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Temas à solta I: eleições europeias

por Manuel_AR, em 27.02.19

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Se acreditarem naqueles que dizem que são o que não são, depois não se admirem e digam: Pois, não sabíamos que era assim!

Parlapatão é um indivíduo que podemos designar por farsante, o que engana os outros com os seus argumentos intrujões, de meias verdades, omissões, quando não falsidades, é um fanfarrão, impostor, pantomimeiro. Um parlapatão pode ter todas ou só algumas das mencionadas propriedades.

Como cabeças de lista às europeias temos dois parlapatões cada um ao seu jeito. O parlapatão Pedro Marques do PS e o parlapatão Paulo Rangel do PSD. O primeiro, Secretário de Estado, agora saído do Governo para ser cabeça de lista às eleições europeias, já o conhecemos e identificámos o seu estilo palavroso, mais emotivo, diz mais do que devia não lhe faltando sobriedade. Quanto ao segundo, esse é mais subtil, confuso e ambíguo  na defesa dos seus pontos de vista sendo, por isso, perigoso devido ao seu canto de sereia.

Paulo Rangel tem andado ultimamente pela Venezuela com outros elementos da Comissão Europeia a fazer pressão contra esse ditador incompetente, obsedado, tarado, irresponsável que dá pelo nome de Nicólas Maduro. E, se por lá anda, ainda bem. Mas isso, tem para Rangel vantagem política pessoal para além de fazer parte da sua promoção de campanha para as eleições europeias de maio enquanto cabeça de lista pelo PSD.

Recuemos um pouco. Em setembro de 2018 o Parlamento Europeu aprovou o relatório que recomendava a instauração do artigo 7.º do Tratado da UE contra um Estado membro, a Hungria de Viktor Orbán. De acordo com aquele artigo o Parlamento Europeu pode ativar o mecanismo preventivo e pedir ao Conselho para determinar se existe um risco manifesto da violação dos valores da U.E.  pelo que a Hungria poderia, em última análise, perder direito de voto.

O relatório da comissão parlamentar das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos do Parlamento Europeu que considerava existir um risco manifesto de violação grave, pela Hungria, dos valores europeus, recebeu 448 votos a favor, 197 contra e 48 abstenções durante a votação realizada no PE, em Estrasburgo que pode conferir aqui.

Vejamos então as posições de Paulo Rangel quanto a esta posição da U.E.:

Paulo Rangel, cujo partido se encontra no grupo PPE da U.E., o mesmo a que pertence o partido de Viktor Orbán , afirmou que "O PSD sempre votou desde 2011 todas as resoluções que condenam a Hungria, ao lado das delegações holandesa, sueca, finlandesa, e nos últimos anos, das delegações romena e polaca.". Mas, a seguir Paulo Rangel lamentou "que não haja o mesmo procedimento para dois governos socialistas: a Eslováquia, onde jornalistas foram assassinados por investigarem corrupção ligada ao governo, e a Roménia". Isto é, por estar em desacordo com as sanções à Hungria defende o prevaricador apontando o dedo a outros e apenas por motivos ideológicos sem que o objeto da acusação estivesse no mesmo âmbito.

Mas há mais. Mário David que foi homem de mão de Durão Barroso, há mais de 26 anos que é amigo do primeiro-ministro húngaro Orbán amizade que lhe valeu a consultoria política sendo agora seu conselheiro, devido à relação de amizade antiga que tem com Viktor Orbán desde antes da sua entrada para o Partido Popular Europeu (PPE). Mário David esteve ao lado do polémico primeiro-ministro e defendeu os pontos de vista de Viktor Órban, apesar de o PSD ser crítico da atuação do Governo húngaro quanto aos pressupostos básicos do Estado de Direito. Se quer confirmar então veja aqui. Por sua vez Jószef Szájer, colega de Rangel no PPE, foi o autor confesso das alterações constitucionais que iniciaram o desfazer do Estado de Direito na Hungria.

É notório o sectarismo de Paulo Rangel. Enquanto alguns estão sempre disponíveis para denunciar com a mesma intensidade abusos cometidos por governos, quer de adversário, quer de aliados, no ataque à corrupção e à conivência governamental em países como Malta e Eslováquia, governados por socialistas, Paulo Rangel usa as críticas justificáveis, apenas aos regimes de adversários que violam direitos humanos para relativizar comportamentos iguais aos dos seus aliados.

O candidato que Paulo Rangel apoia para Presidente da Comissão Europeia, o conservador Manfred Weber, grande apoiante tácito de Orbán, é, também, o mesmo que é apoiado por Viktor Orbán.

Rangel é ardiloso ao ponto de esconder factos como estes quando fala aqui, em Portugal. Em vez de intervir com a palavra, quando as violações de direitos humanos, as normas e os valores da U.E., são infringidos. Opta por omitir, esconder e dissimular quando, politicamente, isso lhe interessa.

Se acreditarem naqueles que dizem que são o que não são, depois não se admirem e digam: Pois, não sabíamos que era assim!

