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A Pátria minha amada

por Manuel_AR, em 19.11.13

 

 

O primeiro-ministro Paulo Portas, digo vice-primeiro ministro, ou não sabe o que está a dizer ou não sabe o significado das palavras. Em primeiro lugar, e já o sabemos, desconhece o sentido da palavra irrevogável, por mais que venha a dizer que foi por ter sentido de estado e por dever patriótico que foi obrigado a efetuar uma volta completa ao “circo” onde sempre se moveu.

 

O mais grave foi a afirmação de hoje, catorze de novembro, em que este “clown” político disse, conforme noticia o Jornal i, que "o que a Irlanda prova é que é um país com coesão e com sentido de nação", isto, relativamente ao regresso aos mercados pela Irlanda sem programas cautelares, resgates e outro que tais.

 

Paulo Portas desconhece, faz de conta que desconhece, ou quer que, todos quantos vivemos neste país, esqueçamos que foi o próprio governo que ele quis deixar irrevogavelmente e do qual, por magia, voltou a fazer parte que, ao longo destes dois longos anos e meio, contribuiu para fazer quebrar a coesão nacional e fazer perder o sentido de nação ao pôr portugueses contra portugueses.

 

Colaborou ao ajudar a colocar gerações contra gerações, trabalhadores contra trabalhadores, veja-se o caso do setor privado contra o setor público, trabalhadores que perderam os seus empregos contra outros que o mantêm a custo, pretender colocar todos contra as instituições democráticas, nomeadamente contra o Tribunal Constitucional pelos falhanços do governo de que faz parte etc., etc..

 

Paulo Portas não se enxerga na sua ânsia partidária de manter os seus boys no governo, de contribuir cada vez mais para o assistencialismo e fazer subir a sua cotação no mercado eleitoral que anda cada vez mais por baixo. Quem o viu e quem o vê!

 

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publicado às 19:46

Injeção atrás da orelha

por Manuel_AR, em 11.10.13

 

 

Escrever politicamente correto não chega à maioria das pessoas. Por vezes há que chamar as coisas pelos seus nomes, sem disfarces que apenas servem para mascarar as realidades do se passa na política e nos condena a um suplício sem fim qual mito de Sísifo. Austeridade, mais austeridade, sacrifícios, mais sacrifícios, promessas em vão, austeridade, mais austeridade... num sem fim.

Agora começou a surgir nos debates políticos um ex-dirigente do CDS, José Ribeiro e Castro, da ala direita mais radical. Desta vez vem dizer que não existe austeridade mas sim rigor. Ao que chamará este senhor sacrifício? Prazer?

De acordo com o último programa prova dos nove da TVI24, para ele não está a haver austeridade mas sim rigor. É extraordinário como aquele senhor vem agora defender o indefensável com argumentos do passado, mais do que estafados, que grande parte dos portugueses já estão fartos de ouvir.

O primeiro-ministro depois das autárquicas anda agora em campanha pró-governo e está preocupado em "trilhar um caminho sustentável de crescimento e de prosperidade para todos os portugueses”. A palavra crescimento que é um vai e vem na gíria de Passos Coelho e do governo, volta novamente à baila a par da prosperidade que será num futuro tão longínquo que mal se vislumbra. Procura realizar por palavras e artes mágicas de comunicação, diga-se péssima, o que não consegue na realidade. A terra prometida do leite e do mel que ele promete é que tarda em aparecer com as políticas por ele impostas.

Para Passos Coelho o programa da "troika" já não é o do PSD mas deve ser nacional e, como tal, "não se trata apenas de escolhas de um Governo, nem sequer de uma coligação de partidos, mas de escolhas verdadeiramente nacionais". Assim, apela ao envolvimento do sistema na coesão político-constitucional, isto é, o envolvimento do Tribunal Constitucional com o Governo, o que significa que devem ser colocadas de parte as leis fundamentais do país, à boa maneira do terceiro-mundo, e de países que, apesar do seu grande crescimento, mantêm uma política repressiva, na prática destituída de direitos básicos. Para ele a coesão deve existir apenas entre o Tribunal Constitucional e o Governo.

