou cabo dele nos Ecos”.
Mentirosos, ranhosos sem qualificação que se masturbam com gracinhas, polémicas e gritinhos de indignação. Agora que segue em frente, imparável no cumprimento do seu programa eleitoral, o presidente dos EUA marcou pontos com o seu notável discurso no Capitólio, aplaudido de pé pelos republicanos e ouvido pelos ridículos democratas vestidos de branco.”.
E termina com “Olhem com muita atenção o que se está a passar na Holanda, na França e na Alemanha. Não se fiem em sondagens feitas pelo sistema sobre o sistema. Não se fiem em sondagens que apenas visam salvar o sistema da vontade popular, dos cidadãos que estão fartos da corrupção, do centrão político politicamente correto, cobarde e de cócoras perante os bárbaros muçulmanos que lhes infernizam a vida em muitas cidades europeias, das brutais cargas de impostos que servem para pagar Estados sociais que beneficiam quem não trabalha e não deixa trabalhar, que dá privilégios a gente que despreza tantas e tantas vezes a história e a cultura de quem os recebeu e alimenta a pão-de-ló. “…Podem berrar contra os populismos as vezes que quiserem. Podem rasgar as vestes todas pelo sistema. O voto popular, nos EUA e na Europa, está a mostrar que o sistema e os seus capangas vão nus.”
O seu tipo de jornalismo de opinião faz-me lembrar o tempo das prosas do “Diário da Manhã”, jornal fundado a 4 de Abril de 1931, órgão oficial da União Nacional, sob direção de Domingos Garcia Pulido, integrante do círculo íntimo de Salazar.
Não é apenas pró Trump, Ribeiro Ferreira destila ódio e ressabiamento por todos os poros, por tudo quanto venha da democracia, talvez devido a algo que terá perdido no passado, o fim da ditadura. Um sujeito perigoso que se intitula de jornalista.
Isto é, para aquele dito jornalista, a verdade dele e de Trump é única, uníssona, indiscutível e se segundo ele não se pode acreditar em nada a não ser acreditar em tudo o que eles dizem. Para este adepto da política de Trump tudo quanto não seja pensamento único é mentira. Ferreira não consegue distinguir a realidade da sua reacionária fantasia.
É de indivíduos como este que nos devemos defender porque são uma ameaça à democracia.
Há outros, mais subtis, como Paulo Portas, cuja esperteza torna perigosas as suas intervenções e comentários, devido ao seu pensamento muito arrumado, claro e convincente para os mais desprevenidos. Não defendendo claramente Trump apoia a sua política por comparação. Sem a ele se referir compara a Europa com os Estados Unidos da América. Ataca Obama, não o atacando, mas comparando sem o desvalorizar com o ideário de Trump. Define a política de Trump sem, no entanto, tomar partido, com a ideia central de que a Europa alimenta “receita para o desastre”
Transcrevo uma pequena amostra da intervenção de Portas que pode ler e ouvir aqui:
Paulo Portas aconselha os europeus a habituarem-se à ideia de que Donald Trump vai mesmo liderar a maior potência do mundo como fazia nas suas empresas: "permanentemente ao ataque" e a achar que "para vencer deve muitas vezes levar as tensões até situações limite", mas também recuando se estiver perante um impasse”.
O que Paulo Portas acha disso?
“Vai mudar frequentemente de opinião e não vai ser por isso penalizado pelo eleitorado. Ninguém espera a coerência num bilionário, mas eficiência. E se achar que deve mudar de opinião para ser mais eficiente, vai fazê-lo", resume o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros.
O que Paulo Portas acha disso?
Portas considera que "entre o fanatismo da CNN e o fanatismo da Fox News haverá um lugar razoável" para o entendimento de Trump, apontando três palavras essenciais para compreender a sua acção: nativismo, protecionismo e isolacionismo. E o que há de novo, segundo ele, é que o novo presidente dos EUA é "o primeiro a ter estas prioridades ao mesmo tempo, a agir e discursar como se não tivesse outras e a fazê-lo em globalização". "Agora não me venham dizer que, na substância, estes conceitos políticos foram inventados agora".
O que Paulo Portas acha disso?
Quanto ao isolacionismo, Portas sublinhou que a retórica de Obama apenas foi multilateral para se distinguir dos antecessores Clinton e de Bush, que eram expansionistas. "Mas o que fez Obama se não tirar os EUA de todos os teatros de guerra? Obama já estava do lado do isolacionismo. De modo estridente, o presidente Trump continua esse caminho".