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publicado às 18:17

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Este título poderia ser uma frase que Bart Simpson escreveria no quadro como castigo da sua cabulice.  Em períodos de aproximação de eleições as oposições ao governo tomam vários matizes consoante os interesses político-partidários.

Segundo o jornal Público em dezembro do ano passado alguma coisa está a mudar no mundo sindical. Os sindicatos independentes estão mais ativos e surgem cada vez mais novos sindicatos. Dados fornecidos pelo Ministério do Trabalho ao Público há oito anos mostram que não se registava um número tão elevado de novos sindicatos. No ano passado, foram nove, entre 2014 e 2016, um ritmo de seis em cada ano. Sublinho que neste período já estava uma maioria de esquerda de apoio parlamentar ao Governo. Em 2011 e 2012, bem como em 2008 e 2009, quatro. Curiosamente, no ano em que a troika entrou em Portugal, 2011, não foi criado qualquer sindicato.

Mais de metade dos sindicatos que convocaram greves no final do ano passado e em janeiro são independentes, ou seja, sem filiação em qualquer central sindical, quer seja a UGT ou a CGTP, o que não me leva a concluir que sejam, de facto, como dizem, independentes. O não estarem filiados em nenhuma central sindical não me tranquiliza, levanta-me ainda mais dúvidas. Serão talvez sindicatos inorgânicos alguns dos quais até constituídos através das redes sociais. A forma de mobilização que hoje passa muito pelas redes sociais como é o exemplo do sindicato de professores STOP, aparecidos no ano de 2018, e que no mundo sindical tradicional é tratado como “o sindicato das redes sociais”.

Outra questão que me levanta algumas suspeitas sobre a falta de independência das organizações de trabalhadores com objetivos reivindicativos é a influência do PSD no movimento sindical. A greve dos enfermeiros, por exemplo, foi essencialmente impulsionada pela Ordem dos Enfermeiros cuja bastonária Ana Rita Cavaco ter sido até há pouco tempo membro do Conselho Nacional do PSD e ex-adjunta do secretário de Estado da Saúde de Durão Barroso, Carlos Martins que hoje está na administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte.

A direita tem sido acusando de falta de decoro e de hipocrisia por ter ajudado, no passado, a chumbar medidas para sectores que agora fazem greve, e agora o PSD e o CDS parecem ser os novos porta-vozes das reivindicações sindicais.

A independência dos sindicatos e algumas ordens profissionais, estas últimas associações públicas representativas, é relativa. Elas ao se proporem defender os interesses dos seus trabalhadores ou associados são muitas das vezes incentivadores de greves e manifestações atraindo-os com a cenoura de mais dinheiro e progressões nas carreiras a que, não raras vezes, se juntam motivações claramente políticas. Estas greves surgem, na sua grande maioria, originadas por sindicatos de trabalhadores da função pública. Nestas últimas, a razão é bem clara: os trabalhadores são conduzidos e mobilizados pelos seus dirigentes apenas e só com objetivo da obtenção de mais dinheiro, mais direitos e mais regalias que se traduzam em menos trabalho, mais promoções e menos anos de serviço.  Reivindicações justas? Talvez. Quantos outros milhares de trabalhadores neste país não teriam também mais razões para terem os mesmo direitos e regalias dos que trabalham para o Estado, mas cuja responsabilidade e insegurança dos seus postos de trabalho não lho permitem. Ser trabalhador da função pública já é, em si mesmo, um privilégio. A função pública é um maná para os que, em nome dos trabalhadores pretendem objetivos políticos, aos quais eles são alheios, paralisando com isso o país ou setores estratégicos como é o caso do SNS e a greve dos enfermeiros. Já aqui questionei várias vezes onde se encontravam os sindicatos que agora dizem que há mais de vinte anos têm as carreiras congeladas quando a direita esteve no governo?

As oposições, especialmente a de direita, desde os últimos meses de 2018 e com o aproximar das eleições, pretendem fazer-nos crer que existe um forte aumento da contestação social devida às políticas do atual Governo. Convém, antes de mais, saber o que a direita na oposição entende por contestação social. O que de facto se tem verificado é um aumento da contestação sindical ligada à função pública que incide sobretudo em aumentos salariais, progressões nas carreiras e contagens de tempo de serviço que também se vão traduzir em mais dinheiro o que poderá tornar-se insustentável a prazo, para o país e  para todos nós.  

Sobretudo a direita, tem aproveitado as reivindicações e as movimentações sindicais da função pública para fazer oposição ao Governo chamando-lhes contestação social.  Chama contestação social ao que de facto são greves por carreiras e mais salários como têm sido as dos professores e as dos enfermeiros. Podemos considerá-las isso sim, contestações sociais restritas e de âmbito profissional, conflitos laborais até.

