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Juntos pela ira nas perdas eleitorais

por Manuel_AR, em 05.10.17

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1 - No PSD a pressão dos apoiantes de Passos Coelho, gente neoconservadora e neoliberal, que não pretendem que a social-democracia regresse ao partido e lhes faça perder as oportunidades que lhes foram dadas. São os Passistas que querem manter-se, e manter o passado recente no partido para que a caleira construída não se estrague nem fique a descoberto.

Não é por acaso que o jornal Diário de Notícias coloca em primeira página “Passistas não querem deixar Rui Rio sozinho.”. Daí haver pressões para levar Montenegro a avançar para a liderança. Quem as faz sabe que Montenegro não traz uma regeneração ao partido, mas a mudança (apenas de líder) na continuidade.

2 - Após os resultados das eleições autárquicas há dois desesperados que se vão lançar em fúria e com todas as forças para pressionar o Governo. São eles o PSD e o PCP que se prperam para fazer, ao nível da contestação social, uma “aliança” informal, estratégica, mas não concreta de facto e que se fará sobretudo através dos sindicatos que controlam e onde se encontra a chamada mão de obra elitista, bem paga e com direitos que sobram, que, qual gula, querem sempre mais e já esqueceram as perseguições que o governo de direita PSD/CDS lhes fez. São elas as classes da área da saúde, nomeadamente os enfermeiros e na da educação, os professores, esta última à qual pertenço.

Serão eles os veículos da instabilidade social manobrados por aquelas duas forças partidárias. Os primeiros, a classe dos enfermeiros de sindicatos afetos ao PSD através da UGT e o dos professores com a sua maioria afeta à CGTP controlada pelo PCP começaram a ser mobilizados para possíveis reivindicações irrealistas.

Vai ser uma aliança entre inimigos não concretizada com negociações, mas simultânea, com objetivos idênticos e com causas diferentes. Estão juntos pela ira das perdas eleitorais. Mas a responsabilidade da instabilidade vai ser sobretudo apontada ao PCP que, se trair o seu acordo parlamentar, venha a querer prejudicar o país dará razões à direita, e não seria a primeira vez. A desforra do PCP vai em direção ao partido do Governo como se as culpas das perdas fossem da exclusiva responsabilidade do partido que, de algum modo, tem apoiado ao nível parlamentar e mediante negociações.

Se assim for o PCP faz o jogo da direita, atributo com que ele mesmo ao longo dos anos caracterizava outros partidos. Se o comité central não sabe, talvez atordoado por uma cegueira radical, mas que deveria saber, é que quem terá mais a perder será o próprio PCP que captará contra si grande parte do povo pelos prejuízos eventualmente causados e que lhe poderão a vir ser imputados juntamente com os da direita.

Ver outra opinião segundo Daniel Oliveira.

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publicado às 18:57

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Boia de salvação da direita

Os resultados das eleições autárquicas foram a evidência e, de certo modo a validação das políticas do Governo com o apoio parlamentar do PCP, BE e Verdes.

A direita foi derrotada em quase todas as frentes, exceto nos distritos onde o voto é tradicionalmente de direita por algum atavismo politico, cultural e religioso. O CDS-PP apesar de em Lisboa ficar à frente do PSD canta uma vitória minimalista que Assunção Cristas quer mostrar como sendo uma grande vitória no país.

A direita através dos seus jornalista e comentadores de serviços pretende agora desviar as atenções da sua derrota para o tema da perda de algumas câmaras que a CDU (PCP-PEV) detinha desde 2013, algumas delas importantes, que foram para as mãos do PS. A razão é simplesmente, a de criar tenções entre aqueles dois partidos, fazendo crer que o PCP perdeu com o apoio parlamentar que tem dado ao PS.

