Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
A opção deste governo, de eliminar o feriado do 1º de dezembro a partir do próximo ano revela a ignorância e o desprezo pela cultura histórica e política de Portugal e pelo povo português. Não se trata de gozar mais ou menos um feriado num ano, mas o desprezo que estes senhores têm pelo nosso passado histórico, que lhes advém da formação que pagaram em universidades privadas, algumas de duvidosa qualidade e seriedade. Recordo-me, por exemplo, da extinta universidade moderna para não falar de outras que, apesar de terem qualidade pecaram ao oferecer licenciaturas que não deviam, o que levou a que a qualidade do ensino fosse posta em causa por uma condenação pública precipitada, que adveio do oportunismo de alguns deste senhores que nos governam.
Mas isto é revelador da fraca formação que compraram. O dia da restauração de Portugal tem um significado patriótico da restauração da nossa soberania e independência, da então monarquia portuguesa. Não por que eu tenha qualquer simpatia por tal regime político, mas porque o que estava em causa era precisamente a refundação da nossa independência e soberania, coisa que, hoje em dia está cada vez mais nas mãos de terceiros e que se agravou nos dois últimos anos.
Recordo-me, aquando da polémica sobre os feriados a eliminar, de ouvir alguns responsáveis no governo dizerem que este tipo de feriados já não diz nada às atuais gerações. Este argumento apenas confirma o que afirmei anteriormente, ignorância total sobre a nossa história e cultura e a falta de sentido patriótico.
O lamentável é que a ignorância atávica desta nova classe política deve desconhecer que, por exemplo, os Estado Unidos da América festejam com pompa e circunstância o seu dia da independência (Independence Day a 4 de junho). Acham de facto que as gerações atuais dos EUA desconhecem o significado daquela data e que a deixam de festejar? Seria impensável! Mas em Portugal é tudo pensável basta vermos e ouvirmos as entrevistas do primeiro-ministro.
A Alemanha tem um feriado oficial a 3 de outubro 2013 o Tag der Deutschen Einheit (Dia da Unidade Alemã) feriado oficial na Alemanha.
Em França no dia 14 de julho o feriado da Fête National de la France, data revolucionária francesa que se tornou festa nacional, e que é também conhecida como “o Dia da Bastilha" pois foi neste dia que foi tomada a prisão da Bastilha. Será que também aqui as atuais gerações que também não viveram o acontecimento deixaram de festejar este dia? Em Portugal há datas marcantes que são símbolos da nossa história como a Restauração de Portugal, o 5 de Outubro e o 25 de Abril que muitos querem fazer esquecer.
O mais grave é que as imposições vindas do lado da europa do norte, que não têm a mínima noção das tradições e cultura portuguesas são seguidas com reverência, seguidismo e sobreserviência, traindo o país, a sua cultura própria e os nossos princípios e valores sociais, coisas das quia aqueles países nunca abdicam. Passámos a ser uns "paus mandados".
A Restauração da independência que libertou Portugal de sessenta anos de domínio espanhol teve várias causas sendo as seguintes as mais relevantes:
O que atualmente se vê é outro tipo de traições ao povo português por sujeitos sem sentido de estado, nem patriotismo, que ocupam o poder por questões pessoais que têm a ver, sobretudo, com a sua carreira ou, ainda, porque fora dos governos e da política, a maior parte deles não encontra ocupação.
Veja-se este estrato elucidativo do que foi a restauração da soberania portuguesa, extraído da História Concisa de Portugal pelo Prof. Hermano Saraiva:
“A revolta assumiu a forma de uma operação de surpresa sobre o palácio real. Em 1 de Dezembro de 1640, entraram de súbito no paço quarenta fidalgos, forçando as guardas, e procuraram o Secretário de Estado Miguel de Vasconcelos, cuja morte tinha sido previamente decidida. Abateram-no e forçaram a duquesa de Mântua, prima do rei de Espanha e vice-rainha, a escrever ordens para que as guarnições castelhanas do Castelo de S. Jorge e das fortalezas do Tejo se rendessem sem resistência. Só depois de concluído o golpe foi pedida a intervenção do povo. "Às dez horas do dia - havendo uma que o caso acontecera - andavam as mulheres apregoando peixe pelas ruas, fruta e mais coisas de venda, e nas praças e ribeiras [estavam] as padeiras e tendeiras com aquela paz e repouso que pudera haver se o negócio fora uma coisa de pouco mais ou menos...", diz um memorialista que tomara parte no assalto ao terreiro do paço. Todo o País aderiu à revolução, mal teve notícia dela. Algumas centenas de estudantes portugueses da Universidade de Salamanca voltaram para Portugal, para se alistarem nas fileiras. Mas dos numerosos nobres que se encontravam na corte de Madrid, quase todos ficaram ao serviço de Filipe IV.”.
Como é fácil perceber, os tais que se diziam patriotas e com sentido de estado, quando ao serviço do governo dos Filipes, preferiram manter os seus cargos ao serviço de Espanha do que voltar para servir Portugal.
Sobre as analogias que se podem fazer com a atualidade, cada um que faça as suas.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.