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Durante esta crise pandémica a nível global, que é grave, à qual não escapámos para reduzir os seus efeitos acompanhámos dentro do possível as medidas de saúde pública que outros países iam tomando, no meio da desorientação que tinham e tínhamos face ao desconhecido, aguardando dias após dia o que a ciência ia divulgado sobre as evoluções e reações dos agente patogénico que a todos nos afetava.

Os médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde estiveram na primeira fase na frente da batalha contra o inimigo invisível que nos irá contaminando a todos por contágio de proximidade caso não tenhamos o discernimento necessário cauteloso que é devido, estão agora também na frente daquela que parece vir a ser a crise mais grave do que a primeira.

Os profissionais de saúde e especialmente os enfermeiros são os participantes ativos que estão na linha da frente em todos os serviços periféricos de apoio. Não lhes faltou vontade nem entraram em desespero apesar das contaminações que lhes couberam e dos riscos que correriam. Todos lhes louvámos e agradecemos o zelo e a dedicação pelo cumprimento do seu dever, um dever profissional que e chega à raia do sacrifício.

Pelo seu trabalho exaustivo, quer físico quer psicológico, a que são expostos diariamente médicos e enfermeiros teriam direito a mais, a muito mais, a que uma mera justiça obrigaria, para além do mero agradecimento.

Mas há o SINDEPOR - Sindicado Democrático dos Enfermeiros de Portugal, jovem sindicato formado em setembro de 2017, que, nesta fase crítica, lança uma greve de cinco dias, claramente oportunista, cujo objetivo é provocar o caos nos hospitais, como forma de pressão para as suas reivindicações, agravando as dificuldades que muitos deles já vão sentindo, colocando em risco os doentes que lá se encontram internados.

Já é por demais conhecido que um qualquer sindicato que tem na sua denominação a palavra “democrático” ou “independente” é um sindicato que sai fora do baralho e é controlado sabe-se lá por que ordem ideológica. Veja-se o caso da greve dos camionistas no verão de 2019 feita pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias, sindicato que surgiu naquela altura como que de geração espontânea e com uma direção constituída à pressa.

Na greve dos enfermeiros convocada pelo SINDEPOR até poderá estar na retaguarda a bastonário da ordem dos enfermeiros o que seria um déjà vu.  Isto não é mais do que uma especulação da minha parte porque não há, até ao momento, provas disso, mas é derivada por antecedentes que já se verificaram como as posições favoráveis da bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, para com uma anterior greve nos blocos operatórios.

Haveria que aguardar pela oportunidade e não fazer da crise sanitária um oportunismo que não é mais do que uma atitude para procurar aproveitar as circunstâncias pandémicas de manifesta gravidade para atingir objetivos mesmo que, para tal, tenha de sacrificar princípios éticos ou violar normas de conduta.

Ao contrário de milhares de outros trabalhadores, pequenos empresários e empresários em nome individual que ficaram sem trabalho, sujeitos a despedimento forçado devido ao encerramento, falta de recursos e falência das empresas onde trabalhavam que, para se manterem devido ao confinamento, estão agora sujeitos, para sobreviverem, ao regime do lay off. Os enfermeiros do Estado têm o seu ordenado e o posto de trabalho garantidos. O que mais pretende neste momento o dito sindicato?     

Não me venham dizer que no momento tão grave que estamos a atravessar, quando está em debate a aprovação do Orçamento de Estado para 2021, não há da parte daquele sindicato oportunismo para aproveitar algum descontentamento devido ao stress, cansaço por excesso de trabalho a que estão sujeitos os enfermeiros para os utilizar politicamente.

Senão vejamos: segundo o jornal Público o sindicato exige o descongelamento das progressões da carreira, a atribuição do subsídio de risco para todos os enfermeiros e, sendo “uma profissão de desgaste rápido”, a aposentação aos 57 anos.

O dirigente deste sindicato notou que os enfermeiros tinham grandes ambições em relação à nova carreira, a qual, defendeu, “acabou por ser uma falácia, porque foi uma imposição do Governo e não trouxe nada de novo”.

Carlos Ramalho o líder sindical realçou ainda que “a grande generalidade” dos enfermeiros que estão a ser contratados para o SNS ficam com “contratos de quatro meses”, considerando que “os contratos com termo não dão garantias nenhumas” aos profissionais. “A capacidade de resposta é muito limitada e os enfermeiros estão extremamente exaustos. Na primeira fase da pandemia, já foi complicado para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e para os enfermeiros e agora ainda está a ser mais complicado”, referiu o líder sindical.

