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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
A ilustração da capa de DER SPIEGEL esta semana
Sobre o que se está a passar nos EUA com Donald Trump limito-me a reproduzir um artigo escrito por Klaus Brinkbäumer no Der Spiegel desta semana. Peço desculpas pela tradução livre feita a partir do artigo em inglês.
A imagem da capa do DER SPIEGEL desta semana foi criticada, mas como diz o autor o símbolo que ela retrata é sério: a ameaça muito real que o presidente Donald Trump representa para a democracia liberal.
Em última análise, a indiferença é mortal. A apatia. O sentimento de impotência. E o silêncio ocioso que se segue. Pessoas, incluindo jornalistas, começam a pensar que de qualquer maneira não podem fazer nada. Foi o que aconteceu na Turquia e na Hungria e há muito que a Rússia e a China também o são. Isso também acontecerá nos Estados Unidos?
Quando a democracia começa a corroer, isso raramente acontece muito rapidamente. Olhando para trás, muitas vezes pode-se determinar o momento em que se tornou grave - geralmente foi através duma eleição. Como poderia a Turquia ter eleito Erdogan, a Rússia Putin, a Hungria Orbán e como os Estados Unidos poderiam ter escolhido Donald Trump com a consciência limpa? Quando o discurso político conduz a uma situação em que o discurso em si é substituído pela demagogia, e quando esse demagogo é trazido ao poder por um processo democrático, então é possível que a própria democracia seja substituída pela autocracia.
Tudo o resto acontece lentamente. Enquanto isso, alguns meios de comunicação continuam sonhando tornando-se ainda mais obsessivos na rotulagem de qualquer pessoa que adverte contra a ameaça.
Então, aqui o temos nós: Donald Trump, um misógino e um homem de negócios racista que, verificadamente, fez 87 declarações falsas ao longo de apenas cinco dias da campanha eleitoral, não pode ser mais um candidato. Ele está sentado na Casa Branca. Aqui estão três ideias sobre este presidente americano que está no cargo desde 20 de janeiro.
Não é de todo absurdo supor que, se a resistência não se organiza e põe em campo isto continuará.
Cada vez menos pessoas estão a participar nos protestos porque, lentamente, as pessoas estão perdendo o interesse e um sentimento de impotência está a ser sentido. Os media estão a voltar-se para questões mais suaves e mais divertidas porque causam menos problemas. Os políticos que haviam jurado resistência notarão que a vida é mais fácil se se submeterem. As empresas também obterão contratos quando os apresentarem. Muitas pessoas tornar-se-ão ricas e crescerão na sociedade quando se submeterem. E se não fizerem isso, verão como os outros fazem. Isso é, como formar autocracias - "não pelo diktat e violência", David Frum escreveu no The Atlantic revista, mas através do "processo lento de desmoralização, de corrupção e fraude."
O DER SPIEGEL, advertiu contra Trump numa reportagem de capa, no início de 2016. Seguimos com outra reportagem de capa, " Cinco Minutos para Trump ,"sete semanas antes da eleição. Cometemos erros, mas subestimar Donald Trump não era um deles. No sábado (4 de fevereiro de 2017), publicámos uma reportagem de capa ilustrada com uma caricatura desenhada por Edel Rodriguez, um imigrante cubano que vive em Nova Jersey. A imagem mostra um homem gritando sem olhos ou nariz, mas facilmente discernível como Trump, segurando a cabeça decapitada da Estátua da Liberdade em uma mão e uma espada sangrenta na outra. "America First", afirma - não há nada mais para ver ou ler - qualquer outra coisa, como com toda a arte, é uma questão de interpretação.
" Impressionante ", escreveu o Washington Post. A revista política Mother Jones descreveu como " uma declaração e tanto ." Os manifestantes também usaram a imagem da capa em cartazes em protestos nas ruas de cidades em toda a América. "A imagem da capa espetacular está a circular aqui nos EUA e as pessoas estão todas a gostar", escreveu a romancista Irene Dische de Nova York. Nós também fomos inundados com cartas apaixonadas de leitores aqui na Alemanha, com respostas normalmente indo em duas direções - ou é "brilhante" ou "que está doente, você deve ver um psicólogo." Alguns reclamaram porque a imagem era muito brutal.
