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Liberais, neoliberais e outros que tais

por Manuel_AR, em 09.03.15

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Há por aí na nossa praça muitos que, pelos seus comentários e pontos de vista, podem ser conotados como liberais. Outros há, que fazem questão de se identificarem como tal. Cada um tem o direito de ser o que quiser e identificar-se com o que muito bem entender.

Estes senhores defendem o indefensável imitando o facciosismo que muitas vezes atribuem a todos quantos não professem os seus pontos de vista.

Vieram agora estes senhores, apoiar a qualquer preço o "caso Passos Coelho" respeitante à falha da entrega de declarações e pagamentos de obrigações fiscais, provavelmente por desconhecimento e esquecimento não premeditado.

Consideremos ao primeiro-ministro o benefício da dúvida sobre esquecimento, sobre desconhecimento, sobre ser um ser não perfeito, como aquela imperfeiçãozinha de não lhe passar pela cabeça que seria obrigatório a entrega de declarações atempadas assim como o seu pagamento. Ou, ainda, a falta de recursos financeiros que justificam o não pagamento das suas obrigações fiscais. Ter-se-á ele incluído no grupo dos portugueses que ele disse que viviam na altura acima das suas possibilidades? A maioria desses tais portugueses pagaram as suas dívidas ao Estado, mas ele esteve incluído na minoria que o não o fez e que acusou de prejudicarem os outros cumpridores por tentarem fugir ao fisco.

O militante do PSD, embora oficialmente sem cartão do partido, que se denomina Presidente da República, em relação à triste declaração sobre os impostos de Passos Coelho, afirmou que "o bom senso deve deixar aos partidos as suas controvérsias político-partidárias que já cheiram a campanha eleitoral". Pois é, mas, as suas declarações, é que cheiraram muito mal.

Há também quem queira transformar tudo isto num conto de ficção. Liberais, neoliberais e outros que tais vieram sustentar, através da lavagem em águas sujas as declarações que Cavaco Silva fez em apoio de Passos Coelho. Falam esses escrevinhadores que tudo isso não passa de casos e casinhos sem importância, apoiando a tese do Presidente da República.

Aqueles escrevinhadores ao defenderem teses destas estão a abrir a porta para que outros responsáveis por altos cargos na política, nomeadamente na área da governação do país, não sejam incriminados e responsabilizados por quaisquer faltas premeditadas, ou não, que venham a acontecer no futuro devido a faltas de honestidade e de seriedade.   

Por este andar ainda iremos assistir à desculpabilização dos que causaram a queda do BES por parte de alguns daqueles escrevinhadores alegando que isso foi apenas um casinho que numa economia liberal sem controlo pode acontecer.

Imagens da imprensa: http://www.tvi24.iol.pt/fotos/54f5dfef0cf2141e34033897/1

 

 

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publicado às 22:56

Os três cruzados

por Manuel_AR, em 13.02.15

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O artigo de opinião intitulado Os Cruzados que Domingos Lopes escreveu no jornal Público é uma narrativa que confirma o estado de negação em que o governo germanista de Passos Coelho e o Presidente da República têm mostrado perante os portugueses.

O que Domingos Lopes escreveu levou-me a pensar retrospetivamente e a escrever as ideias por outras palavras elencando uma série de mentiras que Passos Coelho e Paulo Portas têm feito passar.  

Numa visão paternalista e ditatorial Passos e o seu Governo resolveram cuidar dos portugueses gastadores, "domesticá-los", empobrecendo-o como forma de denominação que os tem levado à indiferença.

Para o Governo e a maioria que o apoia os portugueses são em síntese:

Esbanjadores.

Cidadãos piegas.

Vivem à custa do Estado Social.

Têm que sair da sua zona de conforto.

Os que trabalham e tem os seus empregos têm que desocupar os seus postos para os dar aos jovens.

Há que fazer a mudança diziam os porta-vozes do Governo de Passos Coelho.