As diferenças não foram significativas em Évora e Beja, por exemplo, o PCP-PEV manteve a presidência e os mandatos apesar de alguma perda de votos, e não é claro se as pequenas perdas foram favorecer o PS.  Em Almada perdeu a Câmara, mas manteve o número de mandatos, e a diferença em valores percentuais não é significativa. Em todos os casos em que o PCP perdeu influência poderá fazer acordos com o PS porque há para isso condições.

Deste eventual conflito a direita tiraria dividendos, e as suas Pítias de serviço iriam tentar mostrar que tinham razão sobre o periclitante apoio parlamentar do PCP, que diziam ser traiçoeiro e, como tal, iria desabar.

Se tal se verificasse era uma boia de salvação para a direita e talvez até para Passos Coelho, daí ficar em modo de espera até ver o que isto dá para depois tomar opções.

A direita com objetivo de provocar conflitos entre aqueles partidos quer agora demonstrar que o PCP, ao deter a força sindical, irá provocar contestações e greves para forçar o PS a ceder a cada vez mais exigências. A pergunta que se pode fazer é o que ganharia o PCP com um conflito político neste momento. Avançar para eleições antecipadas que o iriam de certo modo prejudicar? E o que ganharia a direita? Daí que o líder do PSD tenha dito que iria avaliar e refletir.

Sem querer ser também uma Pítia da política suponho que a reflexão de Passos sobre o resultado das eleições não se irá traduzir em demissão e seria bom que não o fizesse porque parece à primeira vista que, quem avançar para a liderança do partido não terá apoios internos suficientes, a não ser que seja um qualquer elemento da linha neoliberal direitista do atual líder. Prevejo com desagrado que o PSD não regressará à verdadeira social-democracia tão cedo. Espero que me engane.

 

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publicado às 18:07

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Desloco-me muitas vezes a pé pela cidade de Lisboa seguindo percursos mentalmente delineados, muitos deles de várias horas parando por vezes em um ou outro local mais marcante ou aprazível. No último percurso que efetuei, e também o mais recente, demorei mais de duas horas, observando ruas e bairros populares por onde passei pisando calçada portuguesa, algumas delas em evolução para comodidade dos peões, casas, monumentos, pessoas e outros elementos marcantes da nossa capital.

Lembrei-me que estamos em cima das eleições autárquicas e os candidatos esfalfam-se para “caçar” votos nas suas “coutadas” de influência quer seja em lugares, aldeias, vilas, cidades ou capitais de distrito.  As promessas do que irão fazer multiplicam-se e emparelham com o que dizem já terem feito.

Se viajarmos por este nosso país podemos observar, sem grande esforço, que algumas coisas do que já fizeram foi apenas para encher a vista das populações algumas de utilidade prática duvidosa. Fazem-no para competir com os seus vizinhos e camaradas autarcas do mesmo ou de outros partidos, e até com os ditos independentes, numa espécie de lógica parecida com: “não podemos ficar atrás deles”.

Esta é, portanto, uma boa altura para fazermos a leitura das cidades através do modo como as olhamos e sentimos, do que representam para nós, e da perceção e imagem que cada citadino faz a sua leitura. Pensando nisto recuperei e atualizei um texto que escrevi em tempo que mostra como as diferentes perceções que temos de uma cidade onde vivemos nos dá o panorama da sua imagem e que pode consultar aqui ou ainda aqui.

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publicado às 20:55

O estrebuchar

por Manuel_AR, em 27.09.17

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1 - Hoje foi notícia um comunicado pelo Ministério da Defesa a propósito do relatório que semanário Expresso divulgou no sábado onde se atribuiu aos serviços de informações militares, com cenários "muito prováveis" de roubo de armamento em Tancos e com duras críticas à atuação do ministro da Defesa, Azeredo Lopes. Nesta sequência o Ministério da Defesa hoje defende a divulgação "na íntegra" do alegado relatório de um serviço de informações militares sobre o furto de armas nos paióis de Tancos, para que se possa verificar a sua existência e o seu valor e do qual transcrevo uma passagem que foi noticiado pela TVI no Jornal da 8

Todos os serviços de informações civis e militares negam a existência de tal relatório. Contudo, se existe algum documento nos moldes em que o Expresso noticiou, atendendo à relevância pública que a notícia ganhou, a bem do rigor e da transparência do debate público, é absolutamente fundamental que quem divulgou e credibilizou tal relatório o dê agora a conhecer na íntegra, de modo a todos os interessados atestarem de facto da sua existência e poderem aferir livremente do seu valor", disse à agência Lusa fonte oficial do Ministério da Defesa.”

