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Audiências e jornalismo de investigação

por Manuel_AR, em 12.06.20

Jornalismo_investigação.png

Para com a televisão somos todos crédulos e somos levados por quem pensamos que é politicamente honesto e que nos vende ideias, ideologias e nos sugere algo para alcançarmos aquilo que supomos ser a verdade.

A justificação por jornalistas de falta de liberdade de imprensa e de liberdade de expressão são por vezes refúgios para quando, numa reportagem, se ultrapassam limites cujo bom senso leva a avaliações limitadoras da emissão de uma reportagem de jornalismo de investigação, como várias vezes já tem acontecido.

Há cerca de duas semanas li no jornal Público que Ana Leal que tem um programa dedicado ao jornalismo de investigação na TVI foi suspensa por divulgar emails trocados com a direção. A defesa acusa o Conselho de Redação de censura. Está em causa, até agora, “a divulgação ao conselho de redação (CR) da TVI de e-mails particulares entre a jornalista e a direção do canal”.

A defesa de Ana Leal acrescenta que “está em casa, a receber vencimento, mas sem atividade atual na TVI – explica ainda que está em causa uma questão de “liberdade de imprensa e de expressão”. Na altura, ainda afirmou que, “não há fundamento para a suspensão ou processo disciplinar. Há divergências editoriais normais e acho que esta ação de a suspender e promover um inquérito é pouco compatível com o espírito de liberdade de imprensa e expressão que devem reinar”.

Desconheço as razões para os fundamentos, ou não, da sua suspensão. Apesar de o tema não ser de somenos importância tal facto não me interessou e apenas serviu de mote para a preparação deste comentário.

Não é a primeira vez que ao entrarem em conflito com as direções de informação, redações e setor editorial estas são acusadas por jornalistas de fazerem censura interna, de falta de liberdade de imprensa e de expressão. Não sei se tal se verifica ou não, mas o conceito é demasiado forte e pode confundir-se com a prática do bom senso, ou falta dele, quanto às reportagens ou parte delas feitas pelos jornalistas destinadas a ir para o ar. Aconteceu também na RTP1 com Sandra Felgueiras com o programa Sexta às Nove. A acusação de censura pode não ser mais do que uma espécie de refúgio dos(as) jornalistas que consideram que tudo deve ser permitido, e sem limites.

Entre as televisões e especificamente no que se refere também ao chamado jornalismo de investigação parece existir uma competição entre canais e os próprios jornalistas de cada um deles, não pela qualidade, nem pela isenção na informação, mas pelos conteúdos que possam elevar os shares.

As peças de jornalismo de investigação não têm primado pela qualidade e isenção porque tem como objetivo o impacto sensacionalista que capte audiências que, por isso mesmo, mostram falta de valor informativo e técnico. As peças que vão para o ar são muitas das vezes confusas, ambíguas que em vez de informar desinformam.

Peças jornalísticas de investigação apresentadas em dias certos, conforme os canais, são dirigidas a um certo tipo de audiências mostram-nos simplesmente o tratamento de um tema chave de interesse para o momento. O “universo” do tema apresenta-se fracionado preocupando-se mais com os impactos nas potenciais audiências, e menos com a comprovação dos factos numa preocupação de pré-julgamento público através da apresentação de realidades fracionadas.

É um facto que algum desse “jornalismo de investigação” feito tipo à la carte tem o interesse de fidelizar certo o tipo de audiências. Não tem sido raro que na sequência de peças de jornalismo daquele tipo que por falta, omissão ou adulteração dos factos tenha havido protestos e até repúdio que a redação do canal emissor tarda ou se escusa posteriormente a divulgar a sua falha e quando o faz é através de comunicados da redação plenos de justificativas complicadas enunciadas em voz off.

No “jornalismo de investigação” que nos impingem não são despiciendas as conotações ideológicas numa perspetiva de revelar algo que possa prender a atenção do público por qualquer coisa que provoque escândalo ou indignação  o que interessa em determinado momento. Quanto à forma e ao conteúdo o método baseia-se em visões parciais e truncadas dos factos que respeitam a uma certa realidade destinada a instrumentalizar a opinião pública.

Os conteúdos das peças pretendem mostrar factos e provar as teses para credibilizar as reportagens nas quais se inserem entrevistas onde são selecionados extratos de frases e raciocínios truncados das mesmas que não interessem por não ajudarem a defender a tese do(a) autor(a) jornalista, oferecendo ao telespectador apenas partes de realidades descontextualizadas. Quanto à forma as peças são montadas recorrendo a artifícios de edição e a entrevistas com planos rápidos com perda da continuidade das afirmações dos intervenientes acrescido ou substituídos na narrativa em voz off. Utilizam-se técnicas da mostra de documentos e passagens de momentos alusivos que nada têm a ver com a realidade dos factos que estão a ser relatados. São inserts destinados a criar impacto no telespectador que apenas servem para preenchimento da peça, para encher chouriços como se diz.  Um exemplo: numa reportagem ao tratar um tema sobre corrupção ou peculato recorre-se na edição de vídeo não linear a inserts a notas de euro a serem contadas seguidas de novas sequências de imagens de pessoas a manusear documentos que o espectador não consegue identificar devido à rapidez dos planos que servem para o dinamismo e impacto visual da reportagem.

