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Antonio Costa_modelo sueco.png

Após a “bronca” do convite de Luís Filipe Vieira  para que o senhor primeiro-ministro António Costa integrasse a Comissão de Honra de candidatura à presidência do Benfica, após a retirada da dita comissão e após as vozes contrárias ao convite se terem aparentemente calado o senhor primeiro-ministro António Costa parece estar possuído de uma qualquer síndrome de incertezas quando comunica ao país medidas tomadas, a tomar, ou a não tomar, para debelar ou mitigar a crise que ataca a saúde pública no que se refere à covid-19.

Contrariamente à primeira fase da pandemia onde as medidas foram enérgicas e atempadas nas suas últimas intervenções, talvez devido ao cansaço, parece apresentar uma falta segurança quanto ao que diz no que à covid-19 se refere. Esta insegurança poderá ter como causa os contactos com entidades e especialistas que lançam para o ar pontos de vista contraditórios que me parecem ser mais opiniões do que dados científicos.

Na semana passada na conferência de imprensa, após a reunião do gabinete de emergência para a vovid-19, António Costa lança para o ar nada de novo, colocando-se numa atitude de vocês aí amanhem-se e protejam-se uns aos outros porque se a coisa agravar a responsabilidade é vossa.

"A manter-se esta tendência, chegaremos aos mil novos casos por dia. Temos de travar esta tendência. Não podemos parar o país", declarou o primeiro-ministro na conferência de imprensa. E acrescentou ainda: "Agora, não vamos poder voltar a parar o país, como aconteceu em março. Agora, o controlo da pandemia depende da responsabilidade pessoal de cada um de nós. Não podemos voltar a privar as crianças do acesso à escola, não podemos voltar a proibir as famílias de visitarem os seus entes queridos nos lares, não podemos separar as famílias no Natal como fizemos na Páscoa. Temos mesmo de travar a pandemia por nós próprios através da nossa responsabilidade pessoal".

São verdades que aparentemente parecem ser incontornáveis. A escolha é uma das três: economia, infeção covid ou morte. Claro que a economia prevalece porque sem economia a infeção covid continua e a morte surge lenta, mas inexoravelmente. A morte social pela morte da economia conduz à morte física no seu todo quando não pelo menos ao nível psicológico.

O que o primeiro-ministro disse na conferência, contrariamente ao que disse na primeira fase da pandemia, demonstrou falta de sensibilidade social para com setores mais frágeis e desresponsabilização pelo que venha a acontecer no futuro próximo, mesmo que ao Estado caiba a responsabilidade pela saúde pública.

Se no início de setembro António Costa se indignava porque o governo britânico condicionava os seus cidadãos que regressassem de Portugal a uma quarentena obrigatória agora deixou de fazer parte das suas preocupações.

Quando o resto da Europa reage a escalada de novos casos com restrições parciais devido à aceleração no ritmo de contágio está a ser evidente que na maior parte dos países europeus os Governos evitam confinamento total, mas adotam medidas focadas em regiões e sectores específicos para tentar travar número de novos casos, em Portugal parece vir a seguir-se o modelo da Suécia pela estratégia do chefe de governo António Costa. Modelo mais desumano e de despreocupação pela saúde publica e de desinteresse pelos mais idosos do país.

Se há poucas semanas os noticiários das televisões nos atulhavam e atulham nas horas de ponta com o que se passa nos lares de todo o país António Costa agora até já nem se importa com isso quando afirma que “não podemos voltar a proibir as famílias de visitarem os seus entes queridos nos lares.”. Estranha-se esta afirmação quando é sabido que o vírus é transportado para o interior dos lares por pessoas do exterior. Ou será que são produzidos pelos velhinhos que lá se encontram acamados ou não? Podemos colocar ironicamente a seguinte questão: será que transportar o coronavírus para o interior lares de idosos poderá ser bom para segurança social que, com um maior número de mortes, acaba por pagar menos reformas.

O primeiro-ministro António Costa pretende agora adotar o modelo sueco esquecendo-se de que na Suécia o comportamento social dos suecos nada tem a ver com o dos latinos a que, nós portugueses, feliz, ou infelizmente, pertencemos. Os suecos são um povo dado a poucos contactos considerados socialmente físicos de abraços e beijinhos. Dão muita importância e gostam de manter a distância do seu espaço pessoal e, como tal, gostam que não o invadam, evitam toques e contactos físicos desnecessários. Assim, para eles o combate à covid-19, é visto hoje como uma visão totalmente normal. Nós os latinos somos especialistas nos contactos físicos os suecos encantam mais pelo uso da palavra e pela maneira como expressam exteriormente emoções

O Governo sueco deixou a cargo dos cidadãos a responsabilidade pela sua saúde. Não impôs um confinamento à população, antes apelou às pessoas para que aplicassem o distanciamento social físico, comportamento que não é muito difícil de adotar num país com baixa densidade populacional e cuja cultura valoriza o individualismo e a autodisciplina e onde restaurantes, bares, ginásios, lojas e cabeleireiros mantiveram-se em atividade. Desligando-se dos problemas dos locais descurou também a situação dos locais onde se encontram os seus idosos.

A população da Suécia é de 10 milhões e 278 mil habitantes aproximadamente o mesmo número de população de Portugal 10 milhões e 286 mil habitantes, (fonte PORDATA estimativas em 2019). A Suécia apresenta hoje, 20 de setembro, um total de 88237 casos e 5865 óbitos por covid-19 contra os 68025 casos e 1899 óbitos de Portugal, números muito menores do que os da Suécia.

No início de agosto de acordo com a Bloomberg o Produto Interno Bruto (PIB) sueco foi de -8,2% no segundo trimestre numa primeira estimativa do Instituto Nacional de Estatística da Suécia. As previsões dos economistas apontavam para uma queda homóloga de 7,4%. Os dados provisórios representam o pior desempenho económico trimestral desde que há registos.

Ao contrário dos outros países nórdicos, a Suécia não impôs um bloqueio total na economia e na vida dos cidadãos, tendo apenas dado indicações gerais sobre o confinamento parcial da sociedade. Esta estratégia resultou numa das taxas de mortalidade mais elevadas de toda a Escandinávia. No entanto, a Bloomberg aponta que as novas informações indicam que, apesar da estratégia suave, o país poderá não ter conseguido manter o nível de consumo por parte dos cidadãos.

Na passada quarta-feira, o banco central sueco manteve as previsões realizadas em abril. No primeiro cenário, o produto interno bruto (PIB) poderá contrair 6,9% em 2020, antes de voltar a crescer 4,6% em 2021 e numa previsão mais negativa, prevê que o PIB poderá contrair 9,7% e a recuperação mais lenta, crescendo apenas 1,7% em 2021.

Se comparamos com as previsões em Portugal as diferenças são relativamente poucas, mesmo tendo em conta as diferenças das economias até 17 de setembro e de acordo com o Conselho de Finanças Públicas Portugal terá em 2020 uma queda no PIB de -9,3% prevendo-se que irá crescer em 2021 4,8%.

