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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
PARTE I
O debate de ontem entre António Costa e Rui Rio não trouxe nada de novo ao que já se sabia. Como não podia deixar de ser, e dentro da estratégia, quer da direita, quer da esquerda, os comentadores afetos a uma e a outra parte deram nota mais elevadas a Rui Rio, talvez pela sua forma franca de se expressar e devido ao seu discurso compreensível para todos, Confuso tem sido ao longo do tempo quanto à forma como aplicaria, caso vencesse as eleições, as suas propostas, sobretudo as económicas e a baixa de impostos sem colocar novamente em risco as contas certas com que este Governo sai.
O que está em jogos para as oposições da esquerda e da direita é o receio duma maioria absoluta que, para o Partido Socialista seria bem-vinda, mas que não está a ser desejada, deixando-os órfãos e sem pé no xadrez das negociações parlamentares.
Com as contas públicas certas, com a redução da dívida pública, embora ainda insuficiente, com o reajuste dos rendimentos, com a diminuição do desemprego e, ultimamente, com a Standard & Poor’s a elevar a perspetiva para a evolução da qualidade da dívida soberana de Portugal passando-o de ‘estável’ para ‘positivo’ que corresponde a um grau da categoria de investimento de qualidade, tudo isto com o governo do Partido Socialista os slogans utilizados pela direita perderam a eficácia.
O anterior governo de direita PSD+CDS que dizia ser de salvação nacional, que fazia a apologia da austeridade severa impondo sacrifícios dito necessários e que, dizia, salvaria o país, foi perdendo os argumentos discursivos para fazer oposição durantes os últimos quatro anos. Restou-lhes procurar casos e casinhos aqui e ali com que procurou encher os ecrãs da televisão.
Foi no meio do mandato do atual Governo que a direita, tardiamente, e a custo, tenta, com Rui Rio, voltar ao discurso da social-democracia, que Passos Coelho tentou lançar no seu último congresso, mas sem sucesso.
Segundo a sondagem da Intercampus para o Correio da Manhã e o Jornal de Negócios divulgada em 13 de setembro coloca o Partido Socialista a dois deputados da maioria absoluta (114 e 37,9% dos votos), enquanto o PSD alcançaria 23,6% e 67 parlamentares. Podemos questionar como é que estaria o PSD se a tentativa de derrube do atual líder por Luís Montenegro e pelos neoliberais adeptos de Passos Coelho e seus apoiantes, instalados no partido, tivesse tido sucesso? Isto é o que nunca saberemos.
Dizem que o PSD precisa de um discurso renovado e de opções diferentes e originais é vago. Que originalidade ideológica podemos encontrar na direita com o mesmo discurso agora com a forma de uma espécie de populismo “light” e alguns toques de esquerda?
O PSD trouxe para a agenda da sua campanha eleitoral a questão da baixa de impostos e reclama, vagamente, pela melhoria dos serviços públicos. Baixar impostos implica menos receita, menos receita e mais despesa implica maior défice e regresso ao desequilíbrio orçamental ou então vai buscá-lo às reservas deixando-no descalços. Será que é desta vez que a direita conseguiu a solução para o problema da quadratura do círculo?
Para o socialismo democrático e liberal de centro esquerda, onde se insere o Partido Socialista, a educação, a saúde, a proteção social, a diversidade cultural, as comunicações têm especificidades próprias que o mercado só por si não pode satisfazer, mas que o neoliberalismo insiste em desmentir por motivos ideológicos. Para estes a iniciativa privada deve intervir livremente naqueles setores por ser um fator de desenvolvimento, deixando para o Estado a intervenção e o apoio aos necessitados numa intervindo sob pobreza de forma caritativa.
Do ponto de vista do socialismo liberal não é retirada à iniciativa privada a entrada naqueles mercados contrariamente ao socialismo radical que defende, por ideologia, a presença do Estado em maioria exercendo uma ofensiva castradora à iniciativa privada.
O PCP e o BE têm uma visão marxista clássica de duas classes homogéneas e antagónicas em permanente luta uma contra a outra o que já está fora do seu tempo. Nas sociedades ocidentais encontram-se atualmente numa estrutura social muito complexa caracterizada pela disseminação crescente de grupos sociais intermédios e pelas condições sociais, meio ambiente e qualidade de vida.
O rápido desenvolvimento da sociedade da comunicação e da informação, as condições e a força de trabalho modificaram-se, assim como o conceito de proletariado que passou a ter outras ambições reivindicando para si elevadores sociais.
O denominado “elevador social” a que Paulo Portas em tempo se referiu e que Assunção Cristas, demagogicamente, foi recuperar para conquistar o apoio de potenciais eleitores em detrimento do uso de argumentos lógicos. Para Cristas o conceito sociológico de ascensão social ligado à ideia de crescimento na escala social é materializado apenas pela descida de impostos para as famílias e para as empresas. Pensamento extremamente redutor.