2 - Se dúvidas tivesse elas dissiparam-se. O PSD, como já várias vezes afirmei, deixou de ser um partido da social democracia e transformou-se, pela evasão que sofreu de forças internas cuja ideologia se aproxima a uma fação de partido da extrema direita populista.

O que afirmo é evidenciado pela postura do candidato à câmara de Loures, André Ventura, que pertencerá àquela fação do PSD com a anuência do seu líder Passos Coelho. Esta anuência, do meu ponto de vista, é apenas estratégia política, por falta de candidato, mas que é prejudicial ao partido, já que não considero Passos nem racista nem xenófobo.

O PSD com a cumplicidade do seu líder lançou-se para a frente num perigoso balão de ensaio de populismo à portuguesa imitando o que se tem verificado em França com a Frente Nacional de Marine Le Pen, a Afd - Alternativa para a Alemanha, partido da extrema direita e o racismo e xenofobia de Trump nos EUA.

São vários os disparates nesta campanha assim como o é o caso de Loures com declarações infelizes. Sobre o caso de Tancos e sobre os incêndios o PSD não hesitou em explorar a tragédia deste verão fazendo de correio de boatos e insinuando sobre o destino do dinheiro solidário dado pelos portugueses fazendo crer que o Estado se tivesse apropriado do dinheiro, e, com a sua provável conivência, uma irresponsável tendo acesso a um canal de televisão fez acusações torpes através da manipulação duma lista de vítimas insinuando que o Governo teria omitido várias delas como se isto fosse admissível e até possível.  

Os social-democratas lançaram-se num caminho perigoso ao apoiar um candidato que defende a prisão perpétua, a pena de morte e que explora os preconceitos raciais e xenófobos numa tentativa de ganhar votos estimulando e interpretando o sentir do que se passa na cabeça de mentes obscuras que andam por aí. O que é lamentável é que o líder do PSD não veja o percurso etnofobico do partido ao entrar no jogo de aproximação a André Ventura e ao acenar com o fantasma da insegurança causada, segundo ele, pela imigração. Utiliza a mesma estratégia e linguagem que os partidos e candidatos da extrema-direita têm seguido noutros países.

O PSD agita-se convulsiva e desesperadamente para o exterior e vamos ver o que vai acontecer no interior. No meu entender o PSD só voltará a erguer-se e a ser social-democrata quando se vir livre dos extremismos de direita que o enfermaram e corroem por dentro.

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publicado às 01:12

Não digam agora que é coincidência

por Manuel_AR, em 07.09.17

Regressado novamente ao ambiente lisboeta e à política envolta e revolta neste momento pelas eleições autárquicas não registo a comentar, o que já fiz por várias vezes neste mesmo blog, a oportunidade de alguma espécie de comunicação social retirar da arca bafienta os seus rascunhos, conluiada com alguns falsos justiceiros que dizem andar a investigar a “Operação Marquês” e o seu estimado e querido tema Sócrates, pedindo adiamento atrás de adiamento de modo a coincidir com certos momentos políticos.

Como já disse várias vezes o adiamento e o tema acusação de Sócrates voltaria na altura em que se aproximassem as eleições autárquicas, saindo de novo do segredo de justiça para a comunicação social. Assim está a acontecer. Nem mais nem menos.

Coincidência, clamam em coro os intervenientes no processo cooperados com alguns órgãos de comunicação social.