António Costa parece assim querer aguentar a economia mesmo que tenha de recorrer às ideias da espécie de cientista louco, Anders Tegnell, epidemiologista chefe da Agência de Saúde Pública da Suécia que tem aconselhado o governo sueco. Aliás o primeiro-ministro da Suécia foi criticado e admitiu ter havido erros. Mas disse também querer manter a sua estratégia. O epidemiologista Anders Tegnell, que desenhou a resposta da Suécia à pandemia também admitiu que morreram demasiadas pessoas e que podiam ter sido impostas mais restrições.

Por aqui também alguns jornalistas traçam opiniões favoráveis à estratégia sueca e não me parece que “a pulsão de vida, de vida em sociedade, é aquilo que, em última análise, vai conseguir a cura.”. O medo e o controle pela segurança de cada um individual e coletivamente quebram a produtividade e a insegurança por desconhecimento do que o futuro lhes reserva não faz gastar dinheiro aos cidadãos para que ajudem a funcionar a economia. Um dos maiores problemas não é a perda de consumo interno é o recuo das exportações devido ao recuo de encomendas do estrangeiro que está também a braços com um perigoso aumento de casos covid.

O que é grave é que António Costa agora pareça agora querer seguir o modelo que se reconhece estar errado por muitos elogios lhe façam em vez de adotar modelos mais originais é para isso que servem os gabinetes de crise de saúde pública em situação pandémica.

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publicado às 17:41

Costa e Centeno.png

A direita tem toda a legitimidade para fazer oposição, o que não pode é tentar manipular e esconder a realidade e os factos à sua medida esquecendo o seu passado, ainda recente, e a forma como foi destruindo o país que, depois de destruído torna a sua reconstrução é mais lenta e difícil.

 Como habitualmente, após a apresentação em conferência de imprensa do Plano de Estabilidade a apresentar em Bruxelas pelo ministro da Finanças Mário Centeno, os partidos da oposição de direita CDS e PSD, e do BE e PCP, à esquerda do PS, comentaram o conteúdo apresentado.

Como seria de esperar, o CDS pela voz de Mota Soares (não sabemos se após deixar de ser ministro continua a andar de motoreta) não concordou em nada com o plano apresentado. Como seria de esperar para o CDS estava tudo mal e a sua intervenção sem história, resumiu-se a mais do mesmo. E, para testar a esquerda, quer ver votação de resolução no Parlamento. Cinismo do costume!

Quanto ao PSD, cujo comentário foi proferido por essa sumidade, e ainda jovem, Leitão Amaro, 38 anos, resquício da direita liberal radical do PSD que utilizando uma verborreia demagógica, demasiado longa e cansativa, lá foi dizendo, estava tudo errado na sua maior parte. Debitou para o ar uma série de jargões e de falsidades interpretativas já bem conhecidas das suas intervenções sobre a situação financeira e económica do país. E pretendeu com passe mágica verbal fazer-nos acreditar que tudo o que melhorou nas pessoas, e no país, foi devido ao PSD.

Ao ser questionado sobre se previa e pelas críticas que apontava no Plano de Estabilidade esperava que ele recusado por Bruxelas não respondeu e saltitou aqui e ali refugiando-se em partes descontextualizadas do Conselho de Finanças Públicas escolhendo as referências que mais lhe agradam. Quanto a alternativas que teria para apresentar se fossem governo nada disse limitando-se a dizer que seriam outras. Mas nós sabemos quais seriam. Seriam a mesmas que aplicaram durante os seus quatro anos de mandato.

Falou ainda em reformas, que reformas? As que devem ser feitas para as gerações futuras como se as gerações do nosso tempo não tivessem também sido no passado consideradas como gerações futuras. Os portugueses vivem o presente, não vivem do que se deve fazer tendo em vista as gerações futuras, porque essas, quando vierem, muita coisa mudou, entretanto, e, então, serão elas que terão de garantir e tomar as medidas adequadas à sua época. O que as gerações futuras necessitam é que se cuide do ambiente em que irão viver porque, no que respeita às melhores políticas, cada geração saberá cuidar-se e ver o que necessita no momento. Quem é que, no tempo da ditadura do Estado Novo, pensava que as gerações futuras iriam produzir o 25 de abril que acabou com o regime? Salazar bem fez o possível por preparar nesse tempo as gerações futuras para manter o fascismo e o colonialismo. 

Algumas das afirmações do porta voz do PSD são hilariantes tais como "a solução do PSD para governar o país é diferente" daquela do atual Governo e de "Não nos conformamos em aproveitar os ventos de costas, queremos melhorar a vida dos portugueses", refere ainda que a opção do Governo é de "insistir em manter em Portugal a carga fiscal mais elevada de sempre". Onde é que nós já ouvimos isto?  Leitão deve ter-se esquecido dos cortes que estariam para vir se o PSD daquele tempo ainda estivesse no governo do país, e do “enorme aumento de imposto” que o ministro das Finanças, Gaspar reconheceu durante o governo em que Leitão foi Secretário de Estado da Administração Local no XIX Governo Constitucional, leia-se Governo de Passos Coelho.


Leitão Amaro, vice-presidente da bancada parlamentar do PSD que, como muitos outros, é um dos apêndices dos liberais radicais de Passos Coelho em funções parlamentares fez questão de mencionar que Portugal com o atual Governo é dos países que menos vai crescer economicamente. Mentira descarada por omitir o contexto real, é que as previsões intercalares de inverno de 2018 da Comissão Europeia para o

 

Comissão europeia previsões 2018.jpg

 crescimento em Portugal durante em 2018 e 2019 embora desacelere fica alinhado com o dos países da zona euro e os que mais influenciam a economia da U.E. e outros comparativamente mais ricos como se pode ver no mapa e no gráfico que se apresenta abaixo.

 

Mapa Crescimento 2018.png

 

O que Leitão Amaro não mencionou é que os países que mais crescem com exceção da Irlanda são aqueles onde a direita está a impor-se e a exploração do trabalho apresenta níveis salariais muito baixos. São os países do leste europeu como se verifica quadro abaixo marcados com asteriscos os que não pertencem à zona euro e com dois astericos o que integram a zona euro.

Também não salientou que, devido a uma previsível alteração da conjuntura internacional as previsões da mesma comissão para 2019 são de baixa de crescimento para todos aos países.

  

Comissão Europeia: Previsões de crescimento de outono 2017

Países

2017

2018

2019

Italy

1.5

1.3

1.0

United Kingdom

1.5

1.3

1.1

France

1.6

1.7

1.6

Belgium

1.7

1.8

1.7

Denmark

2.3

2.0

1.9

Germany

2.2

2.1

2.0

Portugal

2,6

2.1

1.8

Euro area

2.2

2.1

1.9

EU

2.3

2.1

1.9

EU27

2.4

2.2

2.0

Austria

2.6

2.4

2.3

Greece

1.6

2.5

2.5

Spain

3.1

2.5

2.1

Netherlands

3.2

2.7

2.5

Finland

3.3

2.7

2.4

Sweden

3.2

2.7

2.2

*Croatia

3.2

2.8

2.7

Cyprus

3.5

2.9

2.7

**Lithuania

3.8

2.9

2.6

*Czech Republic

4.3

3.0

2.9

**Estonia

4.4

3.2

2.8

Latvia

4.2

3.5

3.2

Luxembourg

3.4

3.5

3.3

*Hungary

3.7

3.6

3.1

**Slovakia

3.3

3.8

4.0

*Bulgaria

3.9

3.8

3.6

*Poland

4.2

3.8

3.4

Ireland

4.8

3.9

3.1

**Slovenia

4.7

4.0

3.3

*Romania

5.7

4.4

4.1

Malta

5.6

4.9

4.1

 

Gráfico crescimento UE.png

Fonte: Comissão Europeia - https://ec.europa.eu/info/business-economy-euro/economic-performance-and-forecasts/economic-forecasts/winter-2018-economic-forecast_en#winter-2018-interim-economic-forecast-a-solid-and-lasting-expansion

 

A direita tem toda a legitimidade para fazer oposição, o que não pode é tentar manipular e esconder a realidade e os factos à sua medida esquecendo o seu passado, ainda recente, e a forma como foi destruindo o país que, depois de destruído torna a sua reconstrução é mais lenta e difícil.