Parece que Paulo Portas apoia Trump!
Paulo Portas “antecipa que um cenário de maior crescimento económico nos primeiros anos do mandato, impulsionado por "uma revisão do IRC que fará Ronald Reagan parecer um social-democrata", pelos planos de desregulação do mercado e pelo programa de investimento em infraestruturas.
Portas confessou estar "bastante preocupado com o estado da Europa que, face aos EUA, cresce metade, tem o dobro do desemprego, investe metade em pesquisa e desenvolvimento e tem cem vezes menos disponibilidade de "venture capital" (capital de risco). "Mas acham que os americanos é que estão errados. Esta fixação no erro é desastrosa. A Europa não tem crianças, é contra os imigrantes, é a favor dos direitos adquiridos sem saber como os pagar. Isto é uma receita para o desastre", dramatizou.
Paulo Portas volta a ser eurocético depois de criticar os partidos à esquerda do PS. Compara Europa e EUA para apoiar as políticas de Trump sem o declarar explicitamente.
Espantosamente questionou "por que é que europeus e americanos olham para a Rússia com os mesmos olhos com que olhavam para a União Soviética?". Portas alinha assim com a política de Trump no que respeita à política de Putin.
Podemos estar a assistir em Portugal aos primeiros sinais de populismos da extrema-direita.
Quem não está na política ativa pode alvitrar ou propor seja o que for, sobre o que se deve ou se pode ou não fazer. Para quem está na politica e exerce o poder não é o mesmo. Antes duma decisão deve tomar em consideração a conjuntura e analisar muito bem as causas e as consequências das suas decisões. Se não tem certezas é para isso que existem os assessores e conselheiros embora estes errem ou enviesem as questões quando.
Vejamos o contexto externo. A União Europeia está envolta numa pré-crise do euro, com crises das bancas, dos refugiados, das dívidas, das políticas externas e outras que desconhecemos. A Itália debate-se com uma dívida enorme, com problemas da banca gravíssimos, com o aparecimento dum partido de esquerda populista, o Cinco Estrela que, segundo as sondagens, tem vindo a subir nas intenções de voto. Renzi do Partido Democrático, constituído a partir de outros do centro-esquerda, propôs um referendo à constituição com umas variantes que poderíamos considerar despropositadas para esta altura que a UE atravessa.
Lá por Itália, de acordo com um artigo publicado pelas Rádio Renascença há poucos dias atrás, surgiram várias vozes que avançaram argumentos pelo “Não”, puramente ligados à Constituição, para apelar a um voto negativo na consulta popular ontem realizada. Os argumentos de Renzi centravam-se na agilização na aprovação de leis e lançava a cenoura que era de poder reduzi o número de lugares no Senado de 315 para 100. Convenhamos que até há um exagero neste tipo de organização em Itália mas foi, para o momento, populismo.
Quem se opunha à reforma da Constituição propostas por Renzi argumentava que os poderes das regiões foram adotados depois da Segunda Guerra Mundial, precisamente para evitar a repetição de um cenário como o que permitiu a ascensão do ditador Benito Mussolini, temendo que uma aprovação da reforma enfraqueça as bases democráticas do país. Terão razão se tivermos presente o momento da União Europeia em que as extremas-direita estão a progredir no terreno aproveitando as aberturas que as democracias lhes possibilitam.
Este referendo também iria permitir alterações à lei eleitoral impossibilitando alguns partidos de chegarem ao poder. Não mês esqueci que, em Portugal, Passos Coelho antes do seu mandato também propunha uma revisão da nossa Constituição.
Identicamente ao que se passou no Reino Unido com o Brexit o referendo proposto pelo primeiro-ministro Cameron, um político experiente, que se terá arrependido. Renzi em Itália abriu a Caixa de Pandora e cometeu erro idêntico. Meteu água, e da grossa. Arrisca-se a que o poder seja entregue de mão beijada a populistas.
E agora Renzi? A sua demissão demonstra coerência, mas vai criar problemas que poderiam ser evitados. Pelos menos ainda não disse que a culpa não era sua, mas dos outros meninos.
Oxalá me engane, porque em democracia há sempre alternativas, só na cabeça dos senhores da direita é que não as há, desde que seja para o seu interesse imediato ou mediato. Apenas, e quando, é do seu interesse é que as há.
