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Os dálmatas de Cavaco

por Manuel_AR, em 10.03.14
Austeridade para sempre  
O ministro sombra do Governo, mais conhecido por Presidente Cavaco, acaba de fazer declarações no prefácio  do livro de discursos que comprometem as do governo por serem mais duras. Tenta ainda pressionar outros partidos para compromissos com os do governo, numa tentativa de pôr em causa a liberdade efetiva de escolha pelos cidadãos. Os partidos ao serem  colocados todos no mesmo saco deixam, por isso, de ser opção prejudicando a escolha em termos de alternativa.
 

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publicado às 16:19

Encantadores e mentirosos

por Manuel_AR, em 11.02.14

A "cassete" eram um termo que se utilizava para se fazerem críticas às intervenções do Partido Comunista Português devido à repetição de determinadas frases e chavões repetidos até à exaustão. Hoje em dia a tecnologia da cassete foi abandonada e deram lugar aos CD's que também se podem repetir e que têm a vantagem de poder ser ouvidos nos computadores portáteis. O PCP nos últimos tempos reajustou o seu discurso e esta técnica foi mais ou menos minimizada.

Os partidos do Governo passaram a adotar agora a estratégia do CD. Basta analisar as intervenções dos que dele fazem parte e dos que o apoiam para se verificar isso. Quanto mais nos aproximamos das eleições tanto mais se torna evidente a repetição ad nauseam de chavões, uns reportados ao passado, outros em relação ao futuro brilhante em que todos (?) os portugueses devem acreditar.

Não nos esquecemos que Paulo Portas, em maio de 2011, afirmou que a intervenção do FMI em Portugal deve ser aproveitada para ter "um Estado mais decente", depois de um processo que vai tornar o país "transitoriamente num protetorado". Veja-se a semelhança do discurso com o de Passos Coelho que dizia então que devemos ir para além da troika, Portas dizia que a intervenção deve ser aproveitada.

 Agora há um novo CD da maioria e do Sr. vice primeiro-ministro, o das reviravoltas, que ainda pensa que pode convencer os portugueses das suas boas intenções através da repetição de "não queremos que o FMI volte para Portugal como já o foi por três vezes, por isso temos que continuar o mesmo rumo" rumo que, como se tem visto, é bastante promissor para os portugueses que se devem limitar apenas à esperança…

É uma cassete para lançar aos olhos dos portugueses que andam distraídos não apenas poeira, mas um nevoeiro tão denso que os impeça de ver e de pensar.

Os CD's passam a ser vários e vão ao mesmo tempo em sentido contrário. Veja-se por exemplo a simultaneidade da narrativa do estamos no rumo certo e vamos continuar com a narrativa do crescimento, com a manutenção do rumo de austeridade e cortes, mas agora vêm propor o contrário do que têm vindo a fazer. Basta vermos as propostas a apresentar pela concelhia do  PSD/Lisboa ao congresso com o mandato de Passos Coelho renovado como líder. O partido, com a sua marca vincada e claramente neoliberal, vem agora reivindicar-se como de matriz social-democrata. Ao lermos algumas das propostas não deixamos de poder fazer um rasgado sorriso de gozo e perplexidade. Veja-se só por exemplo isto:

O bom senso e a responsabilidade social aconselham que após o período de intervenção se faça o aumento do salário mínimo de 500 euros a partir de outubro de 2014; diminuição do IVA da restauração a partir de julho; mais economia com mais sensibilidade social; defende a revisão da lei das rendas; introduzir correções que protejam os mais idosos e o pequeno comércio…bla...bla...bla...

Mas alguém acredita nisto? Sai a troika e vai ser o abrir dos cordões à bolsa que é o contrário de, a austeridade é para continuar como afirmam. Afinal não há dinheiro? Gozam com pagode. Só pode.

Dizem ainda que a economia cresce mas que tal não se vai sentir no modo de vida dos portugueses. Mas então de que serve a economia crescer. Será apenas para uma minoria usufruír?

Percebe-se que estas medidas e o regresso às origens ideológicas do PSD sejam o que poderá servir de isco para captar votos dos crédulos para que após ganharem as eleições possam voltar a aplicar políticas ainda mais gravosas. Aliás Poiares Maduro já o disse nas entrelinhas ao falar para quem nada percebe. As primeiras são as reformas, depois virão os senhores que se seguem.

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publicado às 23:13

Austeridade só para alguns?

por Manuel_AR, em 26.01.14

 

Enquanto a uns são cortados os salários e pensões de reforma, e a outros são congelados os vencimentos, outros são aumentados, como o foram os deputados da Assembleia da República que não se fazem rogados a esses aumentos. Como se pode confirmar pelo mapa comparativo abaixo incluído.

