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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Não sei se por ter sido influenciado pelo que se passou este último fim de semana na Grécia veio-me à memória o escritor Honoré Balzac que, redutoramente, tem sido conhecido como um escritor de costumes da burguesia francesa do século XIX. Foi a partir de algumas das personagens daquele escritor que surgiu designação do termo "balzaquianas".
Os seus romances caracterizam a organização social e económica duma sociedade corrompida pelo dinheiro. Os seus escritos e romances que criticavam no século XIX uma sociedade cujos valores políticos e sociais se degradavam, continuam atuais no século XXI. "O Pai Goriot" escrito em 1835 é bem prova disso ao revelar o pensamento social de uma época.
Balzac é uma fonte de informação para conhecer como era a economia na sua época com a exatidão dos números do quadro social que desenha, nomeadamente no que se refere à estrutura dos rendimentos e dos patrimónios em vigor em França no século XIX.
"O pai Goriot", desnuda uma sociedade fascinada por poder e dinheiro, binómio que atropela ilusões e destrói famílias. Pode ver-se isso, nomeadamente na passagem da narrativa em que o personagem Vautrin alerta o jovem de Direito, Rastignac, para o combate societal afirmando que a honestidade não serve para nada, que a corrupção domina, e que apenas dois tipos humanos podem esperar vencê-lo. Diz ele em determinada altura "É preciso penetrar nessa massa humana, como um projétil de canhão, ou insinuar-se no meio dela como uma peste. A honestidade não serve para nada. Todos se curvam ao poder do génio; odeiam-no, tratam de caluniá-lo, porque ele recebe sem partilhar; mas curvam-se, se ele persiste. Numa palavra, adoram-no de joelhos quando não o podem enterrar na lama. A corrupção representa uma força, porque o talento é raro. Assim, como a corrupção é a alma da mediocridade que abunda, você sentirá a sua picada por toda parte.".
Isto não é mais do que uma introdução à atual problemática das desigualdades que se pode traduzir nas seguintes dimensões: desigualdades nos rendimentos do trabalho, desigualdade da propriedade do capital e dos rendimentos por eles gerados (sem o consequente reinvestimento na economia) e o elo de ligação entre estas duas dimensões.
Naquela época, mesmo em Portugal, os estudos e o trabalho não permitiam alcançar o mesmo desafogo que era assegurado pela herança e pelos rendimentos do património, daí a frase que ainda hoje se diz que fulano de tal "tem berço e que aqueloutro "não tem berço". Hoje em dia o problema já não se coloca da mesma forma mas as desigualdades entre capital e trabalho aumentam e agravam-se dia a dia.
O que vigora em Portugal e noutros países para o alcance fascinante do dinheiro são os compadrios, a corrupção, os favores, os serviços prestados a troco de muitos milhões, e até por menos, a fuga aos impostos pela alta finança, ligações entre o poder políticos e o poder económico e financeiro que, muitas das vezes, se sobrepõem aos interesses do próprio Estado, tentativas de pedido de proteção de privados a altas figuras da hierarquia do Estado, a subserviência com que alguns sobrepõem interesses alheios aos povos que governam, agredindo-os por interesses pessoais, justiça que é madrasta para alguns mas mãe protetora para outros, etc..
Provar o que digo? Quem o quiser confirmar basta consultar os jornais de uma ou duas décadas porque nós por aqui podemos considerar que estamos no domínio dos romances de ficção e em estado de negação.
Em caso de doença quem nos vale se o próprio Serviço Nacional de Saúde foi atacado por um vírus que lhe provocou uma doença física e moral que o conduzirá, certamente, à morte. Vejam-se as notícias que têm vindo a público pelos órgãos de comunicação social sobre os hospitais e as urgências.
O Ministro da Saúde e em alternância o seu Secretário de Estado Adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, têm vindo às televisões, com o seu bla…, bla…, costumeiro, acalmar as gentes ansiosas sobre o que se passa nos hospitais onde, em vez de se procurar a cura passaram a ser locais de expectativas negativas sobre o que lhes poderá acontecer se o pior não for a morte.
