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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Num relatório recente do Observatório Português dos Sistemas de Saúde apresentado no dia 14 de junho veio confirmar aquilo que grande parte da população utente do SNS vem confirmando mas não tem coragem para dizer, (aqui voltamos à questão do medo que já apresentei em “post” anterior), ou não diz, por a sua voz não ter eco.
Os indicadores apresentados confirmam o tal sentimento generalizado Eis alguns que são sintetizados por Marta Reis no Jornal i:
Acesso aos cuidados de saúde |
|
Piorou |
58% |
Piorou muito |
16% |
Dificuldade em pagar as taxas e os transportes para o SNS |
43% |
Dificuldades frequentes em aviar a medicação devido ao custo |
46% |
Aumento dos casos de depressão |
64% |
Manifestações de insatisfação dos utentes traduzidas em protestos e ameaças |
|
Não comprar todos os medicamentos receitados |
20% |
Por ter medicamentos em casa |
40% |
Por dificuldades económicas |
25% |
Inquéritos efetuados
741 Médicos
878 Profissionais de Unidades de Saúde Familiar
Nas farmácias (41 e dados de 375 doentes)
Estes e muitos outros elementos demonstram que tem vindo a aumentar a degradação do SNS e, consequentemente, o aumento do sofrimento dos portugueses.
Num comentário naquele mesmo dia de apresentação do relatório o deputado Guilherme Silva, num frente a frente da SIC Notícias, deitando mais uma vez poeira para os olhos dos portugueses, baseia-se num pequeno parágrafo em que diz haver uma contradição, para desvalorizar todas as conclusões do relatório. Tomar a parte pelo todo, à falta de melhores argumento, tudo serve.
O antigo primeiro-ministro, José Sócrates, tinha avisado que os liberais do PSD iriam desmantelar o SNS para que a privatização entrasse em força na saúde e nisso tinha toda a razão. Mas verdade é que foi no governo dele que se deu o seu início e que mais medidas idênticas iriam ser tomadas naquele sentido.
Como é mais do que sabido, todos os que tomam as decisões têm os seus amigos médicos e hospitais privados para eles e respetivas famílias, as medidas vão apenas atingir outros, portanto, para a frente é que é o caminho.
Ao fim de tantos anos fazem agora tudo à pressa, sem avaliarem os impactos das medidas tomadas e sem tentarem arranjar soluções alternativas que os minimizem. Mas isto é muito difícil para estes novos governantes (ou governantes novos), a menos que gastem milhões e mais milhões de euros em estudos, encomendados a quem lhes interessa e, sobre os quais, não se conhecem quaisquer conclusões. E cá estamos nós a pagar e a cair no buraco que escavam cada vez mais fundo.
Para a maior parte desta geração de políticos que nos governa, salvaguardando algumas honrosas exceções, é tudo incontornável, o que sempre serve para justificar incompetências, falta de valores e sentido humanístico que não lhes foram dados nas escolas e universidades públicas e privadas pós 25 de abril onde, muitas vezes, se reivindicaram passagens administrativas.
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