O conceito de contestação social tem um sentido mais amplo sendo utilizado para classificar todas as manifestações de agitação e críticas radicais relacionadas às instituições e valores estabelecidos, quando elas são expressas para além dos planos institucionais da oposição política e parlamentar. Por outro lado, as referidas greves promovidas por sindicatos e até estimuladas por algumas ordens profissionais (caso dos enfermeiros), podem incluir-se no conceito de contestação exclusivo da oposição ao Governo em uníssono com a direita sendo facilitadoras para a oposição política de direita. Ao mesmo tempo, a greve dos enfermeiros, por exemplo, foi feita sob a forma extrema e absoluta com a intenção de se colocar à margem das normas aceites e das instituições. Esta greve tem corrido o risco de ser considerada ilícita, mas a contestação as suas finalidades objetivas para além de reivindicações também pretende colocar em causa o próprio Governo, já que a suspeita resulta da militância de uma das envolvidas que é  a bastonária da ordem dos enfermeiros que, podemos pensar, estar a utilizar os seus associados para fazer campanha de oposição ao Governo enquanto militante do PSD. Neste caso, apenas por análise semântica não nos permite aprofundar as analogias e as diferenças entre contestação sindical e oposição política. O protesto, ou “contestação social” camuflados por movimentos sindicais é uma forma de expressão política que tem buscado provocar mudanças sociais e ou políticas, para influenciar os conhecimentos, atitudes e comportamentos do público.  Os protestos muitas vezes tomam a forma de exibições públicas abertas, manifestações e desobediência civil, mas também podem incluir atividades secretas como petições, boicotes e várias atividades on-line, como é o caso dos sindicatos da função pública, dos enfermeiros e dos professores que pretendem envolver os manifestantes em atividades de protesto cujo cerne da questão são a luta por recompensas “individuais” que incluem uma variedade de benefícios e aumentos salariais pessoais a serem conseguidos através de movimentos coletivos.  

Para estes movimentos sindicais a comunicação, seja de massa ou interpessoal, é um elemento central no sucesso desses grupos ao facilitar a troca de informações, mobilização, coordenação, integração, formação de identidade e muitas outras funções essenciais. Muitas destas contestações vão, no extremo, contra a própria democracia e, não surpreende que, devido à importância da comunicação para estes grupos de protesto, haja uma relação por parte destes para que os media deem visibilidade aos protestos. 

Os protestos e as greves da função pública e no caso especial dos enfermeiros são sintomáticos de que, do meu ponto de vista, mostra-se distorcido, senão vejamos: uma greve é, em princípio, uma pressão exercida sobre os empregadores para conseguir regalias o que acontecerá de forma diversa consoante os vários setores. Ou seja, para que o atendimento das reivindicações seja levado em conta tem de haver transtornos à sociedade através da greve.  No entanto, há um ponto a esclarecer:  algumas greves prejudicam mais outros trabalhadores que nada têm a ver com o conflito do que o empregador, o Estado no caso da função pública, sobre a qual a pressão da greve é exercida.

Como forma de protesto um dirigente de um dos sindicatos dos enfermeiros resolveu fazer greve da fome. Isto não é mais do que a substituição da ação concertada do sindicato contra o Governo que tem sido alvo da ação grevista. Assim, procura o caminho que o pudesse tornar numa espécie de mártir, tal como se fosse um conspirador que preferisse a morte a renegar a própria convicção da necessidade da obtenção de mais salário e regalias, e a trair os seus companheiros de luta, arriscando-se a pagar o preço da vida, mas, ao mesmo tempo, resistindo ao poder colocando-o em xeque.

Isto pode ser uma forma, embora genérica, de exercer manipulação social, agindo sobre as crenças e as ações das pessoas, grupo ou sociedade no seu todo utilizando como auxiliar a chamada de atenção da comunicação social. Toda a opinião e todo o comportamento humano são guiados ou justificados pelos conhecimentos e juízos de valor dos sujeitos que fazem acerca do ambiente social e que percebem como sendo relevante para o formar da opinião ou para a ação. É possível, por isso, guiar de forma dissimulada as crenças e as ações de um indivíduo ou de um grupo, controlando e moldando as comunicações que ele recebe a respeito de um determinado ambiente distorcendo, ou suprimindo, a informação sobre o causador do ato centrando-se apenas na execução que tenha uma intenção comunicativa.

No tempo que atravessamos a falsidade é usada sem escrúpulo na propaganda de oposição aos governos. A mentira objetiva e a distorção de factos políticos não são propriedade exclusiva dos regimes iliberais ou das oposições a governos com o objetivo de os substituir pelos de outra orientação partidária. Podem ser também propriedade de grupos de indivíduos unidos pela defesa de interesses comuns. Enfim, são transversais a todos.

A supressão da informação pelos meios de comunicação não envolve exatamente uma mentira, mas, simplesmente, a não publicação de determinadas notícias, interpretações ou apreciações ou, ainda, o exagerar de outras que sejam favoráveis ou desfavoráveis em função dos objetivos pretendidos podem ser consideradas mentiras por omissão deliberada.   

Com os protestos sucedem-se frequentemente manipulações como a determinação intencional ou interessada do comportamento do público. A manipulação não procura só provocar intencionadamente o comportamento que se deseja do manipulado; procura também, de modo igualmente intencional, esconder a existência e a natureza da ação que irá provocar o comportamento do manipulado. A manipulação pode ser contraposta à de persuasão.