Os significados das imagens são obtidos quando os seus elementos são vistos e logo de seguida interpretados, assim, podem ser criados e/ou modificados de cada vez que elas forem vistas consoante o contexto sócio histórico da sua produção que influenciará a interpretação de quem as vê.

A semiótica trata da análise das relações entre uma coisa e o seu significado, quando se faz a interpretação de imagens, sejam fixas ou em movimento, com a finalidade consciente ou não de a compreender como nas reportagens televisivas. Nestas a semiótica das imagens e a análise do seu conteúdo levantam por vezes interrogações e ambiguidades que se tornam pouco esclarecedoras para os telespectadores.

Assim, geram-se narrativas audiovisuais específicas, por meio de práticas de significação, para se produzirem certos sentidos e não outros. Isto é, durante a peça jornalística dão-se aos elementos nela constantes uns certos significados, e não outros, para criar efeitos de sentido pretendidos nos telespectadores. Utiliza-se um conjunto formal de significações para dar um sentido às relações entre os elementos da linguagem que se manifestam em diversas naturezas das expressões verbais, visuais e audiovisuais.

Em muitas peças a que pomposamente atribui a designação de “jornalismo de investigação” estão por vezes intenções que passam para além dos factos e do esclarecimento do público, daí que a edição das peças com situações descontextualizadas e com a inclusão de imagens alusivas e que, por conotação com o facto, possibilitam, em si mesmas, interpretações erróneas por parte do telespectador.

Para além do cunho ideológico e político de que algumas dessas reportagens também se revestem pretende-se o efeito da eficácia tendo em vista a captação de audiências para a narrativa através de técnicas populistas e demagógicas. Utilizam-se formas, técnicas e modelos também utilizados pelos populistas para se revelarem antissistema. Um jornalista numa da reportagem não é ideológica e politicamente isento e fica sem o perceber envolvido apesar do esforço que faz para criar ao telespetador a perceção de distanciamento, imparcialidade e isenção na denúncia de corrupções, compadrios, negócios ilegítimos e outros. Em síntese, elege-se um alvo a atingir e, a partir daí, produz-se uma peça a que se dá um título atrativo e classifica-se como jornalismo de investigação.

Têm sido realizados vários estudos sobre os efeitos dos media, como por exemplo o de McDonald, Daniel G. Twentieth-Century Media Effects Research em 2004, que tratam a forma como são escolhidas as mensagens a difundir e as motivações económicas, políticas ou ideológicas dos jornalistas. Contudo ainda há quem tenha uma visão romântica do papel do jornalista que o vê a “representar a sociedade objetivamente, desinteressado e imune a qualquer influência, impossível de desviar da sua missão de informar e contar a verdade, ‘doa a quem doer’”. Porém não é assim, há quem define o que será emitido de acordo com o valor-notícia, a linha editorial e outros critérios, de acordo com os acontecimentos considerados suficientemente interessantes, significativos e relevantes para serem transformados em reportagem ou notícia.

Johan Vincent Galtung e Mari Holmboe Ruge sociólogos noruegueses utilizando uma psicologia simplificada da perceção e algumas suposições adicionais apresentaram em tempo um sistema de que descrevem eventos usados ​​como uma definição para o que deve ser notados nas notícias: a hipótese da adicionalidade em que quanto mais condições satisfaz um acontecimento tanto maior a probabilidade de se tornar notícia; a hipótese de complementaridade em que os fatores tenderão a exclui-se, pois se um fator estiver presente, será menos necessário do que outros fatores que estejam também presentes para que o evento se torne notícia; e a hipótese de exclusão em que eventos que não satisfaçam nenhum ou muito poucos fatores não se tornarão notícias. Na maioria dos casos, os dados são consistentes com a teoria. (Galtung, Johan; Ruge, Mari, The Structure of Foreign News, p.65)

As más notícias e os escândalos aumentam as audiências então, pelo efeito da negatividade, as más notícias vendem mais do que boas notícias e são mais fáceis de noticiar do que as boas. Mesmo entre as más notícias há uma certa hierarquia na preferência do telespectador que demonstra que por entre as notícias negativas umas vendem mais do que outras.

“Porque é que as notícias são como são?”. Estudos sobre métodos de seleção que definem as notícias que fazem parte de um noticiário ou peça jornalística a emitir concluíram que o processo é arbitrário e que as decisões do jornalista são altamente pessoais, subjetivas e dependentes das atitudes e espectativas de quem define o que irá para o ar e não se limitam a selecionar os temas que lhes interessam pessoalmente, mas as que eles presumem ser do interesse do público. Definem o que será noticiado de acordo como um valor-notícia, linha editorial e outros critérios por vezes mais ou menos subjetivos e ideológicos de acordo com o momento.

