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De acordo com o jornal Le Monde  estará marcada um nova manifestação dos “coletes amarelos” em França para sábado 1º de dezembro?

Apesar do discurso de Emmanuel Macron em 27 de novembro, apesar da reunião de representantes do movimento com o ministro da transição ecológica François de Rugy (27 de novembro) e depois com o primeiro-ministro Edouard Philippe (30 de novembro), mais um dia de a mobilização está planeada em toda a França.

Marine Le Pen líder do partido União Nacional, ex FN, sob a capa da moderação, provoca implicitamente o confronto quando disse na Europe 1, segundo o jornal FranceSoir,  "Se os Champs Elysees forem interdito aos “coletes amarelos” eles sentirão isso como um ato de  mais humilhação, mais uma forma de desprezo", argumentou o Marine Le Pen. "Os Champs-Élysées é uma avenida que é o símbolo da França, ora os “coletes amarelos” são o povo francês…” Eles consideram isso como como sendo seu.”, afirmou Le Pen. Pode conferir aqui.

Segundo uma sondagem  em França que pode ver aqui são cada vez mais os franceses que apoiam os “coletes amarelos” e os protestos pela redução de impostos e reposição do poder de compra: 84%,. Os eleitores da União Nacional de Le Pen, antiga FN, são os que mais apoiam a contestação com 92%. Os apoiantes de Macron dividen-se: 50% apoiam e 50% não.

Isto leva-nos a refletir sobre este tipo de movimentos. As manifestações são ações democráticas em que se pretende expressar coletiva e publicamente um sentimento ou uma opinião podendo ser

 

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publicado às 18:58

O rejubilo da direita

por Manuel_AR, em 29.03.16

Durante o Governo de direita de Passos Coelho e de Paulo Portas, sempre demostrou o seu desagrado pelas greves, manifestações de rua, protestos, contestações que as populações e trabalhadores faziam contra cortes de salários e pensões, contra o aumento da TSU para o trabalho e a sua diminuição para as empresas. Foi o tempo em que os impostos aumentaram como dantes nunca sentido pelos portugueses sempre com a desculpa revertida para o passado.

O pressuposto justificativo da direita para as greves e contestações era que tudo isso era aprontado pelas organizações sindicais de trabalhadores que eram manipuladas por alguns partidos de esquerda com o objetivo meramente políticos e desestabilizadores que contribuíam para a destruição da economia e apenas serviam para aumentar o desemprego, prejudicar a competitividade e descredibilizar Portugal face aos mercados.

A ANTRAM - Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias uma organização de empresário, (não tenho nada contra os empresários, bem pelo contrário, lamentável é que cada vez haja menos), esteve ou está a preparar-se para, uma manifestação de camionistas contra o aumento do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP), previsto no Orçamento do Estado para 2016. A justificação é dada como sendo prejudicial ao setor. Claro que qualquer aumento de impostos é sempre prejudicial para todos. Verifica-se, mo entanto, que este aumento é muito inferior aos aumentos sucessivos que ouve no preço do combustível em anos anteriores. E aquele setor nunca se manifestou com intensidade nem pedia na altura que o Governo de então colocasse o preço do gasóleo ao nível de Espanha. Já nessa altura muitos diziam que se abasteciam naquele país por ser mais barato.

A direita, quando no Governo, teve a sorte da extraordinária baixa do preço do “brent” nos mercados internacionais. Contudo quando entre em 2013 e 2014 o petróleo estava em alta (ver gráficos) alguma vez o Governo de direita teve condescendência para com os empresários dos transportes de mercadorias baixar o imposto sobre o gasóleo a bem da competitividade e da economia? Alguma vez estes empresários fizeram manifestações apresentando os argumentos que agora utilizam?

A tendência do preço médio do gasóleo tem sido para descida apesar de algum pequeno aumento nos últimos meses. Basta fazer contas para ver, nesta altura qual o valor do imposto no acréscimo do custo do gasóleo e o aumento do preço no passado. O aumento do preço do gasóleo aumenta para todos, particulares e empresas que não apenas para as de camionagem. 

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 Cotação mensal do barril de petróleo em Londres. Jan/2013 a Nov/2014.

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 Janeiro de 2016

WTI -West Texas Intermediate negociado em Nova Iorque

Brent - serve de referência às importações europeias

 

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 Fonte dos dados para elaboração do gráfico: Direção Geral de Energia

A associação defende que o aumento do imposto, “compromete a competitividade do setor e, consequentemente, a sobrevivência das empresas e a manutenção dos postos de trabalho”. Veja-se o argumento a favor da manifestação que é o mesmo que é defendido quando os sindicatos decretam greves neste ou noutros setores poer melhores condições de vida.