Quando um sujeito tenta persuadir outro a abraçar uma certa crença ou a adotar um determinado comportamento, ele indica-lhos explícita e abertamente, formulando de modo igualmente explícito e aberto as razões que favorecem essa crença ou esse comportamento. Dessa maneira, a persuasão, ao contrário do que ocorre com a manipulação, visa a obtenção do consentimento voluntário e consciente daquele a quem se dirige.

É o que tem acontecido com um dos advogados de um dos sindicatos dos enfermeiros, Garcia Pereira, que acusa o Governo de intoxicação e manipulação da opinião pública ao mesmo tempo que argumenta no âmbito das suas funções, com a pretensão de virar a opinião pública, com uma linguagem digna de comício político do tipo PCTP/MRPP contra o Governo.

São mensagens persuasivas a que se recorre para captar a desejada adesão dos destinatários a meios que são inadmissíveis dentro do modelo da persuasão racional e que se destinam a enganá-los e a moldar escolhas sem que eles o saibam: a distorção da informação, por exemplo, que é, afinal, uma verdadeira e autêntica mentira que fazem funcionar mecanismos psicológicos de aceitação da opinião. Estratégia também muito utilizada pelo agora cabeça de lista às eleições europeias pelo PSD, Paulo Rangel. Isto é, quanto a conteúdo objetivo nada e propostas nada ficamos a saber, mas, ficamos a saber sobre ataques cirúrgicos pessoais que faz aos seus oponentes. Um exemplo simples da manipulação da informação é a mentira que, ao fornecer falsas informações sobre acontecimentos relevantes para a sua escolha, um ator político pode levar outras pessoas a um certo comportamento enquanto, estas tomam as informações por verdadeiras e julgam estar a escolher livremente. É a importância da mentira em política, assim como a sua eficácia, quando orientada para obter o consenso do público ou de outros atores políticos.  

Quem defende os que dizem que são o que afinal não são, depois, admira-se e diz: Pois, não sabia que era assim!

 

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publicado às 17:48

Partido para deserdados de pelouros

por Manuel_AR, em 10.02.19

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Imagem de Jornal de Notícias

Todos conhecemos Santana Lopes há muitos anos e pelo menos sabemos tudo sobre a sua vida, a política, a de comentador desportivo, e a outra, a privada que menos interessa. Nós os do povo, o que sabemos tem sido, ao longos dos nos da democracia, através da imprensa, da televisão e também pelas revistas cor de rosa. Sabemos o que conseguiu ser Presidente do PSD entre novembro de 2004 e abril de 2005 e, com a sua mania da originalidade, desastroso primeiro-ministro de Portugal apenas e porque Barroso abandonou o país para ir para Bruxelas após a cimeira das Lajes e ao o ataque de Bush ao Iraque. Santana Lopes sempre foi politicamente ambicioso e gosta da visibilidade dos media e, ao longo do tempo em que esteve no PSD, sempre tentou ser líder do partido pelo menos candidatou-se várias vezes.

Não é a errante biografia política de Santana Lopes que me interessa, mas o a motivação que lhe deverá ter dado a derrota nas eleições em competição com Rui Rio para a liderança do PSD. Desconheço as reais motivações que o levaram a constituir o partido Aliança, nome que me faz recordar a semelhança com os dos partidos de extrema-direita que creio não o vir a ser, podemos, contudo, especular se foi por despeito, por ambição, por uma questão de poder ter mais intervenção nos meios de comunicação social, talvez até como tubo de ensaio para uma futura candidatura à Presidência da República, enfim, de Santana Lopes, podemos esperar tudo e tudo irá depender das próximas eleições que se avizinham.

Há, todavia, algumas questões com que nos devemos preocupar. É o tipo de pessoas, no que se refere ao quadrante ideológico, de que se vai rodear. No congresso do novo partido que está a decorrer está previsto para a vice-presidência a escolha do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Durão Barroso, António Martins da Cruz, que em 2003 pediu a demissão, na sequência do alegado favorecimento da sua filha no ingresso ao ensino superior em medicina. Recorde-se que este ex-ministro saiu do PSD quando Rui Rio ganhou as eleições   

Há, todavia, outra questão, ainda mais importante, e com que os que são europeístas se devem preocupar, é com a utilização do partido Aliança para campanha anti U.E. alinhando por questões diferentes com o são o PCP e o BE.  

Que é um partido de direita está claro, mas em que quadrante deste espetro ideológico vai alinhar é pouco claro. O que se sabe é que pelas propostas mais ou menos radicalistas sobre a U.E., quem é pela democracia e pela U.E. embora com algumas alterações, não se espera nada de bom. Enquanto o PSD e o CDS tecem têm algumas críticas, não demonstraram até agora um radicalismo antieuropeu ao contrário deste novo partido que tem um discurso demasiado agressivo embora dizendo-se não eurocético.

É por isso que se deve estar alerta porque nem tudo o que é novidade é, necessariamente bom para as pessoas e para o país. Embora não esteja ainda nas expectativas, nós, um país sem grande capacidade de negociação e sem grande força para se fazer impor internacionalmente, nada teríamos a ganhar com uma espécie de Portexit.

