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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Acho que António Costa não terá perdido o bom senso ao constituir ou deixar-se levar a constituir um governo com uma dimensão que raia os limites do absurdo. Que razões terão levado António Costa a tal feito que contraria o que Descartes escreveu na primeira parte do seu Discurso do Método que transcrevo a seguir?
“INEXISTE NO MUNDO coisa mais bem distribuída que o bom senso, visto que cada indivíduo acredita ser tão bem provido dele que mesmo os mais difíceis de satisfazer em qualquer outro aspecto não costumam desejar possuí-lo mais do que já possuem. E é improvável que todos se enganem a esse respeito; mas isso é antes uma prova de que o poder de julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso, que é justamente o que é denominado bom senso ou razão, é igual em todos os homens; e, assim sendo, de que a diversidade de nossas opiniões não se origina do fato de serem alguns mais racionais que outros, mas apenas de dirigirmos os nossos pensamentos por caminhos diferentes e não considerarmos as mesmas coisas. Pois é insuficiente ter o espírito bom, o mais importante é aplicá-lo bem.” (Descartes, Discurso do Método).
Escrito de outra forma:
O bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele, mesmo os que são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa não costumam desejar tê-lo mais do que o têm. E não é verossímil que todos se enganem a tal respeito; mas isso antes testemunha que o poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se denomina bom senso ou a razão, é naturalmente igual em todos os homens; e, assim sendo, que a diversidade das nossas opiniões não provém do facto de serem uns mais racionais do que outros, mas somente de conduzirmos os nossos pensamentos por vias diversas e não considerarmos as mesmas coisas. Pois não é suficiente ter o espírito bom, o principal é aplicá-lo bem.
Ora, parece-me que a constituição do Governo e os novos ministérios criados que serão, em princípio, para durar quatro anos não tenham sido constituídos tendo como base o critério do bom senso. António Costa terá tido as suas razões e justificações, ou de quem lhas impingiu, com que objetivos não sabemos.
É do senso comum que uma reunião qualquer que seja com elementos a partir decerto número torna-se disfuncional. Imagine-se agora uma reunião com todos os ministros e secretários de estado com tão o elevado número. Não era uma reunião era uma espécie de comício.
Para além da despesa com pessoal, embora se diga que não é muito relevante, o que custa a acreditar, há a considerar também o problema da logística, das instalações e de todo o pessoal do chamado staff de apoio que vai ter custos.
O Partido Socialista, quando está no Governo parece ter uma obsessão pela despesa e pelos gastos desnecessários. Por outro lado, há o problema da funcionalidade da coordenação e da comunicação interdepartamental que poderá arrastar-se no tempo até que se tome uma decisão, até mesmo nos Conselhos de Ministros devido à quantidade de membros envolvidos.
Esperemos que na comunicação social não comecem a acontecer intervenções de ministros ou de secretários de estado que, desconhecendo o que outro disse, não surjam declarações contraditórias ou de desautorização sobre o mesmo tema entre os diferentes intervenientes, o que, mesmo com governos mais reduzidos já tem verificado.
Para António Costa resta-lhe esperar que tudo corra bem, já que vai ter dificuldades acrescidas para saber tudo o que se passará em cada um dos departamentos para responder quando interpelado pelos media que seja relevante para a governação e onde, por vezes, poderá haver interseção de competências.
Há coisas que, por mais que nos esforcemos, as explicações que no deem sobre determinados factos que ocorrem na vida política não se conseguem compreender e ficam no âmbito do ridículo. Já lá irei.
Houve um jornal humorístico bissemanário publicado antes de 1917, “Os Ridículos”, que atravessou toda a I República, o que já de si constitui uma proeza a sua terceira série, a série de ouro do jornal, começa em 1905 e só termina em 1963, em pleno Estado Novo. Teve ainda a particularidade de, após a implantação do novo regime, alterar o seu posicionamento político-ideológico, descobrindo-se nele uma “esboçante simpatia monárquica”. Durante a ditadura de Salazar, apesar de visado pela censura, publicava nas suas páginas, crítica política e social e sátira aos principais acontecimentos da época, temperadas com jocosos comentários que lhe granjearam uma enorme popularidade
Aquele título, com o passar dos anos, se tivesse sobrevivido e atualizado a sua disposição editorial teria material mais do que suficiente para um olhar crítico sobre a política que nos rodeia.
Caricato e risível, para algumas iniciativas que vieram do anterior governo e que já se prevê vão prolongar-se pelo que vai entrar em funções, são adjetivos que poderão circular pelas redes sociais e outros habituais distribuidores de informação mais ou menos deturpada vindos do lado de quem tudo critica, seja bom ou mau. Se razões não faltam ainda lhes dão mais algumas achas para a fogueira. E os que representam a extrema-direita rejubilam porque terão matéria para criticar já que o populismo de uns leva-os a apregoar o Estado mínimo, e o de outros a dizer que 100 deputados seriam suficientes.
Uma delas é a de um Governo, o XIII Governo Constitucional, com setenta elementos entre ministros e secretários de estado. Terá sido necessário para a eficácia e o trabalho durante a próxima legislatura ou será apenas para atribuir lugares prometidos ou, ainda, para no meio da legislatura serem forçados a demitirem-se por falhanços e incompetência? O que é ridículo não são os ministros, mas nomes dos ministérios. Isto merecia zombaria num jornal humorístico. E a despesa criada com estas pastas todas relativamente aos resultados e á eficácia a conseguir? Já disseram por aí que a despesa é pouco relevante. Será? É que não apenas os gastos com os empossados, mas com toda a máquina que os envolve.
