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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
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Não vou tecer juízos de intenção e de valor sobre a culpabilidade ou não de José Sócrates, nem sobre o modo como tudo foi conduzido nem sobre as acusações de que é presumivelmente arguido. Mas posso, isso sim, tecer opiniões sobre a forma diferente como a justiça tem atuado no que se refere ao tempo e às decisões de alguns processos judiciais. Há comentadores e jornalistas que por aí proliferam, possivelmente com razões de queixa de quando Sócrates foi primeiro-ministro que dizem agora que a justiça tem tido tratamento igual para todos. Eles sabem perfeitamente que não é assim.
Alguns jornais e televisões, nomeadamente o Correio da Manhã, (não ler correio da manha), o canal CMTV, o jornal Sol, e também o seu familiar mais pobre Jornal i, agora pertencente ao mesmo grupo, têm sido neste últimos dias os arautos da luta contra Sócrates.
Quanto à rapidez da justiça, absolvições e condenações basta relembrar o que se tem passado. A direita parece colocar-se acima de tudo o que se sejam burlas, branqueamento de capitais, abusos de confiança, corrupção, peculato, fraude fiscal, tráfico de influências, etc.porque se acha impoluta, esquecendo-se dos casos do BPN, BPP, vistos gold, Tecnoforma, Duarte Lima, BCP, submarinos e outros, alguns deles ainda a navegar em águas paradas.
Sobre o caso BPN, em que elementos do PSD estão envolvidos não se viram ainda diligências de prisão nem ninguém ser constituído arguido com tanta celeridade e empenho. Para esses nunca há provas suficientes. Talvez não convenha a alguns, altamente colocado na hierarquia de Estado, que assim aconteça. Para uns não há provas, não há documentos, não se prova nada; para outros há que agir, e depressa que se faz tarde. Na justiça não deve haver nem uns, nem outros, devem ser tratados como iguais perante a lei.
Se para uns se pretende fazer justiça célere e com o máximo de mediatização, para outros vai andando de ano em ano até à prescrição final ou, senão conduzindo a algo inconclusivo ou eternamente em segredo de justiça.
Este caso de José Sócrates tem-nos revelado como funcionam alguns canais de televisão como o CMTV que mais parece ser um canal de televisão bombardeando o povo com o mesmo acontecimento repetido até à exaustão tal como na ex-união soviética ou Coreia do Norte, com o objetivo de fazer lavagem cerebral ao público.
Técnicas utilizadas, como a repetição exaustiva com associação de imagens do passado nada tendo a ver com os factos presentes numa sequência mais do que discutível massacram o telespetador com o intuito de enganar a opinião pública. É a chamada intoxicação pública.
A detenção de José Sócrates mesmo sem culpa formada veio dar trunfos à direita num momento em que António Costa foi eleito líder do Partido Socialista e se aproxima o congresso do PS. Foi uma janela aberta de oportunidades (provocada ou não, não o saberemos para já) que assentou que nem uma luva para a direita no governo entrar já em campanha eleitoral. Fez esquecer os vistos gold e o caso BES que ocupavam as páginas da imprensa e os noticiários televisivos que passam agora a secundários e, por outro lado irá possibilitar a lavagem da imagem da ministra da justiça. A ver vamos.
Foi coincidência dirão. Será que foi? Para mim não há coincidências. Sócrates tem andado há mais de um ano, de cá, para lá, e foi precisamente agora que tudo se decide repentinamente, dando até lugar a convites a alguns canais de televisão privilegiados para captarem a detenção.
José Sócrates incomodou muita gente, tentou maniatar e a imprensa e pressionar alguns jornalistas, erro crasso. No último ano, com os seus comentários de opinião continuou a ser incómodo para alguns em posições hierárquicas elevadas que não gostam de ser incomodado e, muito menos, criticados. Mas ele fê-lo. Não queiramos ser ingénuos tudo foi provocado num contexto. Tudo o que se desenrolou em três dias, e nesta altura, já poderia ter sido feito antes porque já se sabia, mas foi precisamente este o momento escolhido. Por causa duma eventual fuga! Mas qual fuga? Alguém acredita que o ex-primeiro-ministro não saberia de todo o que se estava a passar? Não sejamos ingénuos a esse ponto.