Ninguém nega este facto que já referi anteriormente e não haverá quem não o reconheça a pressão a que os enfermeiros estão atualmente sujeitos devido às condições excecionais derivadas da covid-19, mas não são apenas eles.

Coloca-se a então questão: ENTÃO, É AGORA, NUM MOMENTO EM QUE MILHARES DE PORTUGUESES ESTÃO A SOFRER NOS HOSPITAIS, ALGUNS EM RISCO DE VIDA, O MOMENTO PARA FAZER REIVINDICAÇÕES? QUE ÉTICA É ESTA?

NÃO BRINQUEM CONNOSCO!!

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publicado às 16:18

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Depois do choque inicial causado pelo coronavírus e vendo o que se estaria a passar noutros países fecharam-se em casa, isto é, confinaram não fosse o diabo tecê-las e de seguida “fecharam-se em copas” sobre a escrita que eventualmente fosse contra as decisões e precauções vindas da DGS e do Governo. Centraram-se a perorar sobre o coronavírus para aqui, coronavírus para ali e mais o que se deveria e não deveria fazer-se, tudo no bom recato da segurança caseira, um sem fim…

Terminado e aliviado o confinamento, pé ante pé, lá fomos todos abrindo mão das necessárias cautelas. A maior parte dos que tinham ido trabalhar por necessidade ou imperativo, assim continuaram após o confinamento e no estado de calamidade deslocando-se como de costume apesar dos perigos que sabiam existir. De regresso a casa talvez se juntassem aqui e ali para beber um copo. Há quem assim não fizesse nomeadamente os jovens, e não apenas eles, que organizaram festas e encontros como os de Lagos e Carcavelos. São os irresponsáveis que potencialmente alimentam o vírus predador que os devorará a eles e a outros e que pensam que só pode acontecer aos outros.

Depois da abertura parcial das portas e já refeitos, em parte, do susto que apanharam dedicam-se agora a elaborar pensamentos altamente que façam soar as campainhas do afinal estava tudo mal o que se fez. Tudo deveria continuar como dantes e apontam exemplos como o da Suécia. E tudo deveria ter continuado sem paragens em nome de “um bem maior”, dizem. Ora penso que o bem maior do que a vida e a saúde da população e de quem trabalha não é o bem maior a que esses se referem mas sim às grandes empresas e ao capital que se reclama defensor da economia, mas que se algum trabalhador adoecer, seja pela Covid-19 é logo dispensado ou melhor, despedido. Assim aconteceu com o caso de um jovem gestor de marketing que foi um dos primeiros infetados do país que foi demitido, relatado no Expresso do último sábado.

Mas voltemos aos jovens que pensam que nada lhes acontece. Pois claro! Para eles já tudo passou já se pode andar à molhada no meio da rua e promover encontros de dezenas ou centenas. Dizem: não se vê ninguém doente, nem na praia, nem no bairro e os amigos não estão infetados, como eles tivessem visão de raios X quais super-homens E vai daí, há um telemóvel que passa de mão em mão, há um copo que se passa a outro para dar um golinho de cerveja porque a dele já acabou, passa aí um cigarro que eu já não tenho tabaco, e todos petiscam metendo a mão no pacote de batatas fritas que está na mão do outro. Não há risco, pois não, são todos saudáveis. E, senão quando, passado algum tempo, lá vão uns tantos ao hospital à rasquinha, sabem lá eles com o quê!

Dos que chegam ao hospital alguns não foram contaminados em grandes festas e julgam que a doença só é transmitida por quem tem sintomas. Erradíssimo! Essas informações beberam-nas eles nos “bafons” e nas traseiras das redes sociais.

Hoje no jornal Público saiu um artigo com o “Os jovens não se estão nas tintas para os outros, mas apenas fartos” e que começa assim:

“Os jovens que estão a fazer aumentar os casos de contágio porque se reúnem em festas ilegais e aos magotes nas praias e espaços públicos são os mesmos que, em Março e Abril, cumpriram zelosamente o confinamento, completaram a escolaridade à distância e até se prontificaram a ajudar os mais velhos nas compras. “Não são pessoas que se estejam nas tintas para os outros e para o país”, lembra a psicóloga Margarida Gaspar de Matos. Mas, agora que o desgaste lhes pesa, as aulas acabaram e vêem as praias e os festivais de verão escapar-se-lhes entre os dedos, mantê-los distantes socialmente, exige uma campanha feita à medida.