A autoridade bild.de, o site de notícias do maior jornal sensacionalista da Alemanha, levou ao Twitter para criticar habilmente DER SPIEGEL. Não desperdiçou palavras sobre a alienação, a caricatura ou a liberdade de expressão. Em vez disso, alegou que SPIEGEL tinha retratado Trump como um terrorista do Estado islâmico, como se fosse algum tipo de fotomontagem. Esta interpretação desigual pavimentou o caminho para uma onda de raiva de indignação. Mas os colegas mais graves em meios de comunicação como o Süddeutsche Zeitung e Frankfurter Allgemeine Zeitung também escreveram que DER SPIEGEL foi longe demais. O que depois de tudo, podemos esperar?
Em Kress , uma publicação de comércio da indústria de media líder na Alemanha, o jornalista Franz Sommerfeld escreveu: "Se Trump é uma emergência, então é função dos media tocar o alarme da maneira mais sólida e mais informativa possível, tal como o novo Spiegel fez. Isso, naturalmente, inclui também caricaturas e outras formas de confronto jornalístico".
Afinal, o que devemos esperar?
Para Trump mostrar o que para são negócios? Ele já está fazendo isso. Para ele começar sua primeira guerra?
Para que os EUA desapareçam, para que seu povo suporte Trump e permita que um processo comece a se tornar irreversível?
Donald Trump não decapitou uma pessoa na capa de DER SPIEGEL, ele decapitou um símbolo. A Estátua da Liberdade tem servido como símbolo da América da liberdade e da democracia desde 1886 - que acolhe refugiados, migrantes, "os sem-teto, excluídos", de acordo com a inscrição que ele carrega. Donald Trump despreza e ameaça a democracia liberal, despreza e ameaça a ordem mundial ele é o homem mais poderoso do planeta. A emergência já está sobre nós.
A oposição de direita ao Governo não é feita apenas pelos deputados dentro da Assembleia da República e pelos responsáveis partidários fora dela. Faz-se também por militantes dos seus partidos que, com aparência de credibilidade e isenção, são contratados pelos canais de televisão que lhes paga para fazer o dito comentário político. São comentadores partidários, propagandistas do PSD que, uma vez por outra, para darem ar de isentos, criticam também a oposição de que fazem parte.
Um destes comentadores ditos “isentos” é Marques Mendes que comenta no canal de notícias da SIC. Para ele o Governo está esgotado, porque os acordos estão esgotados, está parado porque nada faz. Gostaríamos de saber se, para ele, governar é simplesmente legislar por tudo e por nada sem qualquer efeito mediato ou imediato, sem reflexão sem estudo, sem debate, como fazia o líder do seu partido quando incentivou a divisão entre portugueses e fez atropelos sucessivos à Constituição. Como ele gostaria de ser o Trump português!
Se alguma coisa urgente há que fazer, é conter a dívida pública e dinamizar a economia e o crescimento. Como Marques Mendes muito bem sabe, o crescimento depende, em grande parte, de fatores exógenos a Portugal, que agora com Donald Trump na calha, e com a Europa no estado em que está nunca se sabe o que poderá acontecer.
Aquela personalidade do PSD faz oposição disfarçada de comentário, olhando tendencialmente para o negativo da solução governativa e ocultando o que é positivo.
Aliás o relatório da OCDE que ontem foi divulgado é mais objetivo do que as interpretações por vezes abusivas de quem faz comentários que mais parecem oposição.
Aquele relatório revela potencial existência de "imprevisibilidade, tensões e recuperação lenta da Europa que podem tornar o crescimento mais incerto.”. Há, portanto, causas perigosas que poderão ser derivadas de causas externas. Sobre o Governo de António Costa, o relatório traça elogios à orientação orçamental, mas deixa uma lista de avisos sobre a situação ainda frágil das finanças, sobretudo sobre a “conjuntura externa incerta, a situação da banca que é vulnerável, mas a margem de manobra nas contas públicas é estreita e a dívida pública elevada e o investimento escasso.”. “E o que vê é uma economia a recuperar de forma progressiva, mas onde as “vulnerabilidades estão a aumentar”.
Claro que não existe nenhum mar de rosas depois da coligação de direita ter quase deixado o país destruído a pretexto de “termos que ir para além da troika” e de, juntamente com ela, não ter detetado mo nevoeiro denso que envolvia a banca ou parte dela.
Se a banca está como está deve-se sobretudo à desgovernação do PSD-CDS com a obsessão por reformas baseadas apenas num sentido, aumento de impostos e cortes de salários e pensões, de resto não passou de rabiscos escritos num papel que para nada serviram.
Portugal Second do 5 Para a Meia-Noite da RTP 1 a enviar para Trump.
O deputado madeirense do PTP José Manuel Coelho foi condenado a um ano de prisão efetiva pelo Tribunal da Relação de Lisboa devido a um processo que Garcia Pereira, noutro tempo líder do MRPP, por o ter apelidado de agente da CIA. Isto é uma tontice se considerarmos o que Garcia Pereira dizia quando andava por aí a dizer nos comícios revolucionários.