A apresentação de diferentes pontos de vista sobre veracidade de factos políticos e a crítica a políticas que estão a ser seguidas deve servir para reforçar a democracia e não para a destruir.
Durante as campanhas eleitorais e, não raras vezes, durante debates parlamentares, partidos políticos das diferentes áreas, à direita e à esquerda acusam-se mutuamente de intervenções populistas. Mas será o populismo algo que deva ser rejeitado mesmo quando vai de encontro ao que o povo sente e pensa?
A utilização corrente do termo populismo pretende defender e ir de encontro aos anseios do povo em contraste com as elites do poder. Combina ideias de direita e de esquerda e frequentemente é hostil aos partidos socialistas e ou trabalhistas. Todavia, também são bem conhecidos populismos exacerbados por partidos ditos socialistas e comunistas durante a revolução soviética e cultural chinesa.
Na França o partido de Marine Le Pen, Frente Nacional, tem sido o mais mediático, intitulado de populista, nacionalista e de extrema-direita.
Onde começa e acaba o populismo de Marine Le Pen parece ser um tema de reflexão para quem passou a desconfiar desde as últimas eleições duma direita que se instalou em Portugal, apoiada por liberais, neoliberais e conservadores de toda a espécie, e de um partido socialista atrofiado que tem vindo a demorar a brotar do terreno de desconforto onde se aninhou.
Marine Le Pen moderou o discurso radical e extremista do seu pai, Jean Marie Le Pen, e hoje não se identifica com sendo nem de direita radical, nem nacionalista quando diz "não me sinto como sendo da direita radical. No plano económico não me sinto mesmo nada da direita. Não sou por menos Estado, não sou por mais privatizações, não sou pelo ultraliberalismo, não sou por essas leis do mercado que eu considero deverem ser controladas porque, caso contrário, conduzem ao esclavagismo...".
São políticas de esquerda mas quando confrontada com esse rótulo responde que é de extrema-esquerda para Nicolas Sarkozy e de extrema-direita para o Partido Socialista e afirma-se como sendo nem de esquerda, nem de direita, mas que é de França.
À data em que publico este "post" a FN de Le Pen ficou em segundo lugar nas eleições departamentais em França, com 25,2% dos votos na primeira volta das eleições.
Na entrevista concedida e publicada na Revista do jornal Expresso Marine Le Pen apresenta-se como representando o patriotismo, a defesa da França e do seu povo. Cá está. O apelo ao povo e contra a União Europeia e a globalização. Não há quem não reconheça que a União Europeia está a atravessar uma crise grave e, como se sabe, com problemas económicos e políticos de vária ordem. A austeridade tem tornado descontentes e céticos relativamente à Europa, cidadãos de vários países, nomeadamente os países do sul e o caso muito especial da Grécia.
Le Pen não esconde que tem o apoio de portugueses imigrantes em França porque "são respeitadores das leis francesas e criticam os abusadores estrangeiros delinquentes, os fundamentalistas islâmicos e os que abusam do nosso generoso sistema social".
O multiculturalismo para ela não tem que existir e defende a assimilação dos estrangeiros e não a integração e o ensino de línguas e culturas dos países de origem. "A escola deve fabricar franceses de corpo inteiro e não remeter as crianças para as suas diferenças". Pensamento nacionalista exacerbado e xenófobo com laivos de violência assimilacionista que não é mais do que uma assimilação forçada pela cultura dominante das culturas de povos que emigraram para um país.
Toda a filosofia e princípios multiculturalistas que foram construídos há mais de trinta e cinco anos na Europa são postos em causa. Mas Le Pen vai mais longe ao defender que "as sociedades multiculturais são sociedades, a prazo, multiconflituosas" e dá como exemplo "o desenvolvimento do islamismo radical".
O aproveitamento das emoções pessoais multiplicadas na sociedade devido aos ataques terroristas que geram o descontentamento popular é a cama para arranjar causas que sustentem e validem a tese da existência de um fundamentalismo islâmico, rejeitando o comunitarismo que está centrado nas sociedades, nas comunidades e nas suas tradições e culturas. Argumenta que a justiça não as pode levar em conta. Neste campo é este o pensamento de Marine Le Pen. O Nacional-socialismo numa primeira fase também escolheu os judeus como a causa de todos os males que afligiam a Alemanha.
O multiculturalismo nasceu com o aprofundamento duma União Europeia multicultural e multifacetada.