Por mais confiança que queiram transmitir à população quem passa pelas urgências dos hospitais ou por uma hospitalização por questões de saúde não trará com certeza boas notícias e poderá nem sair curado da doença, antes pelo contrário, poderá vir até a morrer da cura, coisa que, a acontecer, nunca será provado.
Dizem então os responsáveis máximos pela saúde em Portugal, cada um à sua vez, para quem se sentir doente não recorrer às urgências dos hospitais e, acrescentam, a culpa da sobrelotação dos hospitais é dos utentes que, por tudo e por nada, recorrem às urgências hospitalares (dizem-no, é claro, por outras palavas). Como se as pessoas gostassem de andar por esses hospitais a passar tempo sem necessidade disso. Ficavam em casa e pronto! Ou, então, automedicavam-se com mezinhas e sempre poupavam uns dinheiritos ao Estado para o qual contribuem com os impostos, conduzindo ao agravamento do seu problema de saúde.
Face ao facto do que se passa nas urgência e para aliviar a sobrecarga das mesmas aconselham então os doentes a recorrerem ao atendimento nos centros de saúde que, dizem eles, passarão a estar abertos mais tempo.
Ou o ministro Paulo Macedo não sabe do que está a falar, ou o informam mal ou está deliberadamente a fazer de parvos os utentes destes centros. Além do mais é evidente que o senhor ministro não utiliza estes serviços pois tem recursos para ter a sua medicina privada. Gostaríamos de o ver a marcar uma urgência num daqueles centro de saúde levantando-se às cinco da manhã para estar à porta do centro às seis, onde já se encontra uma fila de gente à esperar que o centro abra às oito para, no final, correr o risco de as cinco ou oito consultas de urgência que o médico tem livres, já estejam preenchidas quando chegar a sua vez. Isto no inverno, com chuva e frio e com uma camada de febre em cima.
Se o senhor ministro e o seu secretário de estado adjunto tivessem que recorrer a estes serviços talvez pusessem em primeiro lugar as pessoas à frente das deias do seu partido e do Governo de que fazem parte.
Um ministro e um secretário de estado politicamente honestos que gerissem serviços como os da saúde, de importância vital para as populações, que não tivessem condições para o exercício das suas funções que colocassem acima dos interesses pessoais, partidários e de governo demitiam-se. Portanto, não venham alguns comentadores falar da competência do ministro da saúde lançando as culpas para outro ministério que lhes impõe essas medidas. Quando não se têm condições para exercer com competência uma função pública essencial para as pessoas não se exerce.
Na saúde (e também noutro serviço públicos) os interesses políticos e partidários, seja lá outros que forem, não podem sobrepor-se aos interesses das pessoas, salvo risco de se cair no ridículo ao dizer-se, como já o foi, embora noutro contexto que o Serviço Nacional de Saúde está melhor, as pessoas é que estão pior.
Imagens de: www.humortadela.com.br
Não alinho com os partidos radicais de esquerda como o Syriza, se é que ainda há radicalismo no Syriza. Todavia, vejo com agrado a coragem do povo grego ao votar sem medo apesar de chantagens e pressões dos poderes oligárquicos da europa. Para além destes também jornalistas e comentadores de alguns órgãos de comunicação diabolizaram e diabolizam até à exaustão aquele partido Grego porque sabem que o estigma de radical de esquerda ainda assusta, como se ainda estivéssemos em meados do século passado.
Foi um facto incontestável os Gregos venceram o medo e disseram não à submissão e às pressões vindas de oligarquias europeias e à austeridade como castigo infernal imposto por pecados cometidos. Disseram não apesar de saberem que isso lhes poderá trazer, ou não, ainda mais sacrifícios que, com certeza, não serão piores do que aqueles que já enfrentam.
Tiveram coragem de mostrar que não têm medo nem dos mercados, nem de ameaças, nem de chantagens. Mostraram à europa e ao mundo que a indiferença, o alheamento e o desinteresse não são armas de luta política mas sim canais para uma cada vez maior submissão. Mostraram que em democracia a escolha é feita pelos povos e que não é imposta de fora.