Não se trata de defender nem acusar Sócrates, a isso não me atrevo. Não tenho dados que me permitam fazê-lo, até porque o que tem vindo a público não me dá garantias de nada e, qualquer observação que fizesse, seria mera especulação à partida viciada pelas fontes. O que para mim se deve colocar em causa não é Sócrates, é o processo estrategicamente definido no espaço jornalístico e no tempo, numa espécie de conluio temporal entre a investigação e ocasiões políticas relevantes.

Por favor não queimem os vossos neurónios, que lhes podem fazer falta, para justificarem que, afinal, não há qualquer espécie de coincidências.

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publicado às 15:12

Repete… Repete

por Manuel_AR, em 21.08.17

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Acerta quem disser que nos meus comentários sobre política neste blogue incido em alguns pontos que já escrevi em textos anteriores. Mas é mesmo assim. A repetição faz parte da sucessão de acontecimentos que vão surgindo na política. A oposição de direita, faz isso até à exaustão.

Aproximam-se as eleições para as autarquias e a redundância do tema Sócrates será inevitável e na comunicação social poderá vir a ser mais uma evidência repetitiva. Aliás, o PSD já começou a utilizá-la e a contextualizá-la.  

A direita PSD recupera e repete o caso do despesismo de Sócrates quando esteve no governo e as nefastas consequências que teve para o país. Foi Abreu Amorim na RTP3 no frente a frente com Galamba do PS, agora é o presente chefe da bancada parlamentar do PSD, esse senhor de cabeça oca que dá pelo nome de Hugo Soares, cujo historial político e respetivos antecedentes não inspiram muita confiança, quer no aspeto ideológico, quer no debate político. É um dos já poucos fãs de Passos Coelho e das suas políticas.

Hugo Soares, em nome do PSD, como também o fizeram líderes de outros partidos, veio tecer comentários sobre a entrevista que António Costa deu ao semanário Expresso. Então não é que lá veio à baila o despesismo do investimento público do tempo de Sócrates e dos projetos megalómanos lançando o já cansativo jargão do medo dos resgates e da banca rota. Digam lá se isto é ou não repetitivo, pouco original, e que revela a falta de qualidade da argumentação política.

Vamos lá ver então. O PSD criticou o governo por manter a austeridade, e um dos argumentos era, na altura da discussão do orçamento, a falta ou o fraco investimento público. Recorde-se que neste campo aquele partido era defensor de quanto mais privado melhor e cancelou tudo o que fosse investimento público.

Curiosamente, quando se pede um compromisso entre os diferentes partidos para o programa 20-20 onde se prevê investimento público necessário e não megalómano, o PSD vem dizer agora que há um regresso ao despesismo do tempo de Sócrates. Vamos lá perceber este partido. Mas que há desorientação, lá isso há.

Mas, Hugo Soares, o único voluntário que se chegou à frente para liderar a bancada parlamentar do partido acrescentou que o PS não quis qualquer acordo com o PSD e agora faz apelo ao consenso. Entretanto muita coisa mudou e, pelos vistos, parece que o PSD prefere os seus joguinhos de interesses partidários ao bem do país. Não é novidade, isso já nós sabemos.

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publicado às 23:56

Carlos Carreiras_PSD.png

O deputado madeirense do PTP José Manuel Coelho foi condenado a um ano de prisão efetiva pelo Tribunal da Relação de Lisboa devido a um processo que Garcia Pereira, noutro tempo líder do MRPP, por o ter apelidado de agente da CIA. Isto é uma tontice se considerarmos o que Garcia Pereira dizia quando andava por aí a dizer nos comícios revolucionários.

Há também outras tolices escritas por quem não é revolucionário e anda por aí a dar opiniões utilizando conotações absurdas e acenando com papões da velha guarda. Numa tentativa de se distanciarem de Trump mas que, no seu íntimo e sem o declararem explicitamente, parecem defender as suas políticas. É o caso do atual presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, que tem uma coluna de opinião às quartas feiras num jornal diário e que, na sua última tirada de opinião começa por escrever: “Anda toda a gente muito perplexa com a escolha que os americanos fizeram para a Casa Branca. Não sei qual é o espanto. O nosso azar é muito maior que o dos americanos. Afinal de contas, nós não temos um Trump. Temos dois: Catarina Martins e Jerónimo de Sousa.”, o sublinhado é meu.