A indignação do povo francês sobre o atentado de janeiro é aproveitada por Marine Le Pen para despertar sentimentos populares primários de racismo, xenofobia e punição de tudo o que seja imigrante em França o que se depreende quando diz que "As autoridades não atacam as causas, apenas atacam as consequências. Quer dizer: metem na prisão os que apanham e que podem estar ligados a atentados. Mas não atacam as raízes desse mal para que não continue a disseminar no país os frutos podres do terrorismo islamita. Contra essas causas nada se faz. Perante as múltiplas reivindicações político-religiosas, de vestuário, alimentares, contra o código do trabalho, etc., nada tem sido feito. Pelo contrário, essas reivindicações comunitaristas tem-se intensificado".
Estas afirmações vão ao encontro do sentimento de alguns setores descontentes do povo. O discurso de Le Pen é claro, incisivo e de fácil assimilação para quem a escuta, condição essencial para fazer passar a sua mensagem.
O tema União Europeia capta as atenções dos que se opõem a uma austeridade imposta à França que Marine Le Pen aproveita para fazer a apologia da saída do euro como condição necessária para se assegurarem os interesses dos povos e explica a existência de tensões entre os povos europeus e exemplifica com as relações atuais entre a Alemanha e a Grécia afirmando que os fortes tratam os países do sul como "parasitas, gastadores, preguiçosos".
Há uma guerra económica que está a decorrer na UE através de um dumping social. Quando Le Pen fala de dumping social está a referir-se ao preço do trabalho que está a ser comparado com a venda de produtos abaixo do praticado no mercado, isto é, as empresas procuram eliminar a concorrência à custa dos direitos básicos dos trabalhadores. Os empregadores violam os direitos dos trabalhadores com o objetivo de conseguirem vantagens comerciais e financeiras justificando a necessidade de competitividade.
É evidente a sua posição é coincidente com opiniões de muitos políticos ao dizer que, "Quanto mais se avança mais a UE se transforma num palco… onde também decorre uma guerra psicológica que não une os diferentes povos mas sim, ao contrário, os divide cada vez mais e os põe em confronto. Penso que as nações são a estrutura mais adequada para ao mesmo tempo assegurarem a defesa dos interesses dos seus povos sobretudo para criarem relações equilibradas entre as diferentes nações".
Para Le Pen, Angela Merkel é a "patroa de tudo" a "diretora da prisão" que é a União Europeia e Durão Barroso era "o chefe dos guardas da prisão".
A atitude quanto à questão grega é muito próxima das posições da esquerda, pelo menos em Portugal. O que é imposto à Grécia sobre o que deve e como deve, ou não, fazer nada tem a ver com a soberania do povo grego é devido ao que ela apelida de "ditadura europeia". A "eurosteridade" é a ligação indissolúvel entre o euro e a austeridade.
Sobre este ponto merece a pena registar o que Marine Le Pen disse sobre Junker quase defendendo uma teoria da conspiração baseada no livero Clube Bilderberg de Daniel Estulin: " É o chefe dos guardas prisionais que sucedeu ao antigo chefe da guarda prisional, que era Barroso. Faz exatamente a mesma coisa. Eis dois exemplos de pessoas que vão para Bruxelas precisamente com urna ideologia do mundialismo porque eles nem sequer defendem os interesses da Europa. Passaram a vida a assinar acordos de trocas livres com o mundo inteiro. 0 objetivo deles não é defender os interesses dos europeus é o de criar um mercado único mundial. Vemo-lo com o Tratado Transatlântico[1], no qual os mais fortes ganharão, as multinacionais ganharão, e os fracos morrerão. E isso está a ser feito pagando o preço de sofrimentos horríveis. No vejo onde está o progresso, por exemplo na situação em que se encontra a Grécia ou Portugal, com as perdas de direitos das pessoas, os recuos de vantagens sociais, as perdas salariais, as privatizações forçadas. Mesmo com muita imaginação não consigo encontrar um pingo de progresso nessa situação. Apenas vejo regressões e recuos".
A questão das nacionalizações da banca que, ao longo dos tempos tem sido uma das bandeiras das esquerdas mais ou menos radicais, é recuperada por Le Pen ao defender que "Se um banco tem problemas é preciso nacionalizá-lo, mesmo de forma temporária… Por muito liberal que seja a Grã-Bretanha compreendeu que o Estado-estratego deve defender o interesse dos seus compatriotas e não hesitou em nacionalizar bancos quando foi necessário".