A verdadeira coesão nacional, no seu todo, tem sido por ele destruída ao lançar a divisão entre grupos sociais e profissionais de portugueses na mesma medida em que lança outros para o empobrecimento, normalmente os mais frágeis, sem capacidade reivindicativa ou de qualquer forma de pressão. É um Governo cobarde que apenas desafia os mais fracos. Esta é a linha da insensibilidade social, escondida atrás dos memorandos da "troika", que é defendida pelo grupo que atualmente controla o PSD e que está no Governo

No mesmo envelope de Passos Coelho e do PSD podemos colocar Paulo Portas cujo cinismo e a falta de palavra foram já postos à prova. Analise-se com cuidado a conferência de imprensa dada por Paulo Portas sobre a oitava e nona avaliação da "troika" e os anúncios que se seguiram sobre a austeridade sempre sobre os mesmos. Um especialista em leitura da expressão facial detetaria um certo cinismo no sorriso ao anunciar, "nada", na referida conferência de imprensa.

Há uma linha política e social no PSD, adotada por este Governo que podemos designar por socio-terrorista, que se afasta da matriz essencial do partido, à qual me tenho referido em blogs anteriores,  que apostou no conflito inter-geracional e  na marginalização pelo afogamento económico e financeiro de determinados grupos sociais como pensionistas e reformados, alguns deles já fragilizados, numa espécie de eutanásia lenta.

 

 

Quem viveu os primeiros anos da revolução do 25 de abril ainda se deve recordar do medo que a direita muitas vezes aterrorizava os idosos, através da comunicação social, dizendo que o PCP e na União Soviética lhes davam injeções atrás da orelha para se verem livre deles. Ora bem, a estes indivíduos que nos desgovernam apenas falta a execução física e sumária dos idosos porque já arranjaram uma solução de eutanásia mais subtil que puseram em curso a encoberto da "troika" ao longo destes dois anos e meio.

Já várias vezes escrevi que há uma corja infiltrada no PSD, alguns uma geração de retornados, muitos deles provenientes de "jotas" radicais, selvagens, incultos, neonazis disfarçados, que controlam o partido, que se apresentam como grandes patriotas, e que, se não correrem com eles, destruirão e espoliarão Portugal até à medula na expectativa de benefícios pessoais na carreira política.

Já que se fala em retornados recordo o caso de Rui Machete que pôs em causa a nossa dignidade enquanto portugueses e a separação de poderes do nosso regime político e judicial. Isto não é Angola, a separação de poderes não está apenas no papel. Repare-se na defesa que alguns arautos do PSD e do Governo fazem das declarações de Rui Machete ao dizerem que foi em defesa dos interesses de Portugal e por causa dos investimentos de Angola. De Angola? De uma seita elitista de Angola talvez.

Claro que os jornais angolanos defendem Rui Machete e atacam Portugal. Afinal parece que o ministro dos negócios estrangeiros não está a defender os nossos interesses, mas sim os de Angola. Mas que raio de ministro dos negócios estrangeiros é este?

Alguém se recorda de algum ministro dos negócios estrangeiros, ao longo dos últimos trinta anos estar envolvido em escândalos para além de Paulo Portas, com a questão dos submarino, e agora este de Rui Machete?

 

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publicado às 19:26

Imagem de: http://cidadedegente.blogspot.pt

1. Os porta-vozes dos partidos que apoiam o governo, esgotados os argumentos às críticas que fazem ao Governo e ao Primeiro-ministro, voltam-se agora novamente para o passado, único argumento que conseguem tirar da manga do casaco. Está já gasta a recuperação do como e do porquê chegámos até aqui. Basta! Já sabemos como se chegou até aqui. O que os portugueses mais querem é que nos tirem daqui e não nos prometam à custa de sacrifício e austeridade, quimeras e prosperidade num futuro que sabemos não chegará.


2. Tenho escrito várias vezes contra os comentadores políticos e contra os chamados líderes de opinião que defendem, no direito democrático de expressão do seu pensamento, alguns pontos de vista numa falsa perspetiva de a bem do país.

