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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Não é raro verem-se políticos, deputados, dirigentes partidários até, a comentar futebol em defesa ou não do seu clube. Esta apetência por parte dos políticos pelo comentário futebolístico passou a ser também uma via indireta para fazer campanha partidária que possa patrocinar alguns votos e lhe dê visibilidade.
Em Portugal quem for adepto de um dos principais clubes de futebol e político que pertença a um partido poderá ter caminho aberto para obter votos no seu partido por identificação das massas associativas por simpatias clubistas o que, ao mesmo tempo, pode ser uma espécie de faca de dois gumes. Poderá atrair alguns e afastar outros.
O futebol passou a ser, para além de outras coisas, uma estrada para uma possível obtenção de dividendos partidários. Veja-se como exemplo o caso do CDS, partido em que deputados são também comentadores televisivos de futebol. Alguém afirmou no próprio partido que esta prática por parte de alguns responsáveis era uma vergonha e que representava o grau zero da política, defendendo que deveriam antes discutir as suas ideias políticas que pode conferir aqui.
Por exemplo, Telmo Correia, presidente da mesa do Conselho Nacional e vice-presidente da bancada do CDS, participa regularmente em programas de debate futebolístico assim como Nuno Magalhães, líder da bancada do mesmo partido.
Estou com Rui Rio quando argumenta que há “uma queda natural de quem está na política de se tentar encavalitar nos êxitos futebolísticos” o que cria estados de espírito emocionais por vezes sem qualquer racionalidade. “Misturam-se com essa componente extraordinariamente emocional e nada racional, quando nós na política temos de fazer um esforço de racionalidade”.
Tem havido a uma tentação tendenciosa para ganhar popularidade política à custa do futebol. Segundo o jornal Público de dezembro de 2018 a ligação do deputado Hélder Amaral, à anterior direção de um clube de futebol (a de Bruno de Carvalho, do Sporting) gerou mal-estar interno, sobretudo, quando a polémica se acentuou no clube e aconteceu o ataque à academia de Alcochete.
Os que gostam de futebol até devem achar bem quando tudo vai bem para os clubes a que pertencem, o problema está quando se verifica o inverso.
Já faltou mais para que no Canal Parlamento venha a ser discutido futebol. Não passa pela cabeça de alguém com bom senso a quem desempenha um alto cargo de estado por nomeação ou por eleição vir a público ser chamado a comentar sobre futebol e aceitar.
Há promiscuidade entre clubes e partidos políticos e a política em geral. Promovem-se jantares entre deputados com os presidentes dos clubes a que pertencem com os dirigentes do Porto, Benfica e Sporting existindo algumas diferenças na forma como são organizados. A corrupção no futebol parece servir apenas para os clubes se digladiarem uns contra os outros. A corrupção no futebol passa com beneplácito de todos os que adoram o futebol e, aqui e ali vêm ao de cima casos e casinhos que vão andando por aí como, para já não falar de casos mais graves do Sporting e antigamente do FCP, o caso do Benfica caso de corrupção no futebol em que Filipe Vieira passou de acusador a acusado que tendo feito da luta contra a corrupção uma arma de afirmação no futebol português, mas vê-se agora colocado numa posição em que tem de se defender de múltiplas acusações como pode confirmar aqui e não me venham dizer que a redação da RTP é toda contra o Benfica.
Nada disto movimenta rios de protestos, nem manifestações de indignação popular ou jornalísticas e esta se não for pelas audiências, porque o futebol, para os portugueses, parece ser uma espécie de algo intocável contra o qual ninguém se deve manifestar contra, nem, tão pouco, contra os políticos que neles se encavilham, mas levantam-se brados quando é nomeado um ministro ou um secretário de estado, ou um qualquer chefe de gabinete que tem, porque já tinha, um familiar com um determinado cargo a trabalhar na função pública.
Viva o futebol instituição intocável onde vale tudo e onde a corrupção se resume a desvios de dinheiros subornos e outros que tais que são denunciados porque até lá nada tocou aos denunciadores.
Um acórdão que não é mais do que uma ameaça velada a quem de futuro se atreva a discordar e a criticar publicamente o que só alguns têm o direito de dizer ou de escrever.