A coligação do Syriza com o partido nacionalista aparenta ser contra natura. Sê-lo-á em muitos pontos, mas não tão importantes como aqueles onde há convergência que são de emergência e interesse nacional e de defessa do povo grego que se colocam neste momento à Grécia.
Paul Krugman, economista norte-americano escreve hoje no New Yorque Times que o novo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, "está a ser muito mais realista do que os oficiais" que querem continuar com a austeridade e defendeu que "o resto da Europa devia dar-lhe uma hipótese para acabar com o pesadelo que o seu país vive".
Embora a nossa situação não seja idêntica, nós, portugueses, deveríamos aprender a lição que a Grécia nos dá. Há um ditado popular que diz "quanto mais te baixas mais o traseiro se te vê". É isto que Passos tem feito, levar Portugal a ser servo face à Alemanha da frau Merkel e não um parceiro na discussão de alternativas. Há um germanismo que emana de Passos Coelho, do seu Governo e dos que com eles alinham que vivem num Portugal virtual que apenas existe na sua imaginação.
As direitas, as direitinhas e os direitões, assim como os centros, os centrinhos e os centrões andam muito eufóricos (forma de esconder a sua preocupação) com os resultado eleitorais na Grécia fazendo passar a mensagem do seu futuro falhanço, fazendo disso a sua própria vitória.
Aquelas aves agoirentas divertem-se gozando com o povo grego, desejando subconscientemente a sua desgraça por se atreverem a rumar contra a corrente vigente seguidista da senhora Merkel que tem provado o seu falhanço mas que o quer ocultar.
Por aqui se pode ver a indigência sectarista desta gente que colocam à frente, quando lhes interessa, a ideologia e os interesses, não do interesse nacional e do povo que dizem defender, mas o de poderem ficar nas boas graças da Alemanha nos corredores de Bruxelas.
Passos Coelho, mais uma vez, tentou deturpar o sentido das suas afirmações e mentiu ao afirmar que nunca tinha sido contrário à intervenção do BCE quando foi questionado sobre a medida anunciada por Mario Draghi para estimular a economia europeia nomeadamente através da compra de dívida. O primeiro-ministro não manifestou muito interesse nem deu muito relevo ao cas. Ora a verdade é que o primeiro-ministro disse esta sexta-feira que é "bem-vinda" a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de comprar dívida pública e que espera que ela "seja tão eficaz quanto se deseja".
Contudo, a 16 de Maio de 2014, Passos Coelho tinha dito em entrevista à CNBC, afirmou na altura da saída da troika, que apesar do importante papel do Banco Central Europeu (BCE), “não era partidário de um mandato diferente” para esta instituição, que “contribuiu para a frágil, mas ainda assim recuperação na Europa”.
Explicou que discordava da compra de obrigações: “Este tipo de política não é normal para o BCE, que já dispõe, por exemplo, de mecanismos de intervenção para evitar a fragmentação financeira”.
À semelhança dos partidos do Governo que aproveitam sempre a oportunidade para recuarem ao passado também é agora a nossa vez de recordar o que em junho de 2012, no Parlamento, em resposta ao então líder do PS António José Seguro, Passos Coelho disse ao opor-se à compra de dívida por parte do BCE e explicava também porquê.
Leia-se o que ele disse naquela data na Assembleia da República:
Em síntese:
“Se o senhor deputado entende que o BCE deve atuar em mercado secundário com programas mais intensos de compra de títulos de dívida soberana dos diversos países; se é isto que o senhor deputado entende deixe-me dizer-lhe: não concordo e não preciso de pedir licença a ninguém - nem em Portugal, nem na Europa – para lhe dizer aquilo que penso. Não aceito essa visão porque em primeiro lugar não cabe ao BCE em circunstância nenhuma exercer um papel de monetização dos défices europeus”
Segundo o jornal Público, no seu editorial, também mostra que há menos de um ano, no Parlamento, o primeiro-ministro disse no Parlamento que seria "errado" o BCE comprar dívida pública o que seria "impossível, inconcebível"…
Por sua vez os partidos da coligação, ainda segundo o jornal Público, "não se manifestaram muito efusivamente com a iniciativa de Mario Draghi nem ao menos a ideia de poderem vir a potenciar os seus efeitos benéficos sobre a vida dos portugueses".