As noções de emprego para toda a vida, de direitos adquiridos, de progresso permanente e contínuo para todos e para sempre com que nos bombardeiam os partidos mais radicais de esquerda perderam a pertinência e são ilusórios. Já em finais dos anos noventa, numa unidade curricular a que então se chamava Área de Integração, alertava os meus alunos para este facto.
Para o BE e para o PCP um com mais veemência do que o outro parecem defender uma estatização cada vez maior ao nível do emprego, aumentos dos salários para todos, aumento de taxas e de impostos com duvidoso critério para as grandes empresas e a diminuição de impostos para a população. Enfim, uma folia taxista em prejuízo das empresas que dão emprego a centenas de trabalhadores e que, sem mais, podem dizer adeus e até à próxima.
A crise económica que virá é outro léxico que os partidos da direita, e alguns que escrevem artigos na imprensa, estão a procurar introduzir no seu discurso de campanha eleitoral, começando a entrar no domínio da futurologia derrotista e criadora de pânico. Apostam, mais uma vez, no lançamento do medo, por antecipação. Há alguns dias o efeito de uma recessão nas contas do país foi até tema da pré-campanha.
A oposição de direita iniciou uma campanha de ameaça de nova recessão que, entretanto, parece ter, para já, abandonado. Assunção Cristas do CDS encara o problema de uma eventual recessão escrevendo no Twitter que ”A nossa prioridade número um é baixar impostos. Se as coisas se alterarem, vamos cortar na despesa”. No que a cenários macro diz respeito, o CDS diz-se comprometido com “o equilíbrio saudável das contas públicas”, porque não acredita “numa economia assente em défices sucessivos”. Com esta última afirmação podemos decerto estar de acordo. Mas vejamos a primeira, “se as coisas se alterarem vamos cortar na despesa”. Primeiro reduzem-se os impostos, e, depois, logo se vê, se houver uma recessão corta-se na despesa. Há alguma coisa de novo? Não. A fórmula é a mesma que a direita utilizou durante o seu mandato entre 2011 e 2015 e que continuaria a utilizar se continuasse no governo, cortes nos salários, cortes nas pensões, cortes de pessoal, cortes na saúde, etc. etc.. Precisamente o contrário do que tem vindo a exigir e a reclamar ao atual Governo.
Vamos lá ver se conseguimos entender esta direita oscilante. Por um lado, clama por investimento público em pessoal, no melhoramento dos serviços, nas cativações exageradas o que, basicamente, significa uma estratégia de controlo orçamental que impede os ministérios de gastar mais sem autorização e, por outro, elegem o despesismo como bandeira da sua campanha o que poria em risco a estratégia de controlo orçamental adotada pelo Governo para manter o défice abaixo das metas definidas com a União Europeia. O que faz depois a direita? Alerta para os perigos duma nova recessão.
Também nas últimas semanas, vários foram os que falaram da possibilidade de o “diabo”, previsto por Passos Coelho, estar para chegar. O que a direita parece assumir é que a austeridade já não é a receita para a crise.
À falta de melhor, a direita e seus apoiantes dos media, para fazerem oposição, pretendem lançar o pânico dando relevo à crise económica que estará para vir ou que se aproxima. Até há já quem recupere, a capacidade premonitória de Passos Coelho sobre a vinda do diabo aquando do acordo parlamentar PS, PCP e BE. Ora, aquela deixa de Passos dizia respeito à crise interna que seria causada pelos partidos do acordo à esquerda que lhe tinham tirado o poder, e não à sua capacidade divinatória sobre crises futuras.
Enfim, é uma espécie de lavagem ao "dito diabo" falhado de Passos a que agora querem dar a uma nova intenção e importância que não merece.
A direita inventa e procura tudo quanto pode para distorcer a realidade com que não está a conviver bem.
Se pretende saber mais sobre maioroia absoluta pode ver na PARTE II.
Imagem de Sapo24
Sempre considerei infame o julgamento em praça pública de José Sócrates pelos media antes e depois do decurso das investigações. Mas o processo “Operação Marquês” transtornou José Sócrates a tal ponto que já não distingue a política real em processo de campanha eleitoral do estado emocional em se encontra com acusações que lhe têm sido feitas vindas de todos os lados.
Sócrates, talvez devido aos ataques pessoais de que, com alguma razão, tem sido vítima começa a ver inimigos por todo o lado, até naquele que foi o seu partido, numa tentativa de desviar as atenções considera ofensa política e até pessoal o que se diz em campanha eleitoral, e, mesmo que a ele não se refira, pressupõe que sim.
Quando António Costa disse que não pede maioria absoluta, não porque não a quer, mas porque entende que “os portugueses não gostam de maiorias absolutas” é uma afirmação subjetiva, talvez por estimar que, neste momento, os portugueses não estão muito inclinados para isso por manifestarem algum receio. O que é que esta afirmação tem a ver com o que Sócrates diz e com António Costa ter integrado um governo de maioria absoluta. Isso dá-lhe toda a legitimidade para saber do que fala.
Face ao que está em jogo neste momento e aos processos decorrentes com que José Sócrates se confronta a sua atitude parece-me algo estranho.