Penso que todos se recordam ainda da polémica aberta no Governo de Passos Coelho por um deputado do PSD um tal António Peixoto, sobre a questão da “peste grisalha”. Pensavam que tinha acabado? Pois não.
Soube ontem pela Constança Cunha e Sá que um cidadão foi agora condenado pelo Tribunal de Gouveia, depois confirmada a sentença pelo Tribunal da Relação de Coimbra, porque, na altura, escreveu uma carta aberta a esse tal deputado Carlos Peixoto que, infelizmente para o PSD, ainda o mantém como deputado que, não tendo emprego cá fora, por isso teve que manter a fazer parte dum pequeno grupelho de hostes agressivas que se encontram dentro do seu grupo Parlamentar. Deputados que sendo pagos por todos nós com ordenados chorudos, cuja responsabilidade que teriam era a defesa de todos, se defendem apenas a eles próprios.
Para a decisão, os juízes dizem que as expressões são "insultuosas e suscetíveis de abalar a honra e a consideração pessoal, política e familiar do assistente", e que "nada tem a ver com o confronto de ideias e apenas pretende rebaixar o assistente". Acrescenta ainda que "O arguido pode não gostar do artigo de opinião escrito pelo assistente e tem o direito de o criticar e atacá-lo de forma contundente. Porém, o direito da liberdade de expressão tem limites".
Talvez estes senhores juízes nunca tenham visto debates na Assembleia da República, nem artigos de opinião em alguns jornais.
Não creio que haja alguma relação entre os cargos que ocupa e a decisão dos tribunais. Ele é apenas advogado e presidente da comissão politica distrital do PSD/Guarda. Mas, se não fosse ele quem é, como procederia a justiça? Poderei ser também processado por isto.
A carta aberta é a que reproduzo abaixo, está publicada no blog do seu autor, juntamente com um comentário anónimo bem demonstrativo de quem é essa gente que apoia a política dum PSD, que deixou de ser o que foi, para passar a ser o trampolim para uma espécie de gente da estirpe de Donald Trump, mas à portuguesa.
É assim que vai a nossa justiça, pois então.
Não se admirem se um dia destes, eu, ou alguns de vós, formos processados apenas por não concordarmos com algo escrito ou dito por gente como esta e por expressarmos os nossos pontos de vista sobre muitos que por aí andam a escrever nos jornais e lhes chamarmos os nomes que merecem mesmo dentro de limites toleráveis.
Do meu ponto de vista este acórdão não é mais do que uma ameaça velada a quem de futuro se atreva a discordar publicamente do que só alguns têm o direito de dizer ou de escrever.
A PESTE GRISALHA
(Carta aberta a deputado do PSD)
Exmo. sr.
António Carlos Sousa Gomes da Silva Peixoto
Por tardio não peca.
Eu sou um trazedor da peste grisalha cuja endemia o seu partido se tem empenhado em expurgar, através do Ministério da Saúde e outros “valorosos” meios ao seu alcance, todavia algo tenho para lhe dizer.
A dimensão do nome que o titula como cidadão deve ser inversamente proporcional à inteligência – se ela existe – que o faz blaterar descarada e ostensivamente, composições sonoras que irritam os tímpanos do mais recatado português.
Face às clavas da revolta que me flagelam, era motivo para isso, no entanto, vou fazer o possível para não atingir o cume da parvoíce que foi suplantado por si, como deputado do PSD e afecto à governação, sr. Carlos Peixoto, quando ao defecar que “a nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha”, se esqueceu do papel higiénico para limpar o estoma e de dois dedos de testa para aferir a sua inteligência.
A figura triste que fez, cuja imbecilidade latente o forçou à encenação de uma triste figura, certamente que para além de pouca educação e civismo que demonstrou, deve ter ciliciado bem as partes mais sensíveis de muitos portugueses, inclusivamente aqueles que deram origem à sua existência – se é que os conhece. Já me apraz pensar, caro sr., que também haja granjeado, porém à custa da peste grisalha, um oco canudo, segundo os cânones do método bolonhês. Só pode ter sido isso.