Carreiras foi presidente do Conselho de Administração do Instituto Francisco Sá Carneiro entre 2010 e 2013. Defensor incondicional, pelo que diz e escreve, da atual direção do PSD, passou de social-democrata a neoliberal seguindo fielmente o seu líder.

Esclareço que não tenho procuração nem do PCP e de Jerónimo de Sousa nem do BE e de Catarina Martins, mas aquele senhor lança para o ar tais disparates populistas, sem argumentos válidos, utilizando chavões e conotações disparatados que só de cabeças como a dele poderiam surgir. O que escreve deve ser dirigido a incultos, adeptos, simpatizantes e oportunistas militantes do atual PSD porque a outros não convence. Deve estar a dirigir-se a senhoras muito chiques e “muito bem”, sem nada que fazer a não ser aparecer nas revistas cor de rosa, senhores, senhores da alta finança duma “estrita” freguesia de Cascais, vila que frequentemente visito porque é agradável, simpática e onde nos sentimos bem, não fossem os preços exagerados praticados pela restauração.

Escreve ainda, em síntese, este nosso (deles) militante do PSD: “O nosso azar é muito maior que o dos americanos. Afinal de contas, nós não temos um Trump. Temos dois: Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. A nossa sorte é que nem BE nem PCP são poder”. O negrito é meu.

Julga que nos engana ao fazer esta conotação disfarçando, mal, uma potencial simpatia oculta pelo atual presidente do EUA. Aqui, e ali, vai dizendo o que Trump tem feito e dito sem, no entanto, mostrar claramente desacordo refugiando-se a falar de outros, os que não lhe agradam, porque ajudaram o PS a retirar o poder ao seu querido líder. Ele e o seu partido ainda não fizeram o luto da perda, (não das eleições), mas do parlamento que representa o voto do povo.

Carlos Carreiras utiliza Trump como oportunidade para lançar o seu viperino veneno sobre uma solução parlamentar maioritária quer queiramos, quer não. Assim como o PSD também ganhou as eleições, gostemos ou não. No entanto, os portugueses não os escolheram ao nível do parlamento. Gostariam talvez de ter a muleta do PS para lhes validar os desvarios de outrora.

A desregulação interna e a desorientação do partido a que pertence obriga-o à verborreia política se quiser nas próximas eleições autárquicas renovar o mandato. Os senhores da vila assim o exigem nem que seja necessário virar um partido cujo passado sempre foi social-democrata. Se Sá Carneiro voltasse e visse como o partido se encontra encher-se-ia de vergonha e voltaria para donde está.

Afirma claramente que Trump e os líderes do PCP e do BE são iguais, que perfilham os mesmos princípios. Deduz-se que, para Carreiras, as ideologias e os motivos porque cada um defende certos objetivos não interessam porque alinha com a nova estratégia do PSD renunciar o que anteriormente defendia.

Podemos dizer que Carreira utiliza a mesma tática de Salazar e de Trump, difamar quem se lhe opõe compondo letras para canções com estribilhos plenos de bolor. Quem ler o artiguinho de Carlos Carreiras, se não pertencer ao seu grupo, poderá considerar à semelhança do que fez Garcia Pereira ao deputado do PTP se não mereceria também um processinho já que mais não fosse para chatear.

Carreiras, injuria aqueles a quem, ainda há bem pouco tempo o PSD se colou, no caso da TSU, preparando-se, mais uma vez, agora no caso da Carris da cidade de Lisboa, para, negando os seus princípios, votar ao lado dos da extrema-esquerda, os que ele denomina de “virgens do estalinismo e do neomarxismo”.

