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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Se estamos mais próximos de um segundo resgate não será pelos resultado das eleições como alguns pretendem já sugerir. Não se pode esquecer o facto de o primeiro-ministro, Passos Coelho, ter levantado em agosto passado a eventualidade de um segundo resgate após o chumbo do Tribunal Constitucional da requalificação da função pública. Há algumas semanas voltou a falar no tema. Terá sido para intimidar antes das eleições autárquicas ou estava já numa pré-preparação para aquela eventualidade?
Os comentadores, apoiantes dos partidos do Governo, pretendem agora fazer passar a mensagem de que a perda das eleições, neste caso as autárquicas, se deve ao desgaste que é habitual num partido que está no Governo. Mote lançado por Passos Coelho na sua comunicação onde assumiu perante o país a perda das eleições e recordou acontecimentos idênticos há mais de vinte e cinco anos.
A derrota do PSD nas eleições autárquicas deve-se sobretudo aos grandes responsáveis primeiro-ministro Passos Coelho e à sua “entourage” composta pelos seus “advisers” e jotas incultos e irresponsáveis, pertencente a uma geração neoliberal radical infiltrada, muitos deles retornados, apostada numa desforra sobre os portugueses pelo do 25 de abril e pela descolonização. Pretendem agora escravizar os portugueses como os seus antecessores o fizeram aos povos africanos que colonizaram.
O condicionamento eleitoral preparado, assim como a forma de comunicação que o governo seguiu ao longo destes dois anos e meio, foi um desastre total e falhou em grande parte. A divisão e a destruição da coesão social dos portugueses foi a estratégia dominante, ora vinda do próprio primeiro-ministro e dos deputados da maioria no Parlamento, ora dos jotas do PSD, incultos e politicamente impreparados, que têm revelado, para além de falta de bom senso politico, falta de cultura sobre Portugal e os portugueses. Ansiosos por agradar e ganhar lugares no aparelho do Estado, pagos pelos impostos de todos, infiltram-se onde e como podem quais raposas em galinheiro.
Pelo que já conhecemos de situações anteriores, Passos Coelho faz ameaças quando as coisas não lhe calham como previu por isso pode prever-se que vai agora fazer retaliações sobre os portugueses, apenas sobre alguns como é seu costume. Esperemos para ver.
A crise desencadeada pela direita apoiada pelo PCP e pelo BE que deu lugar à queda do governo anterior e consequente resgate necessitaria, da parte do Governo que então tomou posse, de uma forma de comunicação que jovens radicais impreparados não tinham e que continuam a mostrar cada vez mais não ter, incluído o líder da desgraça do PSD, Passos Coelho.
Numa época de crise em que seria necessário envolver e unir os portugueses, não através de “uniões nacionais” artificiais como Passos Coelho e o seu aliado Presidente da República pretendem, mas com um discurso e comunicação mobilizadores onde os sacrifícios fossem devidamente justificados e repartidos por todos e não apenas por alguns grupos sociais e profissionais, enquanto outros, favorecidos, a quem interessa a manutenção deste Governo, vestem capas e arranjam artifícios para passarem ao lado da crise.
A Reforma do Estado tem sido até este momento uma mera ficção semântica. Planear uma reforma leva tempo e necessita de indivíduos competentes na matéria. Onde está o tal prometido plano daquela reforma foi entregue a Paulo Portas? Pode questionar-se o que aconteceria se numa empresa os responsáveis pedissem a um técnico credenciado da empresa um plano de reestruturação e este não o apresentasse. No mínimo era dispensado como incompetente no mês seguinte se, pelo menos, não apresentasse uma justificação para tal.
Há só uma forma da incompetência ser apeada que é a de fazer despertar o verdadeiro PSD para a necessidade de mudança da liderança que o sufoca o que só traria vantagens para a democracia.
Está provado que os portugueses aceitam a austeridade e os sacrifícios quando necessários desde que saibam qual o objetivo e o projeto para o seu país a curto e a médio prazo desde que não, façam apenas numa perspetiva de crença e fé, promessas para a melhoria de vida de gerações futuras, indefinidas no tempo, quando até essas provavelmente já estarão mortas.
Desde já podemos prever que Passos Coelho vai retaliar e apertar os sacrifícios aos portugueses que acha foram os grandes causadores do seu desaire eleitoral. Deixou-o bem claro na comunicação ao país em que assumiu a perda das eleições.
Paulo Portas, como de costume, com o seu ballet acrobático, faz do CDS/PP o grande vencedor das eleições autárquicas iludindo o seu eleitorado fugidio. Paulo Portas faz dos portugueses parvos. Depois das acrobacias trapézicas que tem feito será que ainda há quem apoie e aceite continuar a assistir a ver este circo? O penta autárquico, como ele designou por ter conseguido seduzir cinco autarquias não é mais do que um caso atípico nestas eleições que, com o tempo, se irá esvaziar. Casos como o de Ponte de Lima no domínio do CDS são raros. Se são bons ou maus os autarcas quem melhor do que os eleitores para o decidirem? Veremos com o tempo. João Jardim também governa a Madeira ao longo de mais de trinta anos, até que um dia…
Quanto ao PS resta-lhe ter cuidado porque, não será por vencer estas eleições que as futuras estarão garantidas e já não falta muito. Ou apresenta alternativas consistentes e começa a preparar um discurso de verdadeira oposição, sem ser através de medidas comezinhas e de cariz sedutor ou não vai conseguir que os portugueses lhes reconheçam crédito para governar. Se José Seguro não reconhecer isto voluntariamente mais vale retirar-se da liderança enquanto ainda está nas em algumas boas graças.
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