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Festa do Avante-2.png

Há alguns artigos de opinião escritos por profissionais jornalistas que são para mim de difícil compreensão. Goste-se ou não do que escrevem, concordemos, ou não, cada um pode escrever o que quiser sobre o que quiser e não os podemos criticar por isso.

Quando se trata de opiniões cujo tema venha em defesa de circunstâncias justificada por argumentos que, apesar de serem aceites como válidos, possam delinear em prejuízo da comunidade, pondo-a em perigo, parece-me inaceitável. Alguns dos argumentos são falaciosos e desajustados por comparações feitas entre diferentes realidades com características específicas. Comparar praias cheias em espaços largamente abertos e sem barreiras, que não sejam as barreiras de contacto social físico, onde pequenos grupos se dispersam, com eventos políticos, religiosos ou culturais de dezenas de milhar de pessoas realizados mesmo que em espaços restritos embora amplos e heterógenos, onde a tendência é o agrupamento inevitável, parece-me absurdo.  Quem leu o artigo de Henrique Raposo publicado no Expresso diário de 10 do corrente “Avante!: dez razões para a festa avançar” fica com essa impressão, e eu fiquei.

O artigo escrito pelo “liberal” de iniciativa, é ele que se define politicamente, não sou eu. Conforme com as suas próprias palavras: “Até vos digo uma coisa: se não tivesse a Iniciativa Liberal no boletim de voto, votaria PCP nas próximas eleições.”

Vemos que, de facto, o liberalismo, defende uma liberdade pela rebeldia, como escreve Henrique Raposo: “É urgente reforçar o lado da rebeldia e da liberdade numa sociedade tão paralisada, tão medrosa, tão obediente”. O que ele omite é que, na realidade, após instalada a rebeldia para reforço da liberdade, o novo Estado daí saído reforçaria de imediato a sua autoridade para depois exercer a repressão contra outra rebeldia instalada.  Nesse novo mundo da Liberdade neoliberal seria acionada para alcançar um “sol na terra”, nome com que em tempo o falecido Álvaro Cunhal designou a URSS em determinada altura, mas agora com sinal contrário.

Em tempos graves de epidemia quando na Europa se voltam a tomar medidas mais drástica para defesa da saúde pública o artigo está impregnado de inconsciência e desprezo pela saúde do próximo. Mais parecem argumentos de Trump e Bolsonaro, mas com mais sofisticadas palavras.

Henrique Raposo coloca a tónica sobretudo nos aspetos da economia ao longo de dez razões em que algumas mais me parecem ser conotadas com: morram muitos, adoeçam milhares, propague-se a doença, mas deixem-nos fazer o que quisermos para que tudo continue como foi no passado recente. Tudo ao molho e fez em Deus. É fazer saltar o simbólico Laissez-faire do liberalismo económico fundamentalista, na sua versão mais pura de capitalismo, para o Laissez-faire, Laissez-passer na saúde pública.

Henrique Raposo defende que a Festas do “Avante!” assim como qualquer outro evento cultural, desportivo e musical deveriam passar a deixar de ter quaisquer restrições. Leitura minha errada? Talvez, mas quem lê o artigo e não esteja na cabeça do autor é o que presume.

Há alguns, muitos, que não puderam, nem podem ficar em casa confinados (#ficaremcasa segundo o autor para seguir a moda do hashtag) porque têm de trabalhar. É certo. Entretanto ao ler o artigo uma dúvida me assaltou: será que Raposo não esteve confinado no acolhimento do seu lar escrevendo os seus artigos em segurança enquanto outros tiveram de sair de casa para os poder publicar, tratar da edição e fazer a impressão do jornal para onde escreve?

 Os argumentos utilizados pela direita radical liberal são argumentos semelhantes aos de alguma esquerda radical como o são, nesta matéria, alguns dos publicados por Raquel Varela que tive oportunidade de ler no seu blog durante março e abril. Defendem o mesmo contra as medidas de exceção, mas de sinal ideológico contrário. Aqui os extremos também se tocam.

Quando os da Iniciativa Liberal falam em Liberdade confundem o conceito para baralhar quem os escuta. O liberalismo económico sempre utilizou o conceito de liberdade absoluta para os da alta finança e, para outros, liberdade, mas pouca. Para isso, e se tal for necessário, coarta todas as outras liberdades e direitos. Os únicos direitos que defendem são a liberdade e o direito à obtenção de riqueza por qualquer meio, sem regulação, e o direito e a liberdade para a manutenção da pobreza e da liberalização do mercado de trabalho sem quaisquer restrições, porque deles depende a sua sobrevivência.  

Os neoliberais, ou aqueles que se intitulam de liberais, que nos seus discursos demagógicos e populistas usam a palavra liberdade e combatem a instituição do Estado democrático, porque querem que gaste pouco e cobre pouco, ou seja, que tenha pouco poder. Estes senhores ou não entenderam o que é o liberalismo e como temos de proteger as liberdades individuais no séc. XXI, combatendo os seus verdadeiros inimigos; ou só querem iludir as pessoas porque têm como cúmplices aquela pequena minoria que está a acumular todo o poder económico e financeiro para beneficiarem com o definhamento dos Estados democráticos.

Nas democracias liberais o Estado não é visto como um inimigo, é um catalisador e um regulador das liberdades individuais, isto é, de uma boa distribuição dessas liberdades por todos.

João Miguel Tavares, sendo de direita, também não entende a realização da Festa do “Avante!”  neste momento o que o leva a comentar no jornal Público: “Em bom rigor, até podemos dizer que esta Festa do Avante! é uma iniciativa antissistema; uma rebeldia contra a ditadura do medo na era covid. Infelizmente para o PCP, só mesmo os seus militantes e alguma direita (ler, por exemplo, o texto de Henrique Raposo no Expresso: “Avante! dez razões para a festa avançar”) é que conseguem ver a coisa dessa forma. O português comum olha para aquilo com o ar de que os comunistas se acham mais do que os outros e reclamam privilégios que estão vedados ao comum dos mortais. E assim, para o PCP ganhar mais umas massas, o Chega vai ganhar mais alguns votos. É um mau negócio.”

O autor Henrique Raposo é um dos que diz ser liberal que vem em defesa do PCP e da sua festa, que passou a ser, por conveniência, um evento político. Os liberais que apregoam serem contra o Estado social e são pela baixa de impostos e contra toda a espécie de estatização em nome dos sistemas financeiros e os outros que defendem o contrário em nome da justiça social. Vamos lá entender esta gente dos liberais. Há um motivo: atacar utilizando a pandemia o PS e o Governo.   

Enfim, os argumentos de alguma direita radical mais parecem estar a fazer oposição ao governo e às medidas que têm sido adotadas para combate e minimização da covid-19 e são os mesmo que defendem a total liberdade em tempo de pandemia e que, caso esta ficasse sem controle, atacariam o poder por este não ter tomado medidas. Conhecemos muito bem o jogo.