A troika, é um organismo tripartido que "está a reenviar os países para a idade média económica" e "cujo único objetivo é defender os interesses dos bancos das grandes instituições financeiras, dos credores dos países e de modo algum defender os interesses dos povos".
Se não conhecêssemos a autora destas ideias poderíamos atribuí-las a um partido de esquerda radical.
Os milhões de euros transferidos para Grécia não chegaram à economia através do povo que nada recebeu, foi para salvar os bancos, especialmente franceses e alemães que transferiram os riscos para os estados. Aliás isto já foi confirmado por Philippe Legrain.
A saída do euro é uma hipótese que ela coloca, voltando não ao velho franco mas a uma moeda que será o novo franco. Concorda que não é fácil acabar com o euro de forma pacífica e afirma que tal é antidemocrático porque são os povos que decidem. Dá o exemplo do que se tem passado com a Grécia que demonstra que a europa diz que os povos devem votar mas que "o seu voto não tem qualquer importância nem influência, quer dizer que estamos numa ditadura" que ela denomina "euroditadura". Diz ainda que "não é o povo grego que é soberano na Grécia. É a ditadura europeia que impõe à Grécia o que deve ou deve fazer".
Aqui em Portugal a direita e a esquerda vão apelidando o pensamento de Le Pen de populista, de acordo o que lhes interessa ou não. A linguagem política de Marine Le Pen é direita e de esquerda tendo como objetivo agradar e captar votos à esquerda, à direita e ao centro. Tudo quanto vier à rede são votos.
Muitas pessoas podem ser tentadas a reverem-se nas posições tomadas por Marine Le Pen que muitos dizem ser populistas. Sê-lo-ão de facto ou serão realistas face ao atual contexto europeu? O problema não está em saber se o discurso e as mensagens que transmite são ou não populistas, se algumas são ou não aceitáveis sejam de direita ou de esquerda mas, antes de mais, tentar perceber onde tudo isso poderá levar. Experiências de discurso idêntico, divergindo o seu conteúdo apenas no contexto histórico em que foram pronunciados foram de má memória.
Poderemos ser levados a pensar que, se o populismo defende os interesses do povo dum país e segue os preceitos dos regimes democráticos em liberdade, então seremos também populista. Mas quem garante que para cumprir o prometido e sua execução não seja lançado o germe de pré ditadura a reboque de implementação das tais medidas populares. Tanto mais que afirmações do seu pai, Jean Marie Le Pen, foram demasiado graves para que isso não possa acontecer.
Se os 25,2% que o populismo de Marine Le Pen da Frente Nacional conseguiu são um facto inegável, então, deve tornar-se numa preocupação para os próprios franceses. Porque muito do que defende Marine Le Pen é o sentir de muitos, mas ditaduras também se geram aproveitando-se de regimes democráticos. Há oradores eloquentes e ardilosos que podem atrair um grande número de seguidores desesperados por mudanças.
Em 1932 os nazistas tiveram 33% dos votos, mais do que qualquer outro partido. Em janeiro de 1933, Hitler foi nomeado chanceler, o líder do governo alemão, e os alemães acreditaram que haviam encontrado o salvador de sua pátria.
Nós, por cá, ainda não nos preocupamos muito com partidos como a FN por que as direitas unem-se e as esquerdas dividem-se. Nunca se sabe quando poderá surgir alguém que se coloque entre as duas, não rigorosamente ao centro, mas aproveitando o que ambas possam ter de bom e poderemos ser levados por populismos.
Mas há sempre quem, em Portugal, com discursos desajustados à realidade venha dizer em público que "Polémicas político-partidárias não criam um único emprego". O debate político e o confronto partidário de ideias não servem para nada. É este tipo de pensamentos que revelam potenciais ideias de partido único. A apresentação e a discussão de diferentes pontos de vista sobre veracidade de factos políticos devem servir para reforçar a democracia e não para a destruir.
Um Presidente da República que se cola clara e descaradamente a um partido, neste caso que está no Governo, deve estar com uma qualquer pedra no sapato, esperando em troca uma proteção sabe-se lá sobre quê.