Não senhor, não são os mesmos jovens a que a psicóloga se refere ao fazer suposições sem dados empíricos sustentáveis para o comprovar está a cair em perigosas generalizações e, como sempre, as generalizações confundem as pessoas. Esses a que a senhora psicóloga se refere pertencem a uma outra classe, a dos responsáveis. Os outros os que estão fartos e só pensam em concertos são os provocadores, os da irresponsabilidade. Estarem fartos, é sinónimo de pôr em risco a saúde pública por negligência o que pode ser considerado crime.

Ignoram que até sábado segundo a DGS mais de 5500 infetados tinham até 30 anos, quase 2000 a mais do que no mês passado. Estes são os jovens que organizam jantares em casa e que acham que por ser em casa não há perigo, são os que no trabalho usam máscara e desinfetam as mãos, mas à noite reúnem-se em grupo sem proteção, são os que foram visitar amigos que estavam infetados e não se protegeram. Parecem que não lhes cabe responsabilidade. Ostentam a irresponsabilidade na prática diária desconhecendo que, segundo profissionais de saúde, muitos dos doentes mais velhos que passam pelos cuidados intensivos saem de lá mais rapidamente do que os mais jovens.

Para finalizar transcrevo parte de um caso relatado no jornal Expresso do dia 20 de junho que pode ser elucidativo para perigos que qualquer um pode correr.

“A recuperar em casa, onde vive com os pais, conta pelo telefone que enfrentar a doença não foi fácil, mesmo para quem praticava regularmente kickboxing e muaythai. “Sempre fui saudável e só quem passa por isto sabe o quanto é mau.” Luís nega qualquer comportamento de risco. Diz que ficava em casa e “só saía à noite para correr e fazer exercício, sempre sozinho”. Mas, então, como se terá infetado? “Talvez porque ao correr e exercitar-me, suava muito e punha a mão na cara, mesmo que antes tivesse colocado as mãos no chão para fazer flexões.” Pois, talvez. Mas não saía mesmo nunca? “Às vezes, à noite, ia às bombas de gasolina tomar café, mas ficava pouco tempo.” Pois, talvez.

Que fique o alerta os jovens, mas também os dos  grupos dos 30 aos 59 anos sem preocupação poderão ser os grandes causadores do agravamento da epidemia pondo em risco a sua vida e a de muitos outros para os quais foram cadeias de transmissão.



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publicado às 19:34

Ambivalência do serviço de saúde

por Manuel_AR, em 13.04.15

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Bem podem o ministro da saúde, Paulo Macedo, chamar tolices aos estudos sobre a saúde em Portugal recentemente divulgados pelo INE, e Passos Coelho dizer que as estatísticas publicadas pelo mesmo instituto têm que ser justificadas, apenas porque os números não lhes agradam, que a realidade não se altera. Caiem no costumeiro ridículo de quererem que a realidade não seja a que pretendem.

A bola da tolice está do lado deles por julgarem que os portugueses são tolos. Foram-no sim, quando, levados ao engano, votaram numa gente sem escrúpulos sociais que se esconderam sobe a capa da “troika” para fazer mais do que o memorado previa.

Muitos dos que por aí peroram nos órgãos de comunicação social tentam salvaguardar a imagem de Paulo Macedo, louvando a sua competência e relevando o facto de ter feito um bom trabalho em governos anteriores ao reorganizar as finanças enquanto Diretor Geral dos Impostos entre 2004 e 2007. É a prova do ditado popular “cria fama e deita-te a dormir”.

Cá para mim nada de confusões. Paulo Macedo, com a sua voz calma, tenta convencer os “tolos” dos portugueses que o escutam, (julga ele que o são), lançando para o ar ideias falsas sobre melhoria, reorganização e eficiência do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos hospitais. Para ele há mais camas nos hospitais, há consultas mas rápidas, há mais intervenções cirúrgicas, há mais de tudo…

Claro que Paulo Macedo e quem como ele fala não tem necessidade de recorrer ao Serviço Nacional de Saúde porque têm as suas medicinas privadas. Mas, mesmo que tivessem que recorrer a um hospital público de urgência, porque são figuras públicas teriam de imediato prioridade mesmo que tivessem que parar tudo o que houvesse em mãos.