Há também outras tolices escritas por quem não é revolucionário e anda por aí a dar opiniões utilizando conotações absurdas e acenando com papões da velha guarda. Numa tentativa de se distanciarem de Trump mas que, no seu íntimo e sem o declararem explicitamente, parecem defender as suas políticas. É o caso do atual presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, que tem uma coluna de opinião às quartas feiras num jornal diário e que, na sua última tirada de opinião começa por escrever: “Anda toda a gente muito perplexa com a escolha que os americanos fizeram para a Casa Branca. Não sei qual é o espanto. O nosso azar é muito maior que o dos americanos. Afinal de contas, nós não temos um Trump. Temos dois: Catarina Martins e Jerónimo de Sousa.”, o sublinhado é meu.
Carreiras foi presidente do Conselho de Administração do Instituto Francisco Sá Carneiro entre 2010 e 2013. Defensor incondicional, pelo que diz e escreve, da atual direção do PSD, passou de social-democrata a neoliberal seguindo fielmente o seu líder.
Esclareço que não tenho procuração nem do PCP e de Jerónimo de Sousa nem do BE e de Catarina Martins, mas aquele senhor lança para o ar tais disparates populistas, sem argumentos válidos, utilizando chavões e conotações disparatados que só de cabeças como a dele poderiam surgir. O que escreve deve ser dirigido a incultos, adeptos, simpatizantes e oportunistas militantes do atual PSD porque a outros não convence. Deve estar a dirigir-se a senhoras muito chiques e “muito bem”, sem nada que fazer a não ser aparecer nas revistas cor de rosa, senhores, senhores da alta finança duma “estrita” freguesia de Cascais, vila que frequentemente visito porque é agradável, simpática e onde nos sentimos bem, não fossem os preços exagerados praticados pela restauração.
Escreve ainda, em síntese, este nosso (deles) militante do PSD: “O nosso azar é muito maior que o dos americanos. Afinal de contas, nós não temos um Trump. Temos dois: Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. A nossa sorte é que nem BE nem PCP são poder”. O negrito é meu.
Julga que nos engana ao fazer esta conotação disfarçando, mal, uma potencial simpatia oculta pelo atual presidente do EUA. Aqui, e ali, vai dizendo o que Trump tem feito e dito sem, no entanto, mostrar claramente desacordo refugiando-se a falar de outros, os que não lhe agradam, porque ajudaram o PS a retirar o poder ao seu querido líder. Ele e o seu partido ainda não fizeram o luto da perda, (não das eleições), mas do parlamento que representa o voto do povo.
Carlos Carreiras utiliza Trump como oportunidade para lançar o seu viperino veneno sobre uma solução parlamentar maioritária quer queiramos, quer não. Assim como o PSD também ganhou as eleições, gostemos ou não. No entanto, os portugueses não os escolheram ao nível do parlamento. Gostariam talvez de ter a muleta do PS para lhes validar os desvarios de outrora.
A desregulação interna e a desorientação do partido a que pertence obriga-o à verborreia política se quiser nas próximas eleições autárquicas renovar o mandato. Os senhores da vila assim o exigem nem que seja necessário virar um partido cujo passado sempre foi social-democrata. Se Sá Carneiro voltasse e visse como o partido se encontra encher-se-ia de vergonha e voltaria para donde está.
Afirma claramente que Trump e os líderes do PCP e do BE são iguais, que perfilham os mesmos princípios. Deduz-se que, para Carreiras, as ideologias e os motivos porque cada um defende certos objetivos não interessam porque alinha com a nova estratégia do PSD renunciar o que anteriormente defendia.
Podemos dizer que Carreira utiliza a mesma tática de Salazar e de Trump, difamar quem se lhe opõe compondo letras para canções com estribilhos plenos de bolor. Quem ler o artiguinho de Carlos Carreiras, se não pertencer ao seu grupo, poderá considerar à semelhança do que fez Garcia Pereira ao deputado do PTP se não mereceria também um processinho já que mais não fosse para chatear.
Carreiras, injuria aqueles a quem, ainda há bem pouco tempo o PSD se colou, no caso da TSU, preparando-se, mais uma vez, agora no caso da Carris da cidade de Lisboa, para, negando os seus princípios, votar ao lado dos da extrema-esquerda, os que ele denomina de “virgens do estalinismo e do neomarxismo”.
É como no futebol, quando se perde a culpa dos falhanços é sempre do árbitro. Temos pena!
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