Ainda estou para saber como é que um homolitus de tão refinado calibre conseguiu entrar no círculo governativo. Os “intelectuais” que o escolheram deviam andar atrapalhados no meio do deserto onde o sol torra, a sede aperta a miragem engana e até um dromedário parece gente.
É por isso que este país anda em crónica claudicação e por este andar, não tarda muito, ficará entrevado.
Sabe sr. Carlos Peixoto, quando uma pessoa que se preze está em posição cimeira, deve pensar, medir e pesar muito bem a massa específica das “sentenças”, ou dos grunhidos, - segundo a capacidade genética e intelectual de cada um - que vai bolçar cá para fora. É que, milhares pessoas de apurados sentidos não apreciam o cheiro pestilento do vomitado, como o sr. também sente um asco sem sentido e doentio, à peste grisalha. Pode estar errado, mas está no seu direito… ainda que torto.
Pela parte que me toca, essa maleita não o deve molestar muito, porque já sou portador de uma tonsura bastante avantajada, no entanto, para que o sr. não venha a sofrer dessa moléstia, é meu desejo que não chegue a ser contaminado pelo vírus da peste grisalha e vá andando antes de atingir esse limite e ficar sujeito a ouvir bacoradas iguais ou de carácter mais acintoso do que aquelas que preteritamente narrou como um “grande”, porém falhado “artista”.
E mais devo dizer-lhe: quando num cesto de maçãs uma está podre, essa deve ser banida, quando não, infecta as restantes; se isso não suceder, creio que o partido de que faz parte, o PSD, irá por certo sofrer graves consequências decorrentes da peste grisalha na época da colheita eleitoral. Pode contar comigo para a poda.
Atentamente.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 28/04/2013
www.antoniofigueiredo.pt.vu
Obs:Esta carta vai ser enviada sob A.R.
para a Assembleia da República.
Comentário de um
Anónimo26 de fevereiro de 2014 às 02:55
Serás crucificado, velho velhaco, crucificado durante os poucos dias que te faltam para ires para onde já deverias estar. O que escreves é a evidente inveja e frustração de nunca teres sido nada mais que isso que és, a falta de ter o que fazer por não te quererem onde nunca fizeste falta aliada a uma lírica claramente trabalhada para que pareças o que sabes bem que não és. Pode contar comigo a defecar na sua campa assim que se fine. Olha que esta não a publicas tu, no jornal da tua terra, onde bem te conhecem a tua sede e tendência que te persegue. Arranja uma rolha e um batoque e que a mais indicada te sirva na boca e a outra no estoma para que não te saiam mais intelectualidades contas as pessoas de Gouveia. Jorge Oliveira em A PESTE GRISALHA
Ao longo do mandato do XVIII Governo Constitucional, o Presidente da República Cavaco Silva, agora confirmado pela sua última intervenção em que anunciou dar posse à coligação PSD+CDS revelou ser de um sectarismo feroz e um desprezo absoluto por mais de 18,46% dos eleitores portugueses (994.833). Para Cavaco Silva é como se não existissem, são marginais, devem até ser punidos. Este é um pensamento fascizante que há muito tinha deixado de existir mas que ele ressuscitou. Não está em causa, visto partido a partido, a maioria de votos obtidos nas eleições pela coligação de direita PSD+CDS com 38,34% (2.062.513 de eleitores). O PS obteve 32,38% (1.742.012 de eleitores). É legítimo entregar a formação do Governo a quem teve maios votos.
A pergunta que também se pode fazer é quantos eleitores não votaram na coligação de direita? A resposta é 2.736.845 de eleitores que, segundo a nossa organização parlamentar obteve no total de 121 deputados contra os 104 da coligação de direita.
Repito que, de qualquer forma, é legítima a entrega da formação de Governo pelo Presidente da República à coligação de direita PSD+CDS que foi a mais votada. Contudo, o nº 1 do Artigo 187º da Constituição da República, diz apenas que "O Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais.". Não afirma que tem que ser ao partido mais votado mesmo que em minoria parlamentar. De qualquer modo, a decisão do Presidente da República pode ser criticada, mas não se pode dizer que seja algo de anormal ou que viole a Constituição.