Não há dúvida de que um governo com setenta pastas (se não forem caçarolas) não terá razões para se queixar de ter muito trabalho e vai ter tempo para planear e evitar asneirar.
A segunda que veio a público são os novos sinais de trânsito. Faço questão de fazer algumas citações de um artigo de opinião que Pacheco Pereira publicou no jornal Público que é elucidativo do ridículo.
«Um dos melhores exemplos é a utilização da palavra “climático/a”, que na sua origem tem uma expressão sem sentido, a da “greve climática”, e depois contagiou programas eleitorais nas últimas eleições, palavras de ordem em outdoors e, de um modo geral, uma submissão acrítica a conceitos ambíguos e politicamente radicais.»
“Temos agora um ministério “do Ambiente e da Ação Climática”, escrito nessa linguagem do anti-português que é a do pseudo-Acordo. O meu corrector de texto, ainda preso ao saudável e bom português, anuncia um erro no “ação”. Mas a luta pelo ambiente e pela ecologia não constitui também uma acção pelo clima? Pelos vistos não.»
«Por exemplo, temos agora um ministério e uma secretaria de Estado da “Economia e da Transição Digital”, nome que nos vai sair caro, no papel e em árvores, com a necessária mudança de centenas de milhares de impressos, deste e dos outros ministérios mutantes. Eu sei o que é a “transição digital”, ou pelo menos o que eles pretendem que seja, mas a ascensão ao nome do ministério esconde os inúmeros problemas… analógicos da nossa economia. Por exemplo, nenhuma secretaria de Estado neste ministério “digital” tem no seu nome a indústria, que está a definhar na economia e no vocabulário. Pelo contrário, o Turismo, o Comércio, os Serviços, estão lá. É esta a realidade da desindustrialização? É, mas vão explicar a “transição digital” aos têxteis, ao calçado, à indústria que sobra, onde trabalham milhares de portugueses que, pelos vistos, são invisíveis face ao modismo e ao brilho mediático do “digital”.»
«A “descentralização” está num ministério, a “coesão territorial” noutro, a “valorização do interior”, outro nome cheio de empáfia, numa secretaria de Estado. Por aí adiante».
Sobre os sinais de trânsito quem sabe de inspiração do PAN:
«Já os sapos e os linces ibéricos passaram a ter um sinal próprio, o que é um sério upgrade para os linces que se contam pelos dedos da mão. Quantos sinais para os linces vão ser colocados no país? Um, dois? E com os sapos está muito bem, as estradas portuguesas são atravessadas por
multidões de sapos e, com o novo sinal, pode acontecer que algumas senhoras (convém fazer vénia ao politicamente correcto, e alguns senhores) podem parar para beijar o sapo na esperança que ele se torne num príncipe, ou princesa encantados. Na verdade, devia ser proibido atentar contra a animalidade dos anfíbios, mas disso o PAN tratará. Tenham juízo.»
E sobre a zonas residenciais!
«E depois temos as zonas residenciais ou de “coexistência”. O que é isso da “coexistência” que não cabe nos sinais de trânsito já existentes? E uma criança a jogar a bola na rua com um adulto a ver, não deveria ter também um sinal de “é proibido jogar a bola na rua”? Como devia ser proibido “coexistir” muito junto das estradas. Já há sinais para tudo isto. Tenham juízo.»
Quando não há argumentos de peso numa eleição à liderança partidária, caso do PSD, buscam-se argumentos geracionais e etários para desacreditar os adversários sustentados igualmente por jornalistas simpatizantes. É o que está a acontecer no PSD. Comparações de idades, por um lado os quarentões a que chamam jovens, como Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz e dizem pretendem rejuvenescer o partido, e, por outro, o de mais idade, mas com experiência que é o sexagenário Rui Rio.
Isto é o argumento falacioso da idade, com a falta de outros que sejam significantes para o debate e que serve apenas para atrair rapazolas sem qualquer ideologia consistente no que à política diz respeito, esquecendo-se que os grandes líderes de relevo mundiais e regionais sempre tiveram, e têm, idades superiores aos cinquenta anos e revelam experiência política correspondente a muitos anos de prática.
Renovar geracionalmente o partido colocando à frente rapazolas sem carisma e sem experiência por apenas perfilharem o liberalismo sem saberem para onde podem conduzir a eles e ao país! Tivemos exemplos destes nos parlamentares do PSD no tempo de Passos Coelho. Tenham paciência, os portugueses já deram para esse peditório e muitos militantes do PSD também.
Será que pretendem deixar o centro para ser ocupado PS a troco de congregar uma direita liberal e neoliberal que tem andado órfã e cujos simpatizantes desertaram lá para os lados das iniciativas liberais e dos chegas?
Torna-se evidente uma cobiça pelo poder dos que querem derrubar Rui Rio com a desculpa das eleições perdidas fazendo acreditar que, caso se encontrassem nas mesmas circunstâncias, teriam ganho essas eleições. Duvido que assim fosse. Mas quem sou eu para duvidar? O que acho é que essa avidez de poder tem por detrás projetos de tramoia a que, aliás, Rui Rio já aludiu ao dizer que quer evitar que o PSD seja tomado “por grupos organizados (…) de perfil pouco ou nada transparente”. Mas não só, também quer impedir a “grave fragmentação” do partido, com consequências imprevisíveis para o seu futuro, e defender a “social-democracia”.