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publicado às 18:15

Reivindicar.png

Nas duas últimas semanas nos órgãos de comunicação têm dado relevo a protestos reivindicativos vindo de vários quadrantes profissionais: são os da função pública, da Fenprof, da ASAE, da administração local, da PSP, enfermeiros, etc. Os enfermeiros ávidos por regalias e estatuto esperam para ver. Uns manobrados pelo PCP outros por fações sindicalistas afetos ao PSD.

A minha memória leva-me ao passado recente do governo PSD/CDS quando foram cortados a estas mesmas classes profissionais salários, direitos e regalias e, salvo uma ou outra agitação infrutífera incitada pela esquerda remetiam-se para seu cantinho sem resultados práticos a não ser o protesto com significado político.

Passos Coelho conseguia impor-se pela manipulação das emoções populares através da ameaça e do medo. Ao mesmo tempo demonstrava que a responsabilidade da austeridade era imposta pela troica, o que posteriormente se verificou não ser totalmente verdade. Os que agora vêm para as ruas calavam-se então. Estranho o facto dos movimentos reivindicativos estejam agora centrados neste Governo que tem vindo dentro do possível a cumprir o que prometeu do que o passado governo da direita.

Quer se queira, ou não, estas manifestações reivindicativas são aproveitadas para o protesto político, pese embora o facto da justeza, ou não, das exigências a que chamam direitos que em tempo lhes foram retirados.  

Jerónimo de Sousa, após as eleições autárquicas, deu a tender que as populações só tinham a perder ao desviarem o seu voto e que não tinham dado o devido valor à luta que o PCP tinha encetado pela reposição e recuperação de salários e direitos atribuindo culpas a tudo quanto foi a oposição contra a CDU.

O comunicado emitido pelo Comité Central do PCP é esclarecedor quando diz: “No resultado da CDU fica evidente que muitas das pessoas que durante este período nos dirigiram palavras de reconhecimento pelo papel decisivo do PCP na derrota do governo PSD/CDS ainda não ganharam a consciência da contribuição decisiva do PCP em muito do que foi alcançado na reposição e conquista de direitos e que reside no reforço do PCP e do PEV, e não no PS, a possibilidade de assegurar que esse caminho prossiga e se amplie.”

Posição estranha esta, já que o PCP, tendo um saber político de experiência feito ao longo de anos, tenha desvalorizado durante a disputa da campanha eleitoral por lugares de poder autárquico em que não há amigos e que, por isso, cada uma das forças em presença faz por ganhar. Todavia, terá razão quando afirma que a campanha foi muitas vezes baseada em argumentos falsos e muitas vezes ofensivos. Mas isto é o que se passa em todas as campanhas eleitorais.

Mais à frente, o mesmo comunicado critica a tese neoliberal de empobrecimento enaltecido por Passos Coelho no tempo do seu governo de direita e diz que “A evolução mais recente da economia nacional derrota a tese que identificava o crescimento económico com medidas de agravamento da exploração e de empobrecimento que foram impostas ao povo português ao longo de anos, e dá sustentabilidade à necessidade de aprofundar ainda mais o caminho de reposição de direitos, de aumento de salários, das reformas, pensões e apoios sociais, de resposta a problemas mais sentidos pelos trabalhadores e a população.” O PCP não tendo ainda abandonado a sua visão centralizadora e deslumbrado por economias estatais defende em qualquer contexto tudo quanto sejam reivindicações como se os recursos financeiros fossem infinitos e o orçamento de estado um poço sem fundo.

O PCP ao acionar a correia de transmissão dos sindicatos que controla faz também o jogo de partido populista ao explorar emoções das classes profissionais utilizando para tal o aumento de rendimentos, de regalias e de direitos, sabendo que cada uma delas olha para o seu próprio umbigo. Por seu lado a direita quando não está no poder acompanha e apoia sempre que pode, mas com discrição, os movimentos da esquerda e dos sindicatos onde tem insipiente influência.

Quando a economia cresce um pouquinho, nem deixam assentar. Logo que lhes cheira a dinheiro preparam-se para toda a espécie de reivindicações. Todos querem comer à mesa do orçamento.

Quando depois se dá um a passo maior do que a perna volta tudo ao mesmo. É sempre o mesmo, quando está no poder um governo socialista. Sempre foi assim. Admiram-se depois dos ciclos de austeridade. Mas, quando uma qualquer direita o substitui no poder tudo fica de mansinho e tímidas manifestações surgem que logo se esfumam.

As últimas eleições autárquicas parecem ter demonstrado que nem sempre os partidos que reclamam os louros da recuperação de rendimento, direitos e regalias sociais não são necessariamente os mais favorecidos. Daqui que se pode inferir que não existe uma correlação direta entre os dois factos. Existem outras variáveis que complexificam o modelo de análise.  

Em alturas em que as populações valorizam a estabilidade social nem sempre veem com bons olhos a existência de movimentos reivindicativos excessivos e extemporâneos (que, para os sindicatos são infindáveis) tendo um efeito perverso porque, quando há eleições foi esquecida a fonte do movimento.

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publicado às 20:20

Mais uma vez a Mulher Maravilha

por Manuel_AR, em 08.05.17

Mulher Maravilha2.png

A Mulher Maravilha das finanças, Maria Luís Albuquerque, para além do mais, é descarada, e está a pretender esconder duas realidades: a do país que se tem vindo a firmar positiva, embora não tanto quanto seria preciso; e a sua própria realidade que é a mesma do líder do seu partido que governou quatro anos e meio que diz que tudo o que está a acontecer agora a ele é devido. Pois é, tudo o que está a acontecer a Portugal também foi devido a D. Sebastião se ter perdido lá por Marrocos e, passados quarenta anos, se ter dado a revolução de 1640.

Para a Mulher Maravilha de portuguesa “No crescimento, na consolidação e na confiança 2016 foi um ano perdido”. Ninguém duvide do que ela diz, é, por isso, que é uma super-heroína. Continuamos é a não saber o que faria para que tanto mal se transformasse num bem idealizado pela sua realidade.

A Mulher Maravilha, Maria Luís Albuquerque, anda por aí, com o seu esplendor, qual flor de girassol, a rodar consoante o movimento do sol, a dizer que alguma vez ela, ou o seu partido, quisessem a privatização da Caixa Geral dos Depósitos. Vejamos o que disse Passos em 27.03.2011 segundo um jornal da época, “O líder do PSD abriu, ontem, a porta para privatizar parte da Caixa Geral de Depósitos. É uma das medidas que deverão constar do pacote de privatizações a efetuar, caso o PSD vença as mais do que prováveis legislativas antecipadas.”