O que está em causa é a forma como passou dos limites ao justificar a sua decisão, emitido opiniões, emoções e estados de espírito que lhe vão na alma, amedrontando, ameaçando e propondo divisões no seio de partidos. Afinal, ele que dizia não ser político e estar acima dos partidos fomenta agora guerras partidárias. Mas que Presidente é este em que muitos portugueses votaram que os divide em vez de os unir, revelando sectarismo e instintos de pensamento de partido único?
O que não é normal e sujeito a críticas é o modo como justificou a sua opção porque se tratou de uma intervenção de exclusão e desclassificação em quem votou em partidos com os quais não simpatiza e que não foram apenas meia-dúzia de cidadãos que o fizeram.
Lança receios infundados, apresentando falsos argumentos que sabia não poriam em causa os pontos que apresentou como sendo de grande importância para a estabilidade governativa e posteriormente confirmado pela reação dos mercados e bolsas que não reagiram ao seu discurso pítico da desgraça. O que ele salientou nada tinha a ver com a estabilidade governativa, porque sabe bem que o Partido que geriu as negociações à esquerda é bem mais europeísta que o Presidente nunca sonhou ser. Criou polémicas mentirosas e absurdas sem apresentação de justificação objetiva. Falou para o espaço vazio como a sua própria cabeça.
O Presidente não tem que avaliar programas de governo, isso é da competência da Assembleia da República.
Cavaco Silva quis ser um institucional que cumpre tradições sem considerar a objetividade dos factos em prejuízo do país. Aliás, ao longo do seu triste mandato, revelou ser o apoiante incondicional dos partidos do Governo, refugiando-se em argumentos, ora internacionais, ora de patriotismo bacoco, ora, ainda, ameaçando em abstrato os perigos que adviriam se não fossem cumpridas os seus píticos e esclarecidos pontos de vista e estados de alma. Algo teme se a direita PSD+CDS (que pensamos o protege) sair do poder.
Muitos colocam viseiras com buracos estreitos e papagueiam argumentos que mostram (premeditadamente) desconhecer que somos uma democracia parlamentar e que isso deve ser também tomado em consideração. Face a um número de votos que expressem uma maioria representativa dos eleitores os partidos podem conjugar esforços de modo a apoiar, ao nível parlamentar, um governo que saia da conjugação de dois ou mais partidos representativos duma maioria que dê estabilidade governativa.
O medo racional, repito racional, que a queda do Governo apoiado pelo Presidente, e de que outros possam vir a abrir uma espécie de caixa onde se encontra escondido algo que o possa vier a comprometer e a afetar publicamente, a ele a outros seus protegidos.
As mentiras eleitoralistas da coligação de direita e de Passos Coelho como alertei em "posts" anteriores estão a ser desmascaradas. Começaram já a revelar-se ao deixarem cair uma das promessas a redução da sobretaxa do IRS que prometeram ser de 35%.
Os agarrados, que na gíria são os dependentes de algo, neste caso do poder, são os partidos da direita que estiveram no Governo e que tinham o sonho da perpetuação eterna cuja cobertura lhe era dada por um medroso sectário numa simbiose quase perfeita. Aliás ninguém se demitia ou era demitido apesar de escândalos que fora surgindo por aí, alguns que nunca mais se ouviram falar co o a investigação a Marco António Costa pelo DIAP do Porto por alegados crimes de tráfico de influências durante os mandatos na Câmara de Gaia.
O desespero é visível nos comentários dos seus apaniguados cujos argumentos chegam a ser ridículos esquecendo-se do que fizeram em 2011 quando se aliaram aos partidos que agora querem excluir para derrubar um Governo que também não tinha maioria. O que na altura era bom, agora, para esses neoliberais que se apossaram do PSD, com a conivência de Cavaco Silva deixou de o ser.
Constituição de maiorias parlamentares segundo Paulo Portas em 2011.