Por detrás destas guerrinhas é capaz de estar Miguel Relvas que em algumas intervenções, sem dar nas vistas, tem vindo a fazer declarações. Não apoia Rui Rio porque poderá haver alguns interesses estratégicos no apoio a outros candidatos para as suas atividades relacionadas com a(s) empresas a que está ligado se os liberais do partido ganharem as eleições para liderança do PSD.
Lobo Xavier confirmou isso mesmo no programa Circulatura do Quadrado ao afirmar que “Rui Rio disse coisas que eu espero que tenham consequências. Ele disse que se candidatava para evitar grupos, a intervenção de grupos, de negócios, de redes de tráfico de influência, da influência da maçonaria no partido. E eu quero dizer o seguinte: isso existe”, confirmou António Lobo Xavier. E acrescentou: “existem redes mafiosas de tráfico de influência ligadas a políticos e ex-políticos que fazem negócios, que fazem pressões, que fazem ameaças, que envolvem gente do mundo da justiça, que envolvem gente do mundo dos jornais, que envolvem gente política.”, que pode confirmar no Público. Devemos, contudo, acautelar que Lobo Xavier, sendo do CDS, partido de direita, poderá ter algum interesse partidário nestas afirmações?
Rui Rio já disse e não me parece que isso seja posição de mero confronto ou de pré campanha que: “O PSD precisa de uma liderança que defenda a social-democracia e mantenha o partido no centro político, não permitindo que ele se transforme numa força partidária ideologicamente vazia ou de perfil eminentemente liberal”, e teme que levem de novo o PSD para o lado do liberalismo.
Pinto Luz promete fazer renascer o partido através de “um projeto político capaz de ser alternativa ao projeto socialista que asfixia os sonhos dos portugueses e limita a liberdade de escolha”. Como se, sem o PSD, não houvesse liberdade de escolha nem iniciativa privada!
As pistas neoliberais estão lá, não há dúvida de que projeto se trata, nada mais nada menos do que a renovação na continuidade passista, senão pior ainda.
Após a questão levantada sobre um curso superior tirado à custa de falsas equivalências andou durante alguns anos a fugir à exposição mediática. Surgiu no início deste ano coberto por uma cortina translúcida para atacar Rui Rio quando, em janeiro do corrente, Montenegro pôs em causa a sua liderança e desafiou-o para eleições no partido. Miguel Relvas quando viu que o seu favorito perdeu a batalha puxou novamente a cortina.
O ex-ministro de Passos Coelho e ex-secretário-geral do PSD Miguel Relvas, da fação neoliberal do PSD, depois dos resultados de domingo no dia seguinte às eleições regressou à ribalta para pedir “um novo líder e uma nova equipa no PSD” e que “Não há derrotas honrosas”.
O antigo braço-direito de Passos Coelho afirmou também na altura então que “Na nossa tradição no PSD não há serviços mínimos. Houve líderes que ganharam e líderes que perderam — e os que perderam têm sabido tirar as ilações”, afirmado ainda, depois de ter participado no Fórum TSF, que "Precisamos de uma lufada de ar fresco”.
O que Relvas pretende é o regresso ao passado recente do neoliberalismo no PSD agora também com o beneplácito de um dos piores Presidentes da República que tivemos desde o 25 de Abril.
Cavaco que publica memórias sendo a dele muito curta, defende que é urgente mobilizar os militantes que se afastaram ou foram afastados, apontando a ex-ministra Maria Luís Albuquerque como um exemplo. Esta declaração pode ser lida como o tirar de tapete a Rui Rio, de quem foi apoiante há dois anos.
Recorde-se que Maria Luís Albuquerque foi professora de Passos Coelho na Universidade. Segundo a revista Visão de julho de 2013 Maria Luis Albuquerque é Licenciada em Economia pela Universidade Lusíada de Lisboa, universidade privada, e mestre em Economia Monetária e Financeira pelo ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão). Chegou ao Governo em 2011, para liderar a secretaria de Estado do Tesouro e Finanças. Isto no mesmo ano em que a amizade a Passos Coelho, de quem foi professora, a leva a aceitar ser cabeça-de-lista do PSD em Setúbal, nas legislativas, o que considerou um "batismo de fogo" para quem se estava a iniciar na política ativa e chega a ministra das finanças no meio dos polémicos 'swap'.
Miguel Relvas que esteve envolto em polémica relativa à sua eventual ligação ao banco Efisa sobre o qual, até à data, nada mais se soube, afirmou, segundo a TSF, que “Para salvar o centro-direita em Portugal, o ex-governante aponta dois nomes, Passos Coelho e Paulo Portas…”. Com esta afirmação o que poderemos esperar dos candidatos à liderança do PSD que ele apoia?
Rui Rio fez bem e recandidatar-se para evitar que um partido que foi social-democrata se aproxime de partidos neoliberais populistas que andam por aí. Relvas pretende o regresso ao passado é do passado para se poder movimentar junto ao poder. Quer ter poder sem estar no poder e, para isso, tem os seus satélites. Diz que Rui Rio não gosta do partido, mas ele também não gosta de Rui Rio. É óbvio não interessa aos seus desconhecidos desígnios.
Montenegro não professa as causas do partido, nem da social democracia e diz situar-se na área do centro-direita, tem interesses de outra ordem. Em janeiro, na corrida à liderança no PSD, Rui Rio lembrou a polémica em que Montenegro esteve envolvido em 2012 por causa da alegada presença a uma loja maçónica, referindo-se a “permanentes manobras táticas ao serviço de interesses individuais ou de grupos” e conclui: “Sejam estes mais às claras ou mais escondidos sob o manto de um qualquer secretismo.”