Esta não é uma manifestação de trabalhadores por mais salários ou qualquer outra reivindicação, é uma manifestação de cariz político convocada por empresários e apoiada pela direita na oposição que, em conluio, aproveita o aumento daquele imposto para fazer oposição ao Governo. O que diz agora a direita sobre a paralisação dos camionistas? Já não vem em defesa da economia? Nada! Aprova! O que se questiona é o que leva a direita a ter dois pesos e duas medidas.

Quanto ao argumento do abastecimento em Espanha está esvaziado porque esta “conversa” já a ouvimos há anos episodicamente divulgada durante os noticiários dos canais de televisão e pela imprensa.

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publicado às 09:05

Este texto foi escrito, já lá vão cerca de quatro anos, para uma aula da disciplina de Relação Educativa que lecionei na licenciatura em Educação Social mas que nunca cheguei a apresentar na aula. Descobri-o agora arrumado na minha base de dados. Resolvi adaptá-lo à realidade política e publicá-lo neste blog.

Amor, alegria, satisfação, ciúme, tristeza, cólera e outros sentimentos desencadeiam comportamentos, que normalmente são observáveis através de reações fisiológicas e de expressão corporal, que fazem parte das experiências emocionais em que a emoção e a cognição estão envolvidas

A tristeza, a cólera, e outros do mesmo tipo, por sua vez, podem desencadear sentimentos também observáveis através de reações de expressão coletiva que, no meu ponto de vista, serão o somatório das várias emoções individuais derivadas de experiências vivenciadas onde a emoção e a cognição também estão envolvidas. São sentimentos indesejáveis que não se prestam à meditação isolada e melancólica antes se traduzem numa revolta coletiva.

Meditar sobre as políticas de há dez ou vinte anos e tentar remendar o que está defeituoso para, à luz de outro ponto de vista ideológico lhe dar perfeição que ela nunca teve deveria ser génese, passar anos a fio a tentar remediar, através de agressões sociais, políticas estruturas implementadas ao longo de muitos anos é apenas uma forma que só pode estar presente no ideário de políticos incultos e incompetentes que por tal deveriam ser génese de reações de expressão coletiva.

Não sei se alguma vez se poderá demonstrar que é possível ser um político são de consciência e honradez. Ao percorrermos a imprensa dos últimos 20 ou 30 anos, verifica-se que nas investigações sobre corrupção há sempre políticos envolvidos em maior ou menor grau. Há-os também impolutos mas, se o são na corrupção, não o serão no domínio da falência da verdade e na conformidade entre a concretização do seu pensamento e na sua expressão na prática. Basta retrocedermos a um passado muito recente, os últimos dois anos, para confirmarmos esta asserção. Não me refiro a utopias, mas a promessas potencialmente exequíveis que são enterradas na memória de longo prazo para, na maior parte das vezes, não mais de lá saírem até que outros venham para que, novamente, se reinicie o mesmo ciclo sem-fim.

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É isto que trazem as juventudes partidárias sem valores que lhes sejam incutidos e que não são mais do que centros de incubação daquelas elites políticas que nos irão governar em futuros próximos e iniciarão novos ciclos de logros e perversidades políticas.

Quando se chega a um estado de inanidade é mesmo a decadência e uma prova de abaixamento de nível político e moral de um povo que, desiludido, já sem forças para resistir, insiste na reeleição e aceita sem comentários, a inclusão em governos de elementos que, se não foram condenados em primeira instância no mínimo se encontram debaixo da alçada da justiça por corrupção ou estiveram envolvidos em ambientes onde foi manifesta.

Nós, o povo, ignoramos imensas coisas, que muito importava conhecer, e esta falta de conhecimento e de interesse pela discussão e debate político sente-se na maior parte dos jovens e até nas classes que, pela sua posição social, deviam ser esclarecidas.

