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Os virulentos

por Manuel_AR, em 08.04.20

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A TVI24 lançou para o ar no dia 6 do corrente no noticiário das 14 horas uma peça com laivos de falso humor com um cheiro a denegrir partidos, Governo e Presidência da República. Numa altura em que todos devemos estar unidos, apesar de não unanimistas, e confiar nas instituições nacionais a peça da autoria de um tal Victor Moura Pinto tenta denegrir a imagem de tudo o que são instituições democráticas.

A peça cujo autor deve achar-se muito engraçadinho, mas que eu considero ser um falso humorista, achincalha, neste momento de aflição, aqueles em quem, pelo menos por agora, devemos confiar, mesmo que com algumas falhas ou enganos, para que possamos lutar juntos contra esta peste do século XXI que nos destrói e à economia. Duvido que o momento escolhido para a ida para o ar fosse o mais conveniente.

Não devemos ficar sorumbáticos, mas um pouco de contenção às motivações políticas e talvez até ideológicas do seu autor não pecaria por excesso. A peça tem, para além de comentários pouco convenientes para o momento, um fundo musical e a letra de um grupo qualquer que assenta sobre mentira e que, no contexto da peça, insinua e impulsiona ao descrédito pelas pessoas e pelas instituições.

A peça não só pela sua extensão, mas também pela seleção de muitas das imagens que foram rebuscadas de reportagens sobre outros temas não são representativas do atual momento e que, do meu ponto de vista, é detestável para não utilizar um vocábulo mais forte.

O Sr. Victor Moura Pinto até pode ser um grande jornalista e um grande professor, mas na tentativa de fazer humor com a descredibilização das instituições, não me parece nada pedagógico para o momento que se atravessa.

E, para terminar, não é nas televisões que estes engraçadinhos, proliferam também pelas redes sociais os mentirosos de gema, produtores de notícias, mas também os engraçadinhos virulentos.  

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publicado às 18:49

No meio do nada encontra-se o PSD

por Manuel_AR, em 18.12.17

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No programa “Poder Laranja” do último sábado, moderado por Constança Cunha e Sá, foram convidados Feliciano Barreiras Duarte apoiante do Rui Rio, Duarte Marques apoiante de Santana Lopes, António Leitão Amaro sem candidato assumido e Sebastião Bugalho jornalista do jornal i.

Todos eles são militantes ou simpatizantes do PSD. O debate foi um vazio total de ideias, propostas e programas o que já seria de esperar especialmente por parte do apoiante de Santana Lopes. O apoiante de Rui Rio foi o que melhor defendeu a candidatura.

Em vez da defesa das candidaturas e da apresentação das propostas dos candidatos refugiaram-se no ataque ao Governo socialista com argumentos estafados e já por demais utilizados por Passo Coelho, não faltando até a evocação de Sócrates. Mais pareceu um debate sobre a defesa do ainda atual líder e o ataque ao Governo do que a defesa das próprias candidaturas.

A pobreza argumentativa foi evidente centrada na questão da identidade   e na posição do partido dentro do espetro partidário. Não se pode desejar que o PSD seja igual ao partido socialista dizia o apoiante de Santana. Dizia o apoiante de Rui Rio que havia que regressar às origens do partido, a social-democracia. Defendiam-se outros dizendo que o PSD não é de direita, mas do centro-direita ou de centro. No final não se ficou a saber qual é o espetro ideológico do partido. Mas a ideologia não interessa aos portugueses nada lhes diz, como disse o apoiante de Santana, o que querem ver é factos concretos. Já vimos e bastante no passado e o que prometiam para o futuro, diria eu!

Parece que, segundo se pode deduzir pelo debate, ao PSD nada interessa nem sequer a ideologia. A ser assim não se percebe ao que vão nem o que pretendem.

Parece que, segundo eles, lá para a semana vai sair um programa. Como já disse Santana Lopes numa entrevista ainda não há projeto, mas está tudo na minha cabeça.

Apesar de eu já ter escrito várias vezes que o PSD abandonou a sua matriz social-democrata acantonando-se na corrente neoliberal, coisa que refutaram alguns dos presentes no debate. De cada vez que os oiço falar mais me convenço de que não há volta a dar ao PSD, afinal não é social-democrata e não tem vontade de o ser, então, sem dúvida, é um partido de direita e com alguns laivos radicais e populistas que foram nascendo.