Se já não o dizem é porque estão em campanha eleitoral.

Se ganharem veremos o que vai acontecer.

Assim, laçaram-se numa "cruzada" contra a maioria da população que vivia, como diziam, acima das suas possibilidades, deixando de fora os responsáveis pelo sistema financeiro.

Os grandes causadores eram os que viviam dos seus salários e gastavam tudo o que tinham e não tinham. Mas os gestores bancários de instituições como o BPP, BCP, BES e BPN aconselhavam os que viviam dos seus vencimentos e tinham pequenas poupanças e rendimentos (prova-se aqui que, afinal, nem sempre gastavam tudo o que tinham e não tinham) a confiar e aplicar o dinheiro naquelas instituições, sabe-se hoje serem ativos tóxicos. Mas os administradores daquelas instituições e outros como o compincha e ex-conselheiro de estado de Cavaco Silva Dias Loureiro continuam a passear-se por aí, todos eles vivendo como nababos a gastar o dinheiro dos que viviam acima das suas possibilidades.

Apontando a crise causadora a governos anteriores, que não os deles, apagando o tempo em que Cavaco Silva foi primeiro-ministro e que, para receber fundos europeus, decidiu dar cabo do que restava da indústria e da agricultura, antros que alimentavam os perigosos sindicatos comunistas, lançam-se de espada em riste confiscando salários e tudo para bem dos prevaricadores.

O íncola de Belém, nome interessante aplicado por Domingos Lopes a Cavaco Silva, juntou-se afincadamente à trupe governativa acolitados por comentadores com a trombeta do Governo que propagandeiam ardilosamente sucessos da governação negando e ocultando o que as evidências do dia-a-dia mostram. É aqui que entra o estado de negação desta gente. Recordemos então:

As verdades feitas

O estado de negação

O país está bem e o SNS está melhor do que estava.

A gripe sazonal de inverno, mais que esperada, fez parar as urgências dos hospitais.

Alguns portugueses morreram ao fim de horas sem serem atendidos.

Os responsáveis hospitalares confiscam as macas aos bombeiros para os doentes não se espalharem no chão daqueles estabelecimentos.

Passos Coelho e seus acólitos apregoam o seu contentamento pelo novo estado do país.

Uma em cada três crianças está no limiar da pobreza…

 

Estão satisfeitos porque o país merece o crédito dos credores.

 

Não há vacinas para a tuberculose…

a dívida passou de 97% para 135% do PIB.

 

Com ar de muita credibilidade tentam demonstrar que não querem que os portugueses paguem os prejuízos da TAP e querem vendê-la aos privados que sabem gerir.

O que aconteceu com os bancos nacionais e internacionais. Estes privados não se sabe quem são, não têm rosto… deitaram a baixo bancos e empresas com proveito próprio o que mostra uma boa gestão.

Mostram um emblema da bandeira na lapela imitando os Estados Unidos da América.

Traem Portugal e mentem aos portugueses sempre que podem e castigam com a austeridade apenas para alguns porque, como diz o acólito do governo e inquilino de Belém, o tempo, não está para facilidades… Para alguns diga-se.

Anunciam reformas laborais de sucessos para bem da competividade e do investimento e para a estimulo da criação de postos de trabalho.  

O objetivo encaminha-se para acabar com o Código de Trabalho e deixar o mercado regular as relações entre o empregador e o empregado… a bem da concorrência.

Mas o desemprego estrutural e de longa duração aumentam.

Anunciam políticas (neoliberais) para deixar o mercado funcionar e austeridade para criar riqueza.

Resultou na devastação do tecido produtivo português e as condições de vida dos portugueses.

Elogiam um Estado mínimo sem gorduras.  

Deram golpes profundos no Estado Social e no Estado de Direito para construir uma sociedade em roda livre, à larga e sem leis para que os donos disto tudo investissem.