Em 21 de setembro de 2012 “Passos Coelho não excluiu hoje no Parlamento a hipótese do Governo vir a privatizar a Caixa Geral de Depósitos”, escrevia o jornal Diário de Notícias.

Passados cerca de dois anos, em maio de 2014, era noticiado que “O Governo pretende privatizar a Caixa Geral de Depósitos (CGD) até ao final de 2015. A denúncia foi feita ontem pelo Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD através de um comunicado. "O Governo já terá deliberado que a privatização da Caixa Geral de Depósitos deverá estar consumada até final de 2015 e que esta matéria constará mesmo da carta de intenções já enviada, ou a enviar, ao FMI, na sequência da 12ª avaliação da troika".

Segundo a agência Lusa a 7 de maio de 2017 disse A Mulher Maravilha: “Acusam-nos de querermos a privatização da Caixa, mas lembro que estivemos quatro anos e meio no governo e não tomámos uma única iniciativa para o fazer.”. O que diz é verdade não tomaram “uma única iniciativa para o fazer”. Será porque deixaram de estar no poder? Ou, talvez, porque não tiveram tempo?

O meu subconsciente trouxe-me para a memória recente a segunda volta das eleições francesas e Marine Le Pen, quando alterou parcialmente o seu discurso radical de extrema direita, adoçando-o com alguns pacotes de açúcar mais liberais no que se refere, pelo menos, ao refendo sobre a saída da União Europeia e outras “bêtises” calamitosas para os franceses e não só…  

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publicado às 17:08

Crescimento económico (1).png

 

O crescimento económico é um dos indicadores utilizados para avaliar o comportamento das economias. Em Portugal oposições aos governos, conforme se encontram num campo, ou noutro, aproveitam o argumento do crescimento para fazerem críticas ou autoelogios às medidas económicas tomadas que cada um toma quando em funções.

O crescimento anual do PIB - Produto Interno Bruto em volume é um indicador que reflete a variação anual da riqueza criada por uma dada economia. O mais utilizado é o PIB a preços constantes de modo a que apenas o crescimento real da produção seja levado em conta. É um indicador que possibilita comparações, quer ao longo do tempo quer entre economias de diferentes dimensões.

O PPC - Paridade de Poder de Compra é outro indicador que procura avaliar quanto a moeda duma determinada economia pode comprar em termos internacionais, utilizando como comparação o dólar. Isto porque, como os bens e serviços diferem os preços de um país para outro, esta medida procura relacionar o poder aquisitivo das pessoas com o custo de vida do local e se ela consegue comprar tudo o que necessita com seu salário.

Tendo em vista as previsões para o crescimento do PIB, do PIB per capita e do PPC na União Europeia para 2017 procedi a uma comparação através do cálculo de coeficientes de correlação entre aquelas três variáveis.

Os cálculos e os gráficos foram construídos tendo como fonte dados estatísticos do jornal Diário de Notícias de janeiro do corrente ano obtidos a partir de The Economist. Referem-se estes dados às previsões para o ano de 2017 e, de acordo com a informação publicada, foram aplicadas as taxas de câmbio do dólar com a conversão para euros feita segundo a taxa de câmbio de 7/12/2016.

Numa primeira fase, com base em dados estatísticos obtidos no INE, foi traçado um gráfico evolutivo do crescimento do PIB em Portugal comparativo com a evolução na União Europeia no mesmo período para mais facilmente se compararem diferenças.

Numa segunda fase foram traçados gráficos de dispersão das três variáveis em análise assim como o cálculo dos coeficientes de correlação. Para análise de alguns países da Ásia utilizei a mesma metodologia e os mesmos critérios feitos para a U.E.

Análise da evolução do crescimento.

Conforme mostra o Gráfico 1, desde 2000 que Portugal acompanhou o crescimento da U.E. apenas na evolução, mas apresentando sempre valores mais baixos. Partindo ambos dum valor muito próximo dos 4% no ano 2000. Assim, em 2000 o crescimento em Portugal está aproximadamente em conformidade com o valor da UE que acompanha até 2001. A partir deste ano inicia o seu afastamento gradual da UE distanciando-se da sua evolução verificando-se um distanciamento entre as variáveis crescimento enfatizando-se a magnitude da alteração ao longo do tempo que se agrava a partir de 2002.

Há dois momentos em que volta a aproximar-se, 2008 e 2010 acompanhando a queda brusca de 2009. Embora acompanhando a UE no crescimento negativo obtém um valor substancialmente menos negativo em 2009. Em 2010 o crescimento volta a crescer ficando em 2010 a par da UE ano a partir do qual a UE mantem o seu crescimento com valores positivos enquanto Portugal verificou uma queda brusca entre 2011 e 2012 durante o período do XX Governo Constitucional da aliança PSD-CDS recuperando timidamente os valores de crescimento negativo em que se manteve até meio de 2013, passando a acompanhar a UE a partir de 2014.

Gráfico 1_crescimento.png

 Gráfico 1

Nas evoluções do crescimento, Portugal e UE a magnitude da alteração ao longo do tempo mostra-nos que teve o seu máximo no ano de 2012 prolongando-se até 2014. É nítido o desvio entre os crescimentos das duas evoluções no mesmo período como mostra a área compreendida entre as duas linhas de evolução. A média do crescimento no período dos 15 anos analisados é, no caso de Portugal, nitidamente mais baixa, com 0,4, e 1,4 para a UE a 28.

Em síntese o crescimento de Portugal é nitidamente mais fraco do que a UE a 28, mas, por outro lado, acompanha a tendência deste grupo de países devido a conjunturas endógenas e exógenas a que todos os países ficaram expostos.

Previsão de crescimento e PIB per capita na UN: uma análise comparativa.

Efetuada a síntese do crescimento comparativo entre Portugal e a UE a 28 e alguns que não pertencem a este grupo, nomeadamente a Rússia, a Ucrânia e a Turquia, procedi a uma análise sobre as previsões de crescimento para 2017 entre os vários países. Para tal foi construído um gráfico de dispersão com a reta de tendência (reta de regressão) e calculou-se o coeficiente de correlação entre as variáveis em análise. Este coeficiente representa uma medida estatística determinada a partir da comparação entre as várias observações entre duas variáveis. Neste caso o cálculo foi efetuado entre as variáveis previsão do crescimento do PIB para 2017, com a previsão do PIB per capita e ainda com o crescimento da PPC cujo significado foi explicado no início.


A medida da variação conjunta das variáveis ou covariação observada num diagrama de dispersão é a correlação entre as duas variáveis. Essa medida é realizada numericamente por meio dos coeficientes de correlação que representam o grau de associação entre duas variáveis contínuas. As medidas genéricas de correlação, frequentemente são designadas por R e variam entre -1 e +1. No que respeita ao sinal + (mais) no coeficiente de correlação significa que as variáveis têm um comportamento no mesmo sentido, isto é, quando cresce uma também cresce outra. Um sinal - (menos) no coeficiente de correlação significará, ao contrário, que, quando uma varável cresce a outra decresce e vice-versa.