Sou dos que acha que os deputados devem ser bem pagos assim como os que ocupam cargos públicos de responsabilidade, porém, se estamos em contenção de despesa e em tempos de austeridade não se compreende a razão destes aumentos.

Salientam-se apenas os vencimentos dos deputados, mas uma análise mais detalhada podemos ver o aumento de encargos com as despesas com pessoal.

 

Fontes: 

Diário da República, 1.ª série — N.º 222 — 16 de novembro de 2012

 

Diário da República, 1.ª série — N.º 226 — 21 de novembro de 2013

 

 

 

OAR 2013

OAR 2014

Diferença

01. DESPESAS COM PESSOAL

42.174.204,00

44.484.054,00

2.309.850,00

01.01 Remunerações certas e permanentes

31.531.365,00

32.664.938,00

1.133.573,00

01.01.01 Titulares de órgõas de soberania: Deputados

9.803.094,00

10.293.000,00

489.906,00

01.01.01a Vencimentos ordinários de Deputados

9.048.644,00

8.820.000,00

-228.644,00

01.01.01b Vencimentos Extraordinários de Deputados

754.450,00

1.473.000,00

718.550,00

01.01.03 Pessoal dos SAR e GAB- Vencimentos e Suplementos

11.116.950,00

10.431.019,00

-685.931,00

01.01.05 Pessoal além dos Quadros - GP´s

6.127.139,00

6.252.791,00

125.652,00

01.01.05a Pessoal além dos Quadros - GP´s: Vencimentos

5.563.180,00

5.377.776,00

-185.404,00

01.01.05b Pessoal além dos Quadros - GP´s: Sub.Férias e Natal

518.959,00

853.515,00

334.556,00

01.01.05c Pessoal além dos Quadros - GP´s: Doença e Maternidade/Paternidade

21.500,00

11.000,00

-10.500,00

01.01.05d Pessoal além dos Quadros - GP´s: Pessoal aguardando aposentação

23.500,00

10.500,00

-13.000,00

01.01.06 Pessoal contratado a termo

186.000,00

176.170,00

-9.830,00

01.01.07 Pessoal em regime de tarefa ou avença

243.200,00

229.600,00

-13.600,00

01.01.08 Pessoal aguardando aposentação (SAR)

76.300,00

80.000,00

3.700,00

01.01.09 Pessoal em qualquer outra situação

978.540,00

1.359.120,00

380.580,00

01.01.11 Representação (certa e permanente)

1.216.479,00

1.186.489,00

-29.990,00

01.01.12 Subsídios, Suplementos e Prémios (certos e permanentes)

33.000,00

38.400,00

5.400,00

01.01.13 Subsídio de refeição

683.393,00

616.973,00

-66.420,00

01.01.13a Subsídio de refeição (Pessoal dos SAR)

453.393,00

386.973,00

-66.420,00

01.01.13b Subsídio de refeição (Pessoal dos GP´s)

230.000,00

230.000,00

0,00

01.01.14 Subsídios de férias e de Natal (SAR)

1.017.270,00

1.951.376,00

934.106,00

01.01.15 Remunerações por doença e maternidade/paternidade (SAR)

50.000,00

50.000,00

0,00

01.02 Abonos Variáveis e Eventuais

4.195.074,00

3.830.655,00

-364.419,00

01.02.02 Trabalhos em dias de descanso, feriados e horas extraordin.

470.000,00

304.848,00

-165.152,00

01.02.02a Trabalhos em dias de descanso e feriados (SAR)

130.000,00

90.500,00

-39.500,00

01.02.02b Horas extraordinárias (GP´s) 3

340.000,00

214.348,00

-125.652,00

01.02.03 Alimentação, alojamento e Transporte

155.000,00

156.700,00

1.700,00

01.02.03a Alimentação

87.000,00

98.700,00

11.700,00

01.02.03b Alojamento

33.000,00

30.000,00

-3.000,00

01.02.03c Transportes

35.000,00

28.000,00

-7.000,00

01.02.04 Ajudas de custo

3.060.412,00

3.061.737,00

1.325,00

01.02.04a Ajudas de custo: Funcionários SAR e GAB

143.234,00

131.659,00

-11.575,00

01.02.04b Ajudas de custo: Outras

10.650,00

23.550,00

12.900,00

01.02.04c Ajudas de custo: Deputados

2.906.528,00

2.906.528,00

0,00

01.02.05 Abono para falhas

5.000,00

5.000,00

0,00

01.02.06 Formação

500,00

500,00

0,00

01.02.08 Subsídios e abonos de fixação, residência e alojamento

23.500,00

27.000,00

3.500,00

01.02.12 Subsídios de Reintegração e Indemnizações por cessação

418.342,00

214.000,00

-204.342,00

01.02.12a Subsídio de reintegração (Deputados)