Para ver
Penso que ninguém tem dúvidas de que as eleições foram ganhas pela coligação PaF constituída pelo PSD+CDS com 38,55% dos votos o que não foram suficientes para obter uma maioria absoluta. O Partido Socialista teve 32,38%, o Bloco de esquerda com 10,22% e a CDU coligação PCP com os Verdes 8,27%. A diferença entre a coligação e o PS foi de 6,17%. Quanto a isto nada a dizer. Quanto a deputados eleitos o mesmo se pode dizer quanto aos números de deputados com 104 para a coligação PSD+CDS, 85 para PS, ficando o BE com 19 e a CDU com 17.
Como não se vota para eleger primeiros-ministros, mas sim deputados para a Assembleia da República e se estivessem em presença apenas estes dois partidos não haveria quaisquer dúvidas que a coligação poderia governar porque tem de facto a maioria e poderia então formar um Governo estável a longo prazo. Mas a realidade óbvia não é esta.
Como existem outras forças políticas também eleitas democraticamente pelos portugueses a configuração política e partidária obedece a outros contornos.
Antes de continuar há um ponto prévio que gostaria de colocar é que foi o arrasto do CDS pelo PSD o que levou a coligação a ganhar as eleições, caso contrário o PSD teria uma votação na casa dos vinte e poucos por cento. Se fizermos apelo à nossa memória curta verificamos que em 2011 os PSD+CDS tiveram 50,37% e o PS teve apenas 28,05%. Para se ver a diferença entre 2011 e 2015 basta fazer as contas. Quem cresceu e quem baixou afinal? Mas, repito, o facto é que em 2015 a coligação PSD+CDS ganhou as eleições.
Face a esta situação óbvia, concreta, e de acordo com o número 1.do Artigo 187º da Constituição da República, será a coligação que deve formar Governo, embora com apoio parlamentar minoritário (104 deputados contra 121).
Voltando a fazer apelo à memória curta em 2011 foi a direita do PSD, CDS, BE, PCP e Verdes que derrubaram o Governo socialista de apoio minoritário de José Sócrates. A situação atual tem hoje sinal contrário. Que estabilidade governativa pode a coligação prometer com tal representação parlamentar?
Sendo um institucionalista convicto, o que em algumas situações é conveniente, o Presidentes da República Cavaco Silva deveria indigitar Passos Coelho como primeiro-ministro para formar um governo da coligação, pois assim tem sido sempre, e fá-lo-á com certeza desta vez com uma consequência já certa: o derrube do Governo arrastando outras que daí advêm.
Que fará depois o Presidente da República? Convocar eleições gerais antecipadas? Renegociar com os partidos políticos a formação dum novo Governo? Indigitar como primeiro-ministro o segundo partido mais votado se houver um acordo de governação politicamente estável com apoio parlamentar?
A ver vamos.
Não há meio de acabar com este tipo de situações devido às quais apenas alguns estão a pagar. Ao que este país chegou!
Ninguém se mexe e os deputados ficam calados. Não querem muito "ruído" à volta disto. Será porque a amiora parte etá mais ou menos comprometida.
Enquanto a uns são cortados os salários e pensões de reforma, e a outros são congelados os vencimentos, outros são aumentados, como o foram os deputados da Assembleia da República que não se fazem rogados a esses aumentos. Como se pode confirmar pelo mapa comparativo abaixo incluído.
Sou dos que acha que os deputados devem ser bem pagos assim como os que ocupam cargos públicos de responsabilidade, porém, se estamos em contenção de despesa e em tempos de austeridade não se compreende a razão destes aumentos.
Salientam-se apenas os vencimentos dos deputados, mas uma análise mais detalhada podemos ver o aumento de encargos com as despesas com pessoal.