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publicado às 19:19

A manifestação é um ato de cidadania!

por Manuel_AR, em 02.03.13
  

 

O Governo e os seus porta-vozes fazem crer à população a ideia de que não há alterativas à política que estão a seguir. Não foi para isso que foram eleitos, foi para solucionarem os problemas e arranjarem alternativas. Para dizer isso, então, qualquer um serve para estar no poder. Sabem que têm falhado, mas a cegueira é tal e o apego ao poder é tanto que nem têm a coragem de dizer que se enganaram. Pelo contrário, Passos Coelho afirma que está a seguir a mesma linha e que vai manter o mesmo rumo. Isto conduzirá a uma situação que Portugal levará dezenas de anos a recompor que apenas será sentido, se tal for possível, quando os jovens de hoje estiverem, mais ou menos, a meio da sua vida ativa.

Ficar em casa e não ir à manifestação não é mais do que aceitar tudo o que este Governo tem feito e irá continuar ainda a fazer, por isso, vamos todos dizer BASTA!

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publicado às 11:14

Encenação e encenador

por Manuel_AR, em 21.11.12

 

 

 

 

Imaginemos um encenador de um palco universal onde nós, atores, protagonizamos os mais diversificados papéis. Os atores são manobrados de acordo com os propósitos do encenador em função dos enredos e das várias e simultâneas ações que conduzem a um sem fim de finais felizes ou infelizes, por vezes até catastróficos, em que os atores nos finais das representações vão sucessivamente morrendo, surgindo no palco novos atores representando os mesmos ou novos papéis num “sem fim” mecânico. As encenações são montadas de acordo com os interesses do arquiteto literário das peças, cuja criatividade e imaginação do encenador transpõe para o palco.

Vem isto a propósito da manifestação do dia 14 de novembro quando, no final e após a desmobilização geral, alguns indivíduos alheios à manifestação permaneceram no local provocando as forças policiais. As imagens e os comentários que então ocorreram na televisão ofuscaram por completo tudo quanto à greve e à manifestação ordeira dissessem respeito. Ficaram as repetições sucessivas da violência e da carga policial que varreu a eito, não apenas os chamados profissionais da desordem, designação atribuída por alguns comentadores dos acontecimentos, mas, também, cidadãos que se encontravam muito afastados do local da ocorrência.

A quem interessaria que estas imagens se evidenciassem mais do que à greve geral, à manifestação e à intervenção política e sindical dizia respeito? Os protagonistas passaram a atores secundários e de segundo plano, como se duma encenação teatral ou realização cinematográfica se tratasse.

Poderíamos supor que, aquelas provocações e manifestações violentas e agressivas contra as forças policiais, terão sido encenadas, não por um encenador universal, mas pelos encenadores do costume, profissionais da política para espectador ver e consumir até à exaustão, lançando para as calendas a encenação primeira, objeto da atenção dos mesmos espectadores. 

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publicado às 00:19

A recompensa pelos sacrifícios suportados

por Manuel_AR, em 14.09.12

 

imagem: imediaj.wordpress.com

Estamos em tempo de mobilização geral de todos os jovens, idosos, trabalhadores do público e do privado, reformados e pensionistas. Passei por todas as fases pós revolução do 25 de abril, algumas delas muito más e outras muito boas e muita coisa mudou na nossa sociedade. Problemas gravíssimos conjunturais e estruturais ao longo de todos estes anos e por duas vezes com intervenções do FMI foram sendo resolvidos com a compreensão e o empenho de todos empresários e trabalhadores contribuindo, sem grande queixume, para a sua resolução. Que me recorde, nunca o trabalho e tantos empresários foram tão sacrificados como agora em benefício de algumas empresas e famílias que dominam e querem controlar um Estado cada vez mais fraco e dependente. Afinal para que serve o Estado neste país senão para benefícios de alguns, poucos.

Os portugueses passaram, ao longo do tempo, por vários governos, tirando alguns mais radicais de esquerda, mas não me recordo de assistir a medidas de cariz ideológico neoliberal tão violentas que apenas as posso comparar às tomadas por Margarete Tatcher em Inglaterra nos anos oitenta. Aconselho a leitura do post do anterior blog em

 http://antinomias.blogs.sapo.pt/562.html.

 Sempre critiquei as políticas erradas seguidas pelo anterior governo, chefiado pelo primeiro-ministro José Sócrates. Havia que acabar com as medidas despesistas em tempo de crise. Acusavam-no de mentir e de esconder aos portugueses a verdadeira realidade em que nos encontrávamos o que de certo modo se verificava. Falava sobre a evolução favorável da crise e da recuperação e, na semana seguinte, dizia precisamente o seu contrário. Um dos paladinos de direita no ataque e denúncia era precisamente o atual ministro dos negócios estrangeiros, Paulo Portas sempre em nome do patriotismo. Lembram-se quando ele atacou o anterior executivo ao pretender baixar as reformas dos pensionistas e de quanto atacou os PEC’s (Programa de Estabilidade e Crescimento), que o PSD também combateu? O que vemos agora? Precisamente o contrário do que agora defendem. Não vale a pena enunciar as atitudes destes atuais governantes porque elas são sobejamente conhecidas.