Encontram-se neste quadrante os que falam em nome dos que apelidam de sensatos porque não participam em manifestações, se encontram alheios ou ficam perplexos com o que se passa. Como supostos intérpretes dos pensamentos destes grandes grupos onde se dizem estar incluídos, apresentam alternativas em que a economia não seja o único critério para a governação devido à complexidade das relações sociais moderna. Neste último ponto estamos de acordo. O que parece ser duvidoso e me deixa perplexo a mim, e não sou dos que pensam que se devem deixar de cumprir os nosso compromissos, é quando afirmam que há necessidade de um consenso político que tenha como pano de fundo o memorando assinado com a “troika”.

Sugerem ainda que esse consenso deveria ser obtido através da ação presidencial. Não fica claro que tipo de consenso seria esse. De salvação nacional com todos os partidos? Não vejo isso como possível visto implicar a aceitação por todos das condições impostas que seguem a linha, segundo a qual o primeiro-ministro diz estar no bom caminho. Um consenso alargado entre os partidos do Governo e o Partido Socialista que deveria ser forçado pelo Presidente da República? Isto é, implicar e envolver o PS nas medidas que irão ser tomadas e, então, todos os portugueses descontentes iriam aderir e apoiar apenas porque muitos deles se calavam e passariam a sofrer em silêncio e deixar de encher as ruas com o seu clamor de protestos. Os senhores que apoiam este tipo de políticas são de facto líricos ou receiam o avanço eleitoral dos partidos mais radicais de esquerda.


3. Não nos podemos esquecer que o Presidente da República, em circunstância idênticas, na altura do anterior governo, do qual dizia-mos, e na altura com razão, estar fartos, tecia críticas em tons particularmente violentos ao ex-primeiro-ministro Sócrates que ajudou indiretamente a derrubar. Agora a sua orientação é outra. Fala de uma necessidade de “solidez e consistência da coligação governativa” do imperativo da “coesão nacional, que não se esgota na concertação social” e do “consenso político alargado com as diversas sensibilidades da sociedade portuguesa”. Atitude diferente da anterior. Como Presidente de todos os portugueses, facciosismo não lhe falta.

Em síntese a quem serviria um consenso alargado onde as políticas seriam mais ou menos as mesmas mas apoiadas por mais um partido?


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publicado às 19:45

Políticos dia a dia

por Manuel_AR, em 18.02.13


 

 Imagem Aventar.eu

 

 Imagem Aventar.eu


Liderança Cérbero ou o monstro de três cabeças

Segundo a mitologia Grega, Cérbero era um cão que guardava as portas do Tártaro impedindo a saída daquele inferno.

O Blocos de esquerda tem uma liderança bicéfala devido ao cocktail de misturas ideológicas.


O governo é tricéfalo porque liderado por três cabeças, Passos Coelho, Miguel Relvas e Vítor Gaspar. Qual deles terá mais poder nas decisões para evitar a saída do inferno.

 

Relvas após ter andado escondido, quiçá envergonhado pelo escândalo da sua licenciatura, regressa agora com toda a sua pujança anda com aquela arrogância que o caracteriza mas que, entrouas causas , provocará a derrocada do PSD. Ele personifica tudo o que a geração prveniente dos retornados preparou ao longo dos anos como um prato de vingança, que  serviram frio, ao conseguirem a tomada do poder.


Passos Coelho anda numa corda banda, dizendo e desdizendo, mentindo e desmentindo.


 

O transformismo semântico que Carlos Moedas metamorfoseou a palavra cortes em poupanças através de uma roupagem sinonímica que Passos Coelho já adotou. Se consultarmos um dicionário veremos que corte é a diminuição da quantidade, interrupção na continuidade de algo, supressão e poupança é dinheiro economizado, economias, gastar menos. Pressupõe, portanto, que possa existir um excedente gastando menos para que se possa poupar. Não estamos portanto a ver como é que, estes “jovens” governantes que fazem circular por aí que são inteligentes, mas que não passam de uns teóricos inexperientes podem, sem cortes, fazer poupanças de quatro milhões. Ou mentem ou pretendem iludir-nos.