Gráfico 2_crescimento.png

 Gráfico 2

Efetuados os cálculos e traçados os gráficos observou-se que existe uma forte correlação negativa de -0,71 entre a variável previsão de crescimento do PIB e o PIB per capita entre os países da UE. Isto é, quanto menor é o PIB per capita maior é o crescimento, como mostra a tendência da reta de regressão e o sinal do coeficiente de correlação apresentados no Gráfico 2.


Pode observar-se pelo gráfico dois grupos de países que se aproximam pelas suas características segundo os PIB per capita e o crescimento. Um primeiro grupo com um crescimento relativamente elevado e um PIB per capita baixo. Estão neste caso a maior parte dos países do leste europeu e a Turquia onde um PIB per capita baixo, mesmo abaixo da média, correspondem previsões de crescimento mais elevados, todos acima da média de 2% do PIB. Destaca-se a Ucrânia com um dos rendimentos mais baixos, mas com uma previsão de crescimento acima dos 2,5% e a Rússia com baixo crescimento e PIB per capita também muito baixo. Após o “Brexit” o Reino Unido destaca-se pelo seu baixo crescimento e com o PIB per capita elevado.

Gráfico 3_crescimento.png

Gráfico 3

Os países com maior PIB per capita são os que apresentam uma previsão de crescimento mais baixos. Salientam-se a Grécia e Portugal com muito baixos crescimentos nas previsões, mas com um PIB per capita acima da média. Neste grupo destaca-se a Suécia cuja previsão do PIB per capita é elevado e com um crescimento relativamente elevado muito acima dos seus pares europeus.

Para Portugal prevê-se um crescimento muito abaixo do da Grécia, mas acima da Itália. Mesmo assim, as previsões apontam para que Portugal cresça significativamente ficando na 21ª posição do ranking alinhando com a Alemanha e acima dos países do norte da Europa dos quais seria de esperar melhores desempenhos. A Suécia salienta-se prevendo-se um crescimento acima da média tendo e com um PIB per capita elevado e muito acima da média.

No que se refere à correlação da PPC – Paridade de Poder de Compra, o coeficiente de correlação com a taxa de crescimento é também significativo e de sinal negativo, -0,61, que, embora menor, mesmo assim significativo, acompanha o do PIB per capita como mostra o Gráfico 3.

Os países onde se verifica mais crescimento são também aqueles onde a PPC é também mais baixa, como seria de esperar, não se verificando alterações significativas em relação à análise efetuada entre o PIB per capita e as previsões de crescimento.

Previsão de crescimento e PIB per capita em alguns países da Ásia


Alguns países da Ásia pertencem ao grupo dos considerados como economias emergentes e que ainda apresentam níveis sociais e de distribuição de renda limitados, com elevada pobreza e falta de recursos em muitas áreas da sociedade, como educação e saúde.

Gráfico 4_crescimento.png

Gráfico 4

Os países emergentes são grandes exportadores de matérias-primas, grandes recetores de empresas multinacionais que para lá se deslocalizam à procura de mão-de-obra barata (além de também serem medianos fornecedores dessas mesmas empresas), e possuem um amplo e crescente mercado consumidor e uma grande capacidade de crescimento económico centrado no setor terciário. A questão chave é se o crescimento económico desses países está a promover a diminuição das desigualdades sociais internas e se a parte inferior da pirâmide social está a ser beneficiada.

Utilizando os mesmos critérios foi composto o gráfico de dispersão e calculado o coeficiente de correlação para as previsões de crescimento em alguns países da Ásia, representados no Gráfico 4, tendo em conta os indicadores de previsão do PIB per capita, a PPC e o crescimento. Foi ajustada uma curva de tendência polinomial que me pareceu ser a mais adequada a esta série de dados o que é demonstrado pelo coeficiente de correlação muito significativo de -0,76. O ajustamento da reta mostra um valor menor, -0.61.

Foram traçadas duas curvas uma linear e outra polinomial a fim de se ver qual se ajustava melhor à dispersão de dados. A linha de tendência polinomial é útil para quando há flutuação de dados no caso de se analisar os ganhos e as perdas de um conjunto de dados de grande dimensão (não foi este o caso, mas, devido aos valores do PIB, em dólares serviu o objetivo) e porque os dados mostravam que havia flutuações dos dados com grandes oscilações (máximos e mínimos). A curva polinomial foi a que mais se ajustou à dispersão dos dados com o valor de R ao quadrado 0,5711. A linha de tendência linear mostrou um menor ajustamento R ao quadrado 0,3711 pelo que se optou pela primeira.

Gráfico 5_crescimento.png

Gráfico 5

Como se pode verificar pelo Gráfico 5 a tendência nas previsões de crescimento para a PPC mantém-se apresentando, no entanto, um coeficiente correlação de -0,81 que evidencia uma forte ligação com o crescimento.

A correlação entre o crescimento e o PIB per capita verificado nos países da UE a 28 também se comprova em alguns países da Ásia. Isto é, a um menor PIB per capita correspondem maiores taxas de crescimento. Contudo, a leitura deve ser feita com algum cuidado já que outras variáveis importantes como, por exemplo, a população, podem influenciar os resultados. Tendencialmente, os baixos rendimentos das populações parecem ser condição de crescimento das economias. Conhecendo-se que no cálculo do PIB per capita estão incluídos os rendimentos agregados do produto a renda, podemos, embora com alguma margem de erro, pode considera-se que os rendimentos do trabalho, isto é, os salários e outras remunerações são uma componente importante para a formação do PIB sendo o rendimento das classes trabalhadoras influencia o PIB per capita. Assim sendo, nos países onde aquele rendimento per capita é mais baixo é onde verificam maiores previsões de crescimento.

 

Síntese.

O crescimento de Portugal entre 2000 e 2015 acompanha a evolução do crescimento dos países da UE a 28, apresentando, no entanto, valores mais baixos nos mesmo período com exceção do ano 2015. A área entre a evolução das duas variáveis da observação mostra-se elevada ao longo da série, mas mostra um desnível de afastamento da evolução da Europa. 

As correlações entre as previsões de crescimento do PIB para 2017 e as previsões do crescimento do PIB per capita e da PPC para o mesmos anos apresentam-se relativamente elevadas verificando-se o mesmo comportamento em alguns países da Ásia o que pode conduzir à conclusão que os crescimentos mais elevados das economia depende sobretudo dos baixos rendimentos per capita, todavia poderá ser uma conclusão apresada visto que há variáveis e fatores que podem influenciar os ditos crescimentos mais elevados.

Segundo analistas internacionais os principais riscos para as perspetivas económicas da zona euro são externos mas a maioria dos indicadores de sentimento econômico apontam para uma expansão na economia da zona do euro em 2017. Esperam a continuação da recuperação com probabilidade de enfraquecimento. Será a procura interna o principal motor do crescimento, e espera-se que tanto o consumo como o crescimento do investimento se moderem.

O crescimento do consumo vai provocar um aumento da inflação, uma vez que o efeito da queda dos preços da energia desaparecerá, como aliás temos visto com o aumento dos combustíveis.

Os riscos são elevados e provêm principalmente da política interna, com eleições planeadas nos Países Baixos, França e Alemanha e do setor externo teremos a influência a política comercial americana de Trump o que provoca incertezas.