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publicado às 16:52

Ofensa a quanto obrigas

por Manuel_AR, em 10.08.20

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Ao fim de alguns meses cá volto ao João Miguel Tavares que  nos prenda com os seus comentários de opinião, por vezes jocosos, por vezes sem jeito, por vezes ridículos, por vezes parciais, por vezes temperados com azedume, por vezes sem interesse, por vezes com oportunidade.

Desta vez ficou enxofrado com o comentário pouco abonável, e posso dizer até ofensivo, como veremos adiante, com o que Secretário de Estado da Energia João Galaba fez em relação a um tal Clemente Pedro Nunes apresentado por JMT como engenheiro químico, especialista em energia e professor jubilado do Instituto Superior Técnico. Apresentação feita para que mereça credibilidade e respeito. Como se o merecimento do respeito estivesse apenas nas cátedras e nos cargos que se ocupam.

Há aldrabões em todo o lado nem precisamos de uma lanterna como o fez o filósofo grego Diógenes que aparecia pelas ruas de Atenas em pleno dia, segurando uma lamparina gritando que estava à procura de um homem honrado e que não encontrava nenhum, e ia afastando os que se cruzavam no seu caminho, dizendo-lhes que não eram mais do que escombros.

Desconheço quem seja o douto professor do Instituto Superior Técnico nem tão pouco irei tecer considerações, juízos de valor e de intenção sobre ele, cingir-me-ei apenas ao comentário do artigo de opinião de JMT.

A questão ocorre a partir duma entrevista dada por Clemente Pedro Nunes, professor do Instituto Superior Técnico (IST) na SIC Notícias onde acusou o Governo de querer “dar mais dinheiro aos do mesmo” com a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (ENH) que foi aprovada em Conselho de Ministros, na passada quinta-feira.

João Galamba reagiu de forma dura dizendo que “É um aldrabão e um mentiroso do pior. Não há outra forma de descrever esse cavalheiro. Chama-se Clemente Pedro Nunes e é um aldrabão encartado.”, respondeu João Galamba num twitte. Não concordo com este tipo de linguagem como argumento político o que mostra falta de qualidade que se exige a um político em exercício

João Galamba quando é confrontado com críticas aos seus pontos de vista torna-se irritante e irritadiço especialmente para muitos que não se acomodam com a sua exagerada assertividade com os tiques que JMT acusa de serem iguais aos de José Sócrates. É uma espécie de clone.

Neste ponto todos temos os nossos pontos fracos porque com mais ou menos relevância os nossos gestos ou atitude podem ser uma característica de aproximação e parecença com a de outras pessoas que fomos adquirindo inconscientemente ao longo na nossa vida por aprendizagem vicariante, isto é, por aprendizagem social, o que foi demonstrado por Albert Bandura. Aprendemos assim a observar os outros. A observação de “modelos” exteriores acelera mais a aprendizagem do que se esse comportamento tivesse de ser executado como aprendentes.

Sendo um acérrimo crítico de José Sócrates, a quem tem aversão de vária ordem, JMT transfere para Galamba essa espécie de ódio de estimação por encontrar nele atitudes e comportamentos idênticos.

O artigo de opinião de João Miguel Tavares centrando-se apenas na análise do comportamento na atitude de João Galamba. Não lhe interessa o cerne da questão, não se preocupa em saber da validade da Estratégia Nacional para o Hidrogénio e qual a validade dos argumentos dos dois protagonistas e se, neste processo, a questão de facto que ambos apresentam é circunstancial ou de evidência e se a dita estratégia trará, ou não, prejuízos ao país.

Não é novidade que especialistas das mesmas áreas do saber quando chamados a comentar certas decisões sobre projetos dos governos tomam posições diferentes sobre matérias da sua especialidade. Tem sido assim nas questões dos aeroportos, dos incêndios, do ordenamento das florestas, pontes, ferrovias, barragens e agora sobre a estratégia energética.

Quando se trata de questões que envolva decisões de ordem política as divergências entre especialistas das mesmas áreas científicas os argumentos a favor ou contra têm mais a ver com questões ligadas a pontos de vista de ordem partidária e ideológica. Procuram-se e defendem-se argumentos de ordem científica que possam contrariar ou facilitar os pontos de vista das decisões políticas dos governos sobre os quais estão a favor ou contra. Tais cientistas ficam tão cheios dos seus argumentos que esperam que todos concordem com eles e atacam-se uns aos outros sem dizerem o que era ou o que havia de ser. Em respostas à fraqueza dos argumentos apenas se obtém frases de lixo, coisas como as que os ministros respondem quando não têm resposta nenhuma.

Escreve Miguel Tavares imbuído de um êxtase axiológico: “São declarações absolutamente inaceitáveis, e num país mais exigente com o comportamento dos seus governantes ele estaria no dia seguinte no olho da rua.”. Que elementos de governos, mesmo fora de Portugal, que estariam no meio da rua se atendêssemos ao que eles propagam nas redes sociais. Esquece-se JMT que as redes sociais estão a ser o lugar privilegiado para governantes tecerem e justificarem os seus pontos de vista, ofenderem políticos, propagar ideias antidemocráticas, deixarem recados aos seus adversários políticos e fazerem comentários e críticas não raras vezes lançarem notícias falsas cujo exemplo manifesto é o do presidente dos EUA Donald Trump. Infelizmente parece que este tipo de políticos acha serão mais admirados pelos “outros”, aqueles a quem se dirigem, que terão a mesma linguagem.

As afirmações de Galamba sobre Clemente Nunes no Twitter são, de facto, uma traulitice verbal no Twitter, mas muito pior vê-se neta e noutras redes sociais. Miguel Tavares acha que “para além do insulto descarado, essas declarações importam sobretudo enquanto método de impor um pensamento único à sociedade portuguesa, que era típico dos tempos de José Sócrates, e que Galamba procura agora emular”. Achar que criticar o que alguns dizem, mesmo não correspondendo à verdade, utilizando o insulto, o que é reprovável, é pensamento único é mergulhar no exagero e no caricato.

No confronto e no discurso politico-ideológico é suposto que a argumentação dos opositores vá no sentido de que o seu pensamento é o único e verdadeiro e que ambos se tentam impor. Nas redes sociais há cada vez mais lixo informativo, falsas notícias, insultos e instigação ao ódio propagado também por responsáveis governativos. Há quem as utilize com desmesurada falta de ética que conduzem e coagem a uma espécie de pensamento único em que os discordantes são assediados com ameaças e insultos.

Este caso não merece o tempo que JMT lhe dedicou, caso tivesse ocorrido com alguém ideologicamente da sua preferência não lhe teria valido o tempo de escrita que lhe ocupou.

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publicado às 17:52

Conluio do silêncio

Silenciar partidos não é boa estratégia

por Manuel_AR, em 12.11.19

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Há por aí muita gente indignada a escrever artigos de opinião sobre um tema que, como grandes democratas que se consideram, insurgem-se sobre a discussão que se levantou sobre saber se os novos e únicos deputados de partidos entrados no Parlamento são, ou não, um grupo parlamentar referindo-se ao Chega, ao Iniciativa Liberal e ao Livre.