 

 

A cabeça de Paulo Portas não faz parte do Cérebro, aparece e desparece à medida das conveniências mas que apesar de não ter voto na matéria se mantem, segundo ele, apenas a bem do país. Ou será da Nação? Mas que grande sacrifício está a fazer pelo país! Sacrifícios estão os portugueses a fazer e são muitos e dolorosos. O CDS/PP não é mais de uma muleta do Governo do qual Portas é cúmplice mesmo que não queira. De vez em quando faz de conta que discorda, mas que, o sentido de Estado assim o exige. Transformou-se numa marioneta do Governo o que o levará a perder, cada vez mais a base de apoio eleitoral que em tempos recuperou. Depois bem pode continuar a fazer números de circo, nem que sejam saltos mortais, que não o fará recuperar. Esperemos para ver.  

Portas agora tem um documento em mãos para preparar, mas já disse que temos que cumprir os nossos compromissos internacionais. Quem é que diz o contrário, com exceção de alguns exaltados, e com razão, mais radicais?



Cada um diz a sua.

Miguel Relvas disse: - O desemprego tira-me o sono.

Passos Coelho disse: - O desemprego não lhe tira o sono. Dorme pouco mas dorme bem.



Coesão Social

Passos Coelho diz que “reforma do Estado é um imperativo de coesão social”.

Talvez, mas a reforma que ele pretende vai no sentido contrário, destruir a coesão social.

Aliás Relvas está a ser exímio nisso, lançando os jovens contra trabalhadores mais velhos. A velha regra do dividir para reinar. Será que pretende lançar no desemprego mais milhares de trabalhadores sem depois arranjar empregos para os mais novos? Ao que chega a campanha enganosa para captar os votos dos jovens. Nunca tive nada contra os retornados, mas este de descendente de retornados, no que se refere à vingança, está no seu melhor.

 

Combustíveis aumentam vejam só!!

Uma nova justificação para o aumento dos combustíveis: o frio no Norte da Europa que obriga aqueles países a consumir mais combustível e que por isso o preço aumenta em Portuga! Agora já não é euro que está a valorizar, arranjaram outra.

O consumo diminuiu 9%. Como manter as mesmas margens de lucro? Aumentam-se os preços. Será isto o mercado livre e a livre concorrência que como dizem fará baixar os preços?



Marcelo Rebelo de Sousa

 

 

Continua com a sua arte de fazer crer na opinião pública uma imagem de independência. O que acontece é que nos meios das suas opiniões há sempre um sútil apoio a este Governo. A última: “a semana passada o Governo melhorou.” Vale a pena fazer mais comentários?

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publicado às 18:57

Enfraquecer a coesão social

por Manuel_AR, em 24.01.13

Isto é inacreditável. A Ana Drago não poupou Duarte Marques, aquele deputado fantoche que se diz presidente da JSD. Lançar portugueses contra portugueses, ao que estes senhores, que apoiam o governo chegaram. Não sou simpatizante do partido de Ana Drago mas, desta vez tenho que lhe render homenagm.

Vejam o vídeo com a resposta a este senhor que não se enxerga.


Depois do que ele disse na Assembleia da República, ainda haverá algum pai, mãe, avô, avó ou familiar que pense em votar nesta gente desta.



 

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publicado às 19:33

O que se diz e o que se faz: entrar na real

por Manuel_AR, em 21.01.13

 

 

Não sou dos que avançam chavões e palavra de ordem como proposta de políticas alternativas que arriscam sem certezas das consequências pela sua realização. Mas factos são factos, e os números não enganam, embora alguns pretendam fazer ginástica com eles.

Quem está no Governo, quando os números não lhe agradam minimizam o facto, quando lhe agradam maximizam-no e até se trasvestem os números para que funcionem de acordo com os seus propósitos.

Concretizemos então através do que se diz e o que se faz.  O Governo pretende convencer-nos, através de vários argumentos, que o Estado tem gasto mal o dinheiro dos nossos impostos divulgando então para a opinião pública que se deveria:

  • Eliminar gorduras
  • Eliminar regalias e privilégios
  • Evitar e eliminar desperdícios
  • Eliminar as parcerias público-privadas (PPP)

Isto é, eliminar as despesas desnecessária. O que se tem feito então é:

  • Cortes nas prestações sociais cujas consequências são:
    • Pôr em causa o direito a toda a população a um ensino e a uma saúde pública de qualidade fragilizando-os, assim como algumas classes sociais, diga-se classe baixa e sobretudo a média.

