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Só um economista louco seguiria um caminho como o que está a ser seguido que é o de querer transformar/reformar económica e estruturalmente um país com erros que vêm de dezenas de anos, em escassos meses.

 

 

O CDS/PP detém neste governo, entre outras, a pasta da Segurança Social que é o ministério de apoio aos desastres sociais que este Governo tem conscientemente desencadeado. Tem mostrado três facetas uma é o de cortar subsídios, muitos deles, é certo, nem deveriam existir, mas esses eram a minoria. A segunda faceta é o de cortar e retirar subsídios de desemprego a quem não teve quaisquer responsabilidades de ficar sem trabalho que cabe exclusivamente às políticas do Governo. A terceira faceta é a da propaganda e apologia do assistencialismo do ministério chefiado por Mota Soares que se orgulha do número de cantinas sociais que já abriu. Será que é motivo de orgulho para um ministro da segurança social abrir e apoiar cada vez mais cantinas sociais e instituições de solidariedade que, bem visto, são mais de caridade. Voltamos ao tempo da Rainha D. Leonor que fundou, e muito bem, misericórdias para assistir aos desvalidos.

Já nem vale a pena falar da autorização dada aos lares de idosos para poderem colocar camas a mais nos quartos que são pagos como individuais pelos utentes.

O CDS/PP propõe para a sociedade portuguesa um modelo assente nos valores éticos, sociais e democráticos do humanismo personalista de inspiração cristã e um ideário democrata-cristão. Ora nada mais consentâneo com estes princípios do que a fação da igreja católica mais conservadora que prega, em nome de Jesus, a caridade que de certo modo lhe interessa que exista. Já antes do 25 de abril pregou, resolvendo os problemas sociais graves, através do apoio caridoso aos pobrezinhos apoiando as políticas do governo de então.

Conta-se que no tempo de Salazar, já durante os anos 50-60 do século XX, uma organização de senhoras da elite da época, que apoiava a nobre causa de dar esmolas para os pobres, encontrando-se numa distribuição de dádivas que tanto podiam ser roupas, brinquedos ou géneros alimentícios, ao entregar a um dos pobres presentes a esmola que lhe cabia, este, virou-se para a dita senhora e disse: “Eu não sou seu pobre, minha senhora, eu sou pobre daquela ali” e apontou para uma outra que também fazia distribuição.

Todos sabemos que a pobreza não se extingue por lei, mas também sabemos que é possível reduzi-la e minimizar os seus riscos, não distribuindo subsídios, abonos que tornam as pessoas dependentes, mas promovendo o emprego através do estímulo ao investimento, seja ele público ou privado, promovendo o acesso à formação e conversão de mão-de-obra, estimulando a oferta de emprego e, consequentemente, a sua procura.

Era necessário e desejável uma reforma da nossa economia a efetuar a médio e a longo prazo. O CDS/PP e o PSD, com a sua política de destruição violenta da nossa economia, aumentaram o desemprego a pobreza que assolam o nosso país e atingiu pessoas que até então seria impensável. Efeitos colaterais das reformas, têm o desplanto de dizer. Aumentam o desemprego o que, por consequência, vai resultar em mais pagamento de subsídios e, por outro lado, são menos descontos a entrar para a Segurança Social. Cortam nos subsídios de desemprego e retiram apoios sociais, depois gastam verbas para a abertura de cantinas sociais, (no tempo de Salazar chamavam-se “Sopa dos pobres”) subsidiando instituições privadas e da igreja que apoiam os desvalidos que, apesar de meritórias, absorvem recursos financeiros do Estado. Quer dizer: O Estado poupa na farinha e gasta no farelo.

Devemos então abandonar os que estão a cair na exclusão social e na pobreza que foram vítimas das políticas deste Governo não os ajudando? É evidente que, como cristão e católico, digo não. Mas o que se devia ter feito era minimizar os custos sociais. Só um economista louco seguiria um caminho como o que está a ser seguido que é o de querer transformar/reformar económica e estruturalmente um país, com erros que vêm de dezenas de anos, em escassos meses.

O CDS/PP com o seu estatuto humanista e cristão, juntamente com o PSD, que abandonou a sua raiz social-democrata, deixam que cada vez mais portugueses se vejam na humilhação de pedir por favor que lhe forneçam meios básicos de subsistência a que deviam ter direito sem humilhação. O humanismo cristão do CDS/PP tem na sua essência a caridade e o assistencialismo nada mais. Há quem diga que as políticas que estão a ser seguidas são as que Salazar praticava. Estando longe de apoiar esse tipo de políticas, de qualquer modo apetece dizer que isso é insultar Salazar.

 

 

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publicado às 23:02


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