Quer saber mais sobre Miguel Relvas e os seus desígnios? Então clique aqui.
No texto que escrevi com o título de “O senhor penumbra do PSD” abordei a questão do interesse de Miguel Relvas em apoiar um dos seus correligionários para disputar eleições contra Rui Rio na liderança do PSD. Aí sugeria nuances que envolvem este personagem da política interna do PSD e as suas eventuais razões que movem a sua estratégia que considero, enquanto opinião, nada terão a ver com o interesse do país e de todos quantos fazemos parte dele.
31 jul 2015
Estado reforça capital do Efisa antes de o vender
O acordo para a venda do Efisa, o banco de investimento do ex-BPN, foi anunciado ainda sem encaixe. Antes da venda, o Estado tem vindo a reforçar o capital do Efisa para cumprir rácios legais.
21 jan 2016
Efisa: Relvas pode tornar-se acionista da empresa
Miguel Relvas foi um dos nomes apresentados ao Banco de Portugal como possível acionista da Pivot, a empresa que comprou a Efisa em 2015. Agora, o banco vai avaliar a idoneidade do ex-ministro.
10 feb 2016,
Efisa em modo de controlo de danos sobre Relvas
Poucas horas depois de o PS ter exigido a ida de Miguel Relvas ao Parlamento, o dono do Efisa emitiu um comunicado a explicar que o ex-ministro não tem, nem terá qualquer poder na gestão do banco.
10 feb 2016
PS chama Miguel Relvas à AR para explicar Efisa
O Partido Socialista pretende chamar o antigo ministro e a ex-secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco, para que a injeção de 90 milhões de euros no banco Efisa seja explicada.
17 feb 2016
Relvas chamado a explicar negócios com Efisa
Miguel Relvas vai ser chamado a prestar esclarecimentos ao Parlamento sobre as ligações ao Banco Efisa. Ao Observador recusa dizer se aceita ou não esclarecer as dúvidas dos deputados.
24 apr 2016
Relvas disponível para esclarecer ligação ao Efisa
Ex-ministro vai esclarecer aos deputados a sua eventual ligação ao banco Efisa. Mas vai fazê-lo por escrito. PS tinha pedido audição de Relvas para saber se era ou não acionista da Pivot.
09 jun 2016
Relvas "respondeu não respondendo" sobre Efisa
O PS vai requerer novamente a audição de Miguel Relvas no parlamento sobre o banco Efisa, considerando os socialistas que o antigo governante "respondeu não respondendo" às questões sobre a matéria.
22 jun 2016
Efisa: Relvas chamado ao Parlamento (outra vez)
A esquerda aprovou hoje a audição do ex-ministro na comissão de Orçamento e Finanças sobre o Banco Efisa. É a segunda tentativa de ter Relvas no Parlamento, mas não deverá acontecer.
17 maio 2018
O novo emprego de Miguel Relvas foi oferecido por velhos conhecidos
Ex-ministro dos Assuntos Parlamentares de Passos Coelho vai liderar uma empresa norte-americana de tecnologia blockchain que foi fundada pelos dois sócios com quem tentou comprar o Banco Efisa.
“O ex-ministro acaba de ser anunciado como um dos líderes na área de governança e sustentabilidade da Dorae, uma empresa fundada por 2 sócios do antigo dirigente do PSD, que desenvolve produtos em inteligência artificial e tecnologia blockchain e que tem escritórios em Londres, Silicon Valley e Ilhas Caimão.
A empresa que assume-se como um grupo norte-americano na área da economia digital, que trabalha para fazer a ponte entre o mercado e os produtores, os governos e os reguladores.
A Dorae escreve que os “20 anos de experiência (de Miguel Relvas) como político, onde o trabalho muitas vezes passa por encontrar bases comuns entre o interesse público e o interesse privado, e a experiência na construção de redes de contactos que potenciam o crescimento económico” fazem dele um “parceiro de excelência” nesta área de negócio. O sublinhado é meu.
Miguel Relvas diz que considerou o desafio “muito aliciante” porque permite “associar a um modelo de negócio a perspetiva de sustentabilidade e de responsabilidade social”.
Trabalhar entre velhos conhecidos porque os novos patrões do ex-ministro dos Assuntos Parlamentares são o português Ricardo Santos Silva (ex-BES Investimento) e a norte-americana Aba Schubert, os dois fundadores da Dorae. E ambos se cruzaram já com Miguel Relvas nesta nova fase de empresário de sucesso.”
Os 3 foram sócios da Pivot SGPS, uma sociedade criada no início de 2015 e que nesse ano ganhou o concurso de venda do Banco Efisa por 38 milhões de euros. Um negócio muito comentado na altura, por ter sido conseguido com um valor inferior aos 77,5 milhões de euros injetados pelo Estado, entre 2012 e 2015, neste banco de investimento do antigo BPN.
Miguel Relvas foi até chamado ao Parlamento para explicar o envolvimento neste negócio que começou a ser desenhado ainda durante o governo de Passos Coelho, do qual Relvas chegou a ser o número 2.” Pode conferir aqui.
Dediquei-me ultimamente a ler os programas (diria antes propagandas eleitorais) de dois partidos que vão ter assento na Assembleia da República, o Chega e o Iniciativa Liberal. Não admira que alguém que tivesse lido com atenção o programa do Iniciativa Liberal tenha colocado aí o seu voto, tal é aliciante devido à sua característica de rol de ofertas para proporcionar a venda do produto qual página de folheto de supermercado.