É certo que muitas das prestações sociais que existem ou existiam, por falta do controle, não se destinavam aos fins a que se propunham dando origem a abusos. Haveria também que efetuar alguns acertos em algumas prestações sociais, mas não com as justificações assentes em falácias. Como já referi, os argumentos lançados pelo Governo não coincidem com a realidade dos números mas deveriam coincidir.

Se atentarmos nos números divulgados pelo Eurostat e estes não coincidem com os do Governo então alguma coisa se passa. Ou os números enviados para o organismo da UE (União Europeia) que gere as estatísticas são falsos, ou o Governo mente ou ainda, ou o Eurostat é um poço de erros sendo a sua credibilidade posta em causa, o que não é provável. O mesmo se pode dizer dos números da OCDE.

Recordemos os números representados num gráfico que ontem coloquei num “post” deste blog.

 

 

 

Com a concretização das funções sociais, o Estado gasta menos que a generalidade dos países europeus. Com exceção da Noruega, Luxemburgo, Espanha e Suíça Portugal encontra-se na média Europeia. Como estes valores são favoráveis a Portugal o que acontece é que pretendem baixá-los de modo a serem colocados ao nível dos países que têm valores inferiores, isto é, recuar afastar-nos dos restantes países com o argumento de reduzir a despesa colocando Portugal ao nível dos países que saíram da alçada da ex-união soviética. Os que agora pretendem reduzir as despesas sociais na saúde e na educação são aqueles que, na naquela altura, acusavam (em alguns aspetos com razão) aqueles países de falta de liberdade económica e social que, por isso, estão na base da escala de despesas sociais.

De acordo com números do Eurostat publicados pela revista Visão em 2011 a despesa pública do Estado Português era de 48,9% do PIB e de 49,1% na União Europeia mas com uma taxa de desemprego maior e um nível de vida mais baixo. Entre os 17 membros da zona euro, havia em 2011 oito países onde a despesa pública foi maior, em percentagem do respetivo PIB do que em Portugal: França (55,9%), Finlândia (54%), Bélgica (53,3%), Eslovénia (50,9%), Áustria (50,5%), Grécia (50,1%), Holanda (50,1%) e Itália (49,9%).

Cabe perguntar então qual o objetivo da preocupação com a despesa pública? Por um lado é reduzir o défice até ao exigido pela EU e, por outro, o Governo pôr em prática o seu programa ideológico ultraliberal com a eliminação do estado social para o que pediu ajuda ao FMI, como é do conhecimento público, para a elaboração de um relatório que foi encomendado e, provavelmente pago, que lhe permita ter uma desculpa para a execução do pretendido.

Prova-se que não terão sido as despesas das Funções Socias do Estado responsáveis pela deterioração da economia e pela recessão. Em percentagem do PIB a EU tem uma despesa igual ou superior à de Portugal e que não foi por isso que deixaram de ter ou têm crescimento diminuto.

Sobre o que tem acontecido no passado o diagnóstico está feito, não temos que gastar saliva e tinta votando sempre ao mesmo. Cada partido que tem ocupado as rédeas do poder que faça o seu exame de consciência de acordo com a responsabilidade que a cada um compete.

A dívida pública entre 2000 e 2008 aproximava-se da Alemanha e da França, a partir de 2009 é que se verifica o descontrolo 83,2% do PIB, cujas causas já se conhecem. Aliás em 2000 era inferior àqueles países. Em 2011 já se encontrava em 108,1% conforme podemos verificar no gráfico seguinte.

Dívida Púbica em percentagem do PIB

 

 

Fonte: Eurostat

 

As previsões da dívida pública para 2013 são de 124%. A que se deve este aumento? Será devido às despesas sociais? Não é preciso ser especialista em finanças para fazer uma leitura das estatísticas e da informação disponível, assim, de acordo com o Banco de Portugal em 2012 Portugal irá pagar em juros 8,7 mil milhões de euros por ano ou seja cerca 23,8 milhões por dia. Basta fazer as contas.

O aumento da dívida pública é acrescida pela despesa com os juros dos empréstimos que aumentará e 2014 e, com a recessão, virá a ser superior a que o Estado gasta com o SNS (Serviço Nacional de Saúde).