395.342,00

200.000,00

-195.342,00

01.02.12b Indemnizações por cessação de funções

23.000,00

14.000,00

-9.000,00

01.02.13 Outros suplementos e prémios

38.500,00

35.930,00

-2.570,00

01.02.14 Outros abonos em numerário ou espécie

24.320,00

24.940,00

620,00

01.03 Segurança Social

6.447.765,00

7.988.461,00

1.540.696,00

01.03.01 Encargos com Saúde

486.650,00

301.512,00

-185.138,00

01.03.01a Encargos com a saúde (SAR)

326.150,00

189.687,00

-136.463,00

01.03.01b Encargos com a saúde (GP´s)

40.500,00

28.000,00

-12.500,00

01.03.01c Encargos com a saúde (Deputados)

120.000,00

83.825,00

-36.175,00

01.03.02 Outros encargos com saúde

1.000,00

1.000,00

0,00

01.03.02a Outros encargos com a saúde (SAR) 25

1.000,00

1.000,00

0,00

01.03.03 Subsídio familiar a crianças e jovens

35.575,00

6.500,00

-29.075,00

01.03.03a Subsídio familiar a crianças e a jovens(SAR)

28.830,00

6.000,00

-22.830,00

01.03.03b Subsídio familiar a crianças e a jovens(GP´s)

5.225,00

500,00

-4.725,00

01.03.04 Outras prestações familiares e complementares 260.000,00

1.520,00

260.000,00

258.480,00

01.03.04a Outras prestações familiares e complementares (SAR)

211.100,00

180.000,00

-31.100,00

01.03.04b Outras prestações familiares e complementares (GP´s)

81.500,00

70.000,00

-11.500,00

01.03.04c Outras prestações familiares e complementares (Deputados)

14.725,00

10.000,00

-4.725,00

01.03.05 Contribuições para a segurança social

2.790.890,00

2.890.415,00

99.525,00

01.03.05a Contribuições para segurança social (SAR) 

379.120,00

470.085,00

90.965,00

01.03.05b Contribuições para a segurança social (GP's)

1.116.000,00

1.180.000,00

64.000,00

01.03.05c Contribuições para a segurança social (Deputados)

1.295.770,00

1.240.000,00

-55.770,00

01.03.06 Acidentes em serviço e doenças profissionais   

219.530,00

150.500,00

-69.030,00

01.03.06a Acidentes profissionais (SAR)

219.000,00

150.000,00

-69.000,00

01.03.06b Acidentes profissionais (GP's)

530,00

500,00

-30,00

01.03.09 Seguros

58.450,00

65.100,00

6.650,00

01.03.09a Seguros (SAR)

500,00

500,00

0,00

01.03.09c Seguros (deputados)

57.950,00

64.600,00

6.650,00

01.03.10 Outras despesas de segurança social CGA

2.548.345,00

4.313.434,00

1.765.089,00

01.03.10a Outras despesas de segurança social CGA (SAR)

1.719.745,00

2.810.774,00

1.091.029,00

01.03.10b Outras despesas de segurança social CGA (GP´s)

200.000,00

330.000,00

130.000,00

01.03.10c Outras despesas de segurança social CGA (deputados)

628.600,00

1.172.660,00

544.060,00

 

 

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publicado às 17:52

 

 

 

Antes do comentário que irei fazer cumprem-me fazer uma declaração prévia. O futebol não faz parte de todo dos meus interesses pessoais e, como tal, não tenho por hábito discutir futebol com quem quer que seja e quando o faço é pura e simplesmente no sentido de gracejar com o tema.

A condecoração de Cristiano Ronaldo com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, por parte do Presidente da República, Cavaco Silva, do meu ponto de vista não foi essencialmente por causa do seu contributo na projeção internacional do país, mas uma questão de imagem pessoal do próprio presidente. A projeção internacional de Ronaldo como tal não nos livra das dificuldades financeiras, tão pouco nos da crise e da austeridade nem contribui para a recuperação económica.

Apesar de ter havido uma ligeira recuperação, 1,5%, da popularidade de Cavaco Silva ele precisava de uma ajudinha, e onde ir buscá-la, claro que na área onde sabe que as emoções vêm à flor da pele, o futebol e Cristiano Ronaldo.