Aqueles mesmos senhores quando se referem ao SNS falam como se alguma vez o tivessem utilizado. Seria bom que fizessem uma apreciação nos locais sem avisos e preparações prévias. O que vemos nas televisões sobre visitas do ministro ou dos secretários de estado a hospitais e centros clínicos não são mais do que fachada. Todos sabemos como isso funciona em termos de propaganda. O gabinete do senhor ministro ou do secretário de estado, ou seja lá de quem for, quando toma uma decisão dessas, o departamento de comunicação do ministério previne antecipadamente essa ou essas instituições ou unidades hospitalares da respetiva visita. O que acontece depois já é conhecido. É preparada uma encenação de pessoas e de ambientes, do género teatro para ministro ou secretário de estado ver e para televisões captarem imagens. Mas a realidade com que os utentes se confrontam diariamente é bem diferente.

A qualidade da assistência pública de saúde recuou cerca de vinte anos senão mais. A finalidade está bem clara, isto é, degradar o SNS para que utentes que, apesar de pagarem impostos elevados, mas não pertençam a outros subsistemas de saúde e não possam ter seguros de saúde, fiquem sujeitos a um serviço público de saúde sem condições que se vai progressivamente degradando, obrigando-os a pagamentos em serviços privados por vezes incomportáveis. A organização do SNS está a ser feita de forma a possibilitar a transferência de verbas do setor público para o setor privado da saúde.

O que está subjacente é que no acesso aos serviços de saúde haja um serviço público de saúde de primeira, para os que podem pagar, e outro, de segunda, com serviços públicos de saúde sem condições, a ser utilizados pelos mais carenciados e pelo grupo que referi anteriormente.

 É bom recordar que o ministro Paulo Macedo entre 2003 e 2004, integrou a Comissão Diretiva da Seguros e Pensões e que entre 2001 e 2004 foi administrador da Médis, Companhia Portuguesa de Seguros de Saúde. Para bom entendedor meia palavra basta.

Durante a anterior campanha eleitoral para as legislativas de 2010 quando o então primeiro-ministro José Sócrates disputava as eleições com Passos Coelho alertava para o facto ao dizer que estava em curso a criação de “dois sistemas de saúde, um para pobres e outro para ricos”. A confirmação tem estado à vista.

Eu sei do que estou a falar.

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publicado às 22:35

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Durante o fim de semana da Páscoa foi um alívio não ter que apanhar sistematicamente com o primeiro-ministro Passos Coelho a entrar em casa pela porta dos canais televisivos de informação dos noticiários dos canais generalistas. Se entrou foi discretamente porque não o vi e ainda bem.

Não tenho nada contra os canais de televisão que têm o dever de informar o que anda por aí a fazer o primeiro-ministro. Aliás ele vai fazendo todos os possíveis por aparecer na sua campanha eleitoral, digo, pré-eleitoral.

Passos, durante as suas digressões pelo país, vai parando aqui e ali para umas inauguraçõezitas e uma ou outra reunião com estes, ou com aqueles. Faz-me lembrar um mestre-escola, antiquado professor do ensino primário com as suas preleções dum magister dixit, do tipo que não admite discussão. Enfim, talvez consiga uns votitos a mais que lhe deem jeito.

Até a história de Portugal lhe serve para o efeito. Depois de ter eliminado o feriado do primeiro de dezembro, comemoração da restauração da independência e da nossa soberania em 1640 que nos manteve, durante quarenta anos, sob domínio espanhol, o primeiro-ministro Passos Coelho, numa intervenção na localidade de Fronteira, piscando o olho ao voto das forças armadas, recordou a Batalha de Atoleiros em 1384 em que o exército português, comandado por Nuno Ávares Pereira, venceu as forças castelhanas. Se isto não é para rir o que será então?

Fala sobre tudo e vende a "sua banha da cobra", panaceia para todas as graves maleitas que atormentam o país. Tece elogios ao melhor dos mundos possíveis que é Portugal que ele ajudou a destruir, mas diz ter criado e melhorado, ao fim de quatro anos com uma maioria atabalhoada que governa por navegação à vista, fazendo tudo em cima dos joelhos das sumidades políticas, sem quaisquer avaliações de impactos. Sai mal? Tudo bem. Depois corrige-se. Esquecem-se que governam para as PESSOAS.

Passos Coelho defende até à saciedade elementos do seu governo com responsabilidades políticas que têm cometido erros graves que, em qualquer outro país não do terciro mundo, causariam demissões. Por cá, demitem-se ou obriga-se secretamente a demitir quem não tem responsabilidades políticas e, no limite, coloca-se-lhe uma ação em tribunal ou um processo disciplinar. Para cúmulo da hipocrisia fingem ter determinados princípios, ideias, opiniões ou sentimentos mas passam a seguir diligentemente a regra da omissão da responsabilidade política que eles próprios criaram.