Em algumas peças de jornalismo de investigação a mensagem que se pretende passar está relacionada a um referente que, para além de simplesmente informar o telespectador, também pretende atingir algo ou alguém. Neste caso o referente, isto é, o assunto a que a mensagem se refere, e o tratamento audiovisual dado ao conteúdo do tema não são coincidentes.

Esta aceção pode ser bem explicada através de uma citação de António Damásio no livro “O Sentimento de Si”: “Se o leitor tiver alguém que lhe conte duas histórias comparáveis com igual número de factos e que apenas diferem porque numa delas alguns dos factos têm elevado conteúdo emocional, o leitor lembrar-se-á de um número muito maior de pormenores da história emotiva do que da outra” (António Damásio, O Sentimento de Si, 2000; p.336).

A televisão pode ser formativa, mas “o poder que a televisão tem em oferecer interpretações poderosas sobre a forma de compreendermos os acontecimentos que são escolhidos para serem notícia afetam diretamente a formação dos cidadãos”. (O Papel da televisão na Educação e na Construção Social da realidade, (2006). Revista do SNESup. Disponível em: http://www.snesup.pt/cgi-bin/artigo.pl?id=EEZuZVFyElfSrnWtRU (Consultado a 09/06/2020).

Alguns autores apontam algumas exigências que nem sempre são respeitadas encontrando-se sempre formas de as ultrapassar tais como: apresentação parcial da verdade quando se ocultam deliberadamente aspetos da realidade que impedem o indivíduo de aprender a totalidade do que foi apresentado; o sensacionalismo quando se distorcem os fatos mediante a acentuação de aspetos que provocam reações emocionais e não racionais; silêncio quando se suprimem determinadas informações necessárias nas compreensão de uma notícia; o engano quando há um falseamento da realidade. Por exemplo: quando se apresenta como uma reportagem autêntica aquilo que não é outra coisa que a imaginação do autor.

O propósito das reportagens do jornalismo de investigação deveria ser o de oferecerem temas únicos, rigorosos, profundos e analíticos dos acontecimentos recorrendo ao flashback para introduzir os antecedentes do acontecimento. Todavia são editados de modo a satisfazer o objetivo e o interesse do jornalista, por vezes até destituídas de sentido ético, no sentido de provocar polémicas na opinião pública. Assim, os telespectadores devem estar preparados para empreender uma leitura crítica do que vêem nas reportagens, o que raramente é feito.

O jornalismo de investigação precisa e deve obedecer à lei da objetividade, sinceridade e verdade. Torna-se, por isso, necessário que a comunicação transmita os factos a partir da verdade, o que muitas vezes acontece, mas, no decorrer da reportagem essa verdade vai-se tornando difusa e usa de subterfúgios ou rodeios para a tornar um valor absoluto e indiscutível conducentes a julgamentos na opinião pública. É frequente deparamo-nos em alguns casos com uma suposta coerências na informação emitida mas com uma documentação mostrada truncada e confusa.

O(a) jornalista autor de uma reportagem que deveria ser justo e escrupuloso em relação aos factos do objeto da reportagem nem sempre segue estas regras ao designar as suas “vítimas” heróis ou praticantes de atos ilegais e por vezes manifesta juízos de valor e até vereditos sobre a história que conta cometendo erros formais ou informais que descredibilizam o(a) jornalista e os meios de comunicação.

Para com a televisão somos todos crédulos e somos levados por quem pensamos que é politicamente honesto e que nos vende ideias, ideologias e nos sugere algo para alcançarmos aquilo que supomos ser a verdade.

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publicado às 15:49

Um raio que os parta

por Manuel_AR, em 30.08.19

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UM RAIO QUE OS PARTA!

Não, não é para vocês caros leitores!

Após regresso de Londres só hoje publico este texto que estava preparado antes de férias.

Digo um raio que os parta para o empenho das televisões em produzir alarmismos, vários, entre a população. Um raio que os parta vai para os que dizem e falam sobre as filas de espera, o caos nas lojas do cidadão e no SEF para revalidar o Cartão de Cidadão e outros documentos.

Enquanto no Parlamento estava a decorrer o Estado da Nação resolvi fazer o meu passeio pedestre em Lisboa, como sempre faço diariamente, e desta vez percorri vários locais, não vou dizer quais, onde se tiram documentos, para ver com os meus olhos, não, felizmente ainda não necessito de óculos. Os óculos das câmaras das TV´s é que captam apenas ângulos que lhes interessam e cujo verificação no local sabem não pode ser feita pelo telespectador.

Como estava dizendo, hoje percorri três locais, já passava das onze horas da manhã, onde não vi quaisquer caos ou filas de espera exageradas. Resolvi optar por uma das lojas que, para mim, seria a mais conveniente para tirar o meu Cartão de Cidadão que tinha extraviado.

O movimento àquela hora era o que se podia chamar normal com as filas de espera junto dos diversos balcões, nos passaportes, cartão de cidadão no SEF, na NOZ, na EDP, na Segurança Social, e outros balcões. Isto é, havia gente à espera para tratar de assuntos diverso. Aliás como há esperas como em alguns consultórios médicos no privado mesmo após termos marcado uma consulta dias de antecedência, por vezes não tão poucos, paga a preço de ouro.