Este programa no contexto ideológico em que ele se insere conduziu-me a refletir sobre o problema da pobreza, as diversas discussões que se têm abordado e sobre as explicações sociológicas da mesma. Mas antes vejam este video.
Há autores que identificam, quer o percurso do neoliberalismo, quer o do liberalismo económico, como uma grave ameaça à democracia e à liberdade política, assim como o comunismo revolucionário defendido pelo marxismo-leninismo que conduziria ao totalitarismo são contrárias às propostas levantadas pelo socialismo liberal ou liberalismo social.
O socialismo liberal democrático inclui princípios liberais e democráticos sem pretender suprimir a economia de mercado nem o capitalismo em favor de uma economia estatizada. O Estado liberal difere do Estado social liberal de Direito. O primeiro visa sobretudo garantir a liberdade e a propriedade privada e o segundo pelo contrário é mais abrangente porque, para além de defender a propriedade privada e a economia de mercado é complementado com uma economia mista, a propriedade pública e a propriedade privada dos bens de capital e intervém também na vida económica, nomeadamente ma segurança social. Isto é, não deixa o cidadão à sua sorte tal como faz o liberalismo radical e tal como pretendem o partido Iniciativa Liberal e o Chega.
Para os radicais do liberalismo toda atividade do Estado, quer política, quer económica, deve ter como objetivo criar uma situação que possibilite aos cidadãos desenvolverem as suas qualidades como pessoas, cabendo aos indivíduos, singularmente impotentes, buscar solidariamente em conjunto este fim comum.
As diferenças apontadas conduzem-nos á questão da riqueza e da pobreza que se refletem de forma diferente em cada uma das matrizes ideológicas de cada um deles.
Vejamos então as duas visões:
Liberalismo radical | Socialismo liberal democrático |
Teoria da culpabilização da vítima.
| Teoria da culpabilização do sistema.
Classe Geram cultura de dependência Pobreza e subclasse geram desvantagens • Múltiplas privações Reduzem as hipóteses de integração social, política e económica. |
O neoliberalismo - a ideologia económica dominante desde os anos 80 - tende a defender uma abordagem de mercado livre para a formulação das suas políticas: promovendo medidas como privatização, cortes nos gastos públicos e desregulamentação. Geralmente é contra o setor público e acredita que o setor privado deve desempenhar um papel maior na economia e que o mérito e o empreendedorismo são a única via.
No entanto, "Em vez de gerar crescimento, algumas políticas neoliberais aumentaram a desigualdade, comprometendo a expansão durável", afirmam os economistas do FMI num relatório que redigiram em 2016.
O partido Iniciativa Liberal insere-se precisamente no âmbito das ideologias radicais do liberalismo populista, pior ainda do que o neoliberalismo, o que confina com a tese e de Hall (2017) por estar longe de excluir pontos de vista autoritários e conservadores que legitimam a desigualdade económica para garantir a estabilidade social. A ideologia neoliberal promove a indiferença para com a situação dos mais desfavorecidos - as "rainhas de bem-estar" [1] na frase memorável de Reagan - tanto quanto a ideologia socialmente conservadora promove a indiferença à situação das minorias raciais e étnicas.
Pela pior das razões, o neoliberalismo é uma ideologia que culpabiliza a vítima, neste caso os mais desfavorecidos e os pobres como sendo os responsáveis pela sua própria pobreza e, ao fazê-lo, isenta instituições e pactos sociais, económicos e político do capitalismo. Isto é, não se opõe a seguir pontos de vista autoritários que uma sociedsde socialmente conservadora.
É uma ideologia, por excelência, justificadora do sistema. George Monbiot, um colunista do jornal The Guardian e autor de “Feral, The Age of Consent and Out of the Wreckage: a New Politics for an Age of Crisis” (Selvagem, A Idade do Consentimento e Fora dos Destroços: uma Nova Política para uma Era de Crise) escreveu em 2016: "os ricos persuadem-nos de que adquiriram a sua riqueza por mérito, ignorando as vantagens — como a educação, herança e classe — que podem ter ajudado a fixá-la. Os pobres começam a culpar-se pelos seus fracassos, mesmo quando podem fazer pouco para mudar as suas circunstâncias."
No site da Presidência Marcelo Rebelo de Sousa afirma que é necessário combater a pobreza “caso a caso, pessoa a pessoa”, como “um fenómeno mais global, de múltiplas causas, e abordagem transversal” e “com estratégia, juntando meios públicos e privados, experiência social e solidária, inspirando cidadãos para a causa de um Portugal mais justo e coeso”.
“Há tanta gente que mesmo trabalhando não consegue sair de uma situação de pobreza, percebemos o longo caminho que ainda temos para percorrer. E são mais de 10% os que não conseguem sair da pobreza apesar de estarem no mercado de trabalho” escreve Filipe Soares num artigo de opinião no jornal Público.
Foi a crise política que resultou do neoliberalismo que causou a crise económica e financeira de 2008. À medida que o controle e a regulação pelo estado são reduzidos, a nossa capacidade de mudar o curso das nossas vidas através da votação também se contrai conduzindo um grande número de pessoas a desinteressar-se da política levando à abstenção ou na votação em partidos populistas.
Pode ler também:
Bárbara Reis, “Os novos liberais só têm ideias velhas”.
Pedro Miguel Cardoso, “A pobreza da riqueza”.