Fontes:
Diário da República, 1.ª série — N.º 222 — 16 de novembro de 2012 |
Diário da República, 1.ª série — N.º 226 — 21 de novembro de 2013 |
OAR 2013 | OAR 2014 | Diferença | |
01. DESPESAS COM PESSOAL | 42.174.204,00 | 44.484.054,00 | 2.309.850,00 |
01.01 Remunerações certas e permanentes | 31.531.365,00 | 32.664.938,00 | 1.133.573,00 |
01.01.01 Titulares de órgõas de soberania: Deputados | 9.803.094,00 | 10.293.000,00 | 489.906,00 |
01.01.01a Vencimentos ordinários de Deputados | 9.048.644,00 | 8.820.000,00 | -228.644,00 |
01.01.01b Vencimentos Extraordinários de Deputados | 754.450,00 | 1.473.000,00 | 718.550,00 |
01.01.03 Pessoal dos SAR e GAB- Vencimentos e Suplementos | 11.116.950,00 | 10.431.019,00 | -685.931,00 |
01.01.05 Pessoal além dos Quadros - GP´s | 6.127.139,00 | 6.252.791,00 | 125.652,00 |
01.01.05a Pessoal além dos Quadros - GP´s: Vencimentos | 5.563.180,00 | 5.377.776,00 | -185.404,00 |
01.01.05b Pessoal além dos Quadros - GP´s: Sub.Férias e Natal | 518.959,00 | 853.515,00 | 334.556,00 |
01.01.05c Pessoal além dos Quadros - GP´s: Doença e Maternidade/Paternidade | 21.500,00 | 11.000,00 | -10.500,00 |
01.01.05d Pessoal além dos Quadros - GP´s: Pessoal aguardando aposentação | 23.500,00 | 10.500,00 | -13.000,00 |
01.01.06 Pessoal contratado a termo | 186.000,00 | 176.170,00 | -9.830,00 |
01.01.07 Pessoal em regime de tarefa ou avença | 243.200,00 | 229.600,00 | -13.600,00 |
01.01.08 Pessoal aguardando aposentação (SAR) | 76.300,00 | 80.000,00 | 3.700,00 |
01.01.09 Pessoal em qualquer outra situação | 978.540,00 | 1.359.120,00 | 380.580,00 |
01.01.11 Representação (certa e permanente) | 1.216.479,00 | 1.186.489,00 | -29.990,00 |
01.01.12 Subsídios, Suplementos e Prémios (certos e permanentes) | 33.000,00 | 38.400,00 | 5.400,00 |
01.01.13 Subsídio de refeição | 683.393,00 | 616.973,00 | -66.420,00 |
01.01.13a Subsídio de refeição (Pessoal dos SAR) | 453.393,00 | 386.973,00 | -66.420,00 |
01.01.13b Subsídio de refeição (Pessoal dos GP´s) | 230.000,00 | 230.000,00 | 0,00 |
01.01.14 Subsídios de férias e de Natal (SAR) | 1.017.270,00 | 1.951.376,00 | 934.106,00 |
01.01.15 Remunerações por doença e maternidade/paternidade (SAR) | 50.000,00 | 50.000,00 | 0,00 |
01.02 Abonos Variáveis e Eventuais | 4.195.074,00 | 3.830.655,00 | -364.419,00 |
01.02.02 Trabalhos em dias de descanso, feriados e horas extraordin. | 470.000,00 | 304.848,00 | -165.152,00 |
01.02.02a Trabalhos em dias de descanso e feriados (SAR) | 130.000,00 | 90.500,00 | -39.500,00 |
01.02.02b Horas extraordinárias (GP´s) 3 | 340.000,00 | 214.348,00 | -125.652,00 |
01.02.03 Alimentação, alojamento e Transporte | 155.000,00 | 156.700,00 | 1.700,00 |
01.02.03a Alimentação | 87.000,00 | 98.700,00 | 11.700,00 |
01.02.03b Alojamento | 33.000,00 | 30.000,00 | -3.000,00 |
01.02.03c Transportes | 35.000,00 | 28.000,00 | -7.000,00 |
01.02.04 Ajudas de custo | 3.060.412,00 | 3.061.737,00 | 1.325,00 |
01.02.04a Ajudas de custo: Funcionários SAR e GAB | 143.234,00 | 131.659,00 | -11.575,00 |
01.02.04b Ajudas de custo: Outras | 10.650,00 | 23.550,00 | 12.900,00 |
01.02.04c Ajudas de custo: Deputados | 2.906.528,00 | 2.906.528,00 | 0,00 |