Não resultou nem em investimento nem na criação de postos de trabalho.

Vejam-se os casos BPN e BES como resultaram em investimento produtivo

Criaram empregos no Estado para amigos e famílias.

.

Domingos Lopes termina escrevendo: "São estes os novos cruzados: gente que não gosta dos portugueses e que vive a pensar em como pode engrandecer os donos do dinheiro para os fazer enriquecer e simultaneamente empobrecer o país."

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publicado às 12:19

O que dizem e fazem sem qualquer vergonha

por Manuel_AR, em 05.02.15

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Leal da Costa coloca em primeiro o seu partido em lugar dos doentes e do serviço nacional de saúde. Médico humanista ou médico economicista que mente descaradamente e desconhece o dia-a-dia das pessoas que, para ele, devem ser apenas carne humana.

Uma outra diatribe de Passos Coelho foi a de criticar os órgãos de comunicação social, nomeadamente as televisões, de populismo porque dão as notícias que sabem que vão ter audiências nas aberturas dos telejornais. Isto ao comentar os acontecimentos nos hospitais e com os medicamentos para a hepatite C.

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 Passos Coelho passa agora à diplomacia cínica compondo o ramalhete do disparate quando afirmou que o perdão da dívida grega não é mais do que um "conto de crianças". Muitos comentadores até tentam fazer o pino para desculpar e justificar aquelas suas palavras. Diz agora que  terá muito gosto em receber representante do Governo grego. Terá este senhor sentido de estado? Como Passos Coelho com certeza sabe outros chefes de estado receberam o ministro das finanças grego e que até Merkel lhe desejou felicidades, agora muda de estratégia para enganar papalvos.

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Um colete de aço para proteção a Cavaco pelo PSD e CDS. O que há temer?

Maioria chumba audição de Cavaco Silva na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES.

Os grupos parlamentares do CDS e do PSD vetaram os requerimentos enviados pela oposição à Comissão de Inquérito para enviar perguntas a Cavaco Silva sobre o teor dos seus encontros com Ricardo Salgado. Argumento: separação de poderes. Bah!

Amor com amor se paga. Se considerarmos que o Presidente Cavaco tem sido a muleta de sustentação do Governo. Há que pagar favores.

As explicações sobre as cartas da Salgado e as consequentes declarações de Cavaco sobre a confiança a ter no BES ficam assim, mais uma vez, escondidas dos portugueses.

Por sua vez o caso BPN tem ficado cada vez mais nas brumas da memória. Onde está quem lucrou, e muito, levando o banco ao estado que se sabe. Estarão em prisão preventiva?

 

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O cerco de boicote por países da União Europeia e pelo BCE está a fechar-se sobre a Grécia. É uma espécie de círculo de fogo traçado pela Alemanha como revanche sobre o grego por ter escolhido para o seu país partidos que não foram os que eles pretendiam. Uns por convicção, outros por medo, outros ainda com posições tímidas e ambíguas. Há quem acredite que as negociações irão continuar sem ser na praça pública e alguma solução será encontrada salvo risco de instabilidade da zona euro e o que não interessa à Alemanha é a fuga da submissão e do jugo pelos países que quer controlar.

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publicado às 23:44

O parente pobre do jornal "SOL"

por Manuel_AR, em 29.11.14

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O Jornal i parece ter passado a ser o parente pobre do jornal "Sol" desde que foi comprado pela Newshold, SGPS, SA. Note-se que esta empresa é detentora do jornal "Sol" e agora também do jornal "i". Tenho seguido o percurso deste jornal desde o seu aparecimento em termos de independência e estatuto editorial que tem vindo a sofrer alterações ora mais ao centro, ora mais à direita, ora mais à esquerda. Continuo a ler o jornal mais por ter em consideração muitos dos(as) jornalistas que lá trabalham.

A Newshold, detentora do jornal "Sol" tem 15% da Cofina que é dona do "correio da Manhã" e do jornal de "Negócios" e 1,7%.