 Aqui o Presidente da República jogou uma dupla cartada que foi pensar nele mesmo, o que faz por norma, e no desvio das atenções dos problemas que se enfrentam. Um oportunismo político porque este espetáculo público sobretudo cai bem…

Mas assim como os portugueses têm memória curta na política, dizem, também a têm para estes factos efémeros que se esfumam quando, no quotidiano, se confrontam com as dificuldades e lutam para as ultrapassarem com grande esforço.

No seu discurso de entrega da condecoração o presidente instituiu o futebol como arte, disse ele, ao exaltar as qualidades de trabalho de Ronaldo como se fosse um exemplo a seguir pelos portugueses, tal como a "coragem de acreditar", não sabemos é em quê!

Como não há símbolos nacionais credíveis que mobilizem os portugueses Ronaldo é o que está à mão. As artes, as ciências, a investigação científica ficam ofuscadas por um

 

"Cesse tudo quanto a antiga musa canta,

Que outro valor mais alto se alevanta."

 

como Camões escreveu n' Os Lusíadas.

 

Mas que viva Ronaldo!

 

Ele é, e será, a salvação da Pátria porque dá alegria a milhões de portugueses.

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publicado às 23:35

Os senhores das promessas atacam de novo

por Manuel_AR, em 20.01.14

 

 

 

 

A campanha de intoxicação pública tendo em vista a preparação das eleições para o Parlamento Europeu e a tomada de balanço para as eleições legislativas de 2015 já começou.

Em maio de 2011 no blog antinomias escrevi que José Sócrates vivia no país das maravilhas, e, por isso mesmo muitas vezes afirmei que ele estava a enganar os portugueses. Ao reler o que escrevi na altura considero hoje que, em muitos pontos, não terei tido razão nas críticas que fiz ao verificar a atual prática política quotidiana destes novos "turbo" neoliberais[i] que nos governam, muito dele oriundos das JSD e da JP. Estes senhores são muito piores do que aqueles que acusam de nos ter conduzido ao ponto em que nos encontramos esquecendo-se que agravaram com o seu proclamado ir muito para além da "troika"a situação de todos os portugueses, pelo menos a da grande maioria, enquanto outros tiraram vantagens.

Comentadores de política dos canais de televisão alinham pela comunicação do Governo sobre a saída da "troika". Assim sendo não é mais do que uma falsa saída porque, na realidade, é um terá condições que levará a que tudo fique na mesma ou eventualmente piorar. Lançam para a opinião pública a mensagem da falsa ideia de que a saída da "troika" é vermo-nos livres do programa de ajustamento e da recuperação da soberania. Com base em estatísticas ainda rudimentares, apuradas segundo critérios alguns deles discutíveis, gabam-se da recuperação da economia, do aumento da procura interna, no aumento do consumo, do clima de confiança e tudo o que lhes sirva para demonstrar aquilo que não se verifica no quotidiano das empresas e das famílias.

O equilibrista da política Paulo Portas tenta vender assim alguma coisa, qual propagandista de feira que, para atrair clientela para a sua banca, utiliza um megafone ao qual juntou um relógio digital para contar os segundo até à realização de um sorteio no final da feira, neste caso a saída da "troika". Daria também um bom técnico para agências de marketing e publicidade que o quisessem contratar. Todos nós desejaríamos que tudo terminasse, mas a realidade é que não vai acontecer da forma como querem fazer crer aos portugueses.

O Presidente da República fala de esperança e de confiança. A esperança e a confiança não criam emprego, não fazem investimento, nem colocam pão na mesa em muitas centenas de milhar de portugueses.

Com a mira nas próximas eleições, os partidos da coligação, assestam a sua comunicação intoxicante para obtenção dos votos dos portugueses. Neste movimento acelerado encontram-se diversas instituições internacionais e alguns dos seus responsáveis que alinham pelo mesmo diapasão de apoio a este Governo tendo em vista as eleições europeias. Penso que já tivemos todos a experiência ao longo destes quase três anos do que nos são capazes de oferecer se ganharem as eleições.

Os que dizem que a oposição não tem alternativas e que, portanto, o caminho é único, dão como exemplo as posições tomadas ultimamente pelo presidente francês François Hollande.

Pode ser possível que a oposição tenha que manter ou transformar no todo, ou em parte, algumas das medidas tomadas, o que sempre será preferível às doses massiva, cegas e sem rumo que atingiram apenas alguns setores da sociedade com a austeridade mais excessiva. Sê-lo-ão feitas de forma diferente e escalonada.