De partidos como o Aliança apenas podemos contra com demagogia e populismo barato para levar atrás alguns incautos. Este partido Aliança, no meu entender, é um partido para servir para realização de ambições políticas e pessoais de alguns deserdados de pelouros, especialmente as do seu próprio líder, Santana Lopes.

 

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publicado às 20:05

A vingança serve-se fria?

por Manuel_AR, em 09.02.19

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Imagem de: Noticias ao minuto. https://www.noticiasaominuto.com/

Começo a ficar preocupado comigo porque acho que estou a verificar em mim uma tendência para a interpretação errónea da realidade em consequência da suscetibilidade aguda e da desconfiança extrema que estou a ter para com os enfermeiros. Até já vejo em todas as mulheres que passam na rua enfermeiras grevistas. Mas a culpa é delas. Porquê só as mulheres? É simples: mais do que 85% dos enfermeiros são mulheres.

Estou com receio de ter de ir a um hospital público e ser maltratado se reajo contra a greve desnaturada que eles estão a provocar sobre pessoas indefesas. Sim, ando com medo e os médicos também estarão por causas diferentes.

Esta gente, nomeadamente Ana Rita Cavaco, bastonária da ordem dos enfermeiros, uma das incitadoras e manipuladoras da greve sabe o que anda a fazer e, para mim, é uma espécie de vingança dos enfermeiros, direi antes enfermeiras porque mais de 85% são mulheres, incitada e poe ela manipulados(as) sobre o que o PS e António Costa fizeram a Passos Coelho e ao PSD em 2015. Para saber quem Ana Rita Cavaco basta clicar aqui e ver um artigo da revista Visão em 2017.

Ana Rita Cavaco foi adjunta de Carlos Martins, secretário de Estado da Saúde entre 2002 e 2004, no Governo de Durão Barroso.

No Verão de 2013 foi-lhe instaurado um processo disciplinar com base numa participação de uma colega, que justificou a sua denúncia com “princípios éticos e deontológicos”. De acordo com a participação, Ana Rita, então colocada no Centro de Saúde da Graça, esteve ausente do serviço durante três semanas, em junho desse ano, “tendo assinado a respetiva folha de ponto” quando regressou, tal como se tivesse estado a trabalhar. Podem confirmar aqui.

Esta greve é essencilamente política, idependentemente da razão que lhes possa assistir ou não.

Para alguns liberais de direita (digo alguns porque é sempre mau generalizar) que escrevem artigos de opinião no que se refere à greve dos enfermeiros, talvez porque está no governo um partido de centro esquerda, lá vai disto, e colocam-se do lado dos enfermeiros porque à direita (alguma) convém tudo quanto possa por em causa o Governo e António Costa. É o caso do artigo de Vasco Pulido Valente e da grosseira opinião no que respeita à greve selvática dos enfermeiros e à sua duvidosa perceção dos que frequentam os hospitais. Talvez as minhas opiniões não o sejam menos, mas eu sou um elemento do povo, da ralé, do povaréu e ele é um senhor supra-classe, por isso tenho desculpa.

O artigo de opinião do dr. Vasco Pulido valente mereceu os meus comentários seguintes: O dr. saberá do que está a falar? Apesar de dizer que esteve num hospital público só se for de passagem, em transição para um privado. Devo concluir que esteve num hospital público no entretanto dos tempos das greves. Talvez com gripe? Dr. Vasco Valente, as pessoas que estão nos hospitais neste momento estão com medo dos enfermeiros, de maneira que lhes dizem a tudo que sim e lhes fazem muitos sorrisos e estimulam vãos apoios. O curso de filosofia que tirou na faculdade de letras, antes do tempo em que eu por lá andei, não o ajudou a compreender as pessoas... Que tenha "raiva" ao Dr. António Costa e às esquerdas ainda compreendo. Mas, por favor, tenha pena de nós os coitadinhos cá de baixo, os do povaréu! E acrescentei: Por essa dos enfermeiros ficamos a saber qual a origem da organização grevista e selvática, porque a esses lhes interessa e, por outro lado, esses mesmos vão aos hospitais privados quando precisam. A questão que coloco agora é: como seria a opinião dele se estivesse no governo um partido ou uma coligação de partidos de direita, espetro com o qual provavelmente se identificará?

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publicado às 19:17

O simbólico na política

por Manuel_AR, em 04.02.19

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Deus e o Diabo passaram a ser moda na política, sobretudo para alguns políticos com grandes responsabilidades para com os seus países que aproveitam a fé e as crenças das populações utilizando o nome de Deus em vão. Pretendem fazê-las acreditar que a sua eleição, consequentes procedimentos e condutas foram e serão emanadas da vontade de Deus, símbolo da Divindade principalmente pai, juiz, todo-poderoso e soberano.

Também nas monarquias absolutas (absolutismo) as correntes da teoria política faziam acreditar ao povo na doutrina do Direito Divino dos Reis, que defende que a autoridade do governante emana diretamente de Deus, e que não podem ser depostos a não ser por Deus.