Se Sócrates se sente atingido pela afirmação de António Costa pode ser a prova de que foi apanhado pelo stress que a Operação Marquês lhe tem causado. É como assumir que algo de errado se passou durante o seu governo de maioria absoluta.
O primeiro governo de maioria absoluta foi o XI Governo Constitucional, liderado por Cavaco Silva, quando consegue a primeira maioria absoluta de um só partido (1987-1991). O país foi governado em maioria absoluta de um só partido por três vezes: dois executivos liderados por Cavaco Silva e um liderado por José Sócrates.
Porquê esta reação injustificada de Sócrates que em nada o acredita politicamente? Lançar a confusão e achas na fogueira para voltar a falar-se de Sócrates nos media durante a campanha eleitoral com os objetivos do costume.
O artigo do antigo primeiro-ministro foi publicado do jornal Expresso. Associar o atual governo socialista a Sócrates, estratégia falhada pelo PSD e CDS durante a campanha para as eleições europeias, pode ser uma hipótese.
O jornal Público publicou um artigo de opinião que parece querer fazer dos leitores daquele diário ignorantes e patetas no que à política se refere, totós ou outros com idêntica terminação.
Não será por ignorância, mas por ideias preconcebidas que o artigo tenta baralhar e misturar os dois diabos a que se refere no que, decerto, estão também na cabeça da autora. Existe apenas um diabo o de Passos, o outro está a ficcioná-lo.
O “diabo” a que Passos se referia, cuja imagem parece querer adocicar, era outro, e noutro contexto. Não era o da recessão económica que viria com aquela solução, até porque, o executivo a que ele presidia, na altura, disse várias vezes que a recessão estava a acabar e que era a vez do crescimento económico.
O diabo a que Passos se referia era o que iria acontecer com medidas que poderiam vir a ser tomadas pelo governo então constituído pelo PS com o apoio parlamentar de partidos à sua esquerda (PCP e BE). Como por exemplo o regresso aodespesismo. Por favor, não queiram transformar Passos num adivinho que previu, na altura, o que está a acontecer agora, ao fim de cinco anos!
Ao que António Costa refere não é nenhum diabo, é sobre a realidade que os organismos internacionais e a União Europeia preveem e que a Alemanha também já assumiu pelo que está a tomar medidas.
Se vai aparecer um diabo é uma recessão que nada tem a ver com os diabos internos e assombrações de Passos por a direita ter perdido o seu lugar na governação.
É um artigo de opinião e, como tal, vale o que vale. Mas isto é uma pequena amostra de potencial manipulação de leitores.
É este o jornalismo que temos e, cuja parte a que me refiro poderia muito bem ser colocada numa rede social com o objetivo de baralhar opiniões.
Tempo de serviço dos professores: Foto da reunião de trabalho na Comissão de Educação no Parlamento entre PSD, CDS, PCP e BE*
Tal como os treinadores de futebol são os bodes expiatórios dos fracassos das equipas ou os maiores no caso das vitórias, a função da oposição de direita é permitir que possamos culpar alguém pelos seus próprios fracassos.
Parece-me ter sido Winston Churchill quem disse que “a arte da previsão consiste em antecipar o que acontecerá e depois explicar o porque não aconteceu”. Foi isto o que aconteceu quando António Costa ameaçou demitir-se e ao Governo. A sua capacidade de previsão e de antecipação.
A causa foi a oposição à esquerda e a oposição à direita que se uniram para fazerem passar a reivindicação da contagem de todo o tempo de serviço devido à congelação das carreiras que o radical Fernando Nogueira andava há muito a pedir mostrando uma posição inflexível e incompreensiva.
Se há uma inteligência política ela consiste mais do que num conhecimento profundo na capacidade de tomar conta da situação, coisa que a oposição de direita não conseguiu. Pelo contrário, a esquerda que se manteve coerente arrastou para o seu lado a direita com um voto comprometedor organizando-se numa chamada coligação negativa.
A direita, ao contrário da esquerda, não compreendeu que estava em jogo um pouco de coragem para poder correr o risco da perda de alguns votos dos professores, coisa que o partido no Governo, através de António Costa compreendeu preferindo perder alguns votos dos professores em nome da exigência orçamental futura. Isto é, optou por Portugal e pelos portugueses mostrando, ao contrário da coligação negativa que não tinha propósitos eleitoralistas como a direita dizia. Quem afinal tinha intenções eleitoralistas.
O PCP disse recusar “chantagens e ultimatos” e até acusou o PS de calculismo a que o “acorrentado” Mário Nogueira se juntou pegando no discurso da direita do golpe de teatro e da criação de crises artificiais.
Jerónimo de Sousa e o PCP parecem estar a esquecer-se das táticas leninistas. Então o calculismo não faz parte das estratégias políticas de qualquer partido em democracia. O que se observa do Paramento não são tudo estratégias bem calculadas?
António Costa fez chantagem? Claro que sim. E se não a fizesse o que aconteceria? Deixar-se-ia arrastar para uma espécie de abismo caso fosse governo na próxima legislatura mesmo que minoritário.