O que esta gente promete a partir de maio é de facto um país como o de Alice no País das Maravilhas onde tudo é irreal e ao mesmo tempo absurdo. É uma espécie de engodo com açúcar para apanhar moscas incautas.

Devemos estar atentos e de olhos bem abertos às armadilhas que esta direita nos está a lançar.



[i] Neoliberalismo é um sistema económico que se baseia numa intervenção mínima do estado na economia. Será o mercado que se autorregula com total liberdade e sem qualquer intervenção. É a instituição de um sistema de governo onde se atribui à iniciativa privada mais importância do que o Estado, pelo que, quanto menor a participação do Estado na economia, mais rapidamente a sociedade pode desenvolver-se e progredir, buscando um Bem-Estar Social. Esse tipo de pensamento pode ser representado pela privatização e pelo livre comércio.

 

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publicado às 19:50

 

Os portugueses estão a gastar mais do que o ano passado no mesmo período, cerca de 0,6% a mais. O discurso do Governo é uma espécie de canto da sereia que vai no sentido de proclamar publicamente o milagre do crescimento económico e criar expectativas nos portugueses para que, mais libertos, consumam. Anda toda a gente mais eufórica consumindo acreditando nas expectativas mais do que otimistas do Governo. Se assim for, no primeiro trimestre do ano que vem os dados macroeconómicos podem vir a mostrar  que as medidas do Governo estavam certas e tiveram a sua virtude.

Alguns portugueses estão a participar numa ilusão do tipo espetáculo circense que o ilusionista/prestidigitador Paulo Portas está a oferecer apoiado pelo partener Passos Coelho. Todavia é bom que todos nos acautelemos porque, da mesma forma que temos sido enganados até aqui, o mesmo poderá acontecer no próximo e haja novas medidas inesperadas e inadiáveis de austeridade sem aviso prévio e sem rede que, segundo eles, será culpa sabe-se lá de quem.

Portanto, e com base em experiências anteriores, é bom que estejamos alerta que, com estes senhores nunca é demais.  

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publicado às 18:24

in Jornal i 29-11-2013
Como disse Júlio de Vilhena em 1907: "Isto termina fatalmente por um crime ou por uma revolução!"

No Orçamento do Estado para 2014 mais uma vez ficou por revogar o estatuto especial dos funcionários parlamentares. Sim! Os funcionários parlamentares têm um estatuto especial, que cria na Assembleia da República uma bolsa de funcionários "especiais", não sujeitos às regras que regem a Função Pública em geral. É que os partidos, de forma unânime, da extrema esquerda à extrema direita, impedem sempre a revogação desse estatuto especial. I.E., impedem que seja aplicado aos "seus funcionários" o princípio da igualdade: tratar igual o que é igual! Em suma, os cortes serão necessários e úteis... mas apenas para os outros.

Claro que se compreende a actuação dos partidos políticos: se para si mesmos não desejam a igualdade perante os demais cidadãos, não poderiam sem hipocrisia e sem terem o "inimigo dentro de casa", aceitar que os seus funcionários fossem "rebaixados" ao nível dos demais servidores do Estado.

É que se é certo que as especiais regras de aposentação e as subvenções mensais vitalícias dos deputados "terminaram", não menos certo é que apenas "terminaram para o futuro": quem já tinha o direito "adquirido" não o perdeu, sendo ainda centenas os deputados que se aposentaram, e aposentarão, com regras especialíssimas, havendo outros tantos que percebem mensalmente essas incompreensíveis subvenções mensais vitalícias. Ou seja, continuam a auferir esses estipêndios injustos e vergonhosos, porque "direitos adquiridos" não se cortam - só se podem cortar aos "outros" os direitos adquiridos às pensões e vencimentos.

Também os funcionários do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Depósitos são desses funcionários especiais - para eles os cortes não são de aplicar. E há sempre uma renda de bilros jurídica para justificar o injustificável. Há sempre um constitucionalista disponível para sustentar o que é totalmente avesso ao princípio da igualdade e da solidariedade nacional.

E se depois de tanta austeridade a despesa da máquina governativa consigo mesma ainda subiu mais de 6%, é óbvio que essa mesma máquina político partidária (de todas as cores, pois são todos os que beneficiam dos estatutos especiais, e não apenas os da maioria), não pode obrigar "os seus" a suportarem o mesmo tipo de dificuldade que sofrem os funcionários públicos comuns.