É como no futebol, quando se perde a culpa dos falhanços é sempre do árbitro. Temos pena!

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publicado às 19:04

Vasculheiros e patrulhadores

por Manuel_AR, em 29.12.16

Vasculhar.pngNo vasto campo da imprensa internacional dos países ocidentais onde a democracia existe é um facto que há jornais, diários e semanários, que podemos considerar tendencialmente de direita e de esquerda. Excluo aqui os jornais partidários que saem fora do âmbito.

Se afirmar que em Portugal não há jornais tendencialmente de esquerda e que todos são tendencialmente de direita, dir-me-ão que não é verdade, que há jornais independentes, isentos e equidistantes das duas correntes políticas. Independentes do poder político serão. Quanto à divulgação das diferentes correntes de opinião e ao espaço que lhes é destinado e à frequência diária ou semanal de cada corrente é discutível

É claro que todos os jornais nacionais têm representatividade das várias correntes, só que há correntes mais representadas e com periodicidade mais frequente do que outras. É por isso que, quando consulto jornais portugueses, saltam-me à vista as opiniões de direita e, raramente, opiniões de esquerda. Esclareço que leio ambas sem qualquer preconceito, o que me preocupa é parecer existir, por parte da direita, uma aproximação exagerada aos órgãos de comunicação para que estes lhes sejam favoráveis. A direita, como já disse noutro texto, quer controlar a agenda mediática.

Percorrendo os jornais os desejos da direita e dos seus jornalistas e jovens articulistas de serviço são transformados em prognósticos de que no próximo ano o Governo falhe e que se agrave a conjuntura política que garante o apoio parlamentar. Esperam com inquietude que tudo corra mal. A bem de Portugal, claro! E, como o Ano Novo nos vai trazer eleições autárquicas o desespero aumenta.  Anseiam pelas quedas nos indicadores económicos, pelo aumento dos juros da dívida, pelo aumento do desemprego e que, finalmente, nada corra bem ao Governo. Tudo a bem de Portugal, do país e dos portugueses, claro! Para isso procuram por todos os cantos da casa pó para levantar, mesmo que esse pó não exista, inventa-se para passar a existir.

São os palradores, os patrulheiros que vigiam, procurando, aqui e ali, algo indigente que possam transformar em parangonas, enriquecidas pelo empolar do oportunismo noticioso televisivo.

Para reforçar o que acabo de dizer li hoje algo que me causou alguma perplexidade sobre a opinião dum jornalística que mostra no seu artigo de opinião, publicado hoje no Diário de Notícias, indignação corrosiva com o Presidente da República, mas já lá vamos.

Sou do tempo em que vi a Princesa Leia da Guerra das Estrela, Carrie Fisher, que, infelizmente, faleceu há pouco tempo praticamente de seguida ao falecimento de George Michael. Carrie apesar ser uma argumentista conceituada o seu percurso enquanto artista não foi do mais proeminentes.

Um dos tais jornalistas patrulheiros que parece ser um fã incondicional da artista, insurge-se por o Presidente da República não ter comentado a morte de Carrie, como o fez com Michael, e mais ainda, mostra-se também incomodado por Marcelo Rebelo de Sousa ter tentado negociações, através do ministro da cultura, para ver a possibilidade da continuidade do histórico grupo de teatro Cornucópia que vai fechar portas. O dito jornalista até invoca o artigo 191º da Constituição para criticar Marcelo e par o mandar limitar-se às suas estritas funções. Tão legalista e institucionalista é este jornalista! Não lhe agrada a presidência de Marcelo Rebelo de Sousa e, por algum motivo (qual será?) descontente com a sua popularidade acha que devia colocar-se muito quietinho no seu lugar em Belém. Mas não contente com isso João Henriques, é o nome do distinto jornalista, termina chamando indiretamente potencial ditador a Marcelo Rebelo de Sousa:

“Alguém então que diga a Marcelo Rebelo de Sousa uma evidência: o que molda os poderes do Presidente da República é a Lei Fundamental. Não é, nem nunca poderá ser, a popularidade e a consequente tolerância dos eleitores. Isso, em Portugal, não é ser Presidente da República - é ser caudilho. Portugal já passou por isso - e deu-se mal.”

