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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
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O que este governo propõe é uma austeridade perpétua e continuada que ultrapassa as medidas para redução e contenção do défice que ao longo de um ano não conseguiu. |
A estratégia política e social deste governo foi posta a descoberto com a tentativa, esperemos que falhada, de transferir dinheiro do trabalho para o financiamento das empresas através da taxa social única (TSU) onde, quem fica a ganhar, são as grandes empresas pró-monopolistas de serviços não transacionáveis e não as empresas de bens e serviços transacionáveis. Isto é, as empresas exportadoras que, apesar de desempenharem um papel fundamental com a sua contribuição positiva da balança de pagamentos, não iriam durante muito tempo usufruir daquela vantagem, nem tão pouco iriam induzir significativamente o alargamento do mercado interno pelo crescimento económico pouco significativo para o qual iriam contribuir. Isto é percetível até para quem não é especialista em economia.
Os portugueses, em nome da diminuição do défice que o governo ainda não conseguiu travar, estavam(ão) dispostos a colaborar com a austeridade mas, o que se pretende fazer ultrapassa toda a ética social e política, daí o desacordo de praticamente toda a sociedade civil. Sobre este assunto está publicado online um artigo de opinião de José Gomes Ferreira, da SIC Notícias, que vale bem a pena ser lido.
Esta medida, entre outras que pretendem tomar, já nada tem a ver com a diminuição do défice mas apenas impor um modelo económico neoliberal muito mais radical do que Margarete Tatcher impôs na Inglaterra nos anos oitenta seguindo a mesma linha de Ronald Reagan nos Estados Unidos da América e, mais recentemente, durante o mandato de George W. Bush também nos EUA que consistiu em fazer baixar os impostos aos mais ricos e às grandes empresas, ao mesmo tempo que para os restantes aumentavam os impostos a todos os níveis e as contribuições sobre rendimentos do trabalho.
Este PSD, que nada em a ver com quele em que as pessoas acreditaram durante vários anos, o que pretende é beneficiar uns em prejuízo de outros, isto é, desequilibrar os pratos da balança que, diga-se, já estava bastante desequilibrada. Para além de uma falta de sensibilidade política e social parece existir uma aversão a todos os estratos das classes médias e trabalhadoras sustentáculos da maioria das pequenas e médias empresas que pretendem sacrificar até à exaustão, de modo a que se efetue uma transferência para outras mãos de tudo o que obtiveram, ao longo dos anos, com trabalho, alguma poupança, salários, pequenas propriedades, e outro bens. Daí o grito dado nas manifestações do “queremos as nossas vidas!”. Se as empresas e famílias se endividaram foi porque, quem nos tem governado ao longo dos anos ajudou a fomentar, com o apoio dos bancos, para esse endividamento. E todos aqueles que enriqueceram, desde o tempo de Cavaco Silva, através dos fundos estruturais, a maior parte das vezes utilizados indiscriminadamente e sem controlo não terão contribuído para o descalabro com que agora nos confrontamos? Onde se encontram agora muitas dessas empresas que abriram para receberem as ajudas europeias?
Temos também agora o sr. ministro da administração interna que tem feito discretamente algum bom trabalho, dizer que Portugal não pode ser «um país de muitas cigarras e poucas formigas». Gostaríamos de saber se ele se está a referir às centenas de milhares de cidadão que têm vindo a protestar nas últimas semanas contra as medidas exageradas de austeridade que, até agora, em nada vieram contribuir para a diminuição do défice. Claro que depois deu uma desculpa esfarrapada que já não convenceu ninguém.
Este governo nunca explicitou, de acordo com a sua ótica o que eram medidas estruturais que, pelos vistos, são apenas tomadas para o lado do trabalho Quanto a outras medidas estruturais fica-se pelo silêncio. Está mais que visto que, o que este governo propõe, é uma austeridade perpétua e continuada que ultrapassa as medidas necessária para a redução e contenção do défice.
Quanto mais empobrecido vai ficando um povo e a diferença entre os ricos e pobres se vai salientando tanto mais se manifesta a sua capacidade de manifestação e de revolta. Não é por acaso que a repressão e a ditadura são uma constante em países onde a pobreza e a riqueza extremas são manifestas.
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