É assim a democracia portuguesa: uma reedição do lema de Frei Tomás. E se repugna ouvir as bancadas da maioria a justificar a austeridade, quando a si mesmos a não aplicam, ainda mais repugna ver as bancadas da oposição impedirem que em sua casa se aplique igualitariamente a mesma regra. Sabendo, todos os deputados, que os funcionários públicos em geral, e os pensionistas e aposentados que efectivamente fizeram todos os descontos a que estavam obrigados, estão a sofrer os cortes a que também as classes "mais desfavorecidas" escapam (há que manter o grosso dos votantes calmos), potenciam castas de privilegiados entre os servidores do Estado. Como disse Júlio de Vilhena em 1907: "Isto termina fatalmente por um crime ou por uma revolução!"

Advogado, escreve à sexta-feira

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publicado às 23:04

Direita portuguesa, eis a questão

por Manuel_AR, em 29.11.13

 

Luís Rosa no editorial do Jornal i de hoje faz incursões pela direita e pela esquerda partindo da Constituição diz, vejam só, ela pretender "abrir caminho para uma sociedade socialista". Temos visto que, ao longo dos quase 40 anos de democracia, a Constituição em nada tem obstado à iniciativa privada, ao enriquecimento ilícito e lícito de alguns, ao crescimento de muitas empresas privadas portuguesas e estrangeiras[i].  

Continua dizendo que, por a "constituição não ser neutra há um preconceito cultural contra tudo o seja denominado de direita". Será que eu estou a perceber bem? Então, e nas últimas eleições, o complexo cultural contra tudo quanto seja de direita sublimou-se na atual maioria?

Leio sempre que posso, por vezes sem agrado, os editoriais do jovem Luís Rosa - comparado comigo é um jovem -, que terminou o curso na Lusófona no ano em que entrei como professor para uma das instituições de ensino superiores do grupo, (não, não passei alunos ao género do Relvas), apenas sabe do que foi a ditadura pelo que lhe dizem ou leu. Tenho a certeza de que sabe que houve durante estes 40 anos governos de direita.

Refere ainda que os últimos acontecimentos relativos às declarações de Mário Soares e da ocupação simbólica dos ministérios são "exemplos inimagináveis em democracias maduras como a inglesa ou francesa.". Diz bem, democracias maduras! Pelo menos a de Inglaterra já tem mais de quinhentos anos. Recordam-lhe estes factos a anarquia do radicalismo político da Primeira República e reforça que não se compara com a "luta política normal de um estado-membro da União Europeia". Que luta política na europa? A Europa está estabilizada com as suas direitas, não selvagens, em termos socias.

Viveu por acaso Luís Rosa numa anarquia para a comparar com as manifestações de descontentamento popular que se têm verificado. Se acha que são comparáveis então estamos mal porque o problema então apenas se resolveria com uma ditadura.

Mas o essencial é que a direita portuguesa não tem qualquer paralelo com as que lhe servem de comparação porque as direitas europeias (fora as extremas direita radicais) não sujeitam os seus povos a torturas sociais, nem colocam em segundo lugar as pessoas através de formas iníquas e critérios vincadamente ideológicos, próprios do radicalismo neoliberal como as do famigerado tempo de Thatcher.

Ainda ontem o ministro da economia Pires de Lima numa entrevista na TVI24  afirmou que a "austeridade tem sido seletiva" (nos momentos selecionados no portal da net da TVI essa afirmação não consta). Aqui está a equidade desta direita: atingir apenas alguns com a austeridade.

Esta direita portuguesa não é a direita europeia, é uma direita que se baseia, apenas e só, nos interesses dos seus clientes partidários e criar lugares na função pública para os amigos dos amigos e para os ansiosos por lugares que proliferam nas "jotas". Não tem sentido de Estado nem defende Portugal perante as interferências, ameaças e agressões verbais exógenas sobre as instituições democráticas (veja-se o caso do T.C.).

Nos países em que a direita está no poder os governos não tem procedido à destruição violenta dos seus estados sociais, salvo alguns ajustamentos necessários, nem atuam contra as Constituições, nem transformam estados em assistencialistas como esta direita tem feito e continua a fazer em Portugal.

Não defendamos o indefensável com passados recentes nem nos iludamos, a direita em Portugal nada tem a ver com a direita verdadeiramente democrática dos países europeus.

Será isto pensamento de esquerda? Se assim for então sou de esquerda.

 


[i] Veja-se o caso da Sonae por exemplo. http://www.sonae.pt/pt/sonae/historia/

 

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publicado às 19:03

 

 No tempo de Sócrates várias vezes se disse que ele pensava estar viver no país da maravilhas, eu disse-o no blog antinomias, o tempo de Coelho transportou-nos para a queda  num buraco como aquele do conto de Lewis Carrol onde Alice caiu. Alice, no seu sonho, caiu pela toca do coelho debaixo de uma sebe. Ao seguir o coelho nem sequer pensou de como poderia voltar a sair.