Cheguei ao local por volta das 14 horas e, à entrada, deparo com uma fila de cidadãos, talvez uns vinte ou vinte cinco ou um pouco mais. A fila estava parada dando a perceção de que estariam à espera de tirar senha.

Quem for a alguns locais depara com filas enormes para tratar de adquirir nacionalidade portuguesa, são casos especiais, pois cada vez há mais imigrantes orientais e africanos que nos batem às portas ou que vivem aqui há alguns anos e pretendem regularizar a sua situação. A altura de férias é, para eles, a mais oportuna por vários motivos. Como vivem “informados(?)” por alarmismos induzidos claro que há uma corrida como se tivesse um aviso de escassez de géneros alimentares.  

Dirigi-me para a fila que estava imóvel sem que aparentemente nada se passasse de anormal. Saí da fila e entrei. Dirigi-me a um segurança e disse o que pretendia. Amavelmente o dito segurança informou-me que tirasse a senha C para ir ao SEF. Como o ticket não saía o segurança disponibilizou-se a resolver o problema, abriu a porta da máquina, fechou-a de seguida e a senha saiu, era a C84. Olhei para os monitores de chamada estava no C76. Esperei, se tanto, 20 a 30 minutos. Fui chamado. Mais 15 minutos a resolver a situação. Problema resolvido.

Veio-me de novo à ideia: um raio que os parta, a eles, às TV´s, animadoras de induções de agitação orientadas não sei por quem, nem o que as move. Procuram o quer que seja para terem audiências, mesmo que faltem ao dever de informar com isenção. Um raio que as parta.

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publicado às 18:31

Intocáveis

por Manuel_AR, em 31.07.19

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Uma comunicação social livre e independente são bases fundamentais para a democracia sem a qual deixaríamos de ter um escrutínio do poder.

De censura nos chegou cinquenta anos de ditadura. Mas a liberdade de expressão que todos queremos manter parece ter-se transformado numa ditadura de outra espécie de polo contrário, isto é, a ditadura da pressão dos órgãos de comunicação social, sobre o poder mesmo sem causa fundamental.
A forma como a comunicação social reage em bloco quando alguém fala mais duro com os senhores jornalistas que se sentem virgens ofendidas conduziu a ser ponto assente para eles reservarem-se o direito de passar a ser ponto assente a procura de pretextos, ou factos, que sirvam para atacar quem lhes causou tal agravo.
Mal-habituados que estão a críticas e porque têm o poder na mão, desencadeiam ações a propósito de pretextos casuísticos para desenvolverem junto das suas redações movimentos que “punam” com severidade na praça pública quem tais pretensas ofensas lhes faça. Quando tal se proporciona entram em ação os “justiceiros” da comunicação social do século XXI apedrejando publicamente os hereges que não se portem na linha.
São os alarmistas da nossa praça. Não há ninguém que lhes toque. Se tal acontecer seja por críticas ou comentários que se lhes façam soltam-se grito de alarme no mercado dos ecrãs televisivos e nas primeiras páginas dos jornais: “Ai que estamos outra vez na censura!”. Chovem então críticas sobre os atrevidos dos políticos tentando por todos os meios ao seu alcance destruí-los na praça pública.
Intocáveis e incorruptíveis, para além do mercado da informação entram também pelo campo da política partidária, sendo brandos com uns e inflexíveis com outros.
 
E com isto vou para Londres que me espera hoje mesmo.

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publicado às 16:07

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A televisão deveria ser uma referência de estabilidade, diante da violência da insegurança e da complexidade do cotidiano. Os telejornais deveriam funcionar como uma janela para a realidade, mostrando que o mundo circundante existe, está lá e que o mundo não se transformou num caos e a vida segue a sua normalidade. Infelizmente não é isso o que acontece, quanto mais caos e o passar do que é normal a uma anormalidade tanto melhor, porque também quanto mais audiências tanto melhor. Temos, por isso que nos capacitar da necessidade de uma leitura distanciada, mas atenta, do que as televisões e, já agora também, as redes sociais, nos dão para consumo para evitarmos ser manipulados.

Sobre o que afirmamos conhecer como sendo um facto objetivo e como uma verdade empírica, também estão envolvidos os nossos preconceitos culturais, interesses económicos, pontos de vista políticos e, ainda, as nossas crenças e perceções que também podem ser uma projeção induzida pelos meios de comunicação social, nomeadamente os canais de televisão.

Há duas realidades sociais: a objetiva que existe independentemente de cada um de nós e a realidade subjetiva contruída numa perspetiva que depende de cada um de nós que não é mais do que uma combinação de múltiplas subjetividades. A realidade é influenciada pelos meios de comunicação (imprensa, rádio, televisão, redes sociais) que leva as mesmas mensagens a múltiplos recetores cujo poder é manifesto porque uma ideia transmitida através deles pode modificar a realidade social, isto é, alterar a forma como a comunidade entende aquilo que acontece dentro da sua própria sociedade. Realidade social é então o conjunto das interações que os seres humanos estabelecem entre si e entre aquilo que os rodeia num dado espaço e tempo.  