A estratégia eleitoralista do PSD e do CDS ao avançarem pelo caminho que seguiram de fazerem aprovar uma lei para a contagem integral de todo o tempo de serviço dos professores, (os tais 9 anos e mais), mesmo a partir de 2020, para além da captação de alguns votos dos professores, poderia levar ao seguinte raciocínio:
Há uma grande probabilidade de o próximo governo saído das próximas eleições legislativas ser do Partido Socialista.
Caso seja minoritário, poder vir a ter o apoio parlamentar do PCP e do BE.
Logo, o próximo governo irá encontrar dificuldades, devido aos encargos orçamentais provocados pela despesa aprovada e destinada aos professores e a outros grupos profissionais que, também tendo direito, se colocariam na fila reivindicativa, facilitaria à oposição de direita a argumentação necessário para acusar o governo de descontrole da despesa pública devido às esquerdas unida, termo este muito querido a Assunção Cristas.
Resta-nos perceber como é que a direita, se ganhasse as próximas eleições, iria resolver o problema da excessiva despesa para a qual teria contribuído e se iria fazer cortes em salários e pensões e aumentar impostos?
* Só falta o Mário Nogueira
Será que o CDS “votou para descongelar, não votou para pagar”?
Paulo Portas ao sair da liderança e da vida política do partido deixou o CDS/PP com um défice de liderança efetivo e de coerência. O carisma da liderança de Paulo Portas opõe-se drasticamente à falta dela na atual liderança de Assunção Cristas.
Fazer oposição é saber estar, saber dizer, saber pensar, ter a capacidade de política da antevisão numa perspetiva estratégica. Assunção Crista ou nada percebe de política ou, então, tem maus conselheiros. Fazer oposição pela oposição é mostrar fraqueza nas suas convicções e falta de projeto político para o país.
Ter um programa cheio de propostas ocas não chega.
Procurar casos aqui e ali, numa espécie de correria de barata tonta, para fazer umas declarações vazias e sem conteúdo de facto a não ser a espuma do dia para aparecer nos canais de televisão não chega.
Dizer o que foi errado ou o que está mal não chega.
Regressar simplesmente ao passado que já não justifica o presente não chega.
Assunção Cristas irá fazer pagar o partido a sua fatura de incompetência enquanto líder da oposição de direita. Assunção procura aqui e ali os casos do dia para cavalgar a onda da oposição de direita que não lidera.
Procura, sem olhar a meios, tudo onde possa fazer para buscar votinhos, mesmo que isso seja em prejuízo do país.
Clama de mentiroso a quem lhe desmonta as suas próprias mentiras. Viu-se no caso das declarações após a ameaça de demissão feita por António Costa. Há uma coisa que não pode negar é que o CDS votou as propostas sobre o descongelamento das carreiras dos professores juntamente com o BE e do PCP. No caso de Catarina Martins teve ainda o desplante de dizer que a proposta não custa um cêntimo ao país. Mas para Cristas a proposta do CDS era apenas uma questão de método. Pergunto-me se então tudo aquilo era fogo de vista e nada era para cumprir. Ou será que está a gozar com aquilo que os professores reivindicam? Ou será que o CDS pela voz de Assunção quis dizer que “votou para descongelar, não votou para pagar”?
Agora, para limpar a face, escreve cartas aos militantes a explicar o inexplicável e a justificar o injustificável da votação dizendo mentiras e adulterando conteúdos por todos já reconhecidos. Apenas se justificaria uma carta se a sua declaração fosse baralhada, titubeante, com argumentos despropositados e incoerentes e pouco esclarecedora das posições do CDS que necessitasse, agora, de enviar cartas aos militantes. A carta de Assunção Cristas aos militantes apenas confirma o desplante e a fraqueza ea incoerência das palavres da líder do CDS.
A carta, segundo o jornal Público, diz, a certa altura: “Num último subtítulo – “as mentiras que correm” – a líder do CDS tenta contrariar um dos argumentos que poderia ser mais negativo para o partido – o de que foi o voto dos centristas que aprovou o “pagamento” de mais de nove anos de tempo de carreira congelado aos professores”.
Esperem lá! Então não foi aprovado e votado pelos partidos PSD, CDS, BE e PCP um documento final que vai ser apresentado para ser votado no Parlamento daqui a duas semanas para o pagamento aos professores? Mais tarde ou mais cedo, é claro, mas vai sair dos bolsos dos contribuintes!
Segundo o jornal Público “Assunção Cristas acaba a semana a dar explicações aos seus militantes depois de não ter secundado a posição do seu vice-presidente Nuno Melo sobre o Vox e de ter de desautorizar uma proposta do partido para pintar com as cores do arco-íris passadeiras em Lisboa como forma de assinalar o Dia Internacional da luta contra a Homofobia e Transfobia. É caso para dizer que foi uma semana horribilis para a líder do CDS-PP”.
Temos de nos convencer que a austeridade não acabou, mas que passou a ser gerida de forma diferente da austeridade neoliberal que a direita impôs, o caminho foi diferente. Estes três anos foram o tempo em que a prudência fiscal e a consolidação orçamental passaram a ser as novas normas e o défice público prolongado passou a ser do passado.