Raramente referem o Diabo também conhecido por demónio, é o símbolo do malvado e simboliza todas as forças que perturbam, ensombram, enfraquecem a consciência e a fazem virar-se para o indeterminado.  O seu papel é, segundo a mitologia judaico-cristã, o de despojar o Homem da graça de Deus para o submeter ao seu próprio domínio.

Em Portugal o Diabo estreou-se na política com Passos Coelho a dizer que ele, o diabo, vinha aí aquando do acordo parlamentar do PS como o PCP e o BE. Passos Coelho, aos despedir-se dos deputados do PSD, numa mensagem catastrófica disse-lhes que “Gozem bem as férias que em Setembro vem aí o Diabo”.

Há poucos dias ouvimos António Costa a recuperar o Diabo e a dizer que a: extrema-direita ataca Europa para "reeditar todos os diabos”. Diabo, aqui no sentido alegórico sobre o desentendimento no passado entre as nações europeias que culminaram em guerras.

Bolsonaro no Brasil invocou várias vezes o nome de Deus durante a campanha eleitoral e na tomada de posse. Aproveitou a boleia das seitas evangélicas que utilizam a religião mais para fins lucrativos do que para elevação dos espíritos, e por lá foi dizendo que : "Também quero agradecer a Deus por esta missão, porque o Brasil está numa situação um tanto complicada, com uma crise ética, moral e económica, tenho certeza de que não sou o mais capaz, mas Deus capacita os eleitos", isto é, não é o “mais capacitado, mas Deus capacita os escolhidos”.   Depois de ter sido eleito Jair Bolsonaro foi a um culto na Assembleia de Deus Vitória em Cristo do pastor evangélico Silas Malafaia, que o apoiou na campanha e celebrou o seu casamento com Michelle Bolsonaro.

Recentemente Donald Trump em 18 de fevereiro de 2018 no twitter “O lema da nossa nação é em Deus que confiamos”. Donald Trump disse à CNN a Jake Tapper que "tem um ótimo relacionamento com Deus" e com os evangélicos. Isto foi em 12 de janeiro de 2016. Por sua vez, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, disse em  12 de maio 2018 que "a fé na América está voltando a crescer" - graças ao presidente Donald Trump.

Os políticos ao incluírem Deus nos seus discursos sabem que as crenças religiosas têm ainda muita força na consciência das pessoas e que são fatores que ainda atraem eleitores menos esclarecidos. Quando os políticos, incorporam conceitos religiosos, independentemente de estarem a testemunhar as suas convicções e sentimentos religiosos pode ser que estejam também a utilizar a religião como uma instrumentalização para reforçarem um discurso de legitimação. Isso porque a religião, pelo facto de ser um elemento constitutivo da cultura de um povo, tem poder de persuasão.

 Na Venezuela temos em presença Deus e o Diabo em luta pelo poder, não literalmente, está claro. A oposição a Maduro liderada por Juan Guaidó, que se autoproclamou Presidente interino, declarou, perante uma concentração de milhares de pessoas, no leste de Caracas: " Hoje, 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação da Presidência da República, um Governo de transição e eleições livres",

O BE não fala de Deus nem do Diabo, mas quer tudo e mais alguma coisa que só Deus conseguiria dar. O BE quer tudo e mais alguma coisa, mas também não quer. Quer aumentos salarias para toda a função pública, quer a contabilização de toda a carreira para os professores, quer enfermeiros sejam ouvidos e que o Governo ceda a todas a reivindicações. Quer cobrar mais impostos às empresas e às empresas como se já não bastasse o sugadouro do Estado que depois vai para as reivindicações muitas vezes irrealistas da função pública exigida pelos sindicatos. Quer mais saúde, isso todos queremos, enfim, quer tudo, mas não quer tudo. É também contra a “U.E. da austeridade”, não sabemos é se quer outra, é contra os EUA…

Quanto à Venezuela, O BE se por um lado, não quer que Portugal reconheça Juan Guaidó na Venezuela, por outro, também não quer Maduro. Quer defender uma mediação internacional para eleições livres, mas não diz que mediação. Será a dos EUA, da ONU, de Cuba, da China, da Rússia? De todos ao mesmo tempo? Parece que por aqui Deus e o Diabo andam de mãos dadas.

Por último há ainda o oportunismo direitista daquele execrável e tendencioso programa de José Eduardo Moniz na TVI, “Deus e O Diabo” porque chama muito pelo Diabo e muito pouco por Deus. Por isso dizem muitas seitas religiosas que o diabo está em todos o lado causando toda a espécie de mal. Nesse contexto o diabo torna-se ferramenta do poder das Igrejas católicas e evangélicas e do Estado, o diabo adquire consistência explicativo da realidade quando as pessoas não conseguem encarar e superar as dificuldades.

 

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publicado às 18:33

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Imagem TVI24

Antes de mais quero deixar bem claro que o meu respeito pela profissão de médico e de enfermeiro é imenso e, até ao momento, não tenho tido quaisquer razões de queixa sobre o serviço que esses profissionais prestam e que utilizo quando necessário. O que não posso é deixar de dizer o que penso, apesar da qualidade e importância do serviço que prestam, sobre atitudes e comportamentos da classe profissional movida por sindicalistas radicais.