Nos tempos áureos de Relvas, dezembro de 2012, saiu uma notícia no "Jornal de Negócios" que divulgava a intenção de Álvaro Sobrinho divulgava nas páginas de hoje do jornal "Sol" a lista de acionistas da Pineview Overseas, a sociedade que detém a Newshold, que era candidata à privatização ou concessão da RTP.

Álvaro Sobrinho é um empresário angolano, antigo diretor do Banco Espírito Santo (BES) em Lisboa e do banco BES Angola até pelo menos dezembro de 2013.

Este empresário detém, a título individual, 5% do BES Angola, assim como cerca de 3% da Espírito Santo International, através de várias sociedades detidas maioritariamente por si. A Espírito Santo International controla, por sua vez, a maior acionista do Banco Espírito Santo, a Espírito Santo Financial Group, a qual, por sua vez, controla o Banque Privée Espirito Santo (BPES) na Suíça, entre outros. Como presidente do BES tinha sido chamado ao Banco de Portugal para dar explicações sobre uma comissão de € 8,5 milhões que teria recebido de uma consultoria dada a um cliente em Angola.

Os editorais do jornal "i" de Luís Rosa que, após a compra, é diretor do jornal, passaram a ser, como já eram, de um neoliberalismo feroz, tacanho e enquistado e pleno de propaganda implícita ao regime, diga-se do governo, que ele mostra defender mais do que comentar políticas.

Fala este sábado da questão da lei do enriquecimento ilícito que tem sido adiada, segundo ele, por falta de consenso por parte do PS. Fala dos casos de corrupção que tem havido, porque mal seria se não o fizesse, mas foca sobretudo o caso de Isaltino de Morais, deixando em branco casos como o do BPN e outros que estão em águas estagnadas. Termina dizendo que temos que ter uma lei do enriquecimento ilícito, o que, para qualquer um parece óbvio, para "não termos mais Isaltinos", diz, como se este caso fosse o máximo do enriquecimento ilícito, esquecendo outros que apenas enuncia mas que estão na base da corrupção e branqueamento de capitais.

Salienta a ideia de Teresa Leal Coelho, uma galinha do PSD que cansa qualquer cidadão por monopolizadora de diálogos, de "passar alargar o crime a todos os cidadãos, permitindo abranger, além dos funcionários e titulares de cargos políticos o setor privado". Quem não está de acordo com esta ideia? O problema é que tudo terá repercussão apenas para o futuro. E todos os casos de enriquecimento ilícito do passado ficam todos a salvo porque, entretanto, ninguém mais lhes vai tocar. Estarão a salvo.

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publicado às 16:05

Oportunidade ou oportunismo

por Manuel_AR, em 25.11.14

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http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=4037830

 

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http://economico.sapo.pt/noticias/antigo-dono-da-tecnoforma-o-pedro-abria-as-portas-todas_192683.html

Não vou tecer juízos de intenção e de valor sobre a culpabilidade ou não de José Sócrates, nem sobre o modo como tudo foi conduzido nem sobre as acusações de que é presumivelmente arguido. Mas posso, isso sim, tecer opiniões sobre a forma diferente como a justiça tem atuado no que se refere ao tempo e às decisões de alguns processos judiciais. Há comentadores e jornalistas que por aí proliferam, possivelmente com razões de queixa de quando Sócrates foi primeiro-ministro que dizem agora que a justiça tem tido tratamento igual para todos. Eles sabem perfeitamente que não é assim.

Alguns jornais e televisões, nomeadamente o Correio da Manhã, (não ler correio da manha), o canal CMTV, o jornal Sol, e também o seu familiar mais pobre Jornal i, agora pertencente ao mesmo grupo, têm sido neste últimos dias os arautos da luta contra Sócrates.