Para finalizar não quero deixar de dizer que as críticas feitas pelo PSD e o CDS ao crescimento em Portugal e da responsabilidade do atual governo é mera retórica partidária. Esquecem-se de que são consequências do passado dos seus governos que, por sua vez, também arcaram com as do governo anterior de José Sócrates no qual, o então ministro das finanças Teixeira dos Santos, teve grande parte das responsabilidades no  que se passou com as finanças públicas.

 

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publicado às 23:01

Os trapalhões

por Manuel_AR, em 03.03.15

Com a coligação PSD/CDS que está no Governo já não sabemos onde acaba o PSD e começa o CDS/PP e vice-versa. O CDS/PP perdeu a sua identidade. De vez em quando Paulo Portas, para dar um ar da sua graça costumeira, como que a dizer olá, eu estou aqui, mostra em escassos pontos que tem opinião diferente estando sempre presente em eventos que lhe deem visibilidade.

Qual é o projeto político e de governo do CDS/PP? Não existe, é o mesmo do PSD. Se o CDS for a votos sem ser em coligação como saber qual o seu programa eleitoral? Atualmente, tirando as respetivas lideranças, são uma e a mesma coisa. Cada um deste partidos tornou-se albergue de várias direitas sem expressão que por aí proliferam onde se incluem apoiantes da sempre esperançada causa monárquica.

A manutenção duma coligação como esta que nos governa é possível apenas e só, por interesse onde conta, sobretudo, a distribuição de pastas e de outros lugares à mesa do orçamento e nada mais.

Passos Coelho e os seus “vuvuzelas” partidários e governamentais continuam, por aqui e por ali, a lançar para o ar e para as mentes menos atentas os benefícios da austeridade a mata-cavalos elogiando os sacrifícios dos portugueses (em calão significa passar a mão pelo lombo) que souberam ser meninos bem comportados durante estes anos de governação. Agora vai tudo mudar devido ao crescimento económico auxiliado pelo turismo, à descida de desemprego, blá, blá…

Para a maioria que sustenta o Governo qualquer variação para melhor de 0,1% nos índices macroeconómicos é uma festa como dizia a outra, a da educação.

Eu tive um professor na Universidade que costuma dizer e cito que mais vale ter mau hálito do que não ter hálito nenhum. É sinal de que estamos vivos. É isso que o Governo faz, tentar mostrar que está vivo. É o mesmo que dizer “Ouçam!... Ouçam!... Ouçam!...”, como aquela canção portuguesa que foi à eurovisão muito antes do 25 de abril, estamos no bom caminho. O único problema é que a realidade não alinha pelo mesmo diapasão.

Mas vejamos:

O que poderá está a acontecer aos portugueses que falam, por tudo quanto é sítio com algum receio, não lhes vá acontecer pior, sobre cortes nas pensões, nos salários, no grave problema na saúde, na educação, no aumento do custo de vida, apesar da deflação, nos despedimentos liberalizados de milhares de trabalhadores a meio da sua vida profissional que ficarão condenados para sempre ao desemprego?

O sinal da mentira e da mistificação dum falso sucesso está a pegar de novo como no passado mas com outras nuances. Mistificações que, tal como nas eleições em 2011, levaram os portugueses a acreditar em promessas e mentiras.

A direita pode pensar que os portugueses são ingénuos, sofrem de medo atávico e gostam de estar metidos no seu cantinho que lhes destinaram para sempre e que, portanto, serão um alvo fácil para a burla política. Mas podem desenganar-se porque o povo desesperado não se deixa mais enganar.

Surge agora um medo que se apossou desta direita hostil para com os portugueses, são os gregos sem medo que apostaram na subida ao poder do Syriza na Grécia e os espanhóis com a subida nas sondagens do Podemos em Espanha. Não admira pois que Portugal e Espanha tenham manifestado os mais radicais contra o apoio à Grécia. Passos e Maria Albuquerque que o acompanhou, quiseram mostrar que são germanistas por convicção política, arrastando com eles o nome de Portugal. Para os nacionalistas radicais, isto, seria uma traição lesa Pátria. Para os portugueses mais moderados que acham que não devemos perder a nossa soberania na íntegra foi também uma traição.

Vejamos então a imagem de sucesso que Passos e companheiros de partido e de Governo nos apregoam e o que nos reservam se ganharem as próximas eleições.

O ir para além da troika pressupunha atingir determinadas metas como a descida dos custos do trabalho para atrair investimento nacional e estrangeiro, o que dinamizaria as exportações, a poupança das famílias que levaria à descida da dívida equilibrando as contas públicas (como se cortes em salários e pensões, aumento de impostos e população desempregada sobrasse alguma coisa para poupar), a redução da despesa do Estado que iria travar a dívida pública criando excedentes orçamentais para controlar as contas do Estado. O milagre esperado por esta direita de incompetentes e incultos que nos governa (talvez até incompetência propositada, caso dos vários chumbos do T.C.) seria a descida dos impostos, e a economia atingiria o crescimento de 4% do PIB ao ano. Seria o país da direita de sucesso.

Após anos de sacrifícios vemos o realismo dos números do país virem à superfície, mas o das pessoas é muito pior e não é visível. As exportações abrandaram significativamente porque o investimento foi escasso; a economia está a ser puxada pela procura interna com o consequente aumento das importações; segundo as estatísticas os automóveis, nomeadamente vindos da Alemanha, estão novamente no seu auge (prova de algum germanismo subconsciente?) esvaindo-se pela porta grande tudo o que se poupou com os sacrifícios; a dívida externa aumentou; défice orçamental acima dos 3%, mas dizem que vai baixar; as rendas excessivas, tão apregoadas pela troika, não reduziram, são estrangeiros a usufruir delas.

Tudo está bem neste país, com Paulo Portas a fazer parte do coro como mandam as boas regras da convivência política. Todavia, relatórios atrás de relatórios vindo de Bruxelas e do FMI dizem o contrário, ao mesmo tempo que determinam completar a tarefa com o receituário das medidas atá aqui tomadas e, se possível, com mais uns pozinhos.

Dizem o primeiro-ministro e o seu vice, juntamente com o badaleiro ministro da cervejeira, que, graças a isto e mais àquilo, agora é que vai ser, 2015 a crescer. Rima como poesia mas, como ela, é romantismo ficcional a entrar pelos nossos ouvidos, infelizmente para mal da maior parte dos portugueses.

As reformas estruturais, as que atingem gravosamente os portugueses (leia-se cortes à moda PSD/CDS) tais como reformas, pensões, educação, saúde, segurança social, despedimentos, aumentos de imposto, continuação das rendas para a energia pararam ou abrandaram, por enquanto.

O orçamento geral do estado para 2015 conseguiu, miraculosamente, uma elasticidade orçamental para dar aqui e ali umas benesses tendo em vista as eleições legislativas.

Passos Coelho passa o mesmo filme de 2011 reconstruido, e desta vez com o “dolby system”, onde prolifera a imagem ficcional de que o pior já passou. “O país está a crescer, e vai crescer mais este ano, as marcas de um período recessivo existem e a mais visível são os quase 14% de desemprego” apregoa. E confirma que “não é possível ter uma receita radicalmente diferente”.