Antes de continuar devo dizer desde já que sou contra a limitação da palavra dos referidos partidos. As suas intervenções devem gerir-se pelo regimento parlamentar que é aceite e ter proporcionalmente o tempo que lhes confere a sua eleição, tal como a qualquer outro partido.

Um dos colunistas residentes no jornal Público, João Miguel Tavares coloca em título: “Os porteiros do regime não sabem fazer contas”. Outro, esse mais sofisticado na linguagem para que poucos o entendam, e à boa maneira salazarenta, dá o título, do meu ponto de vista insultuoso à maioria parlamentar democraticamente eleita de “A tentação do PS, do BE e do PCP de domesticar o Parlamento”.

Neste o artigo de opinião, Paulo Rangel, o seu autor, escreve:

“Percebe-se qual era o cálculo e a intenção pragmática das forças da esquerda. Por um lado, calar o Livre, que, por razões diversas, é percepcionado por todos eles como perigosa concorrência. Por outro lado, silenciar a Iniciativa Liberal, que, alinhando por um credo nos antípodas dos socialismos, não terá qualquer pejo em enfrentar desabridamente a esquerda. Por outro lado, ainda, apagar o Chega, que, sendo um movimento conservador e populista de direita radical, agita todos os fantasmas. A estas razões, acresce uma outra que é comum a todos e talvez a principal. É que os três novos partidos com representação parlamentar não são nem esperam ser “partidos de Governo”; num certo sentido, e cada um à sua maneira, são ainda partidos de protesto. Esta natureza tribunícia de partidos de protesto – de partidos “fora do sistema” – dá-lhes uma liberdade e latitude de discurso que nenhum dos outros pode ter”.

O ponto de vista de Paulo Rangel coloca-se numa posição hipocritamente democrática porque se trata de falar de forças de direita com a qual também se identifica e porque dois deles combatem, como ele, a esquerda sendo, por isso, também potenciais aliados e por haver uma maioria parlamentar de esquerda democraticamente eleita. Por interesse ideológico convém-lhe defender esses partidos, talvez por pensar que não lhe fazem “mossa”. Incluir aqui também o Livre não poderia deixar de ser, justificando-o por ser um concorrente da “outra” esquerda, o que lhe interessa. Caro dr. Paulo Rangel, nós não temos um olho tapado com uma pala! Sim, já sei, estou a fazer juízos de intenção. Pois estou, e então, posso fazê-los ou não?

Paulo Rangel está a esquecer-se de que foi assim, com paninhos quentes da direita democrática mais conservadora, juntamente com outros fatores, que a extrema direita em Espanha, o Vox, subiu estrondosamente.

Para Rangel o Chega, o Iniciativa Liberal e o Livre são simplesmente partidos de protesto. Talvez o sejam agora! Ver-se-á depois. Silenciador foi o seu partido no tempo em que apoiava incondicionalmente Passos Coelho. E apagavam o mais possível a pegada dos potenciais “competidores” de esquerda que dizia serem, na altura, partidos de protesto e perigosos comunistas que queria voltar ao PREC. Sim, mais uma vez, pode ser juízo de intenção e escrever o que não disse. Mas sabe, como nas leis, é preciso saber ler nas entrelinhas. Os partidos de extrema-esquerda que antes intitulava de protesto estão agora implantados na Assembleia da República.

Esquece-se que André Ventura afirmou há relativamente pouco tempo que agora é apenas um mas no futuro serão muitos mais. São de protesto, mas vejamos se no futuro próximo não serão também concorrentes do seu partido.

João Miguel Tavares é mais lógico, mais racional, coloca os pontos nos “is” e, sem grandes delongas, vai ao cerne da questão e é mais realista ao escrever que:

“É um absurdo silenciar três deputados com a desculpa que não são um grupo parlamentar, até porque a melhor forma de os transformar num grupo parlamentar é mesmo fazendo tudo para que não abram a boca. A pressão política e mediática vai obviamente ser insustentável, a esquerda vai obviamente ceder e os três novos partidos vão obviamente poder falar nos debates quinzenais, como têm direito.”

Ponto de vista com que não se pode deixar de concordar. Quanto mais se proíbe mais o emergir na opinião pública se torna viral o que apenas contribui para esses partidos se auto vitimizarem. Por vezes deixar falar ajuda ao enterro de quem fala pelo surgir de contradições.

O dr. Paulo Rangel pretende chegar à mesma conclusão, mas encheu-se de demagogia e de democracia hipócrita. Tenha presente que aqueles partidos que desvaloriza e que são próximos da extrema-direita, para crescerem, não vão buscar eleitores e consequentes votos às esquerdas, vão procurá-los à direita. A intenção é boa, mas a sua razão de fundo tem como base a maioria estar agora do lado da esquerda. O resto é conversa mole.

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publicado às 19:12

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A inveja portuguesa manifesta-se, daqui e dali, do interior ao litoral, em todos os níveis sociais, entre as freguesias de todo o território nacional e associada ao bairrismo nas grandes cidades.

Os dicionários da língua portuguesa apresentam vários significados para a palavra inveja. Vou utilizar um dos que me pareceu mais adequado ao contexto sobre o qual vou entediar alguns possíveis leitores.

Um dos conceitos de inveja, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, é "desejo de possuir algo que outra pessoa possui ou de usufruir de uma situação semelhante à de outrem (geralmente acompanhado de animosidade face a quem detém o objeto de cobiça e de vontade de que esse outrem o não tivesse)". É, afinal, o desgosto ou pesar pelo bem dos outros.

Infelizmente a inveja ganha particular intensidade em Portugal. As figuras ímpares da nossa literatura têm-na referido e "denunciado" ironicamente. A personificação da inveja é, não raras vezes, manifesta por “personalidades” da política, da cultura, do jornalismo e do comentário político e toma por vezes um semblante com a gravidade duma atitude associada à hipocrisia e, em alguns casos, acrescida do habitual pedantismo  próprio daqueles que penduram palavras em vez de ideias, como se fossem os únicos capazes de o fazer e de que todos os outros são obviamente incapazes.

A expressão “dor de cotovelo” pode ser também usada em momentos de inveja ou ciúme quando alguém próximo consegue vantagens ou promoções que o deixam de fora.

A inveja em política traduz-se em ambição não apenas pessoal, mas também em relação aos sucessos políticos de elementos de um partido em relação a outro, ou seja, ambição ao ver num outro partido algo que se desejaria para aquele a que se pertence ou com que se simpatiza.

A grande motivação exógena para esta minha ação escrita sobre a inveja em política foi, mais uma vez, um artigo de opinião do douto escritor, cronista, comentador e dito ex-jornalista, João Miguel Tavares no jornal Público. Não…, não…, a minha postura para com ele não tem sido sempre discordante. Algumas vezes tenho sido pela concordância.

O artigo de João Miguel Tavares, como seria de esperar, mais uma vez, enferma da patológica assombração in vitae de José Sócrates, que nunca disfarçou nem conseguiu ainda sublimar. Assim, tudo e todos quantos estiveram próximos, ligados ou até afastados dele, mas o conhecem ou conheceram, ainda que não participassem em nada de quanto seja culpado, serve para lançar farpas. Como bom que é a escrever, lança mão a recursos linguísticos para tornar os textos mais expressivos e sugestivos para construção de reais ficções buscando ligações de factos para tentar arrolar para a esfera pública o enxovalho, a dúvida, a desconfiança.