Já escrevi em blog anterior que o jornal "Sol" sempre teve, e continua a ter, matizes de parcialidade e de interesse muito peculiar pelas manchetes da primeira página que favoreçam a direita e infamar e desacreditar a esquerda que lhe faça mais frente, basta fazermos uma leitura retrospetiva.
Enquanto os jornais diários generalista colocam manchetes sobre as suspeitas de corrupção de altas chefias do Estado no que toca aos vistos gold, apadrinhados por Paulo Portas, o jornal "Sol" apenas lhe dedicava um pequeno subtítulo no fim da primeira página. O Jornal i e os jornais económicos seguem-lhe as pisadas. Porque será? Cada qual que tire as suas conclusões.
Agora procede precisamente ao contrário. Esconde uns casos e mostra outros com grande esplendor. Tudo quanto sirva para criticar a esquerda ou José Sócrates gasta resmas de linhas nesse tipo de jornal quando se trata de elementos da direita faz-se mouco. O CMTV que pertencente ao mesmo grupo económico, segue-lhe os passos, mas é um caso especial de noticiário espetacular, a necessidade de audiências leva-o a preterir a isenção e a imparcialidade.
Que fique claro que não pretendo dizer que se devem esconder uns casos e salientar outros só porque são de direita ou de esquerda. O que está em causa são os privilégios dados a alguns órgãos de comunicação com vantagem no acesso a fugas de informação e à sua falta de independência e de isenção não tratando todos os casos por igual.
Por outro, para disfarçar atitudes sectárias ou parciais colocam alguns artigos de opinião de sensibilidades diferentes. Não é por isso que esses jornais nos dão uma informação isenta.
O jornal "Sol" sempre teve e continua a ter matizes de parcialidade e de um interesse muito peculiar pelas manchetes da primeira página que agradam a alguma direita nomeadamente as apoiantes do governo. Enquanto os jornais diários generalista colocam manchetes sobre as suspeitas de corrupção de altas chefias do Estado no que toca aos vistos dourados apadrinhados por Paulo Portas o jornal "Sol" apenas dedicada a um pequeno subtítulo na primeira página nem sobre os vistos Gold. O Jornal i e os jornais económicos seguem-lhe as pisadas. Porque será? Cada qual que tire as suas conclusões.
O jornal "Sol" na primeira página prefere dedicar-se a notícias importantíssimas para os portugueses neste momento como seja António Costa, Sócrates, o passado e Seguro este uma perda inestimável para a direita dentro do PS não porque vissem um aliado mas porque lhes poupava trabalho e preocupações.
A Câmara de Lisboa e António Costa até aqui quase esquecidos pela comunicação social salvo em casos excecionais, passou a ser alvo de todas as atenções. São alvo de todas as atenções ainda bem!
O Jornal i coloca em manchete uma espécie de recuperação da imagem da Ministra da Justiça titulando que "Ministra da Justiça prepara afastamento de dirigentes sob suspeita no caso vistos gold". Que oportunidade para a ministra!
A mesma ministra disse em determinada altura "Qualquer pessoa que ponha em causa uma instituição deve imediatamente apresentar a sua demissão ou o seu pedido de suspensão de funções". Em primeiro lugar era bom que a ministra clarificasse o que entende pôr em causa uma instituição. Em segundo lugar veria olhar lá para os lados dela porque muito haveria que dizer. Em terceiro lugar era o que mais faltava agora não se poder criticar e questionar as instituições. Democracia é isso mesmo.
Paulo Portas abriu as portas ao que se está a passar com os vistos gold. O pai da façanha, de tão eufórico e mais preocupado com a sua pessoa e com o partido do que com o país, não soube acautelar o que poderia acontecer. Existem metodologias que permitem através de históricos, a experiência noutros países e a modelos de previsões calcular qual será o efeito de determinada política ou medida.
Às críticas da altura Portas disse que podíamos estar sossegados porque a fiscalização teria mãos de ferro. Só se foram de ferro fundido. A propaganda do vice primeiro-ministro ditava como sendo fantásticos para o investimento o clima, o golfe, a segurança do país e a criação de postos de trabalho. Destes nem vê-los, apenas 10. Veja-se quantos vistos gold: China, 1429; Rússia, 58; Brasil, 55; África do Sul, 43; Líbano, 30. Onde estão os ricos dos países da Europa a investir neste negócio. Seria suposto atrair europeus.
