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Ter os olhos bem abertos

por Manuel_AR, em 15.11.16

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Há cerca de dois anos passei duas semanas no EUA, concretamente em Nova York, em casa de família que, na altura, lá estava como Embaixador. Apesar do controle exigido desde os atentados do onze de setembro respirava-se liberdade. Frequentar aquelas extensas avenidas era um prazer. Respirava-se paz, movimento, agitação, trabalho, comércio, passeio, cultura, cruzamento de etnias. Receio que tudo isso se vá perder regressando ao passado da desconfiança, do racismo, da perseguição, da insegurança justificada pela necessidade de mais segurança. Talvez por tudo isso, no estado de Nova York a democracia venceu.

Chamemos o que quisermos a Donald Trump, e critiquemos o seu projeto político, mas ele apenas foi o intérprete do sentir duma parte do povo da América. Foi assim que o III Reich (Alemanha nazista) conquistou o poder após as eleições de 1932. Como no governo do III Reich, Trump também glorifica o passado ao pretender “fazer a América grande de novo” e considera inimigos os que lá trabalham em serviços que os americanos já não querem fazer. Dizer que os imigrantes estão a retirar empregos é uma falácia. Nos Estados Unidos o desemprego é baixíssimo cerca de 4,2%. Criar postos de trabalho? Quais e para quem? Foi um ardil para iludir o eleitorado.

Se não era o manifesto sentir do povo Trump fez com que o fosse sem que houvesse um desmontar do seu populismo por parte os media que, aqui e ali, foram desdramatizando, como se Trump fosse aquele que, apesar das sondagens se aproximarem dos democratas não ganharia as eleições.

Comentadores há que, sapientemente, falam de esquerda e direita no EUA. Não há esses epítetos nos Estados Unidos onde há um sistema bipartidário, Republicanos e Democratas. O que há, de facto, são várias tendências que se congregam em cada um dos partidos.

Racismo, segregacionismo, xenofobia, islamofobia e misoginia estão a tornar-se as palavras chave nos Estados Unidos. As tenebrosas organizações racistas surgem sem vergonha à luz do sol e na sombra da noite, Trump e os que nomeará para o seu Governo serão o escudo.

Em Portugal e na Europa aliados à extrema-direita já estão a vir sem medos para fora das tocas.

Na política externa Trump quer fechar-se, está contra todos, contra a Europa e com as suas relações comerciais, contra os muçulmanos, todos terroristas, contra os países da América do Sul, nomeadamente o México, donde provém os imigrantes que se acomodaram no seu país, cerca de três milhões de marginais e assassinos que pretende expulsar ou encarcerar das prisões. Não se sabe é como. Deverá ser à custa de muita construção civil que levará Trump, através das suas empresas, a retirar vantagens. É contra a China, é contra a NATO, é contra a comprovação científica do aquecimento global e das alterações climáticas que são uma invenção dos chineses, enfim está contra tudo e todos que não sejam da américa fechada e refém de si própria.

É a favor das negociações a leste, com Putin. Resta saber se quebrará as relações com a Coreia do Sul e restabelecerá alianças com a Coreia do Norte de Kim Jong-un.

Na pior das hipóteses irá promover o regresso ao passado das perseguições Mccartistas com acusações de subversão ou de traição através de alegações injustas por denúncias de outros cidadão para restringir a divergência e a crítica política.  Na política externa poderá verificar-se uma espécie de Guerra Fria de sentido contrário, não com a Rússia, mas com o ocidente.

Não concretizar as promessas que fez será o que menos ele deseja.

Esperemos para ver, mas com olhos bem abertos.

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publicado às 17:46


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