Os meios de comunicação social, especialmente as televisões, são os que mais contribuem para informar acerca da

 

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publicado às 12:13

O que procura a procuradora?

por Manuel_AR, em 15.10.18

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Regressei de São Vicente, Cabo Verde, onde estive durante duas semanas ausente das costumeiras notícias das televisões de Portugal. Foi um alívio que serviu para a manutenção da sanidade mental. Mas, não indo mais longe, logo no dia 8 do corrente, dia do meu regresso deparo-me com a desagradável surpresa da presença da Manuela Moura Guedes no noticiário da SIC como comentadora. O título pomposo de “A Procuradora” oportunisticamente escolhido, leva-nos a duvidar e a conjeturar sobre as intenções da SIC e da comentadora, ausente dos ecrãs por motivos que só alguns conhecem. Manuela Moura Guedes é um chamariz para quem gosta do jornalismo ao estilo dos  tabloides do escandalo numa pornográfica mistura entre entretenimento e comentário político. 

A SIC tem vindo, nos últimos anos, a ser uma espécie de canal oficioso de uma certa direita em estado de decomposição com alguns laivos e combinações de pretensa isenção. São públicas as dificuldades financeiras do grupo Impresa a que o canal pertence. Assim, havia que mudar as regras do jogo substituindo o “interesse público” que sacrifica ao que é suposto ser o “interesse do público”, do negócio e do partido a que pertence o dono do grupo, deixando para trás a isenção e a deontologia.

Manuela Moura Guedes que foi deputada independente pelo CDS-PP entre 1995 e 1996, é uma dita jornalista digna de jornais como O Diabo, protótipo do mau jornalismo especializado na destruição de caráter, na condenação prévia sem julgamento fazendo o falso parecer verdade absoluta no mexerico para induzir distorcidos pontos de vista sob a capa da isenção e da credibilidade. Não informa, desinforma e nada acrescenta do que já foi dito que baralha e torna a dar. “A Procuradora” da SIC é um atentado ao comentário televisivo jornalístico e político de qualidade; é o comentário do facciosismo gerido por estados emocionais e pessoais como se de um qualquer blogue pessoal se tratasse. O próprio título escolhido pelo canal para o momento do comentário, sendo igual ao de um Grau hierárquico intermédio da magistratura do Ministério Público, é um atentado ao bom nome de uma instituição que deve ser credibilizada.

No Twitter foi dito: “Debitando banalidades genéricas, sem adicionar informação relevante aos temas que comenta, o espaço de Manuela Moura Guedes na SIC, hoje, destacou-se pela crítica às mulheres que se manifestaram contra Bolsonaro. Ao pescoço, usou um dos símbolos de campanha do fascista”.

“Manuela Moura Guedes acusou Pinto Monteiro e Cândida Almeida de "terem feito tudo para abafar" os casos que envolviam o antigo primeiro-ministro José Sócrates, que acusou de "controlar a Justiça" e solicitou uma investigação ao Ministério Público”. Apercebemo-nos logo da intencionalidade pessoal fazendo acusações sem prova denegrindo, sem direito a contraditório, imagens e carateres.

Quando ao serviço da TVI investigou vários casos relacionados com José Sócrates, acusando na altura sem provas que "tudo o que não era controlado era abafado". A vinda de Moura Guedes foi cirurgicamente escolhida pelo canal SIC, já que o próximo ano é decisivo na atividade política para no culminar de processos judiciais em curso. Ano em que as redes sociais irão instilar veneno, mentiras, insultos e notícias falsas que, a não serem validadas, poderão influenciar decisões através de campanhas negativas. Ser polémico não é sinónimo de mau jornalismo e do desvirtuar a ação jornalística com o intuito da obtenção de audiências.

Portugal já tem mau jornalismo que chegue e a SIC, em maus lençóis e desespero de causa, faz uma fuga para a frente para competir com a TVI na obtenção de audiências com um contrato como este para comentário político.

Manuela Moura Guedes recorre ao mau jornalismo para defensa de causas, as suas causas, para libertação das suas frustrações e ódios pessoais. Emerge do ostracismo para montar uma espécie de teatro burlesco onde, com pontos de vista que confinam o extremismo, pretende reorientar e reinterpretar a política. O comentário de Manuela Moura Guedes é o contrário do bom comentário político onde subjaz uma demência obsessiva-compulsiva provocada pelo revivalismo de mau caráter que faz transparecer.