Num debate na TVI24 um deputado do PSD elogiou o Governo pela sua ação rápida no combate ao surte de legionela como se isso fosse algo de extraordinário e que merecesse distinção. Mas então, não é obrigação do Governo assim proceder? É uma das suas funções, não fez nada de que ultrapasse-se o que devia ser feito com eficiência.
Cristina Azevedo escreve hoje no Jornal de Notícias: " Portanto, só seria preciso que António Costa consignasse, de facto, a receita que a Câmara vai auferir com esta taxa, a investimentos ou custos com a mesma diretamente relacionada. Porque o que está mal com as contas do Governo é que tudo, mas mesmo tudo, serve para ser sugado pelo grande buraco negro do défice. Seja o aumento dos impostos sobre o rendimento, a taxa sobre a restauração ou as privatizações, tudo serve o mesmo grande propósito: diminuir o défice.".
Nuno Crato retira o inglês,tira o inglês do ensino básico, repõe o inglês, retira o inglês, rep....., em que ponto é que eu estava? Destrói o que outros fizeram apenas por questões meramente partidocráticas e agora volta a fazer... Quanto custou ao país?
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Ao ler o editorial do Jornal i escrito por Luís Rosa na parte em que comenta o aumento das receitas provenientes de multas, inscritas no orçamento da câmara de Lisboa, que caracteriza como "caça à multa", fica-se com a sensação de que é a favor da ilegalidade e dos desmandos gerados pelo não cumprimento da lei.
Podemos ser levados a pensar que Luís Rosa é a favor da anarquia terceiro-mundista como sejam estacionamentos anárquicos e em locais de proibição; estacionamentos em segunda linha impedindo cidadãos, com carros bem estacionados, de utilizar as suas viaturas; estacionamento em cima das passagens de piões obrigando estes a desviarem-se a metros de distância para atravessarem uma rua ou avenida; obstrução de passeios por viaturas; utilização de telemóveis ao volante; passagens de sinais vermelhos; conduzir sobre o efeito de álcool; etc., etc.. Isto apenas no que se refere ao trânsito porque há inúmeros casos noutras áreas. Tudo isto é treta, para quê as multas, deixe-mo-nos disso porque servem apenas para arranjar receitas.
Para ele o incumprimento da lei não deve ser penalizado, nem multado, nem nada. Típico comportamento do português. Era bom que, se já foi a Espanha ou a França, por exemplo, ver como é respeitado nessas cidades o estacionamento e onde a polícia intervém de imediato em caso de transgressão.
Para Luís Rosa o resultado do não cumprimento da lei deveria ser fechar olhos. Falta de postura de cidadão. É devido a esta forma de pensar que crimes de colarinho branco andam por ai à solta.
Tornou-se evidente que para se fazer oposição agora tudo serve. Até o orçamento da câmara de Lisboa a que não davam muita importância passou agora a servir como "fonte de receitas" e arma de arremesso para a campanha eleitoral. Porque será?
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Os partidos da direita estão alerta com tudo o que possam aproveitar para obtenção de mais uns votinhos aqui e ali nas próximas eleições legislativas. Até a Câmara de Lisboa serve para o propagandismo eleitoral. Os socialistas e António Costa sabem o que os espera até lá.
Luís Rosa, desde que assumiu a função de diretor do Jornal i, não mudou em nada as suas convicções liberais (ou neoliberais?) e antissocialistas. Não tinha que mudar, é certo, o que, aparentemente, poderá significar coerência política. Entrar numa síndrome do tudo quanto vem à rede é peixe para atacar o que venha dos socialistas e de António Costa não revela muita isenção. Como já seria de esperar o alvo é António Costa a propósito do orçamento da Câmara Municipal de Lisboa para desviar as atenções do Orçamento de Estado 2015 apresentado pelo Governo
No editorial de hoje no Jornal i, jornal que passou para a posse de capitais angolanos, e ainda bem porque o salvaram, Luís Rosa queixa-se do aumento de impostos através de taxas da Câmara de Lisboa. Todos nós no queixaremos sempre destas, e de outras taxas e impostos também criados pelo governo de terrorismo social de Passos Coelho.