Mas não ficamos por aqui. Começaram a lançar mais uma regra: colocar em causa a credibilidade das estatísticas do INE -Instituto Nacional de Estatística quando não lhes agradam os valores divulgados.

Quem iniciou esse estigma foi o próprio Pedro Passos Coelho confrontado pela oposição com os números de desemprego. Ele e um dos seus acólitos deputado, em pleno Parlamento, levantaram dúvidas sobre a divulgada revisão em alta da taxa de desemprego. O tal deputado chegou mesmo a dizer que "é preciso que o INE explique de forma muito clara como é que chega aos resultados e por que é que as estimativas para a taxa de desemprego têm variações tão significativas.". O que entretanto já foi mais do que esclarecido. O desemprego está mesmo a subir.

Mas há mais. Na passada terça-feira foi a vez do ministro da saúde, Paulo Macedo, colocar em causa um estudo do INE publicado no Dia Mundial da Saúde publicado na passada segunda-feira, aponta entre outras situações, para a diminuição do número de camas de internamento nos hospitais públicos e o aumento do crescimento dos hospitais privados. Paulo Macedo reagiu considerando que é uma "tolice" a comparação. Basta lermos o estudo para questionarmos qual será a competência de Macedo em análise e tratamento de dados estatísticos para criticar a credibilidade do INE. Ele e o seu primeiro estão em consonância. Não lhe agradam os números? Temos pena!

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publicado às 18:28

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A primeira página do Diário de Notícias de hoje noticia, na primeira página, que número de agressões, físicas e verbais, registadas em 2014 foi de 477, até outubro. Ministério Público já investigou 16 caso. Isto é revelador sintomático do que se está a passar nos hospitais. Para o ministro da saúde e para os seus secretários de estado está tudo a funcionar bem, e melhor do que antes. Para eles inserem-se no domínio dos casos pontuais.

A elevada carga de impostos que caíram sobre os portugueses não serviram para melhorar os serviços e muito menos o Serviço Nacional de Saúde, esvaem-se no pagamento da dívida e dos juros que são impagáveis.

A dívida pública subiu para 128,7% do PIB no final do ano. A ministra das finanças justificou o aumento da dívida pública em 2014 com o reforço do financiamento nos mercados, (a tão publicitada ida aos mercados cuja procura foi superior à oferta), no final do ano para antecipar os reembolsos ao FMI - Fundo Monetário Internacional. Foi positivo porque se pagam menos juros pelo empréstimo. Escusado seria andar a enganar, com subtileza verbal, quem a ouvia propagandear que tinha conseguido amortizar a dívida ao FMI sem dizer como e donde tinha vindo o dinheiro. Disse-o agora. Mais vale tarde do que nunca.

Relativamente aos problemas nos serviços de saúde e nos hospitais uma forma de os resolver parece ser o de chamar as atenções na praça pública para que alguma coisa se faça ou melhore. Vejam-se o caso de um doente com hepatite C que se indignou na Assembleia da República e as demissões de médicos nos hospitais. Nestas circunstâncias aparecem logo autorizações o dinheiro para tudo se fazer para calar a opinião pública. Com a aproximação do período eleitoral surge, miraculosamente, "elasticidade orçamental", para calar as vozes de revolta contidas. Devido ao ajustamento, culpa do passado diziam e ainda dizem, tinham que se fazer cortes em tudo quanto era serviço público a que Passos Coelho e o Governo deixando o cidadão comum a ficar sem serviços básicos.

O primeiro-ministro ficou deslumbrado com os cortes a que chamou na altura poupanças, e o desastre que provocou na saúde foi consequência da ideia devota de que, na saúde, os portugueses também viviam acima das suas possibilidades. Se é certo que houve alguma despesa desnecessária no sector da saúde, isso era devido à falta de controlo e de rigor, coisa que não resolvia sem a obsessão pelos cortes.

Em geral, para quem frequenta o SNS é notório o mal-estar endémico, contido, por vezes mal disfarçado, dos profissionais face ao doente que tem necessidade de recorrer aos serviços. As pressões são tantas que um certo receio se apoderou dos próprios médicos quando têm que fazer de prescrições de medicamentos e requisições de meios auxiliares de diagnóstico o que gera nos doentes uma desconfiança sobre o seu médico de família e o receio de falta de diagnóstico antecipado de suspeita de doenças graves. Há, portanto, um receio por parte dos clínicos de tomadas decisão que saiam fora dos parâmetros estabelecidos pela tutela e pelos diretores dos serviços clínicos.