Foi um debate de nada, e sobre nada, um vazio total. Quem não estava esclarecido ou tinha dúvidas como eu ainda ficou pior.

Todavia Rui Rio é o único que se afasta um pouco da linha dos outros jovenzinhos que vieram da JSD, agora bem instalados no partido e com cargos políticos que vêm a público dizer balelas ou cantando o refrão do que ouvem por aí. Para mim, uma coisa ficou clara: o apoiante da candidatura de Santana Lopes e Leitão Amaro tentaram fugir ao rótulo de direita que, segundo dizem, lhes foi colocado pela esquerda. Ficámos sem saber no final e apesar de o negarem se não são de direita então o que são afinal…

Hoje a candidatura de Santana Lopes anunciou o seu programa que já tinha dito estar apenas na sua cabeça ao mesmo tempo que um dos elementos que o apoia invoca Deus para vir em seu auxílio ao dizer numa reunião que Santana “graças a Deus vai ser eleito”. É a primeira vez que em política se recorre claramente à religião como fonte aliciadora de almas simples e sãs para uma causa deveria ser estritamente laica.

Não é novidade que a igreja tenta em época de eleições influenciar eleitorado católico para a direita durante as homilias, o inverso para mim é novidade e, tanto mais, que chega já às raias do populismo de baixa ética. Invocar o nome de Deus em vão misturando-o com causas políticas parece ser a transformação duma candidatura dum político que mais parece ser a de uma espécie de seita religiosa.

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publicado às 15:42

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Após estas últimas eleições no seio das direções de informação começaram a perfilar-se novas composições na área do comentário político. A estreia foi iniciada com a TVI. O comentário político que José Miguel Júdice fazia às terças à noite na TVI24 passa a ser agora às segundas feiras no jornal da oito da TVI. Não é por acaso porque neste canal, e a àquela hora, apanha mais audiência a nível nacional. A TVI convidou Miguel Júdice, que andava há alguns anos afastado, para comentador algum tempo após o acordo parlamentar do PS com o PCP e o BE.

Como já várias vezes tenho escrito os comentadores de direita proliferam pelos canais de televisão falando com isenção duvidosa. Basta ver o perfil de Júdice para se compreender esta mudança. Anti esquerda convicto e com ódio às esquerdas mais radicais, talvez porque foram elas que ajudaram a apagar do mapa político português a influência da extrema direita.

Quem consultar documentos da época da revolução do 25 de abril ficará a saber que Júdice, embora não diretamente, esteve envolvido em conspirações antidemocráticas, com gente e partidos da extrema direita no norte do país que arquitetaram a rede bombista de 1976 causando a morte a várias pessoas. A história fará recordar aos mais novos a constituição do ELP (Exército de Libertação de Portugal) e do MDLP (Movimento Democrático de Libertação de Portugal), o primeiro mais militar do que político. O MDLP, a 17 de fevereiro de 1975, ensaiou um golpe de Estado. A 5 de maio de 1975 era oficialmente constituído o MDLP, uma força política de extrema-direita ficando a área da Política ao cuidado de José Miguel Júdice, na altura saudosista assumido do salazarismo. Em princípios de 1980, José Miguel Júdice aderiu ao PPD hoje PSD, onde militou. Em 2006 desfiliou-se do PSD e apoiou a candidatura de Cavaco Silva a Presidente da República. Em 2007 aceitou ser mandatário da candidatura do Partido Socialista, encabeçada por António Costa, à Câmara Municipal de Lisboa.

É agora comentador prime time na TVI. Nada contra, a democracia é assim mesmo, deve dar oportunidades de regeneração e ainda bem. Nada contra. Mas o que também acho é que devem ser dadas oportunidades para o contraditório a comentadores de esquerda residentes, que são escassos ou até, em alguns canais, muito incipientes ou disfarçadas em debates, aparecendo só em situações especiais.

Imagem tirada de http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/judice-novo-banco-vai-comprado-pelo-preco-da-uva-mijona-90073

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publicado às 19:55

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Já escrevi várias vezes neste blog que a direita com os seus comentadores e colunistas de opinião que proliferam como cogumelos nas televisões e na imprensa, à falta de substância para fazer oposição, centram-se na infelicidade das catástrofes dos incêndios e em casinhos que vão descobrindo, aqui e ali, para fazer política de cariz partidário obsessivo, oportunista e reles.