Luís Rosa faz ginástica para demonstrar que também nesta gestão da câmara houve aumento de impostos e taxas. Para ele há uma taxa que, sobremaneira, vai afetar o turismo em Lisboa que é a taxa de 1 euro, que transforma em 7 euros, devido pelo desembarque e pelas dormidas por cada turista estrangeiro, que, diz, "vai afetar a competitividade do setor que tem vindo a crescer".
Sejamos claros, será que 1 euro a mais pago por um turista estrangeiro que nos visita vai pôr em causa a competitividade? Para o nível de vida e o poder de compra de quem nos visita mais ou menos 1 euro (é mesmo 1 euro) não terá a mínima importância na despesa total de gastos.
Não tenhamos dúvida os preços dos hotéis que são os mais baixos de outras capitais da europa continuarão a sê-lo sem quaisquer dúvidas e qualquer estimativa honesta não apontará para o prejuízo do crescimento do turismo em Lisboa. Nem no turismo da classe baixa e média e muito mesmo no turismo da classe alta vai ter reflexos no que respeita à competitividade. Tudo isto são criações imaginativas para persuadir crédulos.
Não defendo taxas nem taxinhas nem as decisões tomadas nestas matérias mas, colocando-nos numa posição isenta vemos que nem mesmo os reformados que nos visitam durante a época baixa, a quem nos seus países não cortam reformas e pensões, irão sentir o peso nos seus orçamentos da estadia em Lisboa conforme nos querem fazer crer. Como se o problema do crescimento estivesse nestas taxinhas como lhe chamam.
A leitura que podemos fazer disto é a da já antecipada campanha eleitoral.
O que se passa na justiça e na educação não são apenas casos técnicos mas também de substancia política que o governo e a maioria que o apoiam tentam futilizar, continuando a manter-se na senda da impunidade como se tem visto neste país.
O que está a passar-se no ministério da educação com a colocação de professores é um escândalo e um atentado à vida profissional de um grupo social, não apenas no que se refere aos problemas técnicos, mas sobretudo por ser um caso político nunca visto. Nem no tempo da ministra da educação Maria do Carmo Seabra, no curto governo de Santana Lopes, se verificou tal confusão apesar dos graves problemas na colocação de professores que houve na altura.
Como cientista (?) o ministro Crato deveria saber que, quando se mexe bruscamente na essência de um sistema, pela característica do globalismo ou totalidade, uma ação que produza mudança bruscas e não refletidas numa das unidades dum sistema há uma grande probabilidade de produzir mudanças em todas as outras unidades. Foi o que se verificou quando quis aplicar no terreno ideias pré-concebidas e pouco refletidas mandou executar uma alteração profunda às características do sistema de colocação de professores que estava a funcionar bem. Tomou a decisão de avançar com uma modificação apressada sem acautelar o tempo necessário para a sua implementação e teste em todas as variáveis de funcionamento criando entropias no sistema.
O problema não foi bem estruturado por não ter sido claramente definido, pois uma ou mais das variáveis envolvidas não foram determinadas com confiança, daí a grande probabilidade de falhanço. O ministro Crato criou um problema técnico e, ainda mais grave, um problema político.
O primeiro-ministro entre os seus apoiantes é tido como determinado. Confundem determinação com teimosia e com obstinação na persistência do erro que é a força de vontade dos fracos. Os problemas não se resolvem com quedas de ministros e de governo mas há ministros cuja a noção que têm da responsabilidade é pobre.
Não é de estranhar que Nuno Crato não seja demitido, pois, de acordo com Luís Osório no editorial do Jornal i diz que, a propósito da Tecnoforma, Passo Coelho "afirmou no parlamento que não levantava o sigilo bancário porque isso seria fazer a vontade voyeurista aos jornalistas". Que ilações se tiram daqui? Que ele ou qualquer ministro podem fazer o que quiserem que ele não satisfará quaisquer vontades mesmo que as mesmas prejudiquem largos setores do país. Olha apenas para a sua imagem (tal como Presidente da República Cavaco cuja dita está de rastos), quer mostrar que tem coragem mas esta não é a prioridade. Por isso, continua Osório, "não é de estranhar que Crato não seja demitido. Acontecerá apenas quando a situação estiver normalizada. Só depois, e seguramente a pedido do ministro…". Eu direi que não que não demitirá qualquer ministro porque, neste momento não haverá ninguém que queira aceitar qualquer lugar no Governo a menos que se queira autodestruir. Está em causa a sobrevivência do governo que o Presidente da República apoia com ambas as mãos e ao colo, mesmo sabendo que está em cauda a credibilidades das instituições, nomeadamente a educação pública que Crato, talvez por revanche de tudo o que é passado, e com o apoio do seu chefe do executivo, quer fazer implodir e descredibilizar. A impunidade em Portugal está para durar.