A “greve cirúrgica”, assim autointitulada pelos Sindicatos dos Enfermeiros, pode levar-nos a desconfiar de todo o processo, a começar pelos donativos entrados através de uma plataforma de crowdfunding onde alguns participam anonimamente com dinheiro com a finalidade de prolongar uma greve que, do meu ponto de vista, é injusta e que já ultrapassa os limites. Se há profissões nas quais os profissionais arriscam a própria vida há outros que arriscam colocar a vide de terceiros em risco, e parece ser o caso dos enfermeiros, apenas e por uma questão umbilical e corporativista.

O Governo já conseguiu chegar a acordo no que respeita à criação de uma carreira com três categorias, incluindo a de enfermeiro especialista. O mesmo não aconteceu quanto ao aumento do salário base (atualmente de 1.200 euros brutos para 1.600 em início de carreira) e quanto à antecipação da idade da reforma. Como se pode constatar é tudo uma questão de mais dinheiro. Sindicatos mais ou menos de direita e os mais ou menos ligados ao extremismo da CGTP-IN, como o SEP, pretendem sempre o mesmo: mais dinheiro. E reclamam eles por respeito. Mas de que respeito falam? Será que o respeito passou a ser uma palavra de ordem quando não há cedências nas reivindicações para obterem cada vez mais salário para algumas privilegiadas categorias profissionais no serviço público? E o respeito pelo seu semelhante cuja saúde pode estar em risco devido a esta espécie de selvajaria grevista.

Nos casos das greves em curso, e noutras que virão a que a direita tem chamado contestação social parece haver uma orientação comum entre a direita e a extrema esquerda fora do Parlamento em relação aos ataques e oposição ao Governo. As alianças partidárias para desgastar o Governo não se fazem apenas dentro do espaço da Assembleia da República, fazem-se também e, sobretudo, nas ruas e nas reivindicações iniciadas por uns e apoiadas por outros consoante os interesses. E o interesse de ambos é reduzir o mais possível a margem de intenções de voto no partido do governo.

Sindicatos e ordens profissionais, e refiro-me aos dos enfermeiros, combinam-se em posições corporativistas. Quanto aos sindicatos já sabemos que a sua única atividade é proporcionar greves e mais greves acenando aos trabalhadores com cenouras de aumentos salariais, algumas incomportáveis, como as dos enfermeiros e também já agora como é o caso dos professores. Algumas ordens passaram com o seu discurso a fazer o papel de sindicatos e, em alguns casos até, transformaram-se numa espécie de porta-vozes de partidos da direita a fazer oposição. O senhor Bastonário da Ordem dos Médicos, dentro das suas competências, lá vai fazendo nas suas intervenções televisivas críticas ao estado em que se encontram os serviços de saúde do SNS que são próximas das que a oposição faz ao Governo. Pretendendo mostrar preocupação vai dizendo que “os médicos estão preocupados com a Saúde dos portugueses e com o seu próprio futuro”. Eu penso que a maior preocupação é mais com o “seu próprio futuro”.

Greves que possam piorar ou que arrisquem a saúde da população são inadmissíveis, tanto mais quando as reivindicações salariais para aumentos de mais de 400 euros mensais em início de carreira fora os consequentes aumentos para os restantes que estão há mais tempo no quadro ao que acresce ainda um estatuto de carreiras, sabendo-se que a média salarial da maior parte da classe trabalhadora dos portuguesa é muito baixa. E então os médicos não teriam também o mesmo direito de fazer reivindicações idênticas às dos enfermeiros?

Não me venham cá falar de que a greve é um direito. Certamente que o é, dentro da justeza de reivindicações possíveis. Não pode ser é utilizada como arremesso de motivação de ordem política e até partidárias sob a capa de questões laborais e salariais impossíveis de satisfazer, enquanto milhares de outros trabalhadores se esforçam, por manter este país a funcionar com salários baixíssimos, há uma classe que via greve lhes restringe  o direito inalienável ao alívio do sofrimento físico e psicológico que outra classe de trabalhador lhes infringe para obtenção de mais dinheiro e regalias.

Quando o governo anterior passou para as 35 para as 40 horas de trabalho não vi nem ordens nem sindicatos de enfermeiros serem tão empenhados em fazer valer argumentos reivindicativos contrários e de forma tão violenta às medidas que, diziam, tanto os afetava.  

Os enfermeiros são imprescindíveis num qualquer serviço de saúde e não ponho em causa a justeza reivindicativa e as suas razões, nem tão-pouco o direito à greve, ponho, isso sim, a oportunidade e a forma de coação utilizando os utentes mais necessitados como forma de pressão para o que pretendem obter.