Digo direita porque há só uma, igual, sem diferença no que toca a projeto político de governação. porque não o têm e nada têm para oferecer. A direita na sua atuação é una, construiu uma união partidária de interesses com diferenças que esmiuçada nada as distingue. Os seus interesses efetivos são os de captar uns votinhos e nada dizem à maioria dos portugueses. Apostou na destruição do país e não para de a forçar.

Manuel Ferreira Leite no seu comentário semanal na TVI24 já disse. mais do que uma vez. que fica contristada quando se referem ao seu PSD como sendo um partido de direita. Terá sido no passado um partido social democrata, mas já não o é, e não é de agora. Ela ainda vive no sonho de o seu partido não ser de direita, e posiciona-se como não sendo. Nem centro direita já é. A seta laranja, símbolo do partido, inclina-se perigosamente e cada vez mais para a direita se não houver dentro dele quem trave a escalada.

Não sou defensor dos ciganos, para mim são pessoas cuja atuação e cultura desagrada a muitos terão de certo razão para tal porque saem e ultrapassam das regras do sociável onde se inserem rejeitando alguns até a integração social.  Há razões para tal porque a comunidade cigana, não toda, oportunisticamente aproveita tudo o que o estado lhe possa garantir sem dar contrapartida, em alguns casos até trapaceando. Mas isso compete ao Governo detetar e pôr termo com os mecanismos legais que tiver ao seu dispor. Mas não é por isso não deixam de ser pessoas.

Passos Coelho veio a público fazer questão de considerar serem suficientes as explicações dadas pelo seu candidato, isto é, aceitou como boa a reprodução dos mesmos princípios discriminatório dos ciganos com que Ventura se foi enlameando atolando durante a semana, em diferentes tons e com variadas não pelo princípio, mas na forma.

Eis senão quando, André Ventura (que à falta de outro partido com suficiente visibilidade se filiou no PSD, e aqui está, Drª Ferreira Leite, como o partido se transforma) esse jovem debutante que o PSD lançou para a ribalta das autárquicas de Loures saiu-se com outra grande intervenção inspirada e eloquente que parece ter sido tirada das páginas discursivas de ditadores que dominam nos governos totalitários assume que  “se o Governo insistir em não dar à PSP os meios para Loures ser um concelho mais seguro” e não terá “outra hipótese que não criar um exército em Loures”. “A polícia municipal terá que ser um exército de proteção”. A leitura pode ser feita no sentido de “vamos criar milícias populares” e, porque não, uma legião lourense.  A conversa sobre “criar um exército em Loures” com a Polícia Municipal é de uma gravidade sem precedentes para qualquer candidato de um partido que defenda o estado de direito. O autor do despautério que dizem ser professor universitário e até parece que dá umas aulas de direito, sabe certamente disso (será que sabe?) deve estar já a preparar-se para dizer que as suas declarações devem ser só entendidas no sentido figurado ou qualquer outra “treta” do género.

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publicado às 10:16

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Estamos ainda no rescaldo do debate na Assembleia de República sobre o Estado da Nação. No que respeita ao Governo era o que se esperava, enunciado do que fez e do que pretende fazer com umas pinceladas aqui e ali com cores promocionais, o que é natural nas intervenções dos representantes de qualquer governo em democracia.

Se os discursos de Costa, Carlos César, Augusto Santos Silva e ministro da saúde Adalberto Campos Fernando estavam bem estruturados tendo em vista o pretendido, os da oposição de direita com Luís Montenegro do PPD/PSD, Passos Coelho e Assunção Cristas e Telmo Correia do CDS foram os do repete, repete não saindo qualquer novidade que os portugueses pretendessem ouvir a não ser a lamúria costumeira já deteriorada pelo passar do tempo agarrando-se como gato a bofe aos tristes, lamentáveis, mas inesperados acontecimentos do último mês.

Falam, tentando, como de costume, enganar-nos, conotando factos e com eles forjando mentiras fazendo-as passar por verdades. Tal como Telmo Correia transformou opiniões pessoais sobre o que vai vendo e ouvindo, e procura, sem o conseguir, em verdades. Assunção Cristas fez da sua intervenção numa espécie de chá canasta em que amigas falam das últimas sobre política.