O discurso do senhor Presidente da República no dia das comemorações da implantação da República, dia da libertação de uma monarquia opressora, sugere algo que denomino por instauração dum PEPU, Processo em Curso para Partido Único. O discurso daquele senhor esquece premeditadamente o que se está a passar na governação deste país e debruça-se sobre questões sobre a democracia e o mau contributo dos partidos.
Portugal é hoje um país apático, parado que corre no mesmo sítio sem de lá sair. Este Presidente pretende a manutenção a todo o custo deste PSD, para que o país não possa respirar fundo, propõe, para isso, uma espécie de mono partidarismo disfarçado de consenso, asfixiando desta forma a democracia.
Mas, afinal, o que quer o Presidente menos popular de sempre? Quer que os partidos sejam política e ideologicamente isomorfos? Para ele os partidos e a democracia são uns empecilhos que devem ser reformulados de acordo com a sua indiscutível forma de pensar.
Cavaco Silva, Presidente da República, que deveria ser a salvaguarda das instituições democráticas resolveu, aproveitando os críticas de café aos partidos políticos, dissertar sobre o sistema partidário para regozijo do governo cujos partidos da sua constituição tem apoiado sem qualquer sombra de disfarce e pudor político.
Obviamente que o seu "estado de espírito" subjacente é desviar a opinião pública dos problemas concretos na justiça e na educação, estes os mais graves, que foram criados pelo "seu partido" no governo.
Como noticia hoje o Jornal i, não foi por acaso que o PSD, na voz do seu secretário-geral Matos Rosa, veio dar a sua concordância ao desafiar António Costa a juntar-se ao seu partido para reformar o sistema político, o que lhes interessa. Agora, a meses das eleições, e já em plena campanha pré eleitoral!? Como é evidente as alterações tão apetecidas implicam uma alteração à lei eleitoral.
O que pretendem de facto ele e o "seu partido" é uma reforma ao sistema de democrático aproveitando algum descontentamento manifesto nas chamadas "bocas populares de café", que dizem que os partidos que não se entendem (como se eles existissem para se entenderem!), de modo a reduzir os mandatos dos pequenos partidos que deixariam de ter uma representação parlamentar significativamente proporcional.
Portugal passaria a ser uma democracia coxa, isto é, qualquer um de nós, que não se sentisse representado pelos partidos da alternância teria poucas hipóteses de o ser através de outros partidos. Matavam dois coelhos de uma queixada só, primeiro, limitavam ou anulavam a voz aos pequenos partidos; segundo impossibilitavam outros partidos de terem assento no parlamento. Ficaríamos com um parlamento ao velho estilo da União Nacional que deve ser tão saudoso a Cavaco.
Para alcançarem lugar no parlamento alguns partidos recorreriam a toda a forma de populismo e de demagogia para terem votos e se fazerem lá representar.
Senhor Presidente, não queira escavacar mais a nossa democracia transformando-a apenas na mera formalidade de se colocar, sem convicção, um pedaço de papel numa urna de voto para manter tudo na mesma numa ilusão da existência de “direitos humanos”, “democracia”, “livre expressão”, “livre iniciativa”, “pluralismo”, “multipartidarismo”. O Senhor Presidente gostaria que se estabelecessem com "o seu partido" consensos e acordos, para transformar o voto numa espécie de legitimação de partido único, passando a pluralidade partidária a não ser mais do que mera fachada, e o parlamento um órgão monolítico que punha de lado a escolha de um modelo de sociedade, o estado social, que estão a transformar num embuste, assim como ao estado de direito.
As palavras do Presidente da República no cinco de outubro de 2014 não foram mais do que linguarices, apesar de Miguel Sousa Tavares ter dito na SIC que foi o seu melhor discurso. Resta-me perguntar o que teme Cavaco Silva, o Presidente ????