Este é um dos garimpeiros e patrulheiros que andam por aí e que, à falta de melhor, vão procurar o acessório para dar uma mãozinha à inconsolável oposição de direita.

 

 

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publicado às 17:05

Garimpeiros

por Manuel_AR, em 27.12.16

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O Natal já lá vai e a política da oposição de direita é a de continuar à procura de prendinhas preciosas para oferecer a si própria. Mas não é só a oposição, são também alguns que, não sendo da oposição de direita e considerando-se do PS, fazem oposição ajudando a meter golos na baliza do “clube” a que dizem pertencer.

A pesquiza de preciosidades e a procura de brechas insipientes na política do Governo são a oportunidade que resta à direita para fazer oposição fácil porque oposição afirmativa séria e alternativa, não sabem como fazê-la.

A oposição a Passos Coelho dentro do PSD começa a borbulhara e a fazer sair da penumbra a que se votaram, depois da perda do poder, alguns senhores que então o apoiavam.  Saltitam alguns reagindo a uma possível aliança do partido com o CDS para a Câmara de Lisboa. Autarcas e ex-autarcas sugerem um congresso extraordinário do PSD.  

Seguem-se outros de direita, nomeadamente colunistas de jornais diários que aproveitam para pegar em tudo quanto o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, diz ou possa ter dito para fazer manchetes e para o criticar oraculizando esboços de divergência institucionais com o Governo.

Há ainda outros, os que escrevem em editoriais que  o “Presidente não é o menino Jesus e que  por muita fé que tenha, o boletim meteorológico continua a apontar para mau tempo.” Fazem parte do grupo que, entrando na carruagem de Passos Coelho, esperam ansiosos pela paragem onde entra o diabo. Estes eram os defensores das políticas de Passos Coelho no passado.

Vão escavando, garimpam aqui e ali, em tentativas de procurar algo fazendo uma oposição sem consistência. Primeiro foi a CGD, agora são os lesados do GES para os quais Passos, enquanto esteve no Governo, não conseguiu, não quis ou não soube arranjar uma solução. Surgem como senhores das trevas que dizem defender o interesse de Portugal.

Timidamente vão saindo da nebulosidade outros comentadores e opositores vindos duma direita  enfezada, porventura devido a estarem próximo do diabo que dizem estar para vir. Tecem estes críticas veladas ao Presidente da República, ainda de forma comedida, mas que, entre linhas, vão insinuando que o Presidente está em consonância com o Governo por estar a fazer discursos pacificadores. Estes são os mesmos que, durante a campanha eleitoral, faziam campanha e elogiavam Marcelo. Anseiam agora por conflitos institucionais, querem instabilidade porque é isso que os torna vivos.

Estou à vontade para escrever porque sempre critiquei Marcelo Rebelo de Sousa para Presidente. Reconheço o meu erro, apenas, e só, porque, ao contrário do que pensava na altura, ele veio trazer um contributo para a paz social com uma atitude contrária ao passadista Passos Coelho que, durante o seu mandato, criou feridas, crispações e instabilidade sociais dividindo o que deveria unir, até porque Portugal estava confrontado com dificuldades a ultrapassar que necessitavam de união e não de divisão. Sobre esse tempo e essa atitude, neste mesmo sitio, várias vezes manifestei-me contra.

É mais do que certo que, nem tudo o que o Governo fez, ou se proponha fazer, está isento de críticas, nem tudo tem sido perfeito, mas qual foi a perfeição do Governo da passada legislatura. Aqui entram, mais uma vez, os que exaltam o que bom fez o Governo de Passos que preparou o terreno do que, dizem, estar o atual a aproveita-se.