O ainda fraco crescimento económico embora em média com a União Europeia e o incremento dos gastos sociais para enfrentara as consequências sociais da crise e o envelhecimento da população conduziu à austeridade como uma evidência necessária.
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Se continuarmos a querer tudo e a distribuir tudo por todo o lado ficam-se os gastos obrigatórios que tendem a consumir todo o orçamento e corre-se o risco de voltarmos a ter uma direita cujas alternativas já são conhecidas. Se a direita chegasse novamente ao poder iria retirar o que agora quer dar e a extrema-esquerda iria olhar para o lado e dizer que nada teve a ver com isso.
Como o Estado continua a precisar de crédito os mercados financeiros mantêm-nos sobre supervisão mesmo com a dívida a ser reduzida e se mantenha com o equilíbrio orçamental. A direita em situação crítica ameaça com os ditos e a extrema esquerda vocifera contra eles, sem resultados, porque dentro dum pensamento regionalista fala contra a globalização, mas não sabe como a combater.
O problema político decorrente está em que, em democracia, se tem de prestar contas a dois eleitorados, o do povo e o dos mercados que exercem imposição sobre os Estados de acordo com o documento “Electoral Promises & Ideological Space in Crisis Europe, p. 5”.
Portugal, é mais do que sabido, é ainda um país fortemente endividado e não estamos em condições de promessas vãs de não cortar na despesa, e a oposição, a de direita, também não está em condições de prometer que não irá cortar nos gastos para consolidar as finanças públicas. Assim, de momento, pressionam para gastar porque não estão no poder. Deste modo, entre o Governo e a oposição o eleitorado não tem possibilidades de escolha alternativa que seja diferente no ponto que diz respeito à consolidação.
Quer a direita, quer os partidos à esquerda do PS estão sem saber o que fazer e a única oportunidade que lhes resta é tentarem evitar uma maioria absoluta do PS lançando mão de tudo, entrando numa angústia à medida que se aproximam as eleições europeias e as legislativas.
É letal para os partidos com vocação de governo prometer o que sabem não poder cumprir assim como dar a impressão de que não fariam o mesmo de forma diferente daquela que os seus adversários fazem. Neste caso em 2015 António Costa arriscou na diferença e, devido a vários fatores conjunturais, conseguiu o que parecia impossível fazer com um volte face nas políticas.
Está tudo perfeito? Não. Houve erros e falhas? Sim. É aquilo que muitos esperavam? Talvez. Poderia ter feito mais e melhor? Sim. A estas respostas a direita apenas diz mal, mas não diz objetivamente o que faria diferente e melhor daquilo que já fez no passado e que o eleitorado gostaria de saber. Não digam que a culpa é de Rui Rio porque não é. A culpa é do partido que Rio o encontrou e que não conseguiu mudar porque era difícil fazê-lo sem ser com uma “limpeza” (sentido figurado) que só poderá fazer quando houver novamente eleições. Se as perder vai ser muito difícil fazer mudanças num partido anquilosado com elementos vindos de Passos Coelho. Rui Rio queria regressar à social-democracia, mas, devido a interesses em jogo, e pressões internas os neoliberais não deixaram.
Começam a mostrar-se por aí pequenos núcleos de partidos, e outros que já existem, com tendências populistas ainda disfarçadas que, sabendo não irão ter possibilidade real de governar, não se importam de fazer promessas impossíveis de cumprir.
Assim, como neste momento não há alternativa ao governo, ou a que há é destituída de sentido o que é o mesmo como se não existisse. Como os eleitores já se perceberam disso poderá haver o perigo que uma pequena parte do eleitorado reaja de maneira distinta votando em quem não gostaria de ver no governo como mostra de expressão do seu mal-estar. Não é por acaso que surgem partidos como o Aliança tentando tirar votos à direita e ao centro, e, pior ainda, movimentos populistas como o Chega, de André Ventura.
As intervenções que o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa faz para comunicação social são muito bem pensadas e cuidadosas não se poupando a críticas diretas, mas subtis a algo com que não concorda por parte do Governo e mais especificamente sobre António Costa normalmente feitas após elogios também estes habilmente tecidos ao mesmo Governo.
Raramente ou nunca me referi de forma favorável ou desfavorável a António Costa neste mesmo blog. António Costa é um político hábil e com faculdades negociadoras a que temos assistido, e sobretudo preocupado com o Governo que lidera. As preocupações nas suas intervenções são feitas assentam sobre aspetos programáticos e governativos presentes e em propostas para futuros próximos ou longínquos, esquecendo-se por vezes de sensibilidades e afetos também necessários a um político que deve também dirigir-se ao humano dos cidadãos que Marcelo Rebelo de Sousa tão sabe gerir.