Venda-se o BES ou o Novo Banco ou lá o que é ao desbarato que se faz tarde. Depressa, venda-se o banco porque em ano de eleições não queremos ficar com tretas na mão pensa o governo mas não diz. Vítor Bento o economista neoliberal, conselheiro de estado, o tal que, alguns diziam, iria ser mais do mesmo na administração do Novo Banco e outros que seria o mágico da economia que iria restabelecer a confiança no "banco bom" demitiu-se com a sua equipa passados trinta e poucos mais dias. O que se terá passado na realidade ninguém sabe ao certo, nem se irá saber tão cedo.
A venda imediata do Novo Banco até ao final do ano tem a ver com o ano de eleições e ao governo não lhe interessa desembolsar milhões de euros como o fez com o BPN, mesmo que, devido à venda apressada, faça baixar significativamente o preço de venda.
Se não vender o banco Passos Coelho ficará associado ao "BESaffair". Assim como a natureza tem horror ao vazio também Passo Coelho tem horror às nacionalizações, mesmo que isso traga vantagens para o Estado e para os contribuintes. Segundo alguns comentadores, para Passos Coelho não ser sugado pelo furacão "BESaffair" terá de vender o banco por um valor acima do que já enterrou com o BPN para que os contribuintes não sejam prejudicados.
A razão oficial da demissão de Vítor Bento e da sua equipa, segundo fontes do Jornal i, são devidas a motivos que "alteraram profundamente a natureza do desafio com base no qual aceitáramos esta missão em meados de julho". Razão vaga nada esclarecedoras do que esteve por detrás da demissão. Que circunstâncias terão sido alteradas? Pressões, incerteza, falta de informação suficiente, descoberta de situações mais graves do que as que se conheciam à data da tomada de posse? Duvido que se venha a saber, pelo menos para já. Até lá, Ricardo Salgado continua com o seu escritório montado no hotel mais caro do Estoril pago com que dinheiro e dirigindo que negócios?
Tendo em conta as declarações atabalhoadas de Poiares Maduro quanto às declarações prestadas sobre o ACÓRDÃO N.º 468/2014do Tribunal Constitucional divulgado ontem mostra que os propósitos do está empenhado em criar crises institucionais a vários níveis e entrou no domínio do desvairo e do absurdo e já chegou também ao Presidente da República a partir do momento em que o primeiro-ministro faz publicamente declarações sobre o que ele deveria fazer antes do próximo Orçamento de Estado.
Durante o encontro do Partido Popular Europeu que decorre em Vilamoura, aos pedidos de comentário às decisões do Tribunal Constitucional Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças alemão, afirmou: "Ensinaram-me a não comentar nunca as decisões dos tribunais constitucionais, porque nós também temos na Alemanha um Constitucional".
Mas nós, aqui em Portugal, temos uns importantes e talentosos pensadores que andam por aí e não ouvem estes recados.
Surgiu agora há algumas semanas, às quartas-feiras, no Jornal i uma página inteira com a opinião (diria antes propaganda ao Governo) de Feliciano Barreiras Duarte, deputado do PSD, eis secretário de Estado Adjunto do Ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares que Miguel Relvas foi buscar em 2011 para seu adjunto. É jurista e professor na Universidade Lusófona. Sem querer colocar em causa a sua competência, estamos clarificados.
Não quero colocar em causa o pluralismo daquele órgão de comunicação social, mas uma página inteira em que três colunas são de opinião e o resto meras considerações e pensamentos propagandísticos é demais.
Claro que, ao lermos as opiniões de mais um iluminado pensador, não estranhamos que chame ao Tribunal Constitucional o tribunal do setor público porque, segundo ele, "As múltiplas decisões que o Tribunal Constitucional tem tomado, tem vindo a alimentar uma ideia clara de que é normal que o Tribunal Constitucional seja o tribunal do sector público e dos reformados portugueses...". É insistir no absurdo. O porquê do absurdo? Porque é absurdo que as medidas tomadas têm sido sempre, e apenas, sobre os mesmos visados, os atrás referidos. Logo, tem que ser sobre aqueles sectores que o T.C. se tem que pronunciar.
Que outras medidas foram tomadas, que não sobre o sector público e reformados, que pudessem ser inconstitucionais e postas em causa pelo T.C.?
Entretanto o Partido Socialista está absorto com os seus problemas deixando para o PCP e Bloco de Esquerda as oposições do costume.
A oposição do PS deixou d e ser assertiva, se é que alguma vez o foi, com a atual direção.