JMT considera-se um virtuoso do comentário e da opinião que, devido às suas convicções liberais de direita, parece ter sempre o olho da direita tapado com uma pala, qual Camões, para tudo  quanto venha, mesmo que seja bom, do lado daquela esquerda que mais o incomoda e desconsola, fazendo jus à espécie de áurea política virtuosa e justiceira que o envolve e o impele a ver a política pelo olho descoberto.

No que se refere à política os textos de JMT fazem-me recordar uns tercetos de um poema de Gomes Leal, “Sátiras Modernas”, que versam assim:

“Teus brados de amor pátrio, e os farrapos banais
Dessa tua elegante e pompadour retórica,
São lixo… entulho… pó… caruncho… nada mais!”

     

E mais estes:                

“VIRTUDE, moça ideal que morreu de anemia,
Fica bem na oração de um tribuno violento,
E lê-se em folhetins dos jornais, dia a dia!...”

 

Desta feita o alvo do ataque insidioso, pleno de mexeriquice, como não podia deixar de ser, foi para Pedro Silva Pereira por ter sido eleito para vice-presidente do Parlamento Europeu, e, por isso, teve direito, nada mais nada menos, do que a quatro longos parágrafos de infamação mais ou menos adoçados pelo habitual azedume pessoal do autor.

E vejam só, como se fosse uma notícia de lesa Pátria até a revista Sábado de hoje traz uma nota a dizer que o filho de Pedro Silva Pereira chumbou num exame!  Por causa disso a nação está em risco no Parlamento Europeu!

Vão, mas é, tratar-se.

Como também não podia deixar de ser, Miguel Tavares, para que não o acusassem de unilateralidade e de ter um olho só virado para quem é de esquerda, mesmo que moderada, recorre à crítica simples e breve em dois parágrafos apenas, suavemente orientada ao eurodeputado do PSD Álvaro Amaro indiciado no âmbito da “Operação Rota Final” por uma alegada rede de favores na atribuição de contratos públicos.

Assim, ficará quite, já ninguém tem nada a dizer, pois então! Não venham cá dizer que eu, João Miguel Tavares, que tenho uma pala no olho direito por ser um encartado liberal de direita apenas critico um lado, nada disso!

Perguntam os leitores onde é que isto tem a ver com a inveja. O tipo não explica dirão alguns! Vou explicar.

Se recuássemos no tempo até 2004 veríamos Durão Barroso na altura primeiro-ministro a ser eleito pelo Parlamento Europeu para a presidência da Comissão Europeia tendo abandonado o país que entregou a pasta de primeiro-ministro a Santana Lopes como se tal fosse uma coisa vã, para se “pirar” para Bruxelas que ali é que estava a dar.

Na altura não faltaram elogios, dos comentadores, jornalistas e políticos da direita a dizerem que era um orgulho para Portugal e para os portugueses a eleição de Durão Barroso tal como fez Manuela Ferreira Leite que reagiu com "grande e duplo orgulho" à vitória de Durão Barroso. Era um prestígio e um orgulho para Portugal, diziam, "por ter um português que mais uma vez conseguiu vencer" e orgulho partidário por "não poder esquecer que ele é membro do partido social democrata".

Quando da entrada de Mário Centeno para presidente de Eurogrupo apesar de também ser prestígio para Portugal a mesma direita, não fez alarido, antes pelo contrário, fez todo o possível por denegrir a pessoa e o cargo que ocupava.

Uma nota final: que critérios o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa seguiu para designar João Miguel Tavares para presidir à comissão das comemorações do 10 de junho, Dia de Portugal?!  Os discursos de JMT mais pareciam próximos do tempo em que Pedro Passos Coelho foi primeiro-ministro em 2011.

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publicado às 16:44

Professores e injustiças.png

Corro o risco de me repetir e de estar, mais uma vez, em consonância com João Miguel Tavares no que respeita à atual questão do boicote aos exames a que a FENPROF dá o nome de greve. Eu e João Miguel Tavares nada temos em comum no que respeita a opções ideológicas na política e muitas vezes tenho colocado do lado oposto das suas opiniões. O seu artigo de opinião publicado no jornal Público “Professores: o justo, o injusto e o Justino”, é outro ponto de vista com que estou de acordo.

Sobre a posição do PSD sobre esta matéria já escrevi neste mesmo blogues com o título “O regalo da direita com as delícias dos professores”. Escrevi então que o disse o PSD quando “acusa o Governo de defraudar e discriminar os professores em relação aos restantes funcionários públicos no descongelamento de carreiras” porque à direita interessa a contestação para captar votos dos professores numa ação eleitoralista e, por isso, junta-se à esquerdas a que chamava radicais e que nada fez nem alterou em prol dos professores quando no Governo.

Foi agora a vez de David Justino, vice-presidente do PSD dar uma mãozinha a Mário Nogueira para participar na “luta” vanguardista dos professores por mais dinheiro e direitos e menos trabalho que, no final, é no que se resume toda esta movimentação contestatária já bem conhecida gerada pela máquina partidária do PCP.

Miguel Tavares utiliza um termo bem interessante quando diz que David Justino resolveu “cantar uma grandolada com os professores”. Ele disse de forma humorística que Justino e o PSD aliou-se aos que cantam com fervor canção Grândola Vila Morena. Tenho um grande espeito pelo que ela representou num momento da nossa história na segunda metade do século passado e ainda é um símbolo, não sei se será esse o caso de Miguel Tavares. Mas pronto, se não for pode voltar a escrever porque está perdoado.

Enfim, o CDS, fica-se pela superfície, e o PSD, oportunista, está a colar-se aos sindicatos mas ninguém avança com o importante: é preciso reformar a avaliação dos professores.

Para quem não tenha acesso ao artigo de João Miguel Tavares no jornal Público transcrevo-o na íntegra com a devida vénia.

 

 

OPINIÃO

João Miguel Tavares

Professores: o justo, o injusto e o Justino

Um vice-presidente do PSD deveria ter bastante mais prudência quando resolve dar o braço a Mário Nogueira para cantar uma grandolada com os professores.

16 de Junho de 2018, 8:13

O vice-presidente do PSD David Justino deu uma entrevista ao PÚBLICO. Título: “O tempo de carreira dos docentes deve ser respeitado.” Pós-título: “David Justino elogia sindicatos e cobra ao Governo a contagem integral do tempo de serviço congelado aos professores.” No mesmo dia, o PÚBLICO tinha como manchete um trabalho da jornalista Clara Viana sobre o número de professores e de alunos existentes no sistema de ensino. Título: “Número de alunos está a descer e o de professores a aumentar.” Pós-título: “Número de alunos no ensino não-superior desce por causa da quebra da natalidade e o de professores aumenta devido à entrada no quadro de cerca de 3300 contratados neste ano lectivo.” Eis o esplendor de Portugal. Na mesma edição do PÚBLICO temos um político na oposição a defender aquilo que sabe que o Estado não pode dar, e o Estado a ignorar os dados mais elementares da realidade demográfica portuguesa.