O que Vítor Gaspar está a fazer, em conjugação com “os primeiros-ministros”, o real e os virtuais que não se vêm mas de vez em quando aparecem, é testar alguns modelos macroeconómicos à custa dos portugueses, com previsões vagas e sem projeção de cenários macroeconómicos possíveis que devem existir em situação de incerteza como aquele em que nós vivemos e servem para se ir progressivamente recuando ou avançando nas medidas tomadas. Isto é, tentar provar que o modelo económico que ele perfilha é que está correto, os outros estão todos errados. Portugal não pode dar-se mais ao luxo de experimentalismos. Aliás, a linguagem utilizada pelo ministro das finanças ultrapassa a linguagem técnica e torna-se num código hermético, que mesmo a ser utilizada numa aula de economia os alunos ficariam na mesma. Talvez fosse útil consultar a sua tese de doutoramento.

Para que serve mais tempo dado pelas instâncias internacionais para diminuir o défice como alguns partidos defendiam quando são tomadas mais gravosas medidas de austeridade? Assim, mais tempo vai apenas prolongar o sofrimento do doente ao mesmo tempo que lhe incute remédios cada vez mais fortes que rebenta com outros órgãos. Claro que me poderia colocar na posição do ministro e arranjaria com certeza justificações diversas para o efeito, nomeadamente a pedagogia do medo (veja em: http://zoomsocial.blogs.sapo.pt/tag/medo) como o primeiro-ministro fez, tentando passar esta mensagem na entrevista na RTP1, posteriormente também acolitada por alguns dos seus correligionários.

Reformas estruturais demoram muito tempo a efetuar. O que precisamos neste momento são reformas, eventualmente temporárias, para ultrapassar esta crise de endividamento e, ao mesmo tempo fazer com que a economia se ressinta o menos possível. Não são as teses de doutoramento nem os modelos e gráficos dos manuais de economia que estudamos que vão resultar porque, cada país, cada sociedade, cada cultura tem as suas especificidades. Na Europa nem todos são alemães, nem holandeses, nem finlandeses ou outros, por isso, as reformas estruturais têm que, forçosamente, ser vistas à luz das culturas e hábitos de cada país que, a este nível, demoram a assimilar, assim como a democracia em Portugal demorou cerca de trinta anos e oito anos a ficar mais ou menos sólida. A Europa tem que se convencer que a unidade económica e monetária não significa obrigatoriamente unidade cultural. Há nichos económicos específicos que só progressivamente podem ser modificados

De acordo com as previsões tudo aponta para piorar. O tipo de ideologia política deste governo o que pretende é uma revolução legislativa ultraliberal de destruição baseada na terra queimada para depois, sobre as cinzas, construir o país que para eles seria o ideal, à boa maneira das revoluções soviética e chinesa do século passado.

Tudo isto serve para dizer que não estamos em tempo de cada um puxar para o seu lado, cada um deve deixar de ser o senhor de lideranças e vanguardismos, um pouco desatualizadas e, por si só pouco eficazes, por afastarem alguns mais temerosos. Devemos começar a pensar sem clubismo partidário. Ser simpatizante ou votar em determinado partido não pode ser para toda a vida, por vezes há que distanciarmo-nos. Devemos todos participar em iniciativas que forem tomadas. Não esperemos que as coisas melhorem porque pelo andar da carruagem vê-se quem lá vai dentro”. Posso acrescentar que em 12 de setembro no parlamento o ministro Vítor Gaspar disse que “este ano ainda existirão algumas medidas temporárias que permitirão diminuir o défice” confirmado pela entrevista de hoje pelo primeiro-ministro. Devemos integrar-nos numa sociedade mais mobilizada e organizada através das várias iniciativas que estão a ser tomadas de modo a serem construídas alternativas, porque elas existem, sem renunciar aos compromissos assumidos como alguns pretendem.

O grito silencioso e isolado, já com a corda na garganta, de nada serve. Só em conjunto os protestos terão efeito sobre o pretendem fazer ao nosso país. Serão estas a reformas estruturais que Passos Coelho prometia antes as eleições e aquelas que continua a pregar? Será que as reformas estruturais da economia incidem apenas sobre os rendimentos trabalho ou passam também pela modernização e estruturação das empresas e ao estímulo à produção?