[1] Linda Taylor foi uma criminosa mais conhecida por uma fraude de bem-estar em larga escala e ficou conhecida como a rainha do bem - estar durante a eleição presidencial dos Estados Unidos, em 1976. Taylor era uma mulher branca que costumava fazer passar-se por diferentes raças, com diferentes pseudónimos e idades, a fim de aumentar sua atividade fraudulenta nos sistemas de assistência social de vários estados no EUA
A expressão que me veio à memória ao percorrer o que se tem dito e escrito sobre esse tal André Ventura foi “falem bem ou falem mal, mas falem de mim” que é a adaptação de uma sátira atribuída a Oscar Wild, famoso escritor, de origem irlandesa, que viveu no século XVIII.
Acho que, quanto mais importância se dá àquela figura, espécie de valete fora do baralho, que criou uma espécie de seita partidária que André Ventura, não sei se com mais alguém, a que posteriormente resolveu dar o nome de partido “Chega” para conseguir entrar no parlamento através de eleições livres e democráticas. Desculpem-me os seus fãs se não gostarem desta forma de o referir, mas é o que se pôde, até ver arranjar.
Tem havido demasiado chinfrim acerca de André Ventura e, falar-se demais, estamos a ir ao encontro do que ele pretende, que se fale dele. Deixar de falar não quero dizer que se desvalorize. Uma coisa é não lhe dar importância, outra é estar atento aos eventuais populismo e tramoias que dali surjam.
Por inerência de funções parlamentar podemos antecipar que os media lhe irão dar tempo de antena e, por isso, devemos ficar por aí. Estar atentos e não lhe dar “troco” ao que irá dizer, todavia haverá limites.
Hoje transcrevo algumas vozes que se têm levantado contra aquela figura que foi lançada com a promoção de alguns media através da ligação oportunista do comentário futebolístico à política.
Aqui vão algumas dessas vozes:
11 outubro 2019 - 12:23
“Um grupo de notáveis sócios do Benfica, entre os quais o humorista Ricardo Araújo Pereia, o escritor Jacinto Lucas Pires e o historiador Henrique Raposo, escreveu uma carta aberta ao 'Expresso' mostrando toda a sua "indignação" por André Ventura ter usado "o Benfica para criar uma persona política".
“O advogado e comentador televisivo, eleito deputado nas últimas eleições legislativas, é líder do 'Chega', "partido de extrema-direita abertamente antissistema e xenófobo", que, dizem estes benfiquistas, "é a negação da identidade do Benfica". Veja aqui
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“André Ventura diz que o conteúdo da carta não o afetou e ao ser político "tem de estar sujeito à crítica," mas sublinha que não é racista nem xenófobo, como afirmam na carta. O deputado disse ainda não ter decidido se vai colocar um ponto final na sua carreira como comentador desportivo.” Confirme aqui.
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11 de Outubro de 2019
“Contactado pela agência Lusa, o Benfica recusou comentar a carta aberta e remeteu para os estatutos do clube, nos quais é indicado que o clube não diferencia os sócios “em razão da raça, género, sexo, ascendência, língua, nacionalidade ou território de origem, condição económica e social e convicções políticas, ideológicas e religiosas”. Pode confirmar.
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2019-10-12
“Ricardo Araújo Pereira exige a demarcação do Benfica em relação a André Ventura”
“No Governo Sombra, o humorista falou da carta aberta que assinou, exigindo o afastamento do seu clube em relação ao deputado da extrema-direita. E arrasou a crítica que Pedro Marques Lopes lhe fez”. Consulte em TVI
Hoje fico por aqui porque, para alguns, quanto mais se lhes bate mais se gosta deles, portanto, chega!
O PSD não é monárquico nem tem trono, mas tem a cadeira do poder partidário como trampolim para outro poder. O lugar de líder é, por isso, muito apetecível quer pelo prestígio pessoal, quer pelo orgulho partidário e ambição pelo outro poder, o que lhe pode conferir o apetecível lugar de primeiro-ministro do país.
Rui Rio é um social democrata convicto cujo pensamento e dinâmica não são compatíveis com neoliberalismos e muito menos com obsessão pelo poder. Os neoliberais que ele varreu e que vinham do tempo do anterior líder Passos Coelho valeram-lhe muitas inimizades e oposições internas.
Essa figura sinistra que é Cavaco Silva, apresenta-se também e agora “Como social-democrata com fortes ligações à história do PSD” e diz ficar entristecido por o PSD ter perdido as eleições.
O ex-Presidente da República Cavaco Silva manifestou-se “entristecido com o resultado do PSD nas eleições de domingo defendeu que é urgente mobilizar os militantes que se afastaram ou foram afastados, apontando a ex-ministra Maria Luís Albuquerque”. Não o diz, mas é claro que, para ele, a culpa terá sido de Rui Rio. Isto não é reconhecido por Manuela Ferreira Leite que diz que “Rui Rio não deve sair do partido, mas manter-se, até porque "está num sentido ascendente". Na SIC a antiga líder do PSD Manuela Ferreira Leite defende que Rui Rio deve continuar à frente do partido, considerando que este está numa "trajetória ascendente" e que impediu uma maioria absoluta do PS.
O Cavaco Silva pretende é o regresso ao passado neoliberal do partido que de social democracia nada teve. Apesar de escrever memórias a sua deve ter sido parcialmente apagada, porque se esquece de que o PSD que Rui Rio lutou para liderar vinha já contaminado negativamente por Passos Coelho e pelo próprio Cavaco Silva. Miguel Relvas não falta à festa para enterrar Rui Rio e quer antecipar congresso eletivo. Aqui está ele de novo a desejar um títere que lhe seja propício como o foi Passos Coelho.