“The revolution is not a tea party” é uma frase de Mao Tse Tung que escreveu num ensaio durante a Revolução Cultural Chines que associo à forma como Cristas faz política, como se fosse uma conversinha em encontros de chá canasta. As intervenções da direita mais uma vez nada de novo apresentaram a não ser a lamúria derrotista e costumeira de casos e casinhos. Assunção Cristas do CDS primou pela repetição do que vinha a dizer durante a semana pretendendo mostrar-se como a aguerrida representante duma direita minoritária agitada e barulhenta à qual António Costa soube responder à altura, desmontando com assertividade o seu discurso. Identicamente o fez Carlos César.

Elogio às medidas tomadas pelo Governo, mas ainda poucas, foram coloridos com alguma oposição por parte das intervenções de Jerónimo de Sousa e Cristina Martins   e de alguns outros deputados das bancadas PCP e BE. Era que se esperava.  

Na minha opinião um deslize, inconveniente na oportunidade foi o de António Costa ao pretender apanhar boleia do PCP e do BE sobre o caso dos despedimentos da PT, agora Altice, fazendo referência menos institucionais a uma empresa privada o que posso tomar por um deslize emotivo. Aqui acompanho Passos Coelho, apenas e só quando afirma que "uma perspetiva muito negativa da visão que um primeiro-ministro tem, numa economia social de mercado, do que é a função do Governo"

Finalmente, quem assistiu a todo o debate do Estado da Nação e viu os jornais televisivos foi confrontado com alinhamentos noticiosos do acontecimento através duma seleção que pendiam mais para a direita e menos relevância para as de António Costa. Escolha seletiva favorecedora das intervenções desastrosas da direita, o que foi evidente. Pretenderam assim relevar mais o discurso da direita do que as intervenções relevantes que desmontavam o que era dito. É assim que vai a nossa televisão. E, na TVI24, claro, o comentário do neoliberal, direitista e admirador de Passos Coelho, António Costa eis diretor do Diário Económico, e sem contraditório, mais uma vez.   

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publicado às 19:15

O espelho da direita

por Manuel_AR, em 10.03.17

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Parece-me que a direita continua desvairada pela perda do seu ente querido, o poder. A ela vai-se associando uma extrema-direita que aos poucos vai fazendo ouvir-se através de estratégias de propaganda política da falsidade e calúnias de modo a criar crispações artificiais para fazer constar que a esquerda que apoia o governo está a pôr em causa e a tentar limitar as liberdades pretendendo controlar isto e mais aquilo com a popularmente chamada conversa da treta!

Neste mesmo local já escrevi que durantes os anos conturbados do pós 25 de abril era comum controlar as reuniões gerais de alunos e assembleias dos sindicatos através de propostas de cariz radical apresentadas por grupos ocultos que se intitulavam de esquerda para as manipularem de modo a fazerem aprovar e votar propostas que eram de seguida utilizadas politicamente pela extrema-direita fazendo-as reverter para os seus desígnios.

Eu explico com um exemplo. Convoca-se uma reunião geral para debater um tema que se sabe à partida provoca controvérsia. De seguida, certos elementos convocam uma reunião geral de alunos para discutir a validade do tal evento. Alguns infiltrados da extrema-direita “mascarados de esquerda” fazem aprovar proposta de boicote ao evento que se irá realizar e, no final, é aprovada uma proposta radical contra o evento. De seguida a organização do evento vem a público divulgar que foi impedida a sua realização por radicai de esquerda que querem limitar a liberdade de expressão e de reunião e com o objetivo de criar instabilidade.  Teorias da conspiração? Olhe que não, olhe que não!... Nos meus tempos da universidade em assembleias gerais e em reuniões sindicais como independente de qualquer partido ou organização, assisti a isso mais do que uma vez.

É uma forma para se fazer constar para a opinião pública a ideia, falsa, de que as liberdades estão a ser postas em causa pela esquerda. Aliás, já tenho ouvido comentadores(as) políticos ainda de forma muito cautelosa lançar para o ar algumas insinuações.

Aproximam-se as eleições e nada está a correr bem para direita, assim, há que lançar mão a tudo, mesmo a baixa política, arte em que é eximia. É pena que não tenha nada na mão para nos apresentar de concreto. E não tem porque não consegue ou então teria defender o contrário do que defendeu no passado recente.