O primeiro-ministro desafiou um dos maiores empregadores nacionais mas não desafiou os outros grupos monopolistas como EDP, Galp, PT e outros a baixar os preços, que são as empresas que mais irão beneficiar das medidas aplicadas porque, por imposição da “troika” há que baixar as rendas excessivas recebidas por algumas dessas empresas há por outro lado que recompensá-las dessas perdas à custa do povo português.

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publicado às 18:47

Os jovens e as propinas

por Manuel_AR, em 21.03.12

Vivi a minha juventude na geração dos anos 60 e 70, uma geração que contribuiu para mudar alguma coisa no mundo. Em Portugal vivia-se sob uma ditadura que não nos deixava respirar, mas, mesmo assim lutávamos e manifestámo-nos pelo direito à liberdade de expressão com o risco de sermos levados para as prisões da PIDE/DGS. Época de grande criatividade musical e onde proliferavam as bandas que hoje em dia são apreciadas pela atual
geração de jovens. Bandas que ainda hoje são inspiração para as novas bandas da música rock.

Vem isto tudo a propósitos das manifestações de jovens e estudantes contra o pagamento das propinas, direito a bolsas, instalações, mais verbas e mais direitos. Perfilho e apoio, em parte, as suas reivindicações enquanto sustentáculo de uma marcação de posição, que é justa face a uma crise que se instalou e que estará para se prolongar mais do que se espera. Oxalá que não!

Voltando à questão, estas reivindicações, sobretudo a das propinas, penso que são excessivas. A minha perplexidade face a isto leva-me a um pequeno exercício comparativo que poderá ajudar a explicitar melhor o meu ponto de vista. Se pensarmos quanto custa mensalmente uma propina no ensino superior público, verificamos que em média não ultrapassa os 1000€/ano, o que equivale a 100€ mensais, se o pagamento do ano letivo for correspondente a 10 meses. Valor que, para algumas famílias, custará a suportar se a isto acrescentarmos os custos das inscrições, matrículas e todo o material necessário como livros, transportes, fotocópias, refeições, mesmo na cantina escolar,entre outros.

Quanto gastam os jovens durante um ano para frequentarem concertos, por vezes caríssimos, e que mesmo assim se esgotams com frequência? Para assistir a estes concertos, no caso de serem fora do local de residência há que acrescentar transportes ou gasolina, e alimentação, entre outros, para não falar de estadia mesmo que em parques de campismo. Mas há outros custos indiretos acrescidos no caso de bandas estrangeiras que vêm atuar em Portugal, pagas a preços do ouro, (que atualmente não está barato). São imensas as divisas que saem do país, isto é, funcionam como as importações. Se tivermos ainda em conta a ida dos jovens para as discotecas e restaurantes aos fins de semana, o que pode ser confirmado dando uma volta pelos locais mais frequentados nas grandes cidades, sobretudo Lisboa e Porto quanto é que não gastarão anualmente? A esta despesa há que acrescentar, por inerência, outras como sejam transportes, bebidas e, eventualmente, uma ou outra “guloseima”. Quanto não custa? Certamente quase o valor de um mês ou mais de propinas. O aumento das propinas não tem comparação percentual com o aumento que o preço dos bilhetes dos concertos tem vindo a sofrer que, mesmo assim, na maior parte dos casos como já referi se esgotam.

É desta perspetiva que as pessoas comuns se colocam quando assistem a reivindicações e a manifestações contra o pagamento das propinas e outros... Os jovens necessitam do apoio de todos e é sabido que, para se ter apoio nas pretensões, terão também de fazer alguns sacrifícios, dando o exemplo ao abdicar de algumas coisas, só assim captarão a população para o seu lado.

Claro que os jovens precisam e têm que se divertir e conviver, é imprescindível. Contudo têm que compreender também que as famílias poderão estar a fazer sacrifícios e com problemas financeiros provocados por governos geridos por pessoas que apenas vêm os seus interesses e os daqueles que representam, não cuidando dos interesses gerais da população à qual aumentam impostos, retiram e cortam salários injustamente. É contra esses que nos devemos manifestar e podem fazê-lo de outras formas que não e apenas através de reivindicações sobre o pagamento de propinas porque essas já não convencem ninguém.       

 

 

 

 

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publicado às 17:29


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