Quanto à rapidez da justiça, absolvições e condenações basta relembrar o que se tem passado. A direita parece colocar-se acima de tudo o que se sejam burlas, branqueamento de capitais, abusos de confiança, corrupção, peculato, fraude fiscal, tráfico de influências, etc.porque se acha impoluta, esquecendo-se dos casos do BPN, BPP, vistos gold, Tecnoforma, Duarte Lima, BCP, submarinos e outros, alguns deles ainda a navegar em águas paradas.

Sobre o caso BPN, em que elementos do PSD estão envolvidos não se viram ainda diligências de prisão nem ninguém ser constituído arguido com tanta celeridade e empenho. Para esses nunca há provas suficientes. Talvez não convenha a alguns, altamente colocado na hierarquia de Estado, que assim aconteça. Para uns não há provas, não há documentos, não se prova nada; para outros há que agir, e depressa que se faz tarde. Na justiça não deve haver nem uns, nem outros, devem ser tratados como iguais perante a lei.

Se para uns se pretende fazer justiça célere e com o máximo de mediatização, para outros vai andando de ano em ano até à prescrição final ou, senão conduzindo a algo inconclusivo ou eternamente em segredo de justiça.

Este caso de José Sócrates tem-nos revelado como funcionam alguns canais de televisão como o CMTV que mais parece ser um canal de televisão bombardeando o povo com o mesmo acontecimento repetido até à exaustão tal como na ex-união soviética ou Coreia do Norte, com o objetivo de fazer lavagem cerebral ao público.

Técnicas utilizadas, como a repetição exaustiva com associação de imagens do passado nada tendo a ver com os factos presentes numa sequência mais do que discutível massacram o telespetador com o intuito de enganar a opinião pública. É a chamada intoxicação pública.

A detenção de José Sócrates mesmo sem culpa formada veio dar trunfos à direita num momento em que António Costa foi eleito líder do Partido Socialista e se aproxima o congresso do PS. Foi uma janela aberta de oportunidades (provocada ou não, não o saberemos para já) que assentou que nem uma luva para a direita no governo entrar já em campanha eleitoral. Fez esquecer os vistos gold e o caso BES que ocupavam as páginas da imprensa e os noticiários televisivos que passam agora a secundários e, por outro lado irá possibilitar a lavagem da imagem da ministra da justiça. A ver vamos.

Foi coincidência dirão. Será que foi? Para mim não há coincidências. Sócrates tem andado há mais de um ano, de cá, para lá, e foi precisamente agora que tudo se decide repentinamente, dando até lugar a convites a alguns canais de televisão privilegiados para captarem a detenção.

José Sócrates incomodou muita gente, tentou maniatar e a imprensa e pressionar alguns jornalistas, erro crasso. No último ano, com os seus comentários de opinião continuou a ser incómodo para alguns em posições hierárquicas elevadas que não gostam de ser incomodado e, muito menos, criticados. Mas ele fê-lo. Não queiramos ser ingénuos tudo foi provocado num contexto. Tudo o que se desenrolou em três dias, e nesta altura, já poderia ter sido feito antes porque já se sabia, mas foi precisamente este o momento escolhido. Por causa duma eventual fuga! Mas qual fuga? Alguém acredita que o ex-primeiro-ministro não saberia de todo o que se estava a passar? Não sejamos ingénuos a esse ponto.

Já escrevi em blog anterior que o jornal "Sol" sempre teve, e continua a ter, matizes de parcialidade e de interesse muito peculiar pelas manchetes da primeira página que favoreçam a direita e infamar e desacreditar a esquerda que lhe faça mais frente, basta fazermos uma leitura retrospetiva.

Enquanto os jornais diários generalista colocam manchetes sobre as suspeitas de corrupção de altas chefias do Estado no que toca aos vistos gold, apadrinhados por Paulo Portas, o jornal "Sol" apenas lhe dedicava um pequeno subtítulo no fim da primeira página. O Jornal i e os jornais económicos seguem-lhe as pisadas. Porque será? Cada qual que tire as suas conclusões.