Ainda temos o caso dos 4 mil milhões de euros que o Governo diz ter que arranjar, mas sem justificar qual o motivo e destino. Com tudo isto, estão já à vista o aumento da pobreza e das dificuldades sobretudo provindo da classe média e média baixa. Redução nos serviços de saúde, nas reformas e outras prestações que se prevê a médio prazo, baixar a esperança média de vida. Pode ser, afinal, uma das formas que encontra para reduzir a despesa com a saúde e, também pagando menos pensões. Por outro lado a destruição da coesão social irá conduzir a confrontos intergeracionais, entre trabalhadores de diversos setores nomeadamente entre público e privado e empregados contra desempregados.

Estratégias como o racionamento de medicamentos que põem em causa a saúde de pessoas que, sem ser por vontade própria como é óbvio tenham ou venham a ter doenças graves e prolongadas, cortes na educação e com o aumento de propinas incomportáveis no ensino superior, muitas famílias vão ser impossibilitadas, devido à austeridade, a impostos elevados e a cortes de salários, de ter os filhos nas universidades.

A competição por um posto de trabalho por qualquer salário que seja ou a sua manutenção vão gerar conflitos e consequentes fraturas na coesão social que tenderão a agravar-se a alargar-se. Basta consultar os dados da Pordata para se verificar que a taxa de risco de pobreza em Portugal antes das transferências sociais passou de 40,8% em 2005 para 42,5% em 2011. Sendo estimativas, e havendo muita pobreza envergonhada que não é manifesta, estas não mostram toda a dimensão do problema pelo que não se conhece qual o seu valor real. E ainda não se conhecem os dados de 2012! São as transferências sociais e de pensões que minimizam substancialmente estes valores, assim, as taxas de 2011, após transferências de pensões passam a 25,4% e, após transferências sociais passa a 18%. Com a redução substancial ou a sua eliminação como se comportariam as respetivas taxas? A ser isso um dos objetivos do governo, isto é, reduzir ainda mais aquelas transferências sociais o que poderá acontecer?  Oxalá que não!

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publicado às 19:38

Todas as vozes em uníssono

por Manuel_AR, em 17.09.12

 Imagem de http://lucienefelix.blogspot.pt/2011/12/o-mito-de-sisifo-o-que-voce-faz.html

 

Sísifo foi condenado a transportar um rochedo para o cimo de uma montanha

mas, quando chega ao topo, o rochedo voltava a rolar 

 em direção ao sopé e Sísifo volta a levá-la para cima, isto até a consumação dos séculos.

Este é o futuro que estão a destinar aos portugueses

 

Se nos recordarmos das intervenções de jornalistas, politólogos, comentadores, economistas e outros afins, e, se percorrermos os comentários surgidos na imprensa da altura em que foi lançado o primeiro pacote de austeridade, já no tempo de Passo Coelho, em que os primeiros e os únicos a serem diretamente lesados nas suas remunerações foram os reformados, pensionistas e funcionários públicos, confirmaríamos a concordância que então se gerou em volta desta medida que então, diziam, ser uma necessidade absoluta para a diminuição do défice e da despesa pública. Em termos meramente financeiros até se pode aceitar esta medida.  Contudo, naquela mesma altura, escrevi alguns comentários “online” em alguns sites de informação e notícias onde afirmava que a maioria dos comentadores e alguns jornalistas se mostravam favoráveis àquelas medidas, ao mesmo tempo que muitos trabalhadores do privado eram também favoráveis. Afirmei num “post” deste blog, sob o título “Governação e coesão social em tempo de crise”, que este governo estava a destruir e a pôr em causa a coesão social.

Alguns dos senhores jornalistas, especialistas em economia (por exemplo o Sr. Camilo Lourenço) que, na altura, defendiam no todo as medidas de austeridade então tomadas, hoje, não sabemos, com clareza, se defendem ou não estas novas medidas, no todo ou em parte, embora, demagogicamente venham dizer que têm muita pena dos reformados! Afinal até gostaríamos de saber, no caso cocreto do mencionado jornalista, a sua posição sobre o aumento da taxa social única para trabalhadores privados e sobre a transferêcia em parte e diretamente para as empresas. Por favor, mais teoria económica e propaganda do ministério das finanças para totós não! Isso só cria confusão nas pessoas.