Mesmo sem Rui Rio na liderança não era expectável que o PSD ganhasse as eleições. As lutas pela cadeira do poder no PSD são apenas ambições pessoais e o país ficará em segundo lugar. Não se sabe ainda o que vai acontecer no partido durante as próximas semanas meses, mas a alcateia esfomeada de poder vai assaltá-lo.
Rui Rio passou de uma campanha inicialmente elucidativa para outra casuística e demagógica que em nada a enriqueceu, nada conseguiu a não ser a subida de uma ligeira percentagem de votos. Não há certeza de que qualquer outro que tivesse ligações ao anterior líder e estivesse a liderar o partido conseguisse melhor resultado, nem tão pouco ganhar as eleições. Refiro-me a Luís Montenegro que está a posicionar-se para assumir o poder no partido. Esta circunstância a verificar-se teremos um PSD a fugir do centro direita ao jeito do neoliberal. Isto é, um partido à Passos Coelho versão 2.0 já que Montenegro era, na altura, o líder parlamentar de confiança.
Assim, as críticas a que estão a sujeitar Rui Rio para justificarem a corrida ao assento do poder no PSD é uma injustiça feita ao seu atual líder que apenas se explicam pela pretensão do regresso à ideologia passado neoliberal e erradicar a social democracia e do centro direita.
O desfasamento entre a bancada parlamentar anterior vinda de Passos Coelho da qual se queixava Rui Rio não pode acontecer novamente. Um novo líder do PSD viria a lamentar-se dos deputados escolhidos por Rio. Para António Costa seria muito favorável que a oposição de direita entrasse em disputa interna.
Rui Rio na noite das eleições, terá alguma razão quando diz que fez subir aos poucos o PSD, embora trazendo para o lugar público uma campanha menos “saudável” devido ao cunho que lhe imprimiu próximo do populismo. O que Luís Montenegro irá provocar é algo que poderá a prazo desestabilizar o partido que diz querer unir. Não se sabe é como.
A entrada do “Chega” na Assembleia da República pode ser um rastilho para a xenofobia, o racismo e o populismo, esta última prática política também querida ao Iniciativa Liberal.
Se bem nos recordamos a personagem política André Ventura começou a ter visibilidade quando foi chamado para ser candidato do PSD à Câmara de Loures nas últimas autárquicas cuja responsabilidade podemos atribuir a Pedro Passos Coelho que, contrariamente aos valores a que estávamos habituados no PSD não retirou a candidatura a André Ventura quando este começou obsessivamente a fazer declarações racistas sobre os ciganos e outras enormidades, atributos do perfil das extremas-direita.
Imagem jornal Expresso junho de 2017
Façamos justiça ao CDS ao retirar-se da candidatura que tinha em coligação com o PSD que Pedro Passos Coelho ignorou. Passos Coelho não retirou o tapete partidário àquela figura moralmente condenável. Partidos da extrema-direita como o de Ventura com discursos populistas e de índole racista e anti etnias poderão levar outros partidos da direita a uma inclinação para um discurso também populista para captarem alguma atenção da faixa de eleitores que, desnorteados, foram capturados pelo radicalismo extremista.
Não sei se o futebol influencia ou não alguns eleitores, o que se sabe é que Ventura é benfiquista e que desde há algum tempo faz no CMTV comentário desportivo, digo, futebolístico, e escreve artigos de opinião para o Correio da Manhã que, por norma, acolhe sempre de bom agrado todos quantos sejam do leque político e ideológico das direitas.
Não terá sido um caso pontual que, no concelho de Alvito no distrito de Beja, um sujeito questionado por uma equipa da TVI no Jornal das 8, em 8 de outubro, ao perguntarem-lhe porque votou no Chega ele tenha respondido: “primeiro porque o Ventura é do Benfica e segundo porque está contra os ciganos”.
Não me admiraria que alguns dos que o escutam naquele canal de televisão e que sejam do seu clube possam ter-se deixado influenciar devido, por um lado, à sua personalidade benfiquista e, por outro, pelo seu xenófobo-populismo. Atenção, este epíteto nada tem a ver com o clube de que ele é fã. Que fique bem claro.
Ventura é “um oportunista, levado ao colo pela comunicação social, cheio de dinheiro, com outdoors em todo o país, apropriando-se de parte do nosso discurso - sem convicção - rouba-nos anos de trabalho” quem afirmou isto foi o seu opositor e ao mesmo tempo concorrente do PNR. “É muito triste” terminou ele.
Ontem no Prós e Contras assistimos a André Ventura, essa pessoa(?) não apenas anti ciganos, mas, quiçá, imbuído também pelo ódio para com outros setores sociais mais fragilizados e outras etnias, a insurgir-se, indignado, contra a imprensa internacional que se tinha referido a ele e ao seu partido como sendo de extrema-direita (podem ver aqui o vídeo aos 44 minutos) e não se referiram à extrema esquerda. Acrescentou ainda que, a comunicação social portuguesa deu cobertura a essas notícias. Será que para André Ventura a censura será o meio para os fazer calar? Ou será também um princípio a encarar no chamado projeto desse abjeto partido. A cegueira política de Ventura é tão evidente que nem se dá conta do que diz, nem do que diz pretender fazer.