Agora procede precisamente ao contrário. Esconde uns casos e mostra outros com grande esplendor. Tudo quanto sirva para criticar a esquerda ou José Sócrates gasta resmas de linhas nesse tipo de jornal quando se trata de elementos da direita faz-se mouco. O CMTV que pertencente ao mesmo grupo económico, segue-lhe os passos, mas é um caso especial de noticiário espetacular, a necessidade de audiências leva-o a preterir a isenção e a imparcialidade.

Que fique claro que não pretendo dizer que se devem esconder uns casos e salientar outros só porque são de direita ou de esquerda. O que está em causa são os privilégios dados a alguns órgãos de comunicação com vantagem no acesso a fugas de informação e à sua falta de independência e de isenção não tratando todos os casos por igual.

Por outro, para disfarçar atitudes sectárias ou parciais colocam alguns artigos de opinião de sensibilidades diferentes. Não é por isso que esses jornais nos dão uma informação isenta.  

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publicado às 19:21

Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal, que tem tomado ("boas"?) decisões sobre o caso BES, recupera, num fórum em Lisboa, um tema divisionista da sociedade que em fevereiro de 2013 Relvas lançou e que o primeiro-ministro apoiou, no qual acusavam os "instalados" do mercado de trabalho de serem os responsáveis pelo nível de desemprego jovem registado. Acrescentou ainda que "o mundo laboral não parece mais favorável”, porque há “oportunidades raras e instalados a travar todas as ambições”. O discurso de Relvas punha sobre os ombros das gerações mais velhas a responsabilidade da falta de emprego para os que agora tentam entrar no mercado de trabalho.

Acrescentou Carlos Costa que os mais velhos deveriam ser reformados para dar lugar aos mais novos acusando-os ainda de abuso de baixas médicas. Não admira que, lançando trabalhadores na reforma antecipada, a que ele chama "pré-pensionamento", venham depois bradar aos céus da insustentabilidade da segurança social e da caixa nacional de pensões.

Acrescentou ainda esta espécie de governador do BdP que são faltistas e estão sempre de baixa os "trabalhadores que, por razões ligadas à sua formação, à sua longa história de trabalho e até por razões ligadas à própria inadequação às novas condições [de trabalho]". Para Carlos Costa, são os trabalhadores menos qualificados que estão em causa, podendo depreender-se que jovens da geração mais qualificada de sempre poderiam bem preencher aqueles lugares ocupados pelos mais velhos com salário muito mais baixo, porventura até o salário mínimo.

Reformar tudo quanto mexa sem quaisquer critérios é o lema dos senhores do Governo e dos seus subservientes servidores. Aquele senhor não se enxerga porque, face a tamanha confusão criada com o caso BES, parece bem que era ele próprio que deveria pedir a reforma antecipada. Uma forma de desviar as atenções focadas sobre problemas criados é lançar temas polémicos que minimizem ou façam esquecer outros. Colocar portugueses contra portugueses para reinar e desviar atenções é um peditório para o qual não demos nem daremos.

 

Imagem obtida do site da TVI24

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publicado às 17:14

Os pedidos de desculpa por elementos do Governo passaram a cair na vulgaridade. Quando há erros de consequências políticas basta que, perante a Assembleia da República ou frente a um canal televisivo, se peça desculpa aos portugueses.

Portugal passou a ser o país da desculpabilização, quando não o jogo do empurra como fuga à responsabilidade. O pedido de desculpa por elementos deste Governo passou a ser uma forma de manutenção no poder acatado pelo próprio primeiro-ministro que, em tempo, também pediu desculpa. As consequências que advenham dum qualquer ato político gravoso passaram a poder ser substituídas por pedidos formais de desculpa. A força do pedido de desculpa, na prática, caiu na rua.