Ah! Afinal também está contra a TSU e a subida do IRS ou não? Parece que "nim". Pela entrevista sobre  o assunto na RTP Informação parece-me que "nim", mas que também. Mais uma vez economia para "totós". Deixemo-nos de tentativas de educação do "proletariado como dizia Mao Tse Tung e de revoluções culturais que vão falhar, isso já lá vai há muito e ainda bem!

O que vemos agora independentemente da validade ou utilidade ou não das medidas que o governo pretende tomar? Vemos muitos daqueles senhores que apoiaram na altura, em uníssono, as medidas do governo, estão hoje, através dos mais variados argumentos técnicos, totalmente contra a tomada destas novas medidas porque, e falando em bom e popular português, lhes estão a ir ao bolso, quer dizer, ao de todos nós! Estou de acordo? Não, obviamente! Serve apenas para esclarecer que, nos dias que correm, o que é dito hoje pode já não o ser amanhã sempre que somos afetados com medidas com que não contávamos. Agora será bom que funcionários públicos, reformados e pensionistas também apoiem uma “luta” que agora já não é apenas deles mas de TODOS nós.

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publicado às 17:42

 

 

Segundo alguns analistas políticos este governo está a implementar reformas estruturais que, segundo eles, serão no futuro para bem de todos. A intenção de todos aceitarem e concordarem com as reformas necessárias está longe de ser unânime ou, pelo menos, pela maioria dos portugueses.

É certo que existe uma grave crise financeira que vem de longe, que foi acrescida pela crise internacional. Os portugueses estiveram sempre dispostos noutras ocasiões de crise, de que os mais jovens não se recordam, a fazer sacrifícios e, com certeza, continuam sempre que necessário dispostos a fazê-los. Todavia há algo que faltou no último do governo de Sócrates e falta ainda mais a este governo e a Passos Coelho, que é a capacidade para a mobilização das pessoas e para saber fomentar e gerir a coesão social.

Bem pelo contrário, o que se tem verificado é que todas as medidas avulsas convergem cada vez mais para fraturas sociais. Quando se fala de justiça social cada um interpreta-a à sua maneira. Uns dizem que deviam ser todos iguais a pagar a crise, outros que os ricos é que devem pagar a crise, há aqueles que alegam que os funcionários públicos, os reformados e pensionistas é que devem contribuir, os que afirmam que o problema está nos subsídios à população necessitada e na saúde dos idosos, que são cada vez mais, há ainda quem diga que os políticos e os administradores deveriam ganhar menos, que os privados têm menos regalias que o público, etc.. Não vale a pena alargarmos o leque destas posições porque isso seria infindável e fastidioso.

O que se pode avaliar a partir destes comentários provenientes dos mais diversos quadrantes, mesmo do governo, é que se fomenta uma quebra da solidariedade social que põe em causa o objetivo comum de sair da crise, sem coletivismos, igualitarismos, misarabilismos e populismos que defendem que os governantes deviam de andar de motoreta ou de transportes públicos. Atitudes como as que no início foram tomadas pelos governo, apenas servem para passar uma mensagem de exemplo, mas nada mais do que isso. Quanto a tudo o resto trata-se apenas da falta de sensibilidade social e de uma ausência de equidade alargada que permita, em tempo de crise, uma partilha mais equitativa dos sacríficios de modo a que os portugueses sintam que todos, sem quaisquer excepções, estão a contribuir para a ultrapassar. Veja-se, por exemplo, o caso dos países europeus no pós-guerra que conseguiram uma mobilização geral das populações para a sua reconstrução, não apenas com palavras vãs de esperança, mas sim com ações e com a repartição dos sacríficos por todos.

Ao contrário, o que se está a passar em Portugal aqui e agora é ouvir discurso e palavras que, gastas de se ouvirem, já não convencem nem mobilizam ninguém.

Para que todos colaborem nas tais reformas estruturais que o governo diz estar a fazer, (só de um lado, diga-se), há que envolver todos, não apenas com discursos.  Será que a direita neste país, eleita pela a maioria dos portugueses, acabou por estar apenas a governar para alguns e que, apenas esses, irão fazer sair Portugal da crise? Duvido! Cá estaremos para ver!

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publicado às 15:39


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