Para aquela gente os portugueses têm que, obrigatoriamente, ter saúde e pronto. Se não a não tiver o problema é dela.

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publicado às 18:59

Estado de negação

por Manuel_AR, em 09.02.15

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O estado de negação é uma atitude em que uma pessoa, um grupo, seja ele profissional ou empresarial, tenta esconder recusando uma verdade e a realidade de factos. Também é um estado de negação quando se recusa admitir algo que está a acontecer negando a evidência arranjando um processo de fuga a uma questão colocada. É uma questão de sobrevivência.

É uma fuga a factos pouco favoráveis ou negativos de uma atuação ou decisão tomadas para si ou para o seu grupo ou até para com a sociedade em geral.

O primeiro-ministro entrou mais uma vez em estado de negação ao subestimar à partida a vitória do Syriza na Grécia. Mas, mais do que sobre a Grécia, é sobre Portugal o estado de negação do primeiro-ministro sobrevalorizando décimas estatísticas de indicadores económicos e sociais através das quais ele e os seus ministros concluem estarmos em crescimento económico e com os problemas sociais e de desemprego e resolvidos.

 

Nesta fase de acalmia as hostes do Governo de Passos Coelho suspenderam, digamos que temporariamente, o afã no que respeita a cortes de salários e pensões, despedimentos na função pública, flexibilização das leis laborais, aliás recomendada no último relatório do FMI, devido à proximidade de eleições legislativas. Entrou numa outra fase do seu estado de negação permanente, isto é, negar que tudo quanto exigiu aos portugueses não foi mau, foi bom porque os bons resultados estão à vista. À vista de quem? "Os frutos dos sacrifícios já se fazem notar" disse em janeiro Maria Luís Albuquerque e acrescenta que o número de carros aumentou. O olhar dela é mais arguto e fiável do que qualquer estatística de indicadores económicos ou de pobreza. É o estado da negação da outra realidade do país.  

Passos Coelho, após ter aberto uma guerra de confronto entre gerações e entre vários grupos sociais e profissionais, adultos empregados e jovens desempregados que, em alguns casos, felizmente raros, deu frutos tão bons que ainda se continuam a conhecer através da imprensa. Apesar de tudo esconde o sol com a peneira e diz que a pobreza em Portugal não é de hoje mas já vem de trás, negando o seu agravamento.

Veja-se recentemente o caso da saúde com os medicamentos que podem trazer a pessoas esperança de vida, as urgências hospitalares onde morrem por falta de assistência atempada. Tudo isto é mentira, não existe em Portugal e segundo os responsáveis do ministério da saúde o serviço nacional de saúde está melhor do que sempre esteve.

Agora pretende abrir outra guerra, a de colocar os portugueses numa animosidade contra a Grécia fazendo-os sentir que estão a ser prejudicados e que, se o forem, a culpa é exclusivamente dos gregos.

Mas também há quem esteja umas vezes em estado de negação e outras em estado de afirmação consoante os interesses. José Manuel Fernandes, diretor do Observador, género de mercenário que serve quem mais cargos e mais dinheiro lhe prometer, acompanha o seu primeiro-ministro nos estados de negação. Abre apenas uma janela contrária no que respeita a Sócrates, entrando em estado de afirmação absoluto e perentório apoiando-se na visão doentia das opiniões de Nuno Garoupa, responsável da fundação controlada por Francisco Manuel dos Santos:

 “A opinião pública pode e deve fazer um julgamento político, independentemente do julgamento legal e judicial. A política e a justiça não são a mesma coisa.” Ou seja, deixem-se da hipocrisia do “inocente até prova em contrário”, pois isso é verdade nos tribunais mas não é verdade quando temos de julgar politicamente alguém como José Sócrates. O julgamento político, como ele sublinha, não está sujeito aos mesmos critérios do julgamento penal.".

Para estes senhores é tudo muito claro. É o estado da negação no seu melhor sobre o que deve ser justiça e a ética num país democrático e livre. Para esta gente o julgamento, desde que político, é válido através dos média e na praça pública mesmo com base em mentiras e factos não comprovados. O caso a que se referem, ao contrário do que pretendem negar, não é exclusivamente politico, tornaram-no simbiótico pois quiseram que ficasse sujeito a critérios legais, penais e políticos, e vice-versa.  