Como é sabido Angela Merkel não é nem nunca foi favorável a esta decisão de Mario Draghi e continua a dizer que as políticas até agora seguidas foram e continuarão a ser as melhores, ideias que são seguidas com rigor e submissão por Passos Coelho ao posicionamento da Alemanha contra estas medidas que designam intrusivas, e, pelos vistos, também, pelos grupos parlamentares da maioria.
Há um germanismo político seguidista e subserviente pelo primeiro-ministro, pelo seu Governo e pela maioria que o sustenta preferindo submeter Portugal em vez de o defender.
Nas próximas eleições também deveremos ter isso em conta.
Entrando em ano de eleições o Governo, isto é, o PSD e o CDS, vão distribuindo aqui e ali uns grãos de qualquer coisinha com o intuito de captar votos de alguns portugueses ainda desatentos. Eles sabem, os partidos da maioria sabem, que, se forem governo no próximo ano, vão retirar com subtileza aquilo que anteriormente deram. Por outro lado, prometem para 2016 o que, como eles bem sabem, não ser possível cumprir a curto prazo por qualquer que seja o partido que ganhe as eleições.
Como é possível que alguém ainda confie naqueles dois partidos, quando um Secretário de Estado do PSD e um Ministro do CDS, o da economia, em declarações mais do que revanchista tentaram discriminar trabalhadores (caso da TAP) com tal descaramento que obrigaram o primeiro-ministro a desmentir de forma mais ou menos suavizada declarações que tinham sido mais do que claras.
Claro que Paulo Portas, "a bailarina acrobática", veio também em socorro do seu ministro tentar enganar e baralhar quem o ouvisse dizendo que o afirmado por Pires de Lima era perfeitamente claro. Dizemos nós: ah! Lá isso foi…, foi!…
Pires de Lima, mesmo antes de ser ministro, já era useiro e vezeiro em iludir e persuadir, com opiniões distorcidas, quem o escuta. A credibilidade que ele tentou fazer passar junto da opinião pública esvaiu-se no mar das contradições. O ministro passou a ser, se já não o era, uma figura de estilo do CDS/PP no Governo servindo apenas para continuar a compor um ramalhete cujas flores secam a cada dia que passa.
Ainda se lembram da saída da "zona de conforto" e do empreendedorismo lançada por Passos Coelho? Neste momento de pré-campanha eleitoral é bom recordar e satirizar.
Como declaração de intenções digo que não tenho nada contra os que criam emprego, empreendedores e empresários competentes com sentido social. Bem pelo contrário. Eu próprio poderia ter sido um, mas apercebi-me que era melhor não fazer figuras tristes e cair no ridículo. Assim, achei preferível fazer essas figuras escrevendo pois não estarei só, e o prejuízo que daqui advém é exasperar a paciência de quem se dignar ler-me.
O desejo, de vácua realidade, de Passos Coelho de querer fazer de cada desempregado um empresário empreendedor, e também a de alguns dos seus ministros que indo mais longe propuseram em tempo a criação duma disciplina transversal de empreendedorismo no currículo das escolas, poderia ser traduzido mais ou menos assim:
- Tu aí pá! Não tens emprego e queres trabalho? Não consegues uma colocação? Então não fiques na tua zona de conforto, sê empreendedor!
Para quê fomentar e dar condições às empresas privadas para criação de postos de trabalho quando os desempregados podem ser empresários de sucesso. Se há mais de setecentos mil desempregados poderia haver o mesmo número de empreendedores, eles é que não querem. Poderíamos acabar assim com o desemprego. Quem trabalharia depois?