A economia precisava de uma mudança estrutural mas ela não se viu, antes pelo contrário, o crescimento volta a ser pela procura interna e a balança comercial voltou estar numa situação instável a esta questão o primeiro-ministro dá respostas evasivas sabendo ele que o grande causador deste descalabro está na insistência das políticas de direita neoliberais e radicais que aplicou.

À questão do projeto para um futuro Governo que nunca mais anuncia, diz que quer continuar o projeto que tem em mão e escusa-se a responder dizendo que não é uma prioridade porque este é o tempo de governar e de garantir a recuperação.

Como é que Passos e os seus acólitos acusam António Costa de não apresentar um projeto mais detalhado para o país, nem um programa de governo se está bem claro que ele também não o quer apresentar já? Portanto, não se percebe porque estão os seus arautos e apoiantes continuamente a pressionar António Costa para definir a sua estratégia de governo.

O que se pode concluir é que o programa de governo caso Passos Coelho ganhe as eleições será o mesmo que seguiu até aqui e agravado porque o que iria muito para além da troika ainda não está cumprido. Ele próprio o confirma quando diz que “…há muita coisa que precisa ser feita… Há reformas por completar que não cabem nem no memorando nem numa legislatura. As próximas eleições são muito importantes para que este projeto possa ser completado…”.  Fica então claro o que pretende.

Sobre o último relatório da troika que foi crítico e acusou o Governo de ter parado com as reformas Passos admite que “algumas foram ajustadas em termos de calendário” e conclui que “as reformas estão a prosseguir”. Claro que o ajustamento de calendário a que ele se refere tem a ver com a proximidade das eleições para conseguir captar todos aqueles incautos que apesar de terem sido enganados uma vez possam novamente cair na armadilha. Portanto, os portugueses das classes médias e, em suma, todos aqueles foram massacrados por não terem qualquer hipótese reivindicativa e sobre os quais ainda não conseguiu completar os seus intentos já sabem o que os espera.

Não duvido que o próximo governo que sair das eleições, seja ele qual for, tenha que manter algumas das medidas mas seguindo outras vias que não a sejam a destruição abrupta do país.     

Dar com uma mão e “surripiar” com a outra é uma das estratégias já bem conhecida por todos. Passos, agora, como gato escaldado, promete sem prometer, dá sem dizer que retirará.

 

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publicado às 20:08

Milagres leva-os o vento

por Manuel_AR, em 18.04.14

 

Quem vê noticiários nas televisões e lê jornais facilmente se apercebe que surgem de todo o lado, como que por milagre, instituições internacionais, a par de outras nacionais, a fazer prognósticos macroeconómicos positivos sobre Portugal. Em pouco mais de mês e meio tudo se transformou passando do mau a muito boas perspetivas. Parece, de facto um autêntico milagre.

Agora, até o Banco Morgan Stanley que, tanto quanto eu saiba, ainda não tinha sido referido pelos canais de televisão e jornais generalistas, vem fazer previsões sobre a economia e o crescimento de Portugal mais positivas do que as do FMI.

Divulgou o referido banco que prevê em alta as suas estimativas de crescimento económico em Portugal, para 1,4 por cento este ano e 1,6 por cento em 2015.

O curioso é que os noticiários apenas alinharam esta última parte do que foi divulgado por aquele banco, descurando outros pontos do comunicado que são mais importantes do que este que é apenas um possibilidade.

Para captar votos surgem, a cada dia que passa, mais promessas do atual governo apregoando melhorias que ninguém sente, promessas confusas, vagas e elegias aos amanhãs que cantam (frase utilizada por Constança Cunha e Sá). Até se podem estar a verificar, apenas em números estatísticos, algumas melhorias ténues, mas tudo o resto não passa de pura ficção.

Sendo eleições para o Parlamento Europeu há que aproveitar para mudar a correlação de forças dentro da UE e, se assim for, a orientação poderá passar a ser diferente.

Atualmente, com o aproximar das eleições para o Parlamento Europeu, muita coisa se está a passar com medidas a serem prometidas, nomeadamente estratégias expansionistas e de menos austeridade para que o eleitorado europeu vote no sentido dos conservadores neoliberais que, a par da crise internacional, contribuíram para colocar a Europa no estado em que se encontra.

Após eleições se não houver uma derrota significativas dos partidos do Governo arriscamo-nos a que tudo fique ainda pior.

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publicado às 20:11

Armadilhas e cantos da sereia

por Manuel_AR, em 31.07.13

 

 

A última crise política causada pelo governo e agravada pelo Presidente da República foi fértil em tecer armadilhas ao Partido Socialista para o seu envolvimento pleno no desastre que já existia, mas agravado por Passos Coelho. A primeira caixa da armadilha continha uma cenoura para atrair António José Seguro para uma dita salvação nacional em que o PS deveria estar envolvido.

Tudo se tem passado como se alguém, segundo a própria vontade, deitasse fogo à casa e, não conseguindo sozinho apagar o incêndio que alastrava cada vez mais, chamasse tardiamente os bombeiros para o ajudar a deter o que ele próprio tinha provocado ao mesmo tempo os culpabilizava por lhe terem colocado em casa os fósforos. Recordam-se? A tal história do queremos fazer mais e ir para além da “troika”.

Numa primeira tentativa para atrair o Partido Socialista para a armadilha, Cavaco Silva mostra a José Seguro uma cenoura que só não mordeu porque se apercebeu, à última da hora, onde estava a entrar.

Após aquele primeiro esforço várias outras tentativas têm vindo a ser feitas de vários quadrantes para que o PS dê o aval às políticas que, dizem eles, ser de um governo e um de novo ciclo. Mais armadilhas e engodos serão colocados para atrair o PS a aderir ao que agora Passos Coelho passou a chamar de união nacional. O que será para ele, politicamente falando, união nacional? Seria bom que os mais jovens se informassem junto dos seus avós ou procurassem informação através de livros ou outros meios sobre o que era de facto a união nacional. A união nacional que pretendem em termos políticos é uma espécie de associação de confrades onde se pretende incluir o Partido Socialista, a UGT associações patronais e outros parceiros sociais.

O Presidente da República que começou agora a sair da sua zona física de conforto onde se tinha acomodado há muito passou agora a fazer declarações com fundinho eleitoralista de apoio ao atual governo. Volta a mencionar e a fazer apelo a um consenso, que não seria mais do que uma união nacional, onde todos seguissem em uníssono os pontos de vista que ele acha serem o interesse de todos. Onde caberiam então as divergências que caracterizam as diferentes correntes de opinião e as diferentes sensibilidades políticas, sociais e económicas? Só falta agora defender uma nova concordata com a igreja idêntica à do tempo do antigo regime de Salazar. Como dizia Ribeiro Sanches, médico e intelectual português do século XVIII “que dificuldade tem um reino velho para emendar-se…”.  

A estratégia do governo, sugerida e apadrinhada por Cavaco Silva, não tem outro objetivo que não seja o de captar o PS para este círculo de medidas impopulares que o governo prepara para o orçamento para 2014, após eleições autárquicas, comprometendo-o e, com isto, obter posteriores vantagens eleitorais para os partidos do governo, especialmente para o PSD, já que o PS ficaria no mesmo saco.