Será que depois de quatro anos de troika não aprendemos nada, e continuamos sentados a um canto com orelhas de burro, por mais reguadas que a realidade nos dê? Infelizmente, é pior do que isso. David Justino não é burro. António Costa não é burro. Mário Nogueira é tudo menos burro. Eles sabem que se as escolas têm cada vez menos clientela e ainda assim o número de professores continua a aumentar, o ensino público vai dar o berro, tal como o Sistema Nacional de Saúde já está a dar. Simplesmente, não há uma alma política neste país que seja capaz de governar com os olhos postos no longo prazo, e por boas razões: a democracia é um jogo de curto e médio prazo, e colocar demasiadas fichas no futuro é um péssimo investimento. Vejam o que aconteceu a Pedro Passos Coelho – bastou o diabo falhar a sua entrada e o erro de timing custou-lhe a cabeça. Mais do que isso: para quê preocuparmo-nos com justiças futuras quando há tantas e tão grandes injustiças para corrigir no presente?

Então não é justo que os professores contratados entrem no quadro? Claro que é. Então não é justo que todo o tempo de serviço seja contado para a progressão na carreira? Claro que é. Então não é justo que um professor tenha estabilidade e não ande anos e anos a saltar de escola em escola? Claro que é. Qualquer professor consegue apresentar uma longa lista de reivindicações justíssimas, e não é preciso ser Justino para concordar com elas. O problema – o dramático e terrível problema – é que essa soma de reivindicações justas, se forem aceites, criam uma situação simultaneamente injusta e insustentável: tendo o Estado meios finitos, não é possível fazer a todos justiça sem injustiçar o contribuinte.

Donde, um vice-presidente do PSD deveria ter bastante mais prudência quando resolve dar o braço a Mário Nogueira para cantar uma grandolada com os professores, até pelo histórico do seu partido. Há eleitoralismos que descredibilizam – e muito. E quanto à classe docente, com a qual tenho andado em animadas discussões nos últimos tempos, penso que deveria fazer um esforço sincero para levantar o nariz da sua carreira e olhar para o conjunto do país. É claro que para tudo há solução: se existem mais professores e menos alunos, então que se aproveite para diminuir o número de alunos por turma. Não será essa uma medida justa? Eu, como pai de quatro, respondo: é uma medida justíssima! E assim vamos nós andando alegremente, saltando de medida justa em medida justa, até nos afundarmos todos em mais uma injustiça geral.

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publicado às 17:49

1. Incêndios e incendiários da política.

 

A oposição de direita coadjuvada pela comunicação social ainda não largou os fogos da época passada, postos por incendiários cuja origem e motivos se desconhecem, e já a comunicação social e os partidos da oposição de direita estão a dar o mote para que os incendiários novamente se preparem. Portugal, como nenhum outro país da UE, é um país de incendiários por mais que nos queiram fazer ver o contrário.

Não se percebe como é possível que responsáveis partidários e políticos aparecem a falar assumindo a inevitabilidade dos incêndios em vez contribuírem com propostas para a sua prevenção.

A frase mais do que uma vez utilizada pela impressa e pela televisão é a “época dos incêndios que se avizinham”, como se estes fossem um determinismo. O pressuposto deveria ser que ninguém deita fogo às florestas, a menos que se aceite implicitamente a existência de a circunstância de há uma “causa terrorista”, e, a ser assim, haverá “interesses” a ela subjacentes para se retirarem dividendos.

Como iremos continuar a verificar durante toda a época de verão os incêndios não deixarão de ser o estribilho da oposição de direita e da comunicação social que a apoia. Partem da suposição de que eles se continuarão a verificar. E assim vai ser! Essa direita que, quando no governo, nada fez para alterar essa calamidade que assolam o país todos os anos, pretende agora que um problema de tal envergadura e complexidade seja resolvido em menos dum ano.

Pela rede da web não faltam comentários das notícias vindos da direita estão todos sintonizados na estação da culpabilização do Governo como se nada existisse antes…

Até Rui Rio já viu o filão pode explorar partidariamente e possa colher daqui e dali alguns votos.

O Presidente da República sobre os incêndios disse numa entrevista ao jornal Público que se “Voltasse a correr mal o que correu mal no ano passado, nos anos que vão até ao fim do meu mandato, isso seria só por si impeditivo de uma recandidatura”. Como se as causas dos incêndios fossem unicamente da responsabilidade deste Governo, e se, à simultaneidade da ignição dos mesmos fosse possível dar respostas imediatas.  António Costa parece ser mais sensato quando ao responder à pergunta se se demitiria se houvesse nova tragédia, diz que "Quando há um problema, a solução não é demitirmo-nos, é estarmos prontos para resolver o problema".

 

2. Sócrates e ódios de estimação

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Tocqueville, historiador e escritos francês do século XIX disse no seu tempo que, em política, a comunhão de ódios é quase sempre a base das amizades.

Nesta semana João Miguel Tavares num dos seus já habituais escritos de opinião no jornal Público veio defender uma tese muito interessante numa tentativa de desculpabilizar mais os que praticam um certo tipo de corrupção e de culpabilizar mais outros, conforme os níveis da sua prática quando se está no poder. Como se a corrupção tivesse níveis quando e como é praticada e consoante é em proveito próprio ou não. A corrupção por princípio tem como fundamento benefício próprio e ou de outrem.

João Miguel Tavares refere que “Uma das reacções mais estupidamente pavlovianas à invocação do nome de José Sócrates, e à sua cumplicidade com tantos socialistas, consiste em elencar de imediato todos os casos de Justiça envolvendo figuras da direita – e lá vem Dias Loureiro, Oliveira e Costa, Duarte Lima, o BPN, os submarinos, Paulo Portas, Miguel Relvas, a Tecnoforma, e o mais que der jeito e assomar à memória.”

Ao contrário do que acha João Miguel as reações não são pavlovianas pois estas têm como base reflexos condicionados, e as que o autor se refere são reações comportamentais ou behavioristas como se quiser. Baseiam-se no condicionamento operante que é um processo pelo qual se pretende condicionar uma resposta de um indivíduo, seja para aumentar a sua probabilidade de ocorrência ou para extingui-la. No primeiro caso, são apresentados reforços (e o reforço são as notícias sobre a Operação Marquês e Sócrates).  Vale a pena ressaltar que o conceito de reforço está diretamente ligado a ocorrência da resposta, um estímulo só pode ser considerado reforçador se aumentar a probabilidade de determinado comportamento ocorrer.

Mas voltando ao que interessa, não assomou à memória de João Miguel Tavares o caso de Aníbal Cavaco Silva. Como liberal assumido defende os seus, os que agora se encontram do lado de lá, e centra-se nos que estão do lado de cá. Tem, todavia, alguma razão quando escreve que o caso de José Sócrates é um caso singular de corrupção. E, sê-lo-á, se vier a ser provado em tribunal, ao contrário da comunicação social que acusa, julga e condena. Não há que esperar, há que fazer notícia a qualquer preço.