 

Para terminar uma nota à margem:

Ontem no programa da TVI24 “Prova da Nove” aquela sumidade que é Paulo Rangel e que, dentro do PSD, não sabemos onde se posiciona, se é na ala mais à direita, ou na ala à esquerda ou no centro. Quando falava sobre o banco de Portugal e sobre o evento que teria a presença de Jaime Nogueira Pinto, que foi adiado, fez-me lembrar aqueles palhaços que gesticulam muito, mostram expressões faciais de calma forçada e que olham fixamente para a câmara fazendo divertir as crianças.

Paulo Rangel é um ator da charada política, fala, agita-se, gesticula, deturpa, é um mestre do ilusionismo político. Tenta convencer os outros, e principalmente a ele próprio, que tudo quanto diz são verdades absolutas. Quando fraqueja nos argumentos utiliza a baixa demagogia que sabe pode ser eficaz para mentes menos conhecedoras do jogo onde se lançam as cartas. Enfim! Assim vai o PSD e a direita neste país!

 

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publicado às 23:07

Oposição errática e seus segredos

por Manuel_AR, em 27.01.17

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Quem ontem, 26/01, viu e ouviu o programa “Prova dos nove” da Constança Cunha e Sá na TVI24 terá visto que Paulo Rangel comprovou mais uma vez que mistura, confunde, desordena quando faz intervenções. Constança faz os possíveis, como sempre, para manter a imparcialidade nas questões que coloca.

Rangel, face ao que se passou com o PSD e a TSU, sem argumentos válidos e sustentados sobre o que se passou e sobre a nova solução apresentada pelo Governo, enredou-se em raciocínios tortuosos, adulteradamente sofisticadas, fora da realidade e com argumentação dirigida a alguns fiéis e fãs da sua retórica. Acho até que já nem ele próprio se entende, tais são as contradições. Lamentável! Esta posição nada tem a ver com o ser-se mais de esquerda ou de direita, é uma questão de bom senso.

Paulo Rangel dá voltas e voltas para justificar e alterar a realidade histórica muito recente que o seu partido construiu, negando as evidências com argumentos cujas dialéticas chegam às raias do absurdo. Quando os argumentos dos seus opositores o contradizem e não lhe agradam interrompe criando propositadamente entropias na comunicação.

Por outro lado, Rangel diz que o que o PSD fez é oposição ao Governo. Lá nisso terá razão, mas é uma oposição sem lei nem regra gerada apenas por egoísmo partidário e revanchista. O PSD queria ser governo minoritário e como enfrentaria uma maioria parlamentar que, para todos os efeitos, lhe seria hostil? Foi isso que fez com a TSU, hostilizar o Governo.  

Álvaro Beleza do Bloco de Esquerda que ontem substituiu Fernando Rosas, apesar de estar à altura dos seus parceiros de debate está menos à vontade do que Fernando Rosas desta vez esteve ausente.

A estratégia adotada pelo líder do PSD da oposição pela oposição, do meu ponto de vista, tem os dias contados. Neste aspeto quem tem mostrado ter bom senso é o CDS tentando distanciar-se da oposição errática do PSD.

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publicado às 15:46

Liberdade de escolha.png

 

Os contratos de associação é um filão político que a direita e sobretudo o PSD pretendem aproveitar para fazer oposição ao Governo. Como a maior parte dos colégios com quem o Estado tem contratos de associação e que se encontram em sobreposição com o público são pertença, no todo, ou em parte, da igreja católica. A direita PSD tenta assim explorar a religiosidade que grande parte da população abraça para creditar pontos partidários em seu favor.

Passos Coelho, durante o seu Governo, destinou quinze milhões de euros para aqueles colégios privados que retirou a setores tais como a assistência escolar e nos subsídios da educação especial com a justificação de haver abusos e com a “necessidade de fazer correções”. É bom que se recupere a memória e quem não esteve atento reveja a imprensa de então.

No nosso país a igreja católica tem ainda um poder quase medievo ao nível de influência nas populações, sobretudo no norte onde de esses colégios proliferam, e é ainda que bate o ponto. Não é por acaso que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa apela a um consenso neste domínio e afasta ideias de que há uma potencial guerra religiosa e ideológica. E de facto não há. É uma questão política e é nela que o Governo tem que navegar. Mas não é aqui que a direita PSD quer levar o debate. Prefere fazer parecer uma questão religiosa. Isto é, um “combate” religioso-ideológico.