Será que estamos todos no domínio do desvairo e do absurdo?
Lendo a entrevista de Alberto Martins (PS) ao jornal i podemos verificar que se centra em algumas palavras-chave de conceito vago, difuso e, em alguns casos, utópicos na sua concretização a curto e a médio prazo.
A promiscuidade entre política e negócios é uma questão sentida pelos portugueses à qual tecem críticas pois veem a ineficácia e lentidão da justiça quando estão em causa pessoas com ligações a governos atuais e passados. Estão bem presentes na memória os casos do BPP, do BCP, do BPN e agora o BES, embora este último tenha características muito diferentes dos anteriores. No caso do BPN estão a andar por aí os autores e os causadores das burlas. O caso do BCP foi bem evidente a prescrição que, no meu entender não foi ocasional, foi muito bem planeada. Já agora, quanto ao caso do BPN, dizem que nada ficou provado sobre eventuais vantagens tiradas pelo cidadão Cavaco Silva no caso. Se quiséssemos elaborar uma teoria da conspiração poderíamos considerar que ele, enquanto presidente, está nas mãos de alguns, ficando assim atado de pés e mãos para tomadas decisões independentes e, daí, a sua colagem ao Governo.
Ana Sá Lopes, no Jornal i, abordou na entrevista ao líder da bancada socialistas, Alberto Martins, a promiscuidade entre o poder e o mundo dos negócios ao mais alto nível, confrontou-o da seguinte forma: "A promiscuidade entre política e negócios e a corrupção é em Portugal uma evidência e não me lembro de os socialistas fazerem um grande combate a isso..."
Sobre este problema Alberto Martins traça um conjunto de intenções muito vagas na sua concretização que qualquer outro partido poderia traçar. O problema é, quando no poder, raramente ou nunca se concretizam na prática essas intenções. A questão de personalidades que, segundo ele diz, passam da política e das negociações diretas em nome do Estado para as empresas objeto da negociação, caso das privatizações, é, segundo ele, inaceitável. Mas, quando o PS esteve no Governo, não foram acauteladas situações deste tipo nem foram tomadas quaisquer medidas. Diz Alberto Martins " vamos acentuar um conjunto de medidas de incompatibilidades entre certas funções que se exercem e os lugares para onde se transita no fim dessas funções". São apenas intenções, porque sabemos que as pressões em sentido contrário dentro dos partidos raramente se traduzem na passagem das intenções aos atos.
Mais adiante afirma que a zona central da corrupção entre política e negócios são os paraísos fiscais e os offshores. Ele sabe bem que os casos graves em Portugal não são esses, mas os outros, e é aí que ele se desvia para os apontar como sendo os mais graves.
Em toda a entrevista nada é concretizado embora se saiba que não é o momento de o poder fazer. Diria mais, no atual contexto europeu, nada do que ele propõe é concretizável. São considerações sobre como a política deverá ser, o regresso ao passado dos valores da política, uma "reconstrução" e um "redesenho" da europa que se vê impossível com a correlação de forças existente. Os sucessivos apelos à solidariedade europeia, à qual se refere oito vezes na entrevista, fez-me lembrar os apelos feitos na nossa sociedade para os mais ricos ajudarem os mais pobres o que cai, na maior parte das vezes, em saco roto. Um idealismo que deve ser valorizado mas que em nada responde aos reais e legítimos anseios dos portugueses.
Sobre a reestruturação da dívida a que ele chama renegociação que é diferente pois não passa pelo perdão nada acrescenta de novo ao que tem sido dito e à qual Seguro se referia num estilo de sim mas também não.
Quanto ao tratado orçamental para Alberto Martins é possível abrir negociações. Mas o problema é que é necessário que haja abertura dos países que nos têm sido mais hostis. Negociar na UE não é o mesmo que negociar internamente onde tudo é mais fácil.
Desdramatiza, quanto a mim bem, as discussões internas no PS pois elas prendem-se com estratégias, debates de ideias e valores.
No meu ponto de vista a perda de valores que se tem vindo a verificar na política, nos partidos e na sociedade portuguesa tiveram a sua causa nos partidos do Governo que sempre têm feito uma política de destruição da coesão social e através de políticas divisionistas entre instituições, entre os diversos estratos sociais e profissionais, numa ótica de dividir para reinar.
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