Lembro-lhe que na oitava eleição presidencial portuguesa, em janeiro de 2011, foi reeleito Aníbal Cavaco Silva para um segundo mandato. Conforme divulgou o jornal Expresso, no mesmo ano, uma testemunha revelou em tribunal que Oliveira e Costa vendeu, em 2001, a Cavaco Silva e à sua filha 250 mil ações da Sociedade Lusa de Negócios, a um euro cada, quando antes as adquiriu a 2,10 euros cada à offshore Merfield. Respondendo a perguntas dos juízes do julgamento do caso BPN, o inspetor tributário Paulo Jorge Silva disse "não ter explicação" para o facto de o principal arguido, José Oliveira Costa, ter perdido 1,10 euros em cada ação que vendeu a Aníbal Cavaco Silva e à filha do atual Presidente da República, Patrícia Cavaco Silva Montez.

Em 2016 a revista Sábado publica o seguinte: Luís Montez "beneficiou" das mesmas facilidades que o antigo Presidente da República no BPN, mas ao contrário do que aconteceu com Cavaco Silva, não era "permanentemente fustigado" pelo Partido Socialista. Depois de em 2011 a SÁBADO ter avançado que o genro do antigo Presidente da República tinha renegociado uma dívida de 260 mil euros com o BPN, agora é Fernando Lima, antigo assessor de imprensa de Cavaco Silva, quem o escreve em "Na sombra da Presidência", livro que hoje é citado no jornal i.

Não seria também Cavaco Silva um caso singular de corrupção por ser na altura o mais alto magistrado da nação e que, por isso, deveria ser investigada até à exaustão? E alguns desses outros a que se refere não tiveram responsabilidades governativas? Mas não, foram enviados para os arquivos mortos.

João Tavares afirma que “Muita gente tem dificuldade em perceber isto – e daí a obsessão por tentar encontrar exemplos idênticos no partido ao lado.” Para ele são casos diferentes, e são-no de facto. Será por isso que uns devam passar impunes e outros sejam sistematicamente atacados e lançados desmesuradamente para a opinião pública?

Mas João Tavares não espera, Sócrates já é culpado e sentencia que Sócrates “utilizou a sua posição de poder para promover de forma ilícita o enriquecimento pessoal”. Lembro-me outra vez do que atrás referi sobre Cavaco Silva, sujeito que esta semana, na TVI24, José Miguel Júdice considerou ser a pessoa mais honesta do país e fora de qualquer suspeita.

Pela minha parte não faço juízos de intenção nem de valor sobre ainda presumíveis factos. O facto é que, o que tem sido divulgado pelos órgãos de comunicação sobre Sócrates e sobre Operação Marquês, que “opinion makers” aproveitam para tecer as mais diversas opiniões, são considerados. sem qualquer dúvida. como verdades. Podem vir a ser dados como provados (ou não), mas deixo sempre tudo em aberto até ao julgamento.

Com uma coisa concordo com João Miguel, é que “a corrupção é um mal transversal, que não olha a ideologias”, mas se assim é então há que combatê-la afincadamente, sem diferenciar tipologias consoante os interesses, dando-lhes o mesmo destaque e fazendo as mesmas críticas, porque corrupção no mundo da política é sempre corrupção seja, ou não, no sentido convencional do termo, mesmo quando governantes ou ex-governantes sejam eles quem forem estiverem presumivelmente implicados.

Caso curioso é que, quando as televisões avançam com notícias sobre o caso Sócrates de seguida colocam umas peças relacionadas com anteriores casos sobre os quais raramente se fala. É como nos quisessem dizer:

- Estão a ver como somos isentos também falamos de outros casos.

Não brinquem connosco.

 

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publicado às 13:13

Teoria da conspiração.png

Segundo alguns dicionários um saco é uma "espécie de bolsa de pano, couro, plástico ou outro material, aberto em cima, geralmente com asas para facilitar o transporte". Há vários tipos de sacos: os sacos para batatas, os sacos de plástico, os sacos de papel, os sacos para dormir, etc., mas também há os sacos azuis e os sacos da política e do jornalismo donde se tiram peças para aproveitamento político.

Aqui entram hipotéticas teorias da conspiração cujo atributo é a crença de que certas forças poderosas, são responsáveis ​​por adversidades e infortúnios de outro modo inexplicáveis e cujo alcance se estende a governos, finanças, cultura e educação, e a ausência de evidência real da sua existência ou influência é simplesmente tomada como prova.  Algumas são baseadas na política e compartilham da crença de que uma “mão oculta e sinistra” pode estar a manipular eventos para o benefício dos conspiradores em detrimento de todos os outros.

No que respeita a estes últimos existem os que, como os incêndios de outubro na região de Pedrógão Grande e outros próximos, causaram lamentáveis vítimas, dezenas delas que terminaram em mortes trágicas de gentes indefesas daquelas regiões violentadas pelas chamas por assassinos a soldo de alguém.

Escrevi em tempos neste mesmo blog a minha opinião sobre a causa daqueles e de outros incêndios que me pareceram muito estranhos e arquitetados com bastante pormenor.  E, como resultado, o oportunismo com todo o fulgor da oposição de direita aproveita a tragédia. Em política nada acontece por acaso. Certas reportagens ditas de jornalismo de investigação da TVI, como foi por exemplo o caso das adoções pela IURD, presumivelmente ilegais, de crianças, são desenvolvidas e debatidas até à exaustão e outras como a reportagem sobre as presumíveis caudas dos incêndios, feita pelo mesmo canal, ficam-se pelo caminho.

Ao longo dos últimos meses noticiários e reportagens nos canais de televisão resplendecem com peças sobre os incêndios numa amalgama de acontecimentos trágicos e chamas. É uma espécie de cadinho onde se misturam episódios, atrás de episódios, que já não são notícias, são antes uma edição de construções ficcionadas aproveitadas a partir da triste realidade. Bem podiam dar um aviso aos espectadores, como naqueles filmes de ficção e em novelas, que alerta para que qualquer semelhança com personagens da vida real é pura coincidência. São imagens acompanhadas de palavras refeitas para públicos com iliteracia imagética.

Já afirmei em anteriores postes que até às próximas eleições a oposição de direita revisitará, sempre que lhe convenha, o mesmo tema atualizado e melhorado. Assim está a acontecer. Com a ajuda da comunicação social, cuja quebra de vendas a torna sedenta de más notícias, aos poucos vai tirando do saco o que lá vai guardando para ocasião oportuna.

É um cadinho onde se vão colocando casos da política relacionados com presumíveis corrupções misturados com químicos diversos, tendo Sócrates como catalisador, ou misturando outros elementos da química política que, eventualmente, possam reagir com o ingrediente Partido Socialista.

A pergunta que me tenho feito várias vezes é: porque será que, quando a direita está envolvida em corrupção o caldo não é aquecido à mesma temperatura e é colocado na gaveta mais fria do frigorífico da comunicação social, mas quando se trata da área da esquerda o caldo da corrupção é posto a ferver?