 

 

 

Numa tradução do livro de Lewis Carrol, Aventuras de Alice no País da Maravilhas, pode ler-se:


A toca prosseguia a direito, como um túnel, por uma certa distância, para logo se inclinar subitamente para baixo, tão subitamente que Alice não teve um instante que fosse para pensar em travar antes de se ver a cair por um poço muito fundo abaixo.


Mais adiante Carrol escreve:


... ou o poço era muito fundo ou ela caía muito devagarinho, porque o certo é que teve imenso tempo para olhar em volta, enquanto descia, e tentar imaginar o que lhe iria suceder em seguida... De passagem, tirou um boião de um dos armários. Tinha um rótulo onde se lia «DOCE DE LARANJA», mas para seu grande desapontamento, estava vazio.".


Alice pensou ainda que, conforme escreve o autor,


"Depois de uma queda como esta, que importância posso eu dar a qualquer trambolhão por uma escada abaixo! E caía, caía, caía. Seria possível que aquela queda nunca chegasse ao fim?"


Ao reler o conto logo me ocorreu uma metáfora com o momento político. Alice, são todos quantos de nós portugueses se deixaram, e alguns ainda deixam, atrair por um coelho que em tempo atraiu as atenções e que, ao irmos atrás dele, nos levou à queda num poço com fundo interminável durante a qual, fascinados por um boião com doce cor de laranja que, afinal, contrariamente ao da história que estava simplesmente vazio, este ao ser aberto estava estragado e azedo.

Poderíamos encontrar neste magnifico conto muitas outras situações adaptáveis à nossa realidade. Não resisto a transcrever a passagem do diálogo com a Lagarta, após Alice ter bebido um frasco contendo um líquido que a fez encolher.

 

Estás satisfeita com o tamanho que tens agora? - perguntou a Lagarta.

- Olhe, senhor, eu gostava de ser um bocadinho maior, se não se importasse! - respondeu Alice. - É que, realmente, oito centímetros não é altura que se tenha.

- Pois fica sabendo que é uma altura ótima! - gritou a Lagarta, furiosa, ao mesmo tempo que se punha de pé (tinha precisamente oito centímetros de altura).

- Mas eu não estou habituada! - defendeu-se a pobre Alice em tom lamentoso. E, para consigo, pensou: "Quem dera que estas criaturinhas não se ofendessem tão facilmente!"

- Com o tempo, logo te habituas! - disse a Lagarta. E, pondo novamente o narguilé na boca, desatou a fumar.


Alice continuamos a ser nós o povo que, sem saber o que lhe aconteceu, está a pagar uma fatura de encolhimento involuntária e o que (o governo Lagarta) nos tem para dizer é que nos temos que habituar à míngua a que nos violentaram pela bebida amarga que, ao contrário de Alice, nos deram a beber obrigatoriamente. Somos um povo demasiado dócil que aceitamos tudo o que nos dão, por isso não temos que nos queixar.

Isto leva-nos à ordem da Rainha para que cortassem a cabeça à Alice:

 

Como é que eu poderia saber?", disse Alice surpreendida por sua coragem. "Não é da minha conta."

A Rainha ficou vermelha de raiva e depois de encará-la por um momento como uma fera selvagem, começou a gritar: "Cortem-lhe a cabeça! Cortem-lhe...


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publicado às 22:01

No rescaldo das eleições autárquicas

por Manuel_AR, em 30.09.13

 

Se estamos mais próximos de um segundo resgate não será pelos resultado das eleições como alguns pretendem já sugerir. Não se pode esquecer o facto de o primeiro-ministro, Passos Coelho, ter levantado em agosto passado a eventualidade de um segundo resgate após o chumbo do Tribunal Constitucional da requalificação da função pública. Há algumas semanas voltou a falar no tema. Terá sido para intimidar antes das eleições autárquicas ou estava já numa pré-preparação para aquela eventualidade?

Os comentadores, apoiantes dos partidos do Governo, pretendem agora fazer passar a mensagem de que a perda das eleições, neste caso as autárquicas, se deve ao desgaste que é habitual num partido que está no Governo. Mote lançado por Passos Coelho na sua comunicação onde assumiu perante o país a perda das eleições e recordou acontecimentos idênticos há mais de vinte e cinco anos.