Seguindo aquele critério será uma ótima ocasião para julgarmos politicamente Passos Coelho na praça pública, através dos media, por toda a política executada que trouxe a Portugal o descalabro económico por querer ir para além da troika, destruir centenas de milhar de famílias e de empregos e por afirmações como salvar vidas sim, “mas não custe o que custar”.

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publicado às 23:43

O que dizem e fazem sem qualquer vergonha

por Manuel_AR, em 05.02.15

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Leal da Costa coloca em primeiro o seu partido em lugar dos doentes e do serviço nacional de saúde. Médico humanista ou médico economicista que mente descaradamente e desconhece o dia-a-dia das pessoas que, para ele, devem ser apenas carne humana.

Uma outra diatribe de Passos Coelho foi a de criticar os órgãos de comunicação social, nomeadamente as televisões, de populismo porque dão as notícias que sabem que vão ter audiências nas aberturas dos telejornais. Isto ao comentar os acontecimentos nos hospitais e com os medicamentos para a hepatite C.

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 Passos Coelho passa agora à diplomacia cínica compondo o ramalhete do disparate quando afirmou que o perdão da dívida grega não é mais do que um "conto de crianças". Muitos comentadores até tentam fazer o pino para desculpar e justificar aquelas suas palavras. Diz agora que  terá muito gosto em receber representante do Governo grego. Terá este senhor sentido de estado? Como Passos Coelho com certeza sabe outros chefes de estado receberam o ministro das finanças grego e que até Merkel lhe desejou felicidades, agora muda de estratégia para enganar papalvos.

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Um colete de aço para proteção a Cavaco pelo PSD e CDS. O que há temer?

Maioria chumba audição de Cavaco Silva na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES.

Os grupos parlamentares do CDS e do PSD vetaram os requerimentos enviados pela oposição à Comissão de Inquérito para enviar perguntas a Cavaco Silva sobre o teor dos seus encontros com Ricardo Salgado. Argumento: separação de poderes. Bah!

Amor com amor se paga. Se considerarmos que o Presidente Cavaco tem sido a muleta de sustentação do Governo. Há que pagar favores.

As explicações sobre as cartas da Salgado e as consequentes declarações de Cavaco sobre a confiança a ter no BES ficam assim, mais uma vez, escondidas dos portugueses.

Por sua vez o caso BPN tem ficado cada vez mais nas brumas da memória. Onde está quem lucrou, e muito, levando o banco ao estado que se sabe. Estarão em prisão preventiva?

 

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O cerco de boicote por países da União Europeia e pelo BCE está a fechar-se sobre a Grécia. É uma espécie de círculo de fogo traçado pela Alemanha como revanche sobre o grego por ter escolhido para o seu país partidos que não foram os que eles pretendiam. Uns por convicção, outros por medo, outros ainda com posições tímidas e ambíguas. Há quem acredite que as negociações irão continuar sem ser na praça pública e alguma solução será encontrada salvo risco de instabilidade da zona euro e o que não interessa à Alemanha é a fuga da submissão e do jugo pelos países que quer controlar.

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publicado às 23:44

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Em caso de doença quem nos vale se o próprio Serviço Nacional de Saúde foi atacado por um vírus que lhe provocou uma doença física e moral que o conduzirá, certamente, à morte. Vejam-se as notícias que têm vindo a público pelos órgãos de comunicação social sobre os hospitais e as urgências.

O Ministro da Saúde e em alternância o seu Secretário de Estado Adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, têm vindo às televisões, com o seu bla…, bla…, costumeiro, acalmar as gentes ansiosas sobre o que se passa nos hospitais onde, em vez de se procurar a cura passaram a ser locais de expectativas negativas sobre o que lhes poderá acontecer se o pior não for a morte.  

Por mais confiança que queiram transmitir à população quem passa pelas urgências dos hospitais ou por uma hospitalização por questões de saúde não trará com certeza boas notícias e poderá nem sair curado da doença, antes pelo contrário, poderá vir até a morrer da cura, coisa que, a acontecer, nunca será provado.

Dizem então os responsáveis máximos pela saúde em Portugal, cada um à sua vez, para quem se sentir doente não recorrer às urgências dos hospitais e, acrescentam, a culpa da sobrelotação dos hospitais é dos utentes que, por tudo e por nada, recorrem às urgências hospitalares (dizem-no, é claro, por outras palavas). Como se as pessoas gostassem de andar por esses hospitais a passar tempo sem necessidade disso. Ficavam em casa e pronto! Ou, então, automedicavam-se com mezinhas e sempre poupavam uns dinheiritos ao Estado para o qual contribuem com os impostos, conduzindo ao agravamento do seu problema de saúde.

