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O sucesso ou o insucesso de uma greve

por Manuel_AR, em 23.06.13

Será que os exemplos das manifestações na Turquia e no Brasil que, até agora, não são movidos por razões de defesa de direitos e de aumentos salariais, poderão alguma vez nos dar coragem, a nós portugueses?


 

Há razões para que a greve geral do dia 27 de junho não tenha o sucesso que seria desejável para ser eficaz. Não porque os trabalhadores deixaram de ter o sentimento de ser uma greve para defesa dos seus interesses, mas porque o clima de amedrontamento montado pelo Governo na sociedade portuguesa, para cumprimento dos seus objetivos, facilita opiniões adversas à greve.

A primeira razão é o medo, a ansiedade de não saber o dia de amanhã, o desânimo e a divisão que este Governo instaurou a todos os níveis no país, acolitado pelo Presidente da República que, presumivelmente, para dar o exemplo, admite que se prendam cidadão que se manifestam verbalmente e se instaurem processos a comentadores políticos ela utilização de termos meramente de opinião e contextuais.

A greve poderá não ter o efeito pretendido porque, em primeiro lugar, é preciso não esquecer as notícias vindas a público sobre as orientações dadas a todos os diretores de serviços da função pública para que todos os seus responsáveis elaborem listas de dispensa de pessoal. Sobre isto, veio hoje a saber-se que, oportunisticamente, a nova lei da mobilidade retira militares a lista de dispensas da função pública. Consequentemente será normal que os trabalhadores, receando vir a ser incluídos nas listas se retraiam de fazer greve.

A segunda razão é ao nível do setor privado que, devido à insegurança relativamente aos contratos de trabalho, muitos deles precários, à perturbação causada pela incerteza e à procura da manutenção do posto de trabalho, associada à pressão da enorme oferta de mão-de-obra, podem servir de negação para a adesão à greve.  

Até porque os portugueses não têm a mesma coragem dos brasileiros por muito que se diga que têm limites para a complacência. Os portugueses estão divididos e acomodados com a sorte que lhes é imposta pelo medo, pela incerteza e pela insegurança.

Será que os exemplos das manifestações na Turquia e no Brasil que, até agora, não são movidos por razões de defesa de direitos e de aumentos salariais, poderão alguma vez nos dar coragem, a nós portugueses?


Imagem de: Diretório Central dos Estudantes da Universidade Tecnológica Federal do Paraná

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publicado às 20:15



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