Não falemos agora da saída limpa e do que, para isso, esconderam sobre o estado da banca!…

Garimpam desesperadamente em terrenos onde nada existe para garimpar.

Apenas como uma nora final tomem nota senhores autarcas do PS, atuais, futuros ou recandidatos, os garimpeiros da política andam por aí e a caça ao nepotismo e a outras atividades menos éticas já começou com a aproximação das eleições autárquicas.  Essas vão ser duras, mais do que se estivéssemos num Governo do PSD onde muita coisa seria ocultada, desculpada e dada sombria visibilidade.

 

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publicado às 18:40

Desorientados

por Manuel_AR, em 10.12.16

Desorientação.pngDurante os quatro anos no Governo acrescentando mais um do exílio que, pelas circunstâncias de todos conhecidas, foi imposto a Passos Coelho, a política interna do PSD esteve fechada a quatro chaves. Em surdina começam a questionar a liderança de Passos Coelho. Escreve-se aqui e ali. O partido entrou em desorientação de rumo face à tempestade que ele próprio gerou.

O partido faz passar agora para a comunicação social alguns movimentos internos com um propósito: testar a opinião pública sobre quem poderá ter melhores condições de vir a suceder a Passos Coelho como líder do PSD. Isto porque as autárquicas se aproximam e estão a ver que a floresta pode começar a queimar-se.

Há algum tempo que a comunicação social avança nomes como o de Rui Rio. Não sei se será boa ou má escolha, ou se será melhor ou pior líder do que Passos Coelho. Rui Rio foi um homem forte e com tomadas de decisões irrevogáveis (as dele sim, foram mesmo irrevogáveis) e, enquanto esteve à frente da autarquia da cidade do Porto, terá tido uma boa relação institucional com António Costa o que poderá ser positivo.

Outros nomes como Paulo Rangel, Aguiar-Branco e Luís Montenegro surgem da sombra para suceder a Passos Coelho. Nesta barafunda interna do partido aparecem ainda os nomes de Marco António Costa e Miguel Relvas (sim esse mesmo) para fazerem as contagens e reunir seguidores para conseguir a eleição do próximo presidente.

Dos potenciais candidatos Paulo Rangel, Aguiar-Branco e Luís Montenegro, se de facto o forem, o PSD passará de mal a pior. Rangel e Montenegro têm-se firmado como fiéis seguidores de Passos Coelho e, a serem eleitos, serão ferozes neoliberais piores do que ele. As suas intervenções nas várias oportunidades que têm na comunicação social quer escrita quer televisiva ao longo dos quatro anos, mais um, as suas posições de apoio à atual política do PSD têm sido muito claras. Não será de esperar que algo mude no partido com aqueles possíveis candidatos, bem pelo contrário.

Montenegro já o conhecemos bem como líder da bancada do PSD. Sempre a poiou as medidas do Governo de Passos e ainda segue as mesmas orientações e é pouco provável que as venha a mudar no futuro. Com ele nada irá mudar no partido. O mesmo se pode dizes de Rangel que, na altura da luta pela liderança do partido, concorreu em oposição a Passos Coelho e perdeu. Todavia devemos ter em vista que foi um número circense. Uma espécie de faz de conta.

Há uma crença no interior do PSD que tem sido comprovada, quem perde as eleições para a liderança do partido nas seguintes ganha. Rangel sempre defendeu intransigentemente o Governo de Passos e, embora faça propaganda de que o partido é do centro, as posições dele estão longe de serem as da social democracia ou até do centro. A sua candidatura, se vier a verificar-se, servirá para baralhar e dar de novo. Com alguma destas três candidaturas política será a mudança na continuidade.

Quem tem feito o jeito de ler o que escrevo neste blog sabe quanto tenho estado contra as posições da política de Passos Coelho, mas, ao confirmar-se qualquer uma destas três candidaturas para a sua substituição, excetuando Rui Rio, por enquanto, então, antes Passos do que qualquer um daquele.

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publicado às 17:27


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