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Mas que grande lata

por Manuel_AR, em 26.11.15

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Na gíria popular quando alguém faz algo de atrevido que não agradou diz-se "que tem uma grande lata", "é preciso ter muita lata para…". Este termo utilizado no português informal tem o significado de ausência de vergonha, atrevimento, descaramento. 

Ao  Governo dos doze dias, agora cessante, não lhe faltou lata para o que fez na sua reta final. Após a campanha pré eleitoral e eleitoral passou à fase da campanha pós eleitoral. Como quem diz: afinal nós até seríamos um Governo de direita com propostas de esquerda só que não nos deixaram nem nos deram maioria absoluta.

O ex-secretário de estado da saúde Leal da Costa a quem atribuí na altura, em alguns "posts", a alcunha de carniceiro e agora ministro da saúde com duas semanas de mandato veio nestes últimos dias de estertor e num frenesim publicar portarias. Qual será a intenção? Para além de mera propaganda cria dificuldades ao próximo governo. Vejamos então:

As taxas moderadoras que o Governo PSD-CDS aumentou descaradamente para os 10,30 euros foram extintas, agora esta taxa nas urgências nos serviços de atendimento permanente (SAP) passam para os anteriores 5 euros.

Mas há mais. A nova rede de Urgência e Emergência também foi aprovada à pressa na passada semana quando esteve há vários anos para ser redefinido. Em 2012 tinha sido objeto dum relatório que, por vários motivos tinha ficado na gaveta. Para ler mais…

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A ministra da Educação Margarida Mano, ministra das três semanas, decidiu revogar a prova obrigatória para todos os professores contratados com menos de cinco anos de serviço. Uma decisão que acontece três dias antes de o Parlamento aprovar a revogação da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC), através das propostas do Bloco de Esquerda e do PCP, e numa altura em que o Presidente da República já decidiu indigitar António Costa como primeiro-ministro. Mais propaganda pós eleitoral.

Que bom seria este Governo se continuasse em funções! Passos Coelho no seu Governo anterior pura e simplesmente desconsiderou quaisquer propostas vindas da oposição, agora está a aproveitar tudo. Teve a sua oportunidade quando devia, agora soa a remendo dos rasgões que causou.

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A maioria parlamentar do PSD e CDS e o cessante Governo, num desvairo de ganhador minoritário das eleições e impregnados fazem "reloads" e regressam ao passado da história remota da democracia portuguesa comemorando o 25 de novembro que fez parte da revolução democrática que a direita, nessa altura, deseja como um milagre para regresso ao passado que, se não fosse o Partido Socialista ter travado ambas as fações teria de certo acontecido. A direita nessa altura apostava num retrocesso a um passado que tinha terminado. Não nos podemos esquecer que foi no Governo em que Paulo Portas era vice primeiro-ministro que puseram fim a feriados tão importantes da nossa história, senão mais do que o 25 de novembro como são do 1º de dezembro e do 5 de outubro.

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A direita, pelo menos uma parte da direita ainda não se compenetrou do facto de ter perdido a maioria absoluta no Parlamento e de que a repetição até à exaustão do argumento da ilegitimidade política já não conduz a nada. A direita não se pode esquecer que foi um pedido do Presidente da República Cavaco Silva que exigiu "uma maioria estável e duradoura no Parlamento", palavras dele mesmo. Que o tipo de maioria não lhe agrade isso é outra coisa.

A direita e os argumentos da golpada e da ilegitimidade política estão a tornar-se tão batidos que, já ninguém a escuta. Recorde-se que isto resultou de um pedido do Presidente da República que exigiu, repito, uma “maioria estável e duradoura no Parlamento.

A indignação e a perceção divinatória de ameaças catastróficas irão reforçar o Governo e atirar a coligação PSD/CDS para fora do centro político, local da área partidária a que, nos últimos quatro anos e meio, deixou de pertencer.

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Na passada sexta-feira foi publicado no Diário da República um despacho no sentido do encerramento total das urgências no Hospital dos Covões, Agora o atual Ministério da Saúde das três semanas voltou atrás e com a desculpa de inexatidão foi publicada em 23 se novembro uma retificação a esse despacho, onde se refere expressamente que “a existência de um polo da Urgência do CHUC no Hospital dos Covões fica dependente, quanto ao horário e tipologia, de orientação da ARS Centro”. Força…, Força…, companheiros da coligação!

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publicado às 16:29


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