Os políticos dos partidos mais à direita dizem que os enfermeiros têm razão nas suas reivindicações mesmo quando sabem que pretendem aumentos de luxo se comparados com outras profissões. Por outro lado, querem comparar-se aos médicos que afinal não são. Assunção Cristas, presidente do CDS-PP, referindo-se quinta feira à greve do enfermeiros limita-se a fazer críticas à ministra da Saúde que diz “tem demonstrado incapacidade para governar a sua pasta" e, quanto ao diferendo com os enfermeiros nada mais diz. É caso para lhe perguntar o que faria, ou diria, nas mesmas circunstâncias, se fosse ela que estivesse no governo? É caso para pensar se ela não estará a apoiar implicitamente a greve? Repito que é muito estranho o apoio financeiro de centenas de milhar de euros aos grevistas por pessoas e entidades anónimas!

Por seu lado Rui Rio, líder do PSD, é mais ponderado e pede a enfermeiros que "metam a mão na consciência, mas mantém-se num, nem sim, nem não. Dá uma no cravo outra na ferradura como se costuma dizer e pede aos enfermeiros “que haja equilíbrio, percebendo que o Estado não está em condições de poder dar tudo o que eles querem”. E adianta “mas, também peço ao Governo que perceba que, tendo os enfermeiros razão, alguma coisa tem de ser feita", afirmou Rui Rio ao mesmo tempo que diz não “simpatizar" com a forma como vai ser feita a greve e no, no entanto, compreender as reivindicações dos enfermeiros, que são "justas", razão pela qual não pode "atacar totalmente os enfermeiros" por estarem "sempre em greve". E termina, dizendo que “depois não conseguem "rigorosamente nada" daquilo que reivindicam”. A mesma pergunta que feita a Cristas pode ser feita também a Rui Rio.” Se o Estado não está em condições de poder dar tudo, então que tipo de negociação poder haver face à irredutibilidade dos enfermeiros?

Como já afirmei não é o direito à greve que ponho em causa, mas a estranheza pela sua virulência prolongada no tempo e pelo estranho financiamento dos que para ele colaboram. Não serão por certo os próprios que contribuem com o seu salário para, depois, receberem o seu retorno. No meu entender esta greve é lesiva para as pessoas indefesas que são utentes do SNS e está a sobrepor-se ao também direito básico dos cidadãos aos cuidados de saúde.

Como diz Amílcar Correia no editorial do jornal Público de hoje: “Os enfermeiros estão em greve porque reclamam o justo descongelamento de carreiras ou o aumento do salário-base, mas trata-se de uma greve particularmente injusta para doentes sem seguro de saúde, subsistema e, portanto, sem alternativa, e para a credibilidade do Serviço Nacional de Saúde. Os hospitais privados agradecem. Quanto maior for a lista de espera para uma cirurgia, mais elevado será o número de doentes que poderão ser operados nas unidades privadas ao abrigo das convenções com o Estado.”.

Ser médico ou enfermeiro não é uma profissão como outra qualquer, elas são profissões de missão nobre e honrosas e, como tal, deveriam são inerentes ao empenho numa atividade que deveria ser, por si mesma, a procura do bem-estar do próximo com remuneração justa, digna e equilibrada ao seu desempenho. A profissão de enfermeiro não pode ser escolhida porque aí se auferem bons salários e ótimas progressões na carreira. Quem opta por este tipo de profissões não pode pensar em subir na escala social pelos salários elevados que prenda auferir, ela é já, por si mesmo, considerada numa elevada escala de prestígio pessoal e social.

As razões que possam ter para fazer greve é discutível, já que haveria muitas outras profissões que teriam também razão para a fazer por direitos e mais salário, mas, como são do privado e não podem “sugar” o Estado sustentado pelos impostos que lhes são retirados mensalmente aos seus salários para, em parte, irem satisfazer reivindicações irrealistas. As palavras de ordem dos enfermeiros, e já agora também as dos professores, estes conduzidos por Mário Nogueira que os orienta nessas andanças, são: Justiça! Dignidade! Reconhecimento! Temos razão! Respeito! A isto acrescento, porque não se calam!

O caso dos professores, embora diferente, está numa espécie de “parceria grevista” com os enfermeiros e, como tal, irá dar ao mesmo visto o seu sindicato ser liderado por Mário Nogueira. Não admira que queira ser esteja instalada através dos meios sindicais dos professores uma espécie de pequena ditadura popular e popularista entre eles. Será que isto uma espécie de ditadura que querem impor ao país algumas profissões, até as mais bem remuneradas que dependem do Estado?

Aliás, até posso ironizar dizendo que, não me admiraria. Alguns sindicatos como a Fenprof, que pertencem à central sindical CGTP-IN, e são uma espécie de correia de transmissão do PCP. O que afirmo pode ser provado pela participação daquela central sindical numa sessão, claramente em apoio à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela que, segundo escreve o jornal Público, “Todos estavam ali para ouvir as mensagens de solidariedade dos representantes de organizações como o Conselho Português para a Paz e Cooperação, a Associação Amizade Portugal-Cuba, ou a CGTP-IN.”, como podem conferir aqui.

Nota final: A greve é lícita? “Aquando do primeiro período de greve, no final do ano passado, o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República considerou que é lícita a convocatória da greve dos enfermeiros, mas alertou que caso caiba a cada enfermeiro decidir o dia, hora e duração da greve, o protesto é "ilícito".

 

 

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publicado às 17:35


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