Em Bruxelas onde decorre o último Conselho Europeu do ano, sem se referir e fazer comentários à atualidade nacional o primeiro-ministro António Costa disse que 2017 “Foi um ano particularmente saboroso para Portugal.” Após este declaração a comunicação social, sempre atenta a tudo quanto possa ser uma bom título aproveita um declaração de Marcelo para falar em “agulhas desalinhadas” entre Belém e São Bento” como diz o jornal Público que omite os elogios feito por Marcelo Rebelo de Sousa ao andamento da economia de das finanças dos país e centra-se apenas na frase de “Haja memória daquilo que aconteceu”, proferida por Marcelo que continua afirmando que “Não haja ideia de que o ano foi todo muito bom, com um pequeno problema que foram as tragédias. Não é verdade. Houve neste ano o melhor e o pior”.
Tem razão Marcelo, o homem dos afetos, que não viu com bons olhos que, da parte do responsável pelo Governo não fosse dispensada uma palavra à parte amarga do ano que foi a tragédia dos incêndios. Não duvido que Costa não tenha o meso sentimento que Marcelo, seria uma demonstração pública de sensibilidade para com as populações atingidas. A euforia e o contentamento não podem fazer esquecer o que se deve fazer para remediar o mal que outros provocaram. Costa não esteve bem, este tipo de falhas em política não pode acontecer e não adianta correr logo para Pedrógão, após o regresso de Bruxelas, e depois do Presidente fazer a crítica. António Costa precisa de começar a jogar na antecipação.
Raramente leio os artigos de opinião que João Miguel Tavares escreve no jornal Público, e, quando o faço, é porque algum sentimento de indignação que me compele a isso. Talvez por ele ser um liberal incondicional, e eu não, ele ser de direita, e eu não. Talvez por ele ser um liberal convicto seja levado a fazer oposição ativa à esquerda através da escrita de opiniões, defendendo sectariamente apenas um lado, o “seu”, procurando algo e só o que possa criticar no “outro”, apenas e porque não é o seu.
Hoje li o artigo de João Miguel Tavares, há sempre um dia em que a nossa opinião pode, ocasionalmente, mudar face a algum acontecimento. Encontro-me hoje nessa circunstância. Ter que concordar na íntegra com o que Miguel Tavares escreve no Público.
Fui professor em dois momentos, no ensino profissional e, posteriormente, no ensino superior. A minha mulher também foi professora do ensino público durante as dezenas de anos e depois na área pedagógica do Ministério da Educação vários anos, conheço bem o que foi o ensino por fora e por dentro apesara das alterações que se verificaram no tempo do “chamado ensino do Crato”. Ao contrário dos filhos de JMT que andam no ensino público, os meus netos, por uma questão de opção, e não porque a qualidade seja superior no privado face ao ensino público, até porque, alguns colégios privados, em alguns casos, deixam bem a desejar, e não digo nomes.
Deste modo, e por coerência com o que escrevi em “posts” anteriores opondo-me à greve reivindicativa do sindicalismo egoísta e umbilical, que mais parece uma corporação de professores liderada por Mário Nogueira, tenho que concordar com o que JMT escreveu hoje e faço das palavras dele as minhas, objetivamente e apenas neste caso, não confundamos nem misturemos as coisas. De qualquer modo recomendo a leitura do artigo que pode ver aqui.
A FENPROF e o seu líder Mário Nogueira têm razões para estarem satisfeitos com os apoios à luta reivindicativa para obtenção de mais dinheiro retroativo, (impossível de dar), e de regalias. Com o sindicalista Mário Nogueira está com a direita dos liberais e dos neoliberais, incluindo os que ditam, prescrevem e sugerem através de artigos de opinião que publicam na imprensa diária e comentam nos canais de televisão.
No jornal Público do passado dia 18, João Miguel Tavares no seu artigo de opinião é um dos que parece apoiar, pelo menos implicitamente, os protestos e as greves do pessoal de Mário Nogueira. E, este, claro, nas atuais circunstâncias agradece porque o apoio da direita é, apesar de tudo, bem-vinda.
Miguel Tavares através de um artigo de opinião e a propósito das reivindicações e greves dos professores justifica a vinda do diabo invocada por aquele de quem parece ser fã convicto, o eis primeiro-ministro Passos Coelho.
Depois de dissertar, mais uma vez, sobre as causas das intervenções do FMI diz João Miguel Tavares que “Logo abaixo das nossas lastimáveis elites e da sua vocação para a corrupção, há uma série de corporações poderosas, mais a grande massa dos trabalhadores do Estado e dos reformados, que foi crescendo ao longo do tempo por boas e por más razões. Esse Estado, sem profundas reformas, é insustentável. Ele pode ser alimentado durante alguns anos através do crescimento da economia, mas à primeira mudança de ciclo económico o país vai outra vez ao charco. Não é uma questão de “se”. É uma questão de “quando”.” Cá está o diabo ainda não veio está para vir qual oráculo de Passos Coelho.
E continua, “famoso diabo é, e sempre foi, isto: a profunda consciência das limitações do país e dos seus problemas estruturais, adicionado à paralisia reformista da atual solução de governo e à sua enorme tentação despesista.” E digo eu, afinal parece que o diabo que está para vir é devido a não continuar com as reformas sociais neoliberais iniciadas pelo anterior governo.