A derrota do PSD nas eleições autárquicas deve-se sobretudo aos grandes responsáveis primeiro-ministro Passos Coelho e à sua “entourage” composta pelos seus “advisers” e jotas incultos e irresponsáveis, pertencente a uma geração neoliberal radical infiltrada, muitos deles retornados, apostada numa desforra sobre os portugueses pelo do 25 de abril e pela descolonização. Pretendem agora escravizar os portugueses como os seus antecessores o fizeram aos povos africanos que colonizaram.

O condicionamento eleitoral preparado, assim como a forma de comunicação que o governo seguiu ao longo destes dois anos e meio, foi um desastre total e falhou em grande parte. A divisão e a destruição da coesão social dos portugueses foi a estratégia dominante, ora vinda do próprio primeiro-ministro e dos deputados da maioria no Parlamento, ora dos jotas do PSD, incultos e politicamente impreparados, que têm revelado, para além de falta de bom senso politico, falta de cultura sobre Portugal e os portugueses. Ansiosos por agradar e ganhar lugares no aparelho do Estado, pagos pelos impostos de todos, infiltram-se onde e como podem quais raposas em galinheiro.

Pelo que já conhecemos de situações anteriores, Passos Coelho faz ameaças quando as coisas não lhe calham como previu por isso pode prever-se que vai agora fazer retaliações sobre os portugueses, apenas sobre alguns como é seu costume. Esperemos para ver.

A crise desencadeada pela direita apoiada pelo PCP e pelo BE que deu lugar à queda do governo anterior e consequente resgate necessitaria, da parte do Governo que então tomou posse, de uma forma de comunicação que jovens radicais impreparados não tinham e que continuam a mostrar cada vez mais não ter, incluído o líder da desgraça do PSD, Passos Coelho.

Numa época de crise em que seria necessário envolver e unir os portugueses, não através de “uniões nacionais” artificiais como Passos Coelho e o seu aliado Presidente da República pretendem, mas com um discurso e comunicação mobilizadores onde os sacrifícios fossem devidamente justificados e repartidos por todos e não apenas por alguns grupos sociais e profissionais, enquanto outros, favorecidos, a quem interessa a manutenção deste Governo, vestem capas e arranjam artifícios para passarem ao lado da crise.

A Reforma do Estado tem sido até este momento uma mera ficção semântica. Planear uma reforma leva tempo e necessita de indivíduos competentes na matéria. Onde está o tal prometido plano daquela reforma foi entregue a Paulo Portas? Pode questionar-se o que aconteceria se numa empresa os responsáveis pedissem a um técnico credenciado da empresa um plano de reestruturação e este não o apresentasse. No mínimo era dispensado como incompetente no mês seguinte se, pelo menos, não apresentasse uma justificação para tal.

Há só uma forma da incompetência ser apeada que é a de fazer despertar o verdadeiro PSD para a necessidade de mudança da liderança que o sufoca o que só traria vantagens para a democracia.

Está provado que os portugueses aceitam a austeridade e os sacrifícios quando necessários desde que saibam qual o objetivo e o projeto para o seu país a curto e a médio prazo desde que não, façam apenas numa perspetiva de crença e fé, promessas para a melhoria de vida de gerações futuras, indefinidas no tempo, quando até essas provavelmente já estarão mortas.

Desde já podemos prever que Passos Coelho vai retaliar e apertar os sacrifícios aos portugueses que acha foram os grandes causadores do seu desaire eleitoral. Deixou-o bem claro na comunicação ao país em que assumiu a perda das eleições.

Paulo Portas, como de costume, com o seu ballet acrobático, faz do CDS/PP o grande vencedor das eleições autárquicas iludindo o seu eleitorado fugidio. Paulo Portas faz dos portugueses parvos. Depois das acrobacias trapézicas que tem feito será que ainda há quem apoie e aceite continuar a assistir a ver este circo? O penta autárquico, como ele designou por ter conseguido seduzir cinco autarquias não é mais do que um caso atípico nestas eleições que, com o tempo, se irá esvaziar. Casos como o de Ponte de Lima no domínio do CDS são raros. Se são bons ou maus os autarcas quem melhor do que os eleitores para o decidirem? Veremos com o tempo. João Jardim também governa a Madeira ao longo de mais de trinta anos, até que um dia…

Quanto ao PS resta-lhe ter cuidado porque, não será por vencer estas eleições que as futuras estarão garantidas e já não falta muito. Ou apresenta alternativas consistentes e começa a preparar um discurso de verdadeira oposição, sem ser através de medidas comezinhas e de cariz sedutor ou não vai conseguir que os portugueses lhes reconheçam crédito para governar. Se José Seguro não reconhecer isto voluntariamente mais vale retirar-se da liderança enquanto ainda está nas em algumas boas graças.

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publicado às 19:31


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