Já agora poderia também ser dada a oportunidade a Ricardo Salgado de um pedido de desculpas a todos os lesados pelo problema do BES e do seu grupo e ficaria tudo resolvido.

Este Governo perdeu o sentido de ética. Estes políticos do Governo deixaram de reger a sua conduta pessoal e profissional por princípios deontológicos. Por este andar, qualquer dia, um réu que seja condenado passa a pedir desculpa ao tribunal e o caso fica arrumado.

Seria impensável que, numa empresa privada, ao serem cometidos por um colaborador erros ou quaisquer atos lesivos que colocassem em causa os interesses e a sobrevivência da empresa, não resultassem daí quaisquer consequências, bastando um pedido de desculpa.

Passos Coelho mostra a coesão do seu Governo pela manutenção de incompetentes nos lugares de ministro e secretários de estado. Passos Coelho manda matar o mensageiro quando recebe más notícias, isto é, manda demitir subalternos. Ricardo Salgado já fez o mesmo, disse que a culpa do que aconteceu no BES foi do contabilista.

Portugal está a caminhar por caminhos dando sinais de bons exemplos, isso sim, às gerações futuras no que respeita à forma de fazer política e estar num governo.

Na campanha para as primárias do PS António José Seguro está também a ser um bom exemplo no que respeita à falta ética com que argumenta contra o seu adversário de campanha na ânsia pessoal de querer ser primeiro-ministro, como em tempos já afirmou mais do que uma vez.   

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publicado às 23:14

Onde estás impunidade que não te encontro

por Manuel_AR, em 18.09.14

A justiça tem que ser feita e tem que ser célere seja para quem for e dou-a a quem doer. Mas será isso se tem verificado que nos últimos meses? Seguramente não. A imprensa e as televisões têmdado relevo aos julgamentos e condenações conotados com algumas áreas partidárias e originários de governo anterior a este. Está certo. Todo e qualquer processo deve culminar o mais rápido possível com a condenação ou a absolvição dos réus, como é óbvio, sem arrastos muitas das vezes desnecessários.

Mas, a opinião pública fica sempre com dúvidas da eficácia da justiça quando se confronta com a rapidez da justiça apenas num determinado sentido e em determinados momentos da vida política e partidária nacional enquanto outros continuam a arrastar-se indefinidamente levando atá à prescrição dos processos quiçá por desleixo, incompetência, ou porque assim interessa, sem que nada aconteça. Veja-se o caso das prescrições em processos relacionados com o BCP.

Quanto ao BPN, submarinos e outros onde há envolvimentos do outro lado do leque partidário arrastam-se até à exaustão. Estão em segredo de justiça, estão em andamento, etc., etc..

Por isso mesmo podemos sempre desconfiar que, sempre que há alguém das "elites" partidárias e da política, com ou sem envolvimento dos governos a quem não interessa o desenvolvimento do processo, tudo se arrasta ou acaba em "águas de bacalhau".

Há quanto tempo não se houve na comunicação social falar do processo BPN. Qual o ponto da situação? Recordo-me de uma afirmação da senhora ministra da justiça há alguns meses atrás que afirmava que o tempo da impunidade tinha acabado. Deveria de acabar de todo. Penso que todos concordamos. Mas será isso que se está a passar?

Em 11 de maio de 2012 a ministra da Justiça defendia que "o tempo da impunidade chegou ao fim», assegurando que, com a reforma do Código de Processo Penal deixarão de ser possíveis «expedientes dilatórios" que levem à prescrição dos crimes.

E mais, "Vamos ter uma nova legislação que vai ao encontro da solução daquilo que podiam ser expedientes dilatórios, ou que podiam ser usados como tal".