Tudo isto pode parecer mania da conspiração. Se há conspiração é a comunicação social que acompanho com frequência, e não as redes sociais, que me fornecem a informação e as notícias que me levam a colocar as hipóteses de conspiração.

Em março do corrente ano João Miguel Tavares chamou palermas aos que defendem teorias da conspiração dizendo que, “É precisamente porque o escrutínio do poder é um mecanismo de vigilância insubstituível que as teorias da conspiração só servem para entreter palermas “. Se lesse este artigo eu ficaria no seu rol de palermas.

Para o escritor e jornalista liberal João Miguel os que apresentam opiniões a partir de evidências ou pressupostos causais sobre algo que se relacione com a direita são teorias da conspiração para entreter palermas, mas, quando, pelo contrário, os pressupostos têm em mira a esquerda que governa não são teorias da conspiração, são escrutínio do poder.

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publicado às 00:21

MN e JMT.png

Raramente leio os artigos de opinião que João Miguel Tavares escreve no jornal Público, e, quando o faço, é porque algum sentimento de indignação que me compele a isso. Talvez por ele ser um liberal incondicional, e eu não, ele ser de direita, e eu não. Talvez por ele ser um liberal convicto seja levado a fazer oposição ativa à esquerda através da escrita de opiniões, defendendo sectariamente apenas um lado, o “seu”, procurando algo e só o que possa criticar no “outro”, apenas e porque não é o seu.

Hoje li o artigo de João Miguel Tavares, há sempre um dia em que a nossa opinião pode, ocasionalmente, mudar face a algum acontecimento. Encontro-me hoje nessa circunstância. Ter que concordar na íntegra com o que Miguel Tavares escreve no Público.

Fui professor em dois momentos, no ensino profissional e, posteriormente, no ensino superior. A minha mulher também foi professora do ensino público durante as dezenas de anos e depois na área pedagógica do Ministério da Educação vários anos, conheço bem o que foi o ensino por fora e por dentro apesara das alterações que se verificaram no tempo do “chamado ensino do Crato”. Ao contrário dos filhos de JMT que andam no ensino público, os meus netos, por uma questão de opção, e não porque a qualidade seja superior no privado face ao ensino público, até porque, alguns colégios privados, em alguns casos, deixam bem a desejar, e não digo nomes.

Deste modo, e por coerência com o que escrevi em “posts” anteriores opondo-me à greve reivindicativa do sindicalismo egoísta e umbilical, que mais parece uma corporação de professores liderada por Mário Nogueira, tenho que concordar com o que JMT escreveu hoje e faço das palavras dele as minhas, objetivamente e apenas neste caso, não confundamos nem misturemos as coisas.   De qualquer modo recomendo a leitura do artigo que pode ver aqui.

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publicado às 21:02

Contente e feliz.png

A FENPROF e o seu líder Mário Nogueira têm razões para estarem satisfeitos com os apoios à luta reivindicativa para obtenção de mais dinheiro retroativo, (impossível de dar), e de regalias. Com o sindicalista Mário Nogueira está com a direita dos liberais e dos neoliberais, incluindo os que ditam, prescrevem e sugerem através de artigos de opinião que publicam na imprensa diária e comentam nos canais de televisão.

No jornal Público do passado dia 18, João Miguel Tavares no seu artigo de opinião é um dos que parece apoiar, pelo menos implicitamente, os protestos e as greves do pessoal de Mário Nogueira. E, este, claro, nas atuais circunstâncias agradece porque o apoio da direita é, apesar de tudo, bem-vinda.

Miguel Tavares através de um artigo de opinião e a propósito das reivindicações e greves dos professores justifica a vinda do diabo invocada por aquele de quem parece ser fã convicto, o eis primeiro-ministro Passos Coelho.

Depois de dissertar, mais uma vez, sobre as causas das intervenções do FMI diz João Miguel Tavares que “Logo abaixo das nossas lastimáveis elites e da sua vocação para a corrupção, há uma série de corporações poderosas, mais a grande massa dos trabalhadores do Estado e dos reformados, que foi crescendo ao longo do tempo por boas e por más razões. Esse Estado, sem profundas reformas, é insustentável. Ele pode ser alimentado durante alguns anos através do crescimento da economia, mas à primeira mudança de ciclo económico o país vai outra vez ao charco. Não é uma questão de “se”. É uma questão de “quando”.” Cá está o diabo ainda não veio está para vir qual oráculo de Passos Coelho.

E continua, “famoso diabo é, e sempre foi, isto: a profunda consciência das limitações do país e dos seus problemas estruturais, adicionado à paralisia reformista da atual solução de governo e à sua enorme tentação despesista.” E digo eu, afinal parece que o diabo que está para vir é devido a não continuar com as reformas sociais neoliberais iniciadas pelo anterior governo.

Raramente concordo com João Miguel Tavares, mas, em alguns pontos de vista, e por motivos diferentes, sou levado a concordar. Sabendo que é um liberal com alguns laivos de radicalismo nessa área ideológica, pelos artigos de opinião que habitualmente escreve tudo lhe serve para fazer oposição ao Governo. Nesta fase em que a oposição de direita do PSD está em grande agitação devido a estar em fase de eleições internas até dá jeito.

O PCP e os sindicatos a ele afetos, faltando-lhe o operariado, substituiu-o pelos funcionários dos serviços do Estado classe média atualmente bem paga e, por isso, quantos mais trabalhadores houver no Estado tanto melhor, porque pode servir de arma poderosíssima nas mãos dum partido que tem sempre à mão, sempre que lhe convenha, para paralisar todos os serviços. No que toca ao número de trabalhadores do serviço público é talvez o único ponto de concordância que tenho com JMT.

Claro que Miguel Tavares dá uma no cravo e outra na ferradura, mas mostra congratular-se com as reivindicações irrealistas porque o ajudam em pôr em causa as ideias e os projetos do Governo mas, ao mesmo tempo, acaba por defender o ponto de vista dos professores e  aproveita para dizer que, se já não há austeridade, então que se pague o que pedem. Ironia? Talvez não!

Analisemos então as seguintes passagens do artigo de João Miguel Tavares com a qual estou de acordo porque é uma questão de bom senso.  

Quando se fala na impossibilidade de arranjar 600 milhões de euros para contar todo o tempo de serviço dos professores, a objecção que se escuta com mais frequência é esta: “Não há 600 milhões para dar aos professores, mas houve 4,9 mil milhões para salvar o BES, e mais 3,9 mil milhões para salvar a Caixa.” Sem dúvida que houve. Contudo, mesmo sem entrar em discussões sobre as particularidades do sistema bancário, convém notar que esses 600 milhões, ao contrário da capitalização dos bancos, não são one shot — é um compromisso que fica assumido e que tem de ser pago todos os anos. São 600 milhões em 2018, outros 600 milhões em 2019, mais 600 milhões em 2020, e por aí fora. Ao fim de dez anos são seis mil milhões. Ao fim de 20, 12 mil milhões. E isto só para descongelar nove anos de carreira dos professores. Como seria de esperar, a GNR já veio dizer que exige o mesmo tratamento. E de seguida virão os polícias, o exército, os enfermeiros, os médicos, os magistrados, os trabalhadores dos transportes.