O Estado passou a ser cada vez mais uma agência temporária de empregos e a porta de entrada para alguns na zona de conforto. Muitos dos jotas do PSD e do CDS (e também de outros!) que se encontram metidos nos gabinetes da função pública fazendo sabe-se lá o quê (também os há no parlamento), assessores muitos deles “cunhados” e incompetentes deveriam fazer o mesmo, desamparar a loja do Estado onde recebem ordenados elevados, de duvidoso merecimento, pagos com os nossos impostos. Saiam da vossa zona de conforto sejam empreendedores e larguem o tacho.
Voltam a andar por aí alguns dos especialistas da nossa praça a meter a colherada na demografia fazendo análises enviesadas e alarmistas sobre demografia e sustentabilidade da segurança social no sentido exclusivo dos interesses privados, provavelmente movidos e inspirados pelas últimas novidades das leituras que efetuaram de documentos produzidos sem rigor e critério científico apenas conducentes para o efeito pretendido.
Um bom exemplo da manipulação da opinião pública por interesses privados conduzida pela atratividade dos milhões que entram na segurança social, resumiu-se numa entrevista dada na passada semana pelo senhor Seixas Vale, presidente da Associação Portuguesa de Seguradoras. Percebemos bem porquê. Veja-se apenas um exemplo da linha de pensamento de Seixas Vale que ataca nesta matéria o Estado como concorrente desleal do privado: "No que se refere aos PPR lamenta a concorrência desleal do Estado que com produtos idênticos (Certificados de aforo, certificados do tesouro e certificados de reforma) não está sujeito às mesmas regras de controlo e supervisão.". Claro que faz esta afirmação aceitando como provável que o Estado possa falir como qualquer empresa. Compara o incomparável.
Pretendem mostrar preocupação pelo fraco crescimento demográfico, pelo envelhecimento da população e pelo aumento da esperança de vida, como se isso fosse uma peste a combater. Afirmam que é um grave problema, e é-o de facto se não se utilizarem políticas sociais e de trabalho que estimulem a reposição de efetivos. Dito de outra forma quer dizer que, se a população não crescer a um ritmo superior ao atual e se a legislação laboral não contribuir com a sua parte o problema poderá agravar-se no espaço de uma a duas décadas.
Como é do senso comum o crescimento demográfico decorre da natalidade, em ciência demográfica depende também de outras variáveis. Variações, por mais pequenas que sejam, no número de filhos que uns e outros decidem ou não ter podem provocar efeitos consideráveis em toda uma sociedade. Escolhas de natalidade, isto é, a pretensão de ter filhos, são imprevisíveis porque dependem de considerações culturais, económicas, conciliação entre a vida familiar e a vida profissional e psicológicas relacionadas com os objetivos de vida que os sujeitos escolhem à partida, entre outras variáveis. Tão importantes são também os fluxos migratórios e as condições materiais que os governos dos países decidem ou não criar para conciliar a vida familiar e profissional como escolas, creches, igualdade entre os sexos. São estas as questões que devem ter lugar nos debates e nas políticas públicas sobre demografia no século XXI e não debates restritivos que pretendem prepara a opinião pública para a captação de capitais para o privado e desviar dinheiros públicos provenientes dos descontos (de empresas e de trabalhadores) para outras finalidades.
Sistemas mistos como existem em alguns países, embora testados, podem ser impraticáveis noutros, pois dependem de fatores culturais e de sistemas de controlo.
Como já referi o que está subjacente no discurso destes especialistas alarmistas é a possível captação de verbas alternativas aos descontos para a segurança social para consócios privados, bancos e seguradoras, cujas poupanças prometem rentabilizar para as futuras reformas mas que, ao fim de 30 e tal anos de poupança, se entretanto não entrarem em insolvência premeditada ou não, o resultado traduzir-se-á em três ou quatro centenas de euros se for ainda esta a nossa moeda. E caso venha a acontecer, como exemplo os recentes caso do BES e outros anteriores como o BPP e BNP, como ficariam as poupanças para essa tais reformas no fim da vida ativa? Não me venham falar de fundos de reserva ou outros mecanismos de salvaguarda porque, como se tem comprovado, nada é certo, e o que é hoje poderá já não ser amanhã.