Não gosto de utilizar as características fenotípicas de uma pessoa como arma de arremesso, mas, Manuela Moura Guedes, sugeriu-me, por analogia, a encarnação do Joker, também apelidado de “Príncipe palhaço”, personagem vilão da banda desenhada Batman. A analogia não se resume apenas ao fácies, mas aos objetivos perpetrados, centrados na destruição do Batman símbolo da justiça e da luta contra o mal. Ela consegue hipocritamente defender o “bem” que, com astúcia, transforma em “mal”. Para ela nada há de bom na democracia e na política e, assim, procura o enxovalho, a falta de ética que, com a sua errada falsa conceção de justiça, tudo reduz à noção de mau.  Moura Guedes faz política pela negativa e pela falsidade, não fosse ela uma grande defensora de Bolsonaro, resultado de ódios e frustrações do seu passado profissional e político que persistem no seu íntimo digno de um personagem maléfico como o Joker do Batman.

É disto que alguns dos seus fãs pertencentes ao seu espetro ideológico gostam: condenação prévia na praça pública e sem culpa formada, a denúncia fácil e falsa, o escândalo, a maledicência, o julgamento e condenação na praça pública, recorrendo até a factos, quaisquer que sejam e que sirvam os seus intentos e os do canal onde agora reza.

Se queremos um símbolo do que não deve ser o jornalismo e o cometário político ele está presente na Procuradora da SIC. 

 

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publicado às 17:43

A orquestração

por Manuel_AR, em 11.07.17

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Há uma orquestração que tem vindo a ser muito bem dirigida, mas que é duma baixeza e oportunismo partidário a todos os níveis que só direita poderá estar a dirigir com beneplácito dos canais televisivos que, juntamente com comentadores, pouco isentos e partidariamente coniventes, se encarregam de divulgar e amplificar os casos cuja informação prestada ao público por vezes mais parece ser orquestrada à boa maneira da antiga união soviética, já para não dizer da Coreia do Norte. Quem vê televisão tem o sentimento de estar a receber informação imbuída de monolitismo ideológico de direita, com uma ou outra pincelada, aqui e ali, de contraditório que, no meio da pintura, nem nos apercebemos.

Todas os casos sucessivos que têm vindo a lume nos últimos tempos não me parecem coincidências. Surge-me por isso no espírito uma suspeita de orquestração proveniente da direita, (da esquerda não será com certeza), e com a afabilidade dos canais de televisão. O grave é que instituições, como é o caso da PGR, que deveriam ser isentas, estejam a reboque duma agenda partidária que chega às raias do subversivo. Parece que num repente se abriram as caixinhas onde estava tudo no recato á espera de favorecer a oportunidade partidária da direita. Isto parece-me ser subversão das instituições para benefício partidário.

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publicado às 20:38

Quando os abutres pairam

por Manuel_AR, em 19.06.17

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Todos lamentamos as vitimas causadas pela imensa tragédia provocada pelos incêndios dos últimos dias na região de Pedrógão Grande que ultrapassou as regiões periféricas daquele concelho.

Para quem acompanhou as reportagens e noticiários dos vários canais televisivos terá tido oportunidade de confirmar que esta tragédia tem sido, e continuará a ser, um pasto fácil para captar audiências.

Reportagens repetitivas, debates televisivos, entrevistas que, para além de informarem, servem também para fomentar a dúvida, pôr em causa tudo o que se fez e o que deveria ser feito ou, ainda poder contentar certa espécie de audiências, lançando achas de outra espécie para fogueira da comunicação, arremessando descréditos e subentendidos a instituições, apontando as mais diversas responsabilidades.

Na imprensa o triste acontecimento é fonte de inspiração para opiniões dispares e de interpretação subjetivas, reclamando o que anteriormente não reclamavam... Uma oportunidade também para contestarem as declarações do Presidente da República. Esquecem-se estas aves de rapina do que foi o tempo dos incêndios no tempo do governo que apoiavam, "comendo" o que de lá vinha, sem pestanejarem. Veja-se por exemplo o caso do incêndio na Serra do Caramulo em agosto de 2013.

Aí estão eles, os da direita com uma fácies triste e a mostrar condolência quando os seus adeptos, mostrando a sua fúria desmedida e mal contida espalham comentários através dos jornais online atribuindo culpas a quem está mais a jeito. Na sua fúria insana procurando fragilidades que lhe lhes garanta ganhos que têm vindo a perder. É a fúria dos adeptos duma direita extremista, irresponsável e irracionalmente furiosa.

Judite de Sousa parece ser, no meio da terra queimada e de cinzas, vestida de preto a condizer para mostrar o seu enlutar (fica-lhe bem no avermelhado da paisagem, assim como o cabelo a que parece pertencer), um dos abutres da comunicação, eventualmente feliz por dentro, por a desgraça alheia lhe ter trazido algo para debicar e beliscar numa política que parece não lhe agradar e puder ter audiências durante semanas. Quando há notícia que deem visibilidade pela-se por aparecer.

Deixando de lado o seu valor como investigadora, Raquel Varela é outra, noutro estilo, não perde a mínima oportunidade para ter audiências, aproveita tudo para uma contestação, a tudo e por nada, deixando qualquer leitor ou espetador alguma vezes perplexo  sem saber onde ela se situa. É contra tudo e todos. Apenas porque sim!