[1] O Acordo de Parceria Transatlântica (APT), negociado desde Julho de 2013 pelos Estados Unidos e pela União Europeia, é uma versão modificada do AMI. Prevê que as legislações em vigor dos dois lados do Atlântico se verguem às normas do comércio livre estabelecidas por e para as grandes empresas europeias e norte-americanas, sob pena de sanções comerciais para os países infractores ou de reparações de vários milhões de euros em benefícios dos queixosos.
![]() | ![]() |
José Seguro | António Costa |
A campanha do Partido Socialista para as primárias tem decorrido num ambiente pouco convincente. A única coisa que António José Seguro tem feito é populismo e ataques pessoais e provocações torpes ao seu opositor. Podemos não concordar com o tipo de campanha que António Costa tem feito, mas uma coisa não se lhe pode negar, a sua honestidade política perante o seu adversário no partido.
José Seguro aguentou três anos e bateu-se com o adversário mas sem mostrar assertividade política, embora com dedicação, coisa que ele agora reivindica, sem conseguir conquistar amplamente os portugueses. Para o país parece ter sido uma espécie de braço direito da Passos Coelho na oposição e da ala do PSD que o apoia.
Não é por acaso que a direita no poder e alguns dos seus comentadores têm mostrado "simpatia" por José Seguro elogiando-o até como o grande vencedor dos debates. Deixou a fazer oposição diplomática ao Governo para fazer uma oposição a António Costa não com base em ideias mas com base a ataques pessoais e tentativas de levar para a praça pública a roupa que ele próprio suja em atos de desespero ao pensar que poderá não vir a ser primeiro-ministro. Como poderemos confiar em alguém cujos argumentos nas primárias resumem-se na sua maioria a ataques pessoais enquanto os argumentos enquanto opositor ao Governo são até agora meras aparências e sem conteúdo substancial.
António Costa tem o chamado "background" da política. Isto é, no seu percurso político já mostrou competências essenciais na capacidade de liderar, de decidir, gerir executivos, promover consensos entre adversários e comunicar e explicar a suas ideias, embora se compreenda que nesta fase, talvez por estratégia, tenha sido omisso na explicitação e pormenorização de algumas.
António José Seguro apenas consegui nesta campanha aglutinar em si mesmo um misto de sentimentos de vitimização, de arrogância e de impotência…
Nos últimos dias os senhores comentadores, a propósito, de uma frase dita pelo senhor primeiro-ministro teceram as mais filosóficas teorias e considerações políticas justificadoras da dita frase “Que se lixem as eleições!”.Justificam alguns que importantes figuras da política de outros países também tiveram as suas frases, outros apenas demonstra o rumo certo que o primeiro-ministro está a seguir sem se importar com o ganhar ou perder as eleições, o que deve ser elogiado. Outros ainda, dizem que ao proferir tal frase está a insultar os portugueses ao passar a mensagem deque as eleições não servem para nada, o que importa é fazer o que se tem que fazer, seguir o rumo traçado, mesmo que se esteja a ver que no vai levar para o precipício ou para o deserto, sem a mínima capacidade de avaliação do trajeto
Pois bem, se me permitem, também tenho a minha interpretação que é mais ao nível da teoria da conspiração, no sentido em que não é apoiada por evidências conclusivas e afasta-se da interpretação institucional. Assim, do meu ponto de vista, aquela frase não foi enunciada por acaso, tem objetivos populistas e popularuchos de modo a induzir comentários ao nível das ruas e cafés. É como uma espécie de lavagem que, como um qualquer detergente, retire da opinião pública as nódoas que lhe têm caído em cima e a alguns dos seus ministros. Podem imaginar-se os comentários que podem advir de conversas entre um certo tipo de donas de casa, apesar de todo o respeito que tenho por elas. “Estás a ver como ele é diferente dos outros! Ele está a fazer tudo para bem o país sem se importar com a ambição do poder!”.Se não tivermos memória curta, recordamo-nos que fez cair propositadamente um governo (que, diga-se, estava a passar dos limites) para quê? Para depois perder as eleições? Claro que não!
As próximas eleições ainda vêm longe, portanto, partindo do pressuposto que o povo tem memória curta, pode fazer-se tudo que o prejudique e dizer-lhe tudo o que apetecer.Na proximidade das eleições há sempre a possibilidade de dar a volta e desmentir tudo o que se tenha dito para atrair incautos.
Estão a ver naquela altura um primeiro-ministro a fazer ou a dizer algo que conduza à perda das eleições do seu partido, apesar de antes ter dito que se estava lixando para as eleições? Eu não!
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.