É por demais evidente que, quem mais se aproveita destes contratos de associação são as famílias de maior potencial financeiro. É também evidente que para uma família com capacidade financeira confortável pagar a um colégio privado centenas de euros mensais para lá ter os seus filhos ou educandos não será muito agradável.

Ontem no seu comentário semanal na TVI24 Manuela Ferreira Leite, sobre os contratos de associação confundiu tudo, baralhou-se, contradiz-se e no meio das questões que lhe iam sendo colocadas mostrou que era a favor da manutenção destes contratos, mas lá foi dizendo que são colégios elitistas ao ponto de selecionarem alunos pelo seu “nome”.

Claro que famílias de menos posses que têm os seus educandos nestas escolas, apesar de haver escolas públicas na mesma área, também estão contra a eliminação destes contratos é pois uma questão de estatuto e não de qualidade.

Vivemos numa economia liberal de competição entre empresas, os colégios privados são empresas que prestam um serviço que é a educação, logo terão que estar e competir com o mercado nesta área. Quem tem posses paga, quem não tem, será o Estado, a sociedade, todos nós, que devemos ser o garante da gratuitidade do ensino para toda a população em situação de escolaridade obrigatória, quer tenha ou não posses. Há, assim, plena liberdade de escolha na educação como em tudo. A sociedade que temos é esta, alguns terão pena que seja assim, mas é a que temos, e ainda bem.

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publicado às 21:40

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Inicia-se hoje o 36º Congresso do Partido Social-Democrata onde se cantará aos quatro ventos o retorno à social-democracia com o slogan “social-democracia sempre”, que deverá ser apregoado por Passos Coelho que mostrou durante quatro anos que o seu slogan preferido foi ser um liberal sempre. Ou será neoliberal? Vamos lá ver se percebi: durante estes quatro últimos anos não foi social-democrata? Eu respondo. Não. Não foi. Passos nunca mostrou sê-lo e terá as suas razões porque o PSD sempre pertenceu na União Europeia à família dos partidos de direita, o PPE (Partido Popular Europeu) onde também está incluído o CDS-PP que ultimamente parece ser mais social-democrata do que o seu coligado do ex-Governo. Assim sendo como hoje é o dia das mentiras hoje é o dia preferido pelo líder eleito.

O cabotinismo que foi a eleição de Passos Coelho para liderar o PSD, em que voram apenas 46% dos potenciais eleitores, está a prejudicar o partido.Neste espaço escrevi várias vezes que o PSD com Passos Coelho tinha abandonado a sua matriz social-democrata que eventualmente terá sido, mas não na sua essência mas que le radicalizou.

O atual líder do partido, depois de se ter mostrado um liberal convicto, estando do lado das direitas europeias com posições contrárias às do grupo PSE, família dos partidos socialistas e sociais-democratas europeus, afirma querer ser um social-democrata. Desfaçatez gritante! Se há um retorno é porque houve um afastamento ideológico do qual Passos Coelho não é o único responsável mas muitos outros que desejavam o poder o levaram para essa linha e que, agora, acham que soube a pouco.

Nos comentários semanais da TVI24 Manuela Ferreira Leite tem afirmado várias vezes que acha mal que digam que o seu partido é de direita quando não o é, porque sempre foi social-democrata. Bem, sobre isto já emiti a minha opinião anteriormente. Ela poderá ter razão relativa porque o principal causador do seu mau estar foi Passos Coelho. Pode ele arranjar os argumentos que entender da fama já ninguém o livra.    

As intervenções de Passos Coelho assim como as dos seus fiéis seguidores durante os seus quatro anos e meio de poder quase absoluto contribuíram para crispações sociais que já não se verificavam desde os anos logo após o 25 de abril. Apoucaram os portugueses, provocaram a degradação das condições de coesão social, incentivaram e agudizaram conflitos entre gerações, não é por acaso que um estudo efetuado pelo jornal Público mostra que um aumento considerável deste tipo de violência, provocaram conflitos entre trabalhadores de diferentes setores e funções, colocaram o Serviço Nacional de Saúde num estado caótico em que ainda hoje se encontra, fizeram com que o estado de direito constitucional, assim como o estado social, fossem desconsiderados.