Face ao facto do que se passa nas urgência e para aliviar a sobrecarga das mesmas aconselham então os doentes a recorrerem ao atendimento nos centros de saúde que, dizem eles, passarão a estar abertos mais tempo.

Ou o ministro Paulo Macedo não sabe do que está a falar, ou o informam mal ou está deliberadamente a fazer de parvos os utentes destes centros. Além do mais é evidente que o senhor ministro não utiliza estes serviços pois tem recursos para ter a sua medicina privada. Gostaríamos de o ver a marcar uma urgência num daqueles centro de saúde levantando-se às cinco da manhã para estar à porta do centro às seis, onde já se encontra uma fila de gente à esperar que o centro abra às oito para, no final, correr o risco de as cinco ou oito consultas de urgência que o médico tem livres, já estejam preenchidas quando chegar a sua vez. Isto no inverno, com chuva e frio e com uma camada de febre em cima.

Se o senhor ministro e o seu secretário de estado adjunto tivessem que recorrer a estes serviços talvez pusessem em primeiro lugar as pessoas à frente das deias do seu partido e do Governo de que fazem parte.

Um ministro e um secretário de estado politicamente honestos que gerissem serviços como os da saúde, de importância vital para as populações, que não tivessem condições para o exercício das suas funções que colocassem acima dos interesses pessoais, partidários e de governo demitiam-se. Portanto, não venham alguns comentadores falar da competência do ministro da saúde lançando as culpas para outro ministério que lhes impõe essas medidas. Quando não se têm condições para exercer com competência uma função pública essencial para as pessoas não se exerce.

Na saúde (e também noutro serviço públicos) os interesses políticos e partidários, seja lá outros que forem, não podem sobrepor-se aos interesses das pessoas, salvo risco de se cair no ridículo ao dizer-se, como já o foi, embora noutro contexto que o Serviço Nacional de Saúde está melhor, as pessoas é que estão pior.  

 

Imagens de: www.humortadela.com.br

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publicado às 15:22

Reescrever a história recente

por Manuel_AR, em 04.12.14

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Abriu a época da campanha eleitoral do governo. As inaugurações para português ver já começaram. Fazem-se discursos e intervenções com as mentiras e deturpações do costume destinados aos desprevenidos, acríticos e clubistas partidários que continuam a votar, mesmo nas circunstâncias mais agrestes, no partido em que sempre votaram. São os ferranhos e os adeptos clubistas. Nada a contestar isso é democracia e ainda bem que assim é. Mas a democracia dá-nos também a virtude de não sermos acríticos.

Enquanto se fecham unidades de saúde públicas por este país fora é inaugurada uma unidade hospitalar privada em Vila do Conde. É bom que assim seja e que haja investimento na saúde, mesmo que privado, a questão não está na abertura desses hospitais, mas a de saber quem poderá ser utente destes serviços. Pela certa será apenas destinado a alguns privilegiados da população que tenha posses para tal, os outros, esses irão para os hospitais do SNS cada vez mais degradados e sem condições.

Passos Coelho pretende rescrever a história recente deturpando factos. Por muito que repita que o Governo salvou o Serviço Nacional de Saúde o que a realidade confirma é que o SNS funciona cada vez pior e está pleno de fragilidades como nunca se viu e que, quem frequenta as unidades de saúde e hospitais pode confirmar na prática.

Quem não tiver rendimentos ou pensões para frequentar hospitais privados o SNS não contempla o seu acesso. O SNS está a caminho, dentro de alguns anos, da situação em que se encontrava antes de ser criado. Uma das melhores conquistas que o pós vinte cinco de abril trouxe aos portugueses está em riscos de retornar ao passado triste dos anos 50 e 60 se nada for feito para o travar.

Uma amiga minha com formação superior emigrada no País de Gales e que levou a família, esteve à pouco tempo em Portugal e afirmou: "Não se pode estar doente neste país? Larguei em medicamentos da cáca perto de 50 euros. Como aguentam vocês? Há quase 5 anos que não gasto um tostão em medicamentos. Estou mal habituada. Fiquei chocada com os preços .".

É este o país no qual Passos diz que evitou o colapso do SNS.

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publicado às 16:45


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