Neste momento canais de televisão ávidos da especulação para traduzirem más notícias em emoções para os espectadores iniciaram já a preparação de reportagens pondo frente às câmaras voyeuristas pessoas e famílias enlutadas, agora empobrecidas física e psicologicamente pela tragédia, colocando-as em primeiro plano numa tentativa de exploração política e emocional de situações de tristeza e de luto com o objetivo de atrair publicidade não olhando a meios. Esta tragédia servirá, durante mais alguns dias, ou semanas, para os “abutres” da comunicação televisiva fazerem uma espécie de marketing para captar audiências, mais do que para dar apenas informação.

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publicado às 16:59

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A ação política faz-se pela palavra, pelo discurso. O discurso, mormente o discurso político, passa necessariamente pelos media, particularmente a televisão.

A linguagem dos políticos, todos, e dos comentadores da política, também, é sempre baseado na retórica. Tenho ao longo dos textos neste blog utilizado algumas vezes o conceito de retórica que atribuo aos discursos de alguns políticos, mais a uns do que a outros, embora tente distanciar-me, por vezes, sem sucesso. Vejam-se os comentadores da política que não de distanciam nem um milímetro da sua área ideológica, mesmo que a evidência da verdade lhes caia em cima da mesa do debate, o que é válido quer para os de direita, quer para os de esquerda.

Mas afinal o que se entende por retórica? Sem querer entrar na filosofia, ramo que não é do meu domínio, retórica é uma técnica de construção do discurso, cultivada pelos sofistas, que visa a criação de um texto fortemente persuasivo, através de um uso correto da linguagem e a que Platão opôs a dialética que é verdadeiro ou filosófico.

O filósofo belga Michel Meyer define retórica como “o encontro entre os homens e a linguagem na exposição das suas diferenças e das suas identidades. Sempre e em todos os casos, a relação retórica consagra uma distância social, psicológica e intelectual, que é contingente e de ocasião, e que é estrutural ao manifestar-se, entre outras formas, através de argumentos ou da sedução.”. Vemos que esta definição se encaixa perfeitamente na atitude política.

Quem tem paciência para assistir a debates políticos apercebe-se facilmente que há uma técnica já interiorizada pelos intervenientes cujo objetivo é o de levar aos que os escutam mudar sua opinião sobre determinada matéria ou questão, ou a reafirmá-la, se for o caso em que o emissor da mensagem se mostra convincente pelos gestos, pela voz, pela postura, pelo estilo, pela construção de silogismos retóricos através de vários estratagemas discursivos.

É isto que políticos e comentadores fazem, mesmo que contrariando evidências factuais reformulando todo o discurso desviando uma evidência para outro facto favorável a sua tese. Um exemplo evidente é o caso do PSD quando pretender transformar um sucesso do governo no seu próprio sucesso através de sofismas utilizando, para tal, argumentos deliberadamente falsos para tentar induzir em erro quem os escuta.

Sobretudo para a direita a verdade, como algo que à parte de e em possível conflito com as conveniências políticas e partidárias, deixou de fazer parte do seu universo de retóricas. Podemos, então, distinguir dois tipos de uso do discurso retórico: o pedagógico e esclarecedor e aquele que é demagógico e manipulador. Este último é o preferido pelos adeptos dos partidos, especialmente dos da direita, (embora à esquerda também se verifique, mas em menor escala), porque gostam de o ouvir não se apercebendo de que também estão a ser manipulados.

Assim, e para concluir, como se processa esta retórica dos inimigos do povo, como lhes chamam alguns radicais de esquerda?

Destruir e economia portuguesa fazendo crer que tudo o que fazem é a bem da economia e da competitividade com o sacrifício de muitos e, ao mesmo tempo, dizendo que é para bem de todos num futuro de amanhãs que cantam.  

Demonstrar que o que eles fazem ou dizem é a verdade absoluta e para os seus antagónico a verdade é sempre relativa.

Fazer constar que os indicadores sociais e da economia quando se encontram no poder são sempre positivos mesmo que o não sejam.

Mostrar que os mesmos indicadores quando favoráveis a quem está no poder são enganadores e que, se são positivos, é devido à ação da direita quando está no governo.

Demonstrar que qualquer decisão tomada que não seja pela direita conduzirá à chegada do diabo e ao cataclismo.

Retirar (cortar) o máximo de direitos básicos e ou constitucionais se possível que lhes possa dar mais margem de manobra.

Eliminar paulatinamente a classe média.

Fazer a apologia da austeridade drástica e intransigente com a título de reformas profundas na organização social sem explicitar o que por isso entende.

Mandar os jovens para o estrangeiro e os idosos (a peste grisalha) para o cemitério através de mecanismos que dificultem o acesso á saúde e propondo o corte nas reformas segundo o princípio demagógico de que não há alternativa.

Ampliar e maximizar o poder e os lucros dos seus fiéis para que lhes possam propiciar a sua permanência no poder.

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publicado às 22:29

Oposição errática e seus segredos

por Manuel_AR, em 27.01.17

Rangel_Oposição.png

Quem ontem, 26/01, viu e ouviu o programa “Prova dos nove” da Constança Cunha e Sá na TVI24 terá visto que Paulo Rangel comprovou mais uma vez que mistura, confunde, desordena quando faz intervenções. Constança faz os possíveis, como sempre, para manter a imparcialidade nas questões que coloca.