01.02.05 Abono para falhas | 5.000,00 | 5.000,00 | 0,00 |
01.02.06 Formação | 500,00 | 500,00 | 0,00 |
01.02.08 Subsídios e abonos de fixação, residência e alojamento | 23.500,00 | 27.000,00 | 3.500,00 |
01.02.12 Subsídios de Reintegração e Indemnizações por cessação | 418.342,00 | 214.000,00 | -204.342,00 |
01.02.12a Subsídio de reintegração (Deputados) | 395.342,00 | 200.000,00 | -195.342,00 |
01.02.12b Indemnizações por cessação de funções | 23.000,00 | 14.000,00 | -9.000,00 |
01.02.13 Outros suplementos e prémios | 38.500,00 | 35.930,00 | -2.570,00 |
01.02.14 Outros abonos em numerário ou espécie | 24.320,00 | 24.940,00 | 620,00 |
01.03 Segurança Social | 6.447.765,00 | 7.988.461,00 | 1.540.696,00 |
01.03.01 Encargos com Saúde | 486.650,00 | 301.512,00 | -185.138,00 |
01.03.01a Encargos com a saúde (SAR) | 326.150,00 | 189.687,00 | -136.463,00 |
01.03.01b Encargos com a saúde (GP´s) | 40.500,00 | 28.000,00 | -12.500,00 |
01.03.01c Encargos com a saúde (Deputados) | 120.000,00 | 83.825,00 | -36.175,00 |
01.03.02 Outros encargos com saúde | 1.000,00 | 1.000,00 | 0,00 |
01.03.02a Outros encargos com a saúde (SAR) 25 | 1.000,00 | 1.000,00 | 0,00 |
01.03.03 Subsídio familiar a crianças e jovens | 35.575,00 | 6.500,00 | -29.075,00 |
01.03.03a Subsídio familiar a crianças e a jovens(SAR) | 28.830,00 | 6.000,00 | -22.830,00 |
01.03.03b Subsídio familiar a crianças e a jovens(GP´s) | 5.225,00 | 500,00 | -4.725,00 |
01.03.04 Outras prestações familiares e complementares 260.000,00 | 1.520,00 | 260.000,00 | 258.480,00 |
01.03.04a Outras prestações familiares e complementares (SAR) | 211.100,00 | 180.000,00 | -31.100,00 |
01.03.04b Outras prestações familiares e complementares (GP´s) | 81.500,00 | 70.000,00 | -11.500,00 |
01.03.04c Outras prestações familiares e complementares (Deputados) | 14.725,00 | 10.000,00 | -4.725,00 |
01.03.05 Contribuições para a segurança social | 2.790.890,00 | 2.890.415,00 | 99.525,00 |
01.03.05a Contribuições para segurança social (SAR) | 379.120,00 | 470.085,00 | 90.965,00 |
01.03.05b Contribuições para a segurança social (GP's) | 1.116.000,00 | 1.180.000,00 | 64.000,00 |
01.03.05c Contribuições para a segurança social (Deputados) | 1.295.770,00 | 1.240.000,00 | -55.770,00 |
01.03.06 Acidentes em serviço e doenças profissionais | 219.530,00 | 150.500,00 | -69.030,00 |
01.03.06a Acidentes profissionais (SAR) | 219.000,00 | 150.000,00 | -69.000,00 |
01.03.06b Acidentes profissionais (GP's) | 530,00 | 500,00 | -30,00 |
01.03.09 Seguros | 58.450,00 | 65.100,00 | 6.650,00 |
01.03.09a Seguros (SAR) | 500,00 | 500,00 | 0,00 |
01.03.09c Seguros (deputados) | 57.950,00 | 64.600,00 | 6.650,00 |
01.03.10 Outras despesas de segurança social CGA | 2.548.345,00 | 4.313.434,00 | 1.765.089,00 |
01.03.10a Outras despesas de segurança social CGA (SAR) | 1.719.745,00 | 2.810.774,00 | 1.091.029,00 |
01.03.10b Outras despesas de segurança social CGA (GP´s) | 200.000,00 | 330.000,00 | 130.000,00 |
01.03.10c Outras despesas de segurança social CGA (deputados) | 628.600,00 | 1.172.660,00 | 544.060,00 |
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