Lançar a discussão sobre este tema é necessário e obrigatório no sentido de se poder, em relação ao futuro, tomar medidas com antecipação suficiente e não à pressa e em cima do joelho por sujeitos que poderíamos considerar abrangidos pelo "Princípio de Peter". No que reporta a debate sobre o tema penso, estamos todos de acordo. Mas não há uma varinha mágica para fazer crescer a população. O estímulo à natalidade não é suficiente, há que incentivar o investimento, sobretudo o privado e a criação de emprego porque não basta a população crescer enquanto o investimento e as ofertas de trabalho forem apenas pontuais ou residuais, daí a necessidade de políticas a médio prazo.
Há uma hipócrita tentativa de preocupação com as gerações futuras. Não esqueçamos que os agora são velhos também já foram, no passado, a chamada geração futura.
O que se pretende de facto com análises falaciosas é a de fazer divergir a discussão sobre a essência da questão demográfica para uma outra: a de fazer incidir sobre a população empregada com mais de 45 anos e sobre a envelhecida já fora do ativo a causa de todos os males como o despesismo orçamental, o aumento de impostos, a dívida, o défice, o ajustamento, o desemprego dos jovens, a consolidação orçamental, a não reforma do Estado como tem sido várias vezes afirmado. Todos são culpados menos a inépcia deste Governo.
É àqueles que se pretende cobrar a despesa do Estado penalizando-os e fazendo-os abandonar os seus postos de trabalho para darem lugar aos mais jovens que ocuparão os seus lugares a título precário ao mesmo tempo que a outros se reduzem pensões e reformas de forma substancial e se acusa o Tribunal Constitucional de tal impedimento e de causar a insustentabilidade do sistema. Sobre este tema será aconselhável a leitura "A Segurança Social é Sustentável, Trabalho, Estado e Segurança Social em Portugal" de Raquel Varela.
Os pregadores do Governo passam o tempo a impingir a ideia de que devemos salvaguardar e pensar nas gerações futuras (conceito abstrato) e que, por isso, devemos sacrificar-nos por elas e as atuais que se "lixem". Isto é simplesmente absurdo e revela pequenez de espírito.
Este discurso foi estreado por esta direita que tomou o poder em Portugal com objetivos divisionistas entre gerações.
As gerações futuras, as tais que hão de vir, irão ouvir dizer o mesmo em nome das que, por sua vez, serão as próximas futuras gerações. É como se alguém, vivendo na incerteza do presente, resolvesse casar sem ainda ter a certeza se arranjava parceiro(a) e decidisse, sem criar as condições para tal, hipotecar-se no presente a comprar uma casa grande, roupas e carrinho para bebé, reservar lugar numa creche e posteriormente numa escola. Sacrificava o seu presente a um futuro incerto e do qual desconhecia a evolução tendo em conta unicamente a probabilidade de um dia acontecer imutavelmente tudo na sua vida conforme o momento presente, como se nada se pudesse modificar até lá.
Pensar a prazo neste âmbito é estudar desde já a criação de condições que garantam o sistema prevendo e antecipando cenários de sustentabilidade passíveis de entrar em vigor no prazo duma década possibilitando a todos quanto deixem de ficar no ativo nessa altura a possibilidade de saber com o que podem contar.
Ironizando, pode admitir-se a hipótese absurda de pedir aos descendentes dos pensionistas que faleceram nos últimos dez anos ou mais a reposição de parte do valor das reformas que os seus ascendentes receberam até ao momento da sua morte para salvaguardar a sustentabilidade do sistema sempre a pensar nos seus futuros descendentes.
A europa atravessa tendências radicais nos países que vão a eleições este ano, daí a aflição de alguns setores europeus, nomeadamente da Alemanha de Merkel e do seu ministro das finanças Schäuble que inauguraram as pressões e a chantagem sobre a Grécia, face às previsões das próximas eleições de janeiro coadjuvados pelo assustado Holland e outros. Antecipam as maiores desgraças, anteveem a catástrofes, obrigam a condições, ameaçam com sanções, chantageiam e atemorizando os povos. Fazem reinar o medo. Aliás, parece ser esta a política seguida na União Europeia com a Alemanha a comandar o que, a nós, portugueses, já não é estranho porque Passos Coelho também utilizou e ainda utiliza o método da chantagem e do medo não apenas relativo ao passado com projeção no futuro.