As pessoas que apoiam estas reivindicações colocam frequentemente o tema em termos de “justiça” ou “injustiça”. Lamento muito: o problema não é moral. Claro que o descongelamento das carreiras é mais do que justo. Claro que retirar às pessoas direitos adquiridos é profundamente injusto. Claro que os professores têm toda a razão em desejar que nove anos da sua vida profissional não desapareçam no ar. Mas isto não é uma questão do que é bom versus o que é mau. É uma questão do que é possível (ou responsável) versus o que é impossível (ou irresponsável). É uma questão de escolhas e de como utilizar os recursos — finitos, convém recordar — do Estado.

Como não há bela-sem-senão, posto isto, João Miguel Tavares aproveita para fazer oposição e atacar António Costa dando razão aos funcionários públicos: “a conversa do fim da austeridade foi orgulhosamente assumida por António Costa desde o primeiro dia. E assim sendo, as pessoas só estão a exigir nas ruas aquilo que o primeiro-ministro lhes prometeu quando estavam em casa. A irresponsabilidade destas reivindicações não é de Mário Nogueira. A irresponsabilidade é de quem prometeu o que não devia, e de quem anda há dois anos a cavar buracos…  

António Costa não cava buracos anda a tapar os que o seu antecessor cavou, quer nas finanças, quer ao nível social. O apoio às medidas de Passos Coelho estão implícitas no que JMT escreveu e, António Costa então deveria continuar com a mesma austeridade mantendo o país de rastos como fez o seu antecessor neoliberal piorando ainda mais o que herdou.  

Para JMT é isto o diabo que Passos Coelho anunciou jogando com o fator medo. A direita dá timidamente o apoio às reivindicações vindas dos sindicatos numa estratégia de fazer colapsar as finanças públicas para, a partir daí, passar a ter conteúdo para uma oposição com algum significado, deixando a mera oposição casuística.

Uma coisa é certa o sindicalista Mário Nogueira agradece.

Jogo baixo. Outra coisa não seria de esperar de JMT.

 

PS: Hoje no mesmo jornal Público JMT escreve um artigo com quem estou em pleno acordo. Para mim estar plenamente de acordo com ele era quase um exercício de impossibilidade. Hoje chegou finalmente o dia. Espero que haja mais.

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publicado às 16:25

Cães raivosos são eles

por Manuel_AR, em 19.09.17

Cão Raivoso2.png

Não gosto de escrever utilizando uma linguagem idêntica à da direitalha porque passarei a fazer parte dum grupo de sinal contrário, pelo que desde já a desculpa pelo título. Mais adiante perceberão porquê.

Se nos dermos ao trabalho de pesquisar nos órgãos de comunicação informações sobre indicadores de economia, finanças, juros da dívida, mercados etc. e compararmos a informação noticiada nos períodos de 2012 e 2014 com as do período de 2015 até ao momento deparamo-nos com casos curiosos.

Durante o anterior governo, o da direita PSD/CDS, qualquer informação que houvesse sobre pequenos/ínfimos resultados positivos dos indicadores, alguns até pouco significativos, os portugueses eram bombardeados diariamente com a repetição exaustiva sobre aquela informação. Quando os resultados não eram muito favoráveis a notícia era dada rápida e parcimoniosamente.

O que vemos atualmente é precisamente o contrário. O que o atual governo tem conseguido é noticiado parcimoniosamente e sem grande impacto e tudo o que é desfavorável é noticiado com um relevo às vezes não justificado.

Se alguém acha que a comunicação social não tem animosidade com esta fórmula de governação à esquerda, então desengane-se. A direita toma conta de a crias com a ajuda da comunicação.  

Vamos a outro caso. Aqui há algum tempo atrás o Conselho Económico e Social pela voz de Teodora Cardos colocou de certo modo em causa as previsões do Governo para a economia, que ela dizia serem demasiado otimistas. Aliás basta comparar as previsões do CFP, que aparecem sempre no sentido do desfavorável, comparativamente com as restantes instituições internacionais e com as do Ministério da Finanças que se encontram em quadros publicados por aquele organismo. Será a metodologia utilizada pelo CFP para poder dar resultados convenientes? Mas o que interessa é que as previsões dadas quer pelo Governo, quer pelas instituições, são noticiadas pela rama e sem enfase, ao contrário do que se passava no anterior governo.

A partir daqui confluímos obrigatoriamente com as manobras de diversão que a direita pretende seja agenda política na abertura dos noticiários que é tudo o que menos interessa ao comum dos cidadãos, isto é, a chicana política de descredibilização.

Os bons resultados obtidos e a confiança das instituições europeias obtidos pelo Ministro das Finanças e pelo atual Governo revelado pela decisão da Standard & Poor’s (S&P), Portugal sentiu logo nos mercados o efeito positivo de ter tido uma das principais agências de rating mundiais a retirar o nível “lixo” que atribuía à sua notação de crédito assim como a saída de Portugal do lixo da agência de avaliação que foi noticiado pela rama no primeiro dia tentando que passasse pelos pingos da chuva.  A queda de juros registada esta segunda feira tem o potencial para gerar poupança anual de 37,5 milhões de euros em emissões de Obrigações do Tesouro (OT) a notícia foi dada sem grande relevo contrariamente ao que se passava no governo da direita. Tudo isto são pedras no sapato da direita e da qual não se consegue desenvencilhar e, por isso, procura o acessório, o desinteressante, o achincalhamento e a comunicação social sempre ávida de furos jornalísticos dá ajudinhas.

Quando foi colocada dívida pública cuja oferta superou a procura e a juros negativos, A TVI e a SIC noticiaram? Não. E a amortização da dívida com o pagamento ao FMI de 1700 milhões de euros? Foi dada timidamente. A TVI apenas deu uma pequena passagem de António Costa em que o divulgava, mas nem me recordo se foi passado nos noticiários em horário nobre ou se foi noutra altura e apenas uns breves 25 segundo, ficando-se por aí. Recordo-me que qualquer mexeriquice propagandística que vinha, e vem da direita, era, e é papagueada várias vezes ao dia.

Isto é falta de isenção, de independência, é informação de fação.

Alguns, como João Miguel Tavares, que escrevem nos jornais opiniões políticas sobre o Governo alinham pelo mesmo diapasão e logo surgem comentários online dos tais direitalhos contra quem não discorda de Miguel Tavares e contrapões com linguagem direitalha:

“Os cães raivosos do costume não conseguem esconder a sua irritação pois sabem que o João Miguel tem razão e tudo não passa dum castelo de areia e esses resistem muito pouco. É tudo uma questão de tempo. A única coisa que me deixa na expectativa é saber quem vão eles (os cães raivosos) culpar a seguir.”. Como já escrevi é esta a linguagem da direitalha. De certo que este termo também será um pouco pejorativo, mas é o nome para quem assim escreve, e este é uma pequeníssima amostra.

Bem, está visto quem são afinal os cães raivosos!

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publicado às 09:49


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