Quando em fevereiro de 2016 Pedro Passos Coelho se recandidatou a líder do partido “surpreendeu a direção do PSD ao divulgar um vídeo no Facebook a anunciar o ‘slogan’ “Social-democracia, sempre” com o qual pretende descolar-se da imagem liberal. Escrevia na altura o Diário de Notícias: “Social-democracia sempre? Tem dias...”. Este diário acrescentava ainda: “Há mais de 40 anos que o PSD mantém uma relação conturbada com o ideário social-democrático. Passos Coelho quer reabilitá-lo”. É uma desfaçatez que um liberal cujo discurso mostrou sempre qual era a sua convicção queira, agora, fazer inversão de marcha. Será mais uma falsidade com a origem de marca como tantas outras.

O PSD sempre foi um partido de direita, embora tivesse momentos com algumas pinceladas do ideário social-democrata nas quais Passos Coelho lançou o diluente final, querendo agora reabilitar o partido mas, especialmente, reabilitar-se. Talvez já venha tarde.

Os que falam e comentam em prol do PSD de Passos Coelho, já em decomposição, tecem rosários de ladainhas monótonas rezados à pressa para comunicação social passar em horários nobres. São os filhos extra matrimónio do PSD que viram em Passos Coelho o seu legítimo pai que o congresso irá ligar à máquina do “look” da sobrevivência mas que cerebralmente já está em degradação. Nada de novo tem para nos mostrar senão o mesmo regresso ao passado recente, voltando depois a dar o dito por não dito como sempre nos foi habituando. Passos Coelho é um “cadáver” político adiado.

Não podemos esquecer-nos que ele quis restabelecer como única via, em parte conseguida com a ajuda do CDS-PP, a “sociedade providência”, termo que Boaventura Sousa Santos utilizou em tempo em alguns dos seus trabalhos, com uma articulação formal e de providência tipo mercantil, donde o Estado se retira mas contribui com uma quota-parte dos impostos pagos por todos. No fundo alguém rebe para ser providencial. É o que agora se passou a designar por economia social.

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publicado às 11:40

Obsolescência e obsessão pelo passado

por Manuel_AR, em 11.08.14

A obsolescência e a falta de honestidade política manifestam-se num grande número de políticos, mas agrava-se em alguns da direita, como é exemplo o senhor que foi eleito em última escolha para o Parlamento Europeu pela coligação. Refiro-me ao senhor deputado do CDS Nuno Melo. Nos debates televisivos em que participa são notórios os seus argumentos circulares que nada esclarecem e apenas servem para consumir tempo de antena. Quando algum elemento do PCP participa e os argumentos não lhe agradam, regressa ridiculamente ao passado e já uma vez chegou até à revolução soviética de 1915 para evitar discutir o presente. Recordam-se da trilogia de Robert Zemeckis, Regresso ao Futuro, em que o desenrolar da ação se passava numa dicotomia passado-futuro. Pois bem, Nuno Melo insiste no passado e, quando aborda o presente, traveste-o à sua medida.

Ainda hoje no noticiário da 9 da TVI24 foi passada uma peça onde era questionado sobre o BES e aproveita a oportunidade para estabelecer comparações com o BPN, interessa para lançar nevoeiro sobre o caso BES. Mas dizia ele que a solução adotada para o BPN pelo anterior governo onerou os contribuintes com a nacionalização e o injetar de dinheiro no banco e que o BES foi diferente devido à solução adotada pelo Banco de Portugal que não irá onerar os contribuintes. Coisa que ainda se irá ver, digo eu.

Não está em causa a defesa ou não das medidas tomadas, mas a falta à verdade dos factos por omissão.

O QUE O SENHOR MELO NÃO DIZ É QUE A ATUAL SOLUÇÃO NÃO FOI INVENÇÃO DO BANCO DE PORTUGAL NEM TÃO POUCO DO GOVERNO MAS SIM DEVIDO AO MECANISMO DE RESOLUÇÃO DO BCE PARA BANCOS EM FALÊNCIA OU FALIDOS QUE, APENAS ESTE ANO, ENTROU EM VIGOR. ASSIM, EM 2009, E RELATIVAMENTE AO BPN AQUELE MECANISMO NÃO EXISTIA PARA SER POSTO EM PRÁTICA.

Mentiras por omissão, para o senhor Melo, são como aquele que diz "chapéus há muitos" oh palerma!

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publicado às 23:33


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