A minha leitura de novo ciclo é muito linear. As eleições autárquicas estão próximas, há que convencer alguns eleitores desertores e esperar que alguns dos ingénuos que acreditaram nas promessas feitas e não cumpridas de quem atualmente nos governa, acreditem agora na reviravolta prometida. Com as más experiências que temos desta coligação e dos seus embustes, seja ela com estes ou outros elementos do governo, há apenas uma coisa em que se deve acreditar, é que, após as eleições, tudo voltará à mesma senão piorar. Gostaria de me enganar.

Para mostrarem a terra prometida do crescimento procuram agora nos números das estatísticas os mais pequenos indícios, como se tratasse de pequeníssimas sementes dispersas, para agitar como bandeira nos seus discursos encantatórios, quais sereias que conduzem os marinheiros para os recifes e aí naufragam.  

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publicado às 23:56

A teta da vaca que já não dá leite!

por Manuel_AR, em 21.06.13

 

Apesar de se prever para a Alemanha uma baixa do crescimento de 0,7% para 0,4%, e porque se aproximam eleições, segundo a imprensa alemã,  Angela Merkel resolve ser perdulária. Para renovar o Estado Social alemão vai assim gastar 20 mil milhões de euros para pensionistas, mães solteira, mulheres que sustentem as famílias e pessoas impedidas de trabalhar; 7500 milhões de euros para subsídios a famílias carenciadas,  entre outras verbas.

Então como é? De onde é que vem o dinheiro…?      

Enquanto os países do sul da europa sofrem apertadas restrições os país do norte, conforme tem vindo a público na imprensa, Jornal i por exemplo, têm lucrado com a crise do euro que em contraponto têm vindo a ficar cada vez mais pobres. Culpa deles, dirão os do norte porque são gastadores, perdulários e preguiçosos.

Países como Portugal e Espanha governados pela direita têm vindo cada vez mais a ser penalizados em nome do défice e da dívida que tem sabido tão bem aos do norte. Tenho aversão ao estabelecimento destas dicotomias numa europa que todos ajudaram a construir, mas onde as vantagens são apenas para alguns. Talvez tivéssemos gastado menos, é verdade, mas Cavaco Silva nos anos oitenta também não seu o exemplo, bem pelo contrário.

O que se passa entre os países do norte e os do sul da zona euro pode ser comparado com o que se passa em cada país individualmente onde o enriquecimento rápido de alguns e faz à custa do empobrecimento de muitos. São os ricos a viver à custa dos pobres e não o que muitos dizem: coitadinhos dos ricos que estão (ou estavam) a ser vítimas da exploração pelos pobres devido aos impostos que pagavam. No caso dos países a situação é mais engenhosa. Passo a citar parte de um artigo do mesmo jornal que coloco em itálico:   

Se é certo que opções, erros e más políticas dos governos dos últimos anos de Portugal ou Grécia, por exemplo, são os grandes responsáveis pela queda destes países em recessão, também é cada vez mais evidente que os países ricos da zona euro souberam pôr a desgraça alheia a render em seu proveito: os pacotes de "ajuda" impostos aos países em dificuldades asseguraram uma enorme margem de lucro para estes, através dos juros cobrados aos países "irmãos" do euro, que, não fossem os elevadíssimos custos dos juros suportados pelos empréstimos "solidários", estariam já mais longe do caos: Portugal gasta por ano 4,4% do seu PIB em juros - 7,2 mil milhões de euros -, valor que sai diretamente dos bolsos dos contribuintes e dos trabalhadores portugueses para dezenas de cofres de Estados e bancos europeus.”.

Basta comparar os últimos dados do Eurostat sobre o PIB per capita e o índice de preços para verificarmos que o poder de compra dos portugueses está um terço abaixo da média europeia (ver gráfico abaixo) ao mesmo nível da Grécia e muito próximo da Letónia.

Nem os governos de direita da europa do norte foram condescendentes com os seus amigos do sul. Até na Espanha, uma das mais fortes economias do U.E. que não está diretamente intervencionada, o FMI pressiona para uma reforma laboral mais exigente e para a redução de salários para poder combater o desemprego. Devem estar a pensar ainda em moldes dos anos cinquenta. Não é necessário saber muito de economia para perceber que, quanto mais baixos os salários, não significa que uma empresa contrate trabalhadores. Se não há quem compre, o que lhe adianta estar a produzir e a admitir pessoal se depois não consegue pagar, mesmo com salários baixos. Poderá funcionar apenas para uma poucas algumas empresas exportadoras mas, mesmo assim, se não houver recessão nos mercados.

Captar investimento estrangeiro? Ilusão! Haverá sempre um lugar onde os salários serão sempre mais baixos. Ou será que se pretende que os já desgraçados do sul se coloquem mais abaixo do que os do Bangladesh?


Poder de Compra na Europa 2012


 

 

LEGENDA

BE:Belgium; BG:Bulgaria; CZ:Czech Republic; DK:Denmark; DE:Germany; EE:Estonia; IE:Ireland; EL:Greece: ES:Spain

FR:France; IT:Italy;CY:Cyprus; LV:Latvia;LT:Lithuania; LU:Luxembourg; HU:Hungary; MT:Malta;  NL:Netherlands; AT:Austria; PL:Poland; PT:Portugal; RO:Romania; SI:Slovenia; SK:Slovakia FI:Finland; SE:Sweden; UK:United Kingdom; IS:Iceland; NO:Norway; CH:Switzerland; ME:Montenegro; HR:Croatia; MK:Former Yugoslav Republic of Macedonia, the; RS:Serbia;TR:Turkey; AL:Albania; BA:Bosnia and Herzegovina

 

Fonte: Eurostat

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publicado às 20:10

 

 

 Imagens do Der Spiegel e do WDR.de. A primeira modificada pelo autor

Comentadores e editorialistas têm vindo a dizer e a escrever que a Alemanha e na Holanda se estão a verificar alterações que perspetivam e aceitam que o caminho da austeridade já não tem sentido e urge avançar para medidas de recuperação económica. No entanto, o ministro das finanças alemão, Wolfgang Schäuble, tem vindo nos últimos dias a mostrar posição contrária.

Em 7 de maio considerou ser “um puro mal-entendido” o debate que se abriu na zona euro sobre austeridade e o crescimento no qual são consideradas duas estratégias opostas e incompatíveis. Mas a 4 do mesmo mês defendeu, em declarações a um jornal alemão, para dar mais tempo à França e a Espanha após as previsões da Comissão Europeia que traçava um cenário mais negro para a economia europeia. Todavia, esta declaração foi recebida com muitas críticas pelos partidos da coligação de direita alemã liderada por Angela Merkel.

Ainda relativamente à austeridade e crescimento o radical neoliberal ministro das finanças alemão disse, em princípios de abril, numa reunião com o secretário do Tesouro dos EUA que defende a atenuação na Europa da austeridade e a promoção dos crescimento económico, que “na Euroa ninguém vê uma contradição entre consolidação e crescimento” e acrescentou que “devemos parar com este debate que nos diz que temos de optar entre austeridade e crescimento”. Se isto não é uma ditadura alemã ou nacional-autoritarismo, então o que é?

A Europa tem um grande desafio que é o de provar que existem alternativas viáveis. Com declarações como aquelas, se não o fizer, bem se pode preparar para se ajoelhar perante a Alemanha.

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publicado às 16:10


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