Rangel, face ao que se passou com o PSD e a TSU, sem argumentos válidos e sustentados sobre o que se passou e sobre a nova solução apresentada pelo Governo, enredou-se em raciocínios tortuosos, adulteradamente sofisticadas, fora da realidade e com argumentação dirigida a alguns fiéis e fãs da sua retórica. Acho até que já nem ele próprio se entende, tais são as contradições. Lamentável! Esta posição nada tem a ver com o ser-se mais de esquerda ou de direita, é uma questão de bom senso.

Paulo Rangel dá voltas e voltas para justificar e alterar a realidade histórica muito recente que o seu partido construiu, negando as evidências com argumentos cujas dialéticas chegam às raias do absurdo. Quando os argumentos dos seus opositores o contradizem e não lhe agradam interrompe criando propositadamente entropias na comunicação.

Por outro lado, Rangel diz que o que o PSD fez é oposição ao Governo. Lá nisso terá razão, mas é uma oposição sem lei nem regra gerada apenas por egoísmo partidário e revanchista. O PSD queria ser governo minoritário e como enfrentaria uma maioria parlamentar que, para todos os efeitos, lhe seria hostil? Foi isso que fez com a TSU, hostilizar o Governo.  

Álvaro Beleza do Bloco de Esquerda que ontem substituiu Fernando Rosas, apesar de estar à altura dos seus parceiros de debate está menos à vontade do que Fernando Rosas desta vez esteve ausente.

A estratégia adotada pelo líder do PSD da oposição pela oposição, do meu ponto de vista, tem os dias contados. Neste aspeto quem tem mostrado ter bom senso é o CDS tentando distanciar-se da oposição errática do PSD.

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publicado às 15:46

Equipas do serviço de limpeza

por Manuel_AR, em 06.12.16

Limpeza.pngQuem assistiu na RTP3, após a entrevista de António Costa na RTP1, ao painel de comentadores diria que mais parecia uma equipa de limpeza mobilizado para o ataque a um, e para a defesa implícita de outro, o anterior Governo e que, ao mesmo tempo, e que era uma equipa que pretendeu manchar António Costa e o seu Governo.

Foram todos escolhidos a dedo. Era um painel claramente da oposição sem qualquer elemento para fazer o contraditório. Eram quatro, mas cada um, à sua maneira, não queria sair fora das opiniões dos outros. Era um quarteto já conhecido pelo seu uníssono que sempre se mostrou contra a atual solução governativa. É assim que vai a nossa comunicação televisiva em termos da política. São equipas no terreno que em vez de informarem com isenção preocupam-se mais em confundir a opinião pública.

A entrevista iniciou-se, como se esperava, sobre a CGD. Longo tempo foi passado com este tema que nada acrescentou para a solução que é pôr a Caixa a funcionar. O que já disse em tempo, e que alguém também já tinha dito, é que, quem dita a agenda mediática é o PSD. Não há dúvida que a comunicação social parece estar refém de Passos e da direita, daí que a maioria de comentadores e jornalistas serem tendencialmente de direita.

Não interessava, neste caso, o passado e o contributo negativo dado pelo Governo de Passos Coelho para o que se passa na CGD o que interessa é o presente cuja resolução e o imbróglio proveniente daquele famigerado passado.

Não sei em quem votam esses especialistas em política, nem isso me interessa, mas se o sentido de voto está em consonância com que comentam então não terei dúvidas. São agentes de propaganda desta direita coxa. Com certeza que jornalistas e comentadores têm as suas convicções políticas e ideológicas e, talvez, por isso, é difícil a o distanciamento das suas tendências, julgando mal o que possa estar bem. O mínimo que se pede é honestidade dos comentários e não a distorção dos seus argumentos. Ontem um dos comentadores convidados pela RTP3, e não digo o nome, teve a desfaçatez de dizer que havia cartas dum amigo de António Domingues que mostravam que houve combinações prévias com o ministro das finanças no caso da CGD. Teve acesso a cartas dum amigo daquele então administrador? Acabou por dizer que um dia a história se fará para rematar a conversa. Isto, para mim, não é mais do que conversa da treta que revela um certo caráter desse género de jornalistas.

Quem costume ler ou ouvir comentários de analistas que frequentam canais de televisão e escrevem em colunas de opinião na imprensa constatará que são os mesmos que, no Governo anterior, o de Passos Coelho, elogiavam a sua governação e anunciavam, com grande enlevo, décimas de progressos nos indicadores económicos, por vezes, com teses contraditórias, são os mesmos que hoje criticam o atual para defenderem uma direita liderada por Passos Coelho que tem uma estratégia de oposição moribunda.

São esses que pertencem a equipas de serviço de limpeza da imagem de Passos Coelho e que, fora do Parlamento, fazem uma oposição de direita que já se revelou ser má para o país, pelo menos no caso da CGD.

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publicado às 19:02


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