Raramente concordo com João Miguel Tavares, mas, em alguns pontos de vista, e por motivos diferentes, sou levado a concordar. Sabendo que é um liberal com alguns laivos de radicalismo nessa área ideológica, pelos artigos de opinião que habitualmente escreve tudo lhe serve para fazer oposição ao Governo. Nesta fase em que a oposição de direita do PSD está em grande agitação devido a estar em fase de eleições internas até dá jeito.
O PCP e os sindicatos a ele afetos, faltando-lhe o operariado, substituiu-o pelos funcionários dos serviços do Estado classe média atualmente bem paga e, por isso, quantos mais trabalhadores houver no Estado tanto melhor, porque pode servir de arma poderosíssima nas mãos dum partido que tem sempre à mão, sempre que lhe convenha, para paralisar todos os serviços. No que toca ao número de trabalhadores do serviço público é talvez o único ponto de concordância que tenho com JMT.
Claro que Miguel Tavares dá uma no cravo e outra na ferradura, mas mostra congratular-se com as reivindicações irrealistas porque o ajudam em pôr em causa as ideias e os projetos do Governo mas, ao mesmo tempo, acaba por defender o ponto de vista dos professores e aproveita para dizer que, se já não há austeridade, então que se pague o que pedem. Ironia? Talvez não!
Analisemos então as seguintes passagens do artigo de João Miguel Tavares com a qual estou de acordo porque é uma questão de bom senso.
“Quando se fala na impossibilidade de arranjar 600 milhões de euros para contar todo o tempo de serviço dos professores, a objecção que se escuta com mais frequência é esta: “Não há 600 milhões para dar aos professores, mas houve 4,9 mil milhões para salvar o BES, e mais 3,9 mil milhões para salvar a Caixa.” Sem dúvida que houve. Contudo, mesmo sem entrar em discussões sobre as particularidades do sistema bancário, convém notar que esses 600 milhões, ao contrário da capitalização dos bancos, não são one shot — é um compromisso que fica assumido e que tem de ser pago todos os anos. São 600 milhões em 2018, outros 600 milhões em 2019, mais 600 milhões em 2020, e por aí fora. Ao fim de dez anos são seis mil milhões. Ao fim de 20, 12 mil milhões. E isto só para descongelar nove anos de carreira dos professores. Como seria de esperar, a GNR já veio dizer que exige o mesmo tratamento. E de seguida virão os polícias, o exército, os enfermeiros, os médicos, os magistrados, os trabalhadores dos transportes.
As pessoas que apoiam estas reivindicações colocam frequentemente o tema em termos de “justiça” ou “injustiça”. Lamento muito: o problema não é moral. Claro que o descongelamento das carreiras é mais do que justo. Claro que retirar às pessoas direitos adquiridos é profundamente injusto. Claro que os professores têm toda a razão em desejar que nove anos da sua vida profissional não desapareçam no ar. Mas isto não é uma questão do que é bom versus o que é mau. É uma questão do que é possível (ou responsável) versus o que é impossível (ou irresponsável). É uma questão de escolhas e de como utilizar os recursos — finitos, convém recordar — do Estado.”
Como não há bela-sem-senão, posto isto, João Miguel Tavares aproveita para fazer oposição e atacar António Costa dando razão aos funcionários públicos: “a conversa do fim da austeridade foi orgulhosamente assumida por António Costa desde o primeiro dia. E assim sendo, as pessoas só estão a exigir nas ruas aquilo que o primeiro-ministro lhes prometeu quando estavam em casa. A irresponsabilidade destas reivindicações não é de Mário Nogueira. A irresponsabilidade é de quem prometeu o que não devia, e de quem anda há dois anos a cavar buracos…
António Costa não cava buracos anda a tapar os que o seu antecessor cavou, quer nas finanças, quer ao nível social. O apoio às medidas de Passos Coelho estão implícitas no que JMT escreveu e, António Costa então deveria continuar com a mesma austeridade mantendo o país de rastos como fez o seu antecessor neoliberal piorando ainda mais o que herdou.
Para JMT é isto o diabo que Passos Coelho anunciou jogando com o fator medo. A direita dá timidamente o apoio às reivindicações vindas dos sindicatos numa estratégia de fazer colapsar as finanças públicas para, a partir daí, passar a ter conteúdo para uma oposição com algum significado, deixando a mera oposição casuística.
Uma coisa é certa o sindicalista Mário Nogueira agradece.
Jogo baixo. Outra coisa não seria de esperar de JMT.
PS: Hoje no mesmo jornal Público JMT escreve um artigo com quem estou em pleno acordo. Para mim estar plenamente de acordo com ele era quase um exercício de impossibilidade. Hoje chegou finalmente o dia. Espero que haja mais.
A velha história da raposa que não tendo conseguido chegar às uvas diz para os que observaram as suas tentativas que não prestam estão verdes. É o procedimento da a direita, face aos indicadores, diz que são uma narrativa e não uma realidade e, com a saída do rating do lixo, argumenta que continuamos sujos, esquecendo-se da sujidade que lançou no país e nas pessoas durante o seu mandato.