A perda de votos do CDS e a pouca ou nenhuma dinâmica que Cristas imprimiu ao partido e até alguns neoliberais descontentes com o PSD terão optado por colocar o seu voto de protesto no Chega e, também, no da Iniciativa Liberal. A mensagem que foi sendo passada de que os partidos tradicionais eram todos a mesma coisa e onde grassava a corrupção contribuiu para a eleição de partidos envoltos em nebulosas contradições nas propostas a maior parte, senão todas, demagógicas, disparatadas e inexequíveis.
O PCP e o BE não terão sido responsáveis pela ascensão de partidos da extrema direita, mas noutro sentido o PCP deve fazer a sua autocrítica. Se perdeu votos nos grandes centros urbanos aos sindicatos por ele controlados o deve. Os portugueses não gostam de greves e manifestações sistemática de cariz mais ou menos corporativa desencadeados por Mário Nogueira da FENPROF com os professores, e da CGTP com o radical anti patrões Arménio Carlos. Veja-se também o caso dos sindicatos de direita como a dos motoristas de matérias perigosos cujo seu representante Pardal Henriques candidato pelo PDR que obteve 0,18% a nível nacional. Será a condução desta greve não terá tido influência.
Até o PAN, o partido dos animais e dos vegans juntamente com uma miscelânea de ideias ecológicas, conseguiu aumentar substancialmente o número de deputados. Irá este contribuir para o desenvolvimento do país e as das pessoas? Penso que não. O que poderá acontecer é andar em círculos e saltitante durante a legislatura se ela chegar ao fim dos quatro anos.
Como é possível compreender que no nosso país o Partido Aliança de Santana Lopes que, apesar de ser da direita liberal é um democrata cujas ideias já são bem conhecidas e que poderia dar um contributo positivo no parlamento ficassem de fora e partidos com um discurso sem consistência e com mensagens fora do baralho como o da Iniciativa Liberal e outros como o Chega elegessem deputados?
Não são apenas os indecisos que podem determinar uma campanha eleitoral. A volatilidade é outro fenómeno eleitoral que se deve ter em conta para se ganharem eleições. Mas quem são os eleitores que se encontram nesta margem?
O fenómeno da volatilidade acontece quando um indivíduo muda de opinião entre duas eleições denominada volatilidade inter-eleitoral, ou ainda, quando parte dos eleitor oscilam as suas preferências ao longo duma campanha eleitoral, também denominados flutuantes.
O ponto de vista psicossociológico assenta a volatilidade nos indivíduos com baixo nível de educação, com apatia, falta de identificação partidária e ideológica como determinantes. Há, contudo, uma outra perspetivas que identifica a instabilidade eleitoral pelo acesso esses eleitores têm no que se refere ao acesso a mais recursos informativos que incentivam a flutuação, tendo assim uma maior sofisticação política e apresentando um nível de conhecimento superior ao eleitor médio.
Há estudos que apontam para que os eleitores voláteis apresentam um nível de educação mais elevado e pertencem a faixas etárias mais novas e demonstram uma maior instabilidade nos alinhamentos de preferências político-partidárias.
Outra perspetiva que pode estar associada à volatilidade relaciona-se com o papel dos meios de comunicação. Sobre esta questão há pontos de vista contraditórios. Verificou-se que os eleitores voláteis situavam-se num nível baixo de exposição aos meios de comunicação, mas noutros casos justificaram estas conclusões pelo facto de os meios tradicionais se focarem sobre questões conjunturais associadas a fatores de curto prazo, como os temas da campanha à transitoriedades, como escândalos, ou sondagens. Também foi verificado noutros estudo que a quantidade dos meios de comunicação utilizados durante as campanhas não tem efeito sobre a volatilidade dos eleitores.
Os eleitores flutuantes dependem mais do nível de conhecimento do que das características sociodemográficas ou de interesse pela política. A avaliação do desempenho do governo reflete uma componente conjuntural e de protesto que leva os eleitores a mudar o sentido do voto entre eleições sucessivas. Isto é, quanto mais positiva é a avaliação do desempenho do governo, maior a tendência para manter o sentido de voto, e reciprocamente.
Os que decidem na proximidade do dia das eleições são também os mais propensos a oscilar nas suas escolhas eleitorais. Ao nível das atitudes os voláteis estão associados com uma identificação partidária mais fraca e um menor interesse pela política.
As escolhas eleitorais baseiam-se num processo cognitivo que parte das predisposições políticas, as quais são atualizadas com novas informações que emergem durante a campanha eleitoral ou durante a legislatura.
O chamado efeito líder não é de somenos importante na escolha para a decisão de votar. É frequente a imagem dos líderes ter uma grande visibilidade e ter espaço privilegiado na opinião pública e nos media durante as campanhas eleitorais e no período inter-eleitoral.
O marketing político tem feito por evidenciar a importância da “personalização” da política dos candidatos para avaliação pelos eleitores que passaram a ser considerados como consumidores de imagem. Ainda há quem vote pela imagem dos candidatos e não pela eficácia governativa durante os mandatos.
A individualização, ou melhor, a fulanização da política e o aumento da mediatização sobre ela pode levar a que o efeito líder possa ser um fator conjuntural importante isto porque os líderes representam a face humana dos partidos. Não é por acaso que as características pessoais são informações fáceis de recolher e de utilizar pelos órgãos de comunicação para construir ou destruir avaliações positivas ou negativas sobre posições dos candidatos e dos partidos em função das preferências e orientações ideológicas daqueles órgãos.
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