A possibilidade do Syriza, partido da esquerda radical da Grécia, poder vir a ganhar as eleições assim como o Podemos em Espanha poder obter um grande votação põe a direita europeia nervosa. Esta é a grande preocupação da Alemanha e de outros países lacaios que vêm a democracia como válida apenas e só se os partidos que eles entendem ganharem as eleições. Caso isso não suceda apontam a povos soberanos a arma do medo.
A democracia passará a estar em perigo na Europa se aceitarmos que, em eleições livres, devam ganhar apenas os partidos que outros achem devam ganhar.
Veremos se a mesma atitude, face aos partidos extremistas da direita de Marine le Pen em França, se levantarão vozes ameaçadoras na Europa caso a tendência, em altura própria, seja a de poder vir a ganhar eleições.
Os disparates de responsáveis políticos têm proliferado por aí, os meus também, mas tenho desculpa porque não desempenho qualquer função política nem exerço qualquer cargo nessa área, pelo menos até ver… Nunca digas desta água não beberei.
Comentando o hediondo crime praticado em Paris perpetrado por assassinos a soldo de "seitas" que dizem praticar ideais muçulmanos que, neste e noutros casos de impulso jihadista ou semelhante, revelam são ser mais do que assassínios.
A este propósito veio uma deputada europeia do PS, Ana Gomes, afirmar no Twitter que "o terrorismo é um dos resultados da austeridade". Criando polémica, esta afirmação veio logo a ser por ela "explicada" tentando justificar o injustificável.
Apenas lhe faltou associar a austeridade à criação de um pseudo estado islâmico (EIIL-Estado Islâmico do Iraque e do Levante) e do seu líder califa Abu Bakr al-Baghdadi que veio ressuscitar a idade média dos califados, e, já agora ao que se está a passar no Iraque e na Síria.
O disparate não paga imposto mas devia, e bem alto.
¿Por qué no te callas
O discurso de ano Novo do Presidente da República foi um discurso de banalidades conhecidas propagadas pela propaganda do Governo às quais, como sempre, se atrelou.
Foi um discurso de um Presidente da República acabado e sem nada de novo para dizer ao país. Nada de novo a não ser a parcialidade, a falta de independência e a traição aos compromissos assumidos para com o povo português.
Centrado nas eleições fez campanha eleitoral velada contra o PS. Para ele talvez fosse melhor não haver eleições, pois então!
Se por um lado afirma que "os partidos políticos são essenciais para a qualidade da democracia e para a expressão do pluralismo de opiniões", por outro apela a que os partidos abdiquem dos seus programas e dos seus projetos ao dizer que "Não é só no dia a seguir às eleições que se constroem soluções governativas estáveis, sólidas e consistentes…". Será que são soluções pré-eleitorais semelhantes à de partido único com alinhamento absoluto com os partidos do Governo conduzindo a uma oposição despicienda?
Avisa, implicitamente, que, se a direita não ganha, voltamos ao passado e que a via a seguir é só uma, a do Governo ao dizer que "A economia está a crescer, a competitividade melhorou, o investimento iniciou uma trajetória de recuperação e o desemprego diminuiu." Estes são os argumentos estatísticos apresentados pelo Governo.
Quanto ao desemprego estamos conversados, sabemos bem como foram criados dezenas de milhar de falsos postos de trabalhos para os retirar das estatísticas. Uma coisa é certa, a maior fatia não foi criada pelo investimento privado pois este está estacionário ou, em alguns casos, até diminuiu. Onde estão as medidas que o incentivassem?
O Presidente da República Cavaco Silva ficará para a história como o pior presidente em quem os portugueses votaram. Fazer das eleições de 2015 a parte principal da sua mensagem de Ano Novo não seria o esperado. Parafraseando os bonecos do antigo programa de sátira humorística Contra Informação da RTP, este é mesmo o acabado Silva.
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