Os comentadores e os jornalistas de opinião liberais, ditos de direita e fiéis incondicionais das políticas do antigo governo, tais como José Miguel Tavares, são muito preconceituosos no que à esquerda diz respeito, seja qualquer das esquerdas, mesmo as do centro esquerda. Nos artigos que escrevem fazem uma espécie de acrobacias na construção argumentativa, com alguma arte, diga-se. São exímios em lavagens cerebrais para muitos que os leem apanhados desprevenidos fazendo um discurso de quem procura conquistar apoios através da manipulação das emoções em detrimento do uso de argumentos lógicos ou racionais.
Tal aconteceu com o artigo de opinião no jornal Público. Auele douto da política nacional tece uma espécie de argumentação do tipo retrospetiva e evocação do futuro. Vamos então a detalhes sobre o que José Miguel Tavares escreveu a certa altura do seu texto:
1 – “… foi aí que António Costa ganhou o jogo e conquistou a esquerda: ofereceu-lhe um discurso de “novas políticas” que elas puderam apresentar aos seus eleitores como uma grande vitória.”
A primeira é que considera implicitamente a esquerda que aceitou sem mais as “novas políticas” como se essa esquerda fosse mentecapta e não tivesse opinião deixando-se aldrabar.
2 – “É certo que dez euros a mais no ordenado são dez euros a menos na bomba de gasolina, mas como a maior parte do país está cheio de vontade de acreditar em tempos melhores, a escolha parece ter valido a pena, como bem demonstram as sondagens”.
Aqui entra a demagogia: agarra nos aspetos emocionais que potencialmente possam o aumento da gasolina (que ora sobe, ora baixa) para os relacionar com os dez euros a mais nos ordenados para que pensem e digam, “pois é, afinal o aumento não chegou porque tudo está pior!”. Para Miguel Tavares todos (nós) somos mentecaptos porque somos levados a acreditar que tudo será melhor, e é por isso que as sondagens sobem. Não é por mais nada. É apenas por isto que elas sobem! Força caro Miguel, é assim mesmo.
3 – “A isto chama-se habilidade política, coisa que António Costa tem para dar e vender. Com Pedro Passos Coelho estaríamos provavelmente a crescer mais e com um défice mais baixo, mas o povo estaria menos feliz e a esquerda teria tomado conta da rua”.
E, para além, disto não há mais nada, apenas habilidade política, o resto surgiu do nada, como por milagre, milagre que Passos Coelho tanto ansiava, mas que não apareceu apesar de prometer na altura das eleições que iria continuar a mesmo política, talvez esperando um milagre que estaria para chegar, e lá está, a seguir vem o oráculo retrospetivo porque a José Miguel Tavares parece não lhe ter agradado termos saído do “lixo” e diz premtóriamente que apesar de tal facto o certo é que para ele continuamos sujos, e di-lo sem qualquer pudor no seguinte parágrafo:
4 – “… desfasamento entre a realidade e a narrativa sobre essa realidade, que conduz a uma série de avaliações demagógicas sobre aquilo que nos tem acontecido. Sim, as previsões da direita falharam naquilo que ao diabo diz respeito. Só que as previsões da esquerda também falharam quanto à receita para sair da crise. Portugal está a crescer e a baixar o défice em condições que a própria esquerda garantiu que nunca cresceria: com o investimento público mais baixo da História e sem qualquer reestruturação da dívida”.
Qual será então a realidade para Miguel Tavares? Só pode ser a mesma que a direita oposicionista e desorientada. As realidades e os factos são demagógicos e pretende fazer-nos acreditar a todo o custo argumentativo que a realidade é a mesma que a receita da direita nos aplicou.
Com grande desplanto diz agora que não se fez qualquer reestruturação da dívida. Pois não. Mas não era a direita que nem sequer queria ouvir falar nisso quando esteve no poder? Ah, já sei não era oportuno, mas agora já é! O costume! O mesmo se pode dizer do investimento público que o governo que apoiava congelou agora dão a isso uma prioridade.
5 – “Com Pedro Passos Coelho estaríamos provavelmente a crescer mais e com um défice mais baixo, mas o povo estaria menos feliz e a esquerda teria tomado conta da rua.”
Pois, meus caros leitores, é isso mesmo, Passo Coelho se estivesse no governo estaríamos a crescer muito mais, apesar de nos tornar um povo acabrunhado, dividido funcionalmente e profissionalmente, quiçá, empobrecendo mais, com outros cortes inimagináveis, reposições de rendimentos à vista sine die, mas o país estava a crescer mais, as pessoas não interessavam. Era um governo que fazia crescer o país para alguns. Estaríamos todos no nosso galho bem quietinhos e pequeninos à boa maneira da política do grande salvador da nação e da pátria do princípio do século passado. A esquerda seria um problema porque viria para a rua (mais um oráculo) em vez de aceitar pacatamente tudo o que fosse a bem da nação, pela nação e nada contra a nação no governo de Passos Coelho.
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