Em março de 2014 "as acusações do Banco de Portugal contra o ex-presidente do BCP, Jorge Jardim Gonçalves, prescreveram na sequência de uma série de recursos que foram apresentados. Jardim Gonçalves tinha sido condenado a pagar um milhão de euros e estava inibido de ter funções no sector financeiro durante nove anos, no processo de contraordenação movido pelo supervisor bancário. Em causa estava a prestação de informação falsa e falsificação de contas do BCP através de 17 sociedades sediadas em paraísos fiscais.". Ler mais…  Quanto a consequências, nada aconteceu.

Mais recentemente, no princípio de setembro, numa entrevista à RTP a mesma ministra afirmou que "No sector privado reinou durante muito tempo uma lógica de impunidade, acima de tudo, sobretudo nas grandes empresas, no sector estatal reinou uma certa promiscuidade entre o público e o privado…". O que vai acontecer com o BPN, BPP, BES? Provavelmente, nada. Como eu gostaria de estar enganado.

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publicado às 17:10

O moralismo do mestre das acrobacias

por Manuel_AR, em 16.09.14

Há uma bailarina acrobática da política (ver blog reviravolta ) que está sempre a ensaiar novas acrobacias que a coloquem na opinião pública como a estadista que põe Portugal acima de tudo, mas, obviamente, quando tira partido disso.

A propósito da demissão de Vítor Bento a bailarina acrobática num curso partidário, (agora chamam cursos a doutrinações partidárias), expressou fúria contra a deserção de Vítor Bento e acusou indiretamente a decisão de "falta de espírito de missão" e de "pôr o interesse pessoal à frente do interesse nacional". Ao afirmar isto tem decerto memória muito curta, pois esqueceu-se da crise que lançou em 2013 colocando à frente do país os interesses pessoais, recuando, depois, quando lhe cheirou a mais protagonismo e poder.

Em Portugal o grupo acrobático de bailado político não se limita apenas a uma bailarina há também partenaires que participam no elenco, mas esses mantêm-se no segundo plano do proscénio.

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publicado às 11:24

Achas na fogueira

por Manuel_AR, em 15.09.14
 

Venda-se o BES ou o Novo Banco ou lá o que é ao desbarato que se faz tarde. Depressa, venda-se o banco porque em ano de eleições não queremos ficar com tretas na mão pensa o governo mas não diz. Vítor Bento o economista neoliberal, conselheiro de estado, o tal que, alguns diziam, iria ser mais do mesmo na administração do Novo Banco e outros que seria o mágico da economia que iria restabelecer a confiança no "banco bom" demitiu-se com a sua equipa passados trinta e poucos mais dias. O que se terá passado na realidade ninguém sabe ao certo, nem se irá saber tão cedo.

A venda imediata do Novo Banco até ao final do ano  tem a ver com o ano de eleições e ao governo não lhe interessa desembolsar milhões de euros como o fez com o BPN, mesmo que, devido à venda apressada, faça baixar significativamente o preço de venda.

Se não vender o banco Passos Coelho ficará associado ao "BESaffair". Assim como a natureza tem horror ao vazio também Passo Coelho tem horror às nacionalizações, mesmo que isso traga vantagens para o Estado e para os contribuintes. Segundo alguns comentadores, para Passos Coelho não ser sugado pelo furacão "BESaffair" terá de vender o banco por um valor acima do que já enterrou com o BPN para que os contribuintes não sejam prejudicados.

A razão oficial da demissão de Vítor Bento e da sua equipa, segundo fontes do Jornal i, são devidas a motivos que "alteraram profundamente a natureza do desafio com base no qual aceitáramos esta missão em meados de julho". Razão vaga nada esclarecedoras do que esteve por detrás da demissão. Que circunstâncias terão sido alteradas? Pressões, incerteza, falta de informação suficiente, descoberta de situações mais graves do que as que se conheciam à data da tomada de posse? Duvido que se venha a saber, pelo menos para já. Até lá, Ricardo Salgado continua com o seu escritório montado no hotel mais caro do Estoril pago com que dinheiro e dirigindo que negócios?

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publicado às 19:57


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