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O partido acima de todos e de tudo

por Manuel_AR, em 13.05.20

PCP acima de tudo.png

O facto de ser cordato com a maioria dos partidos e aceitar criticamente os seus pontos de vista não significa que não me oponha com firmeza quando resvalam para a irracionalidade e falta de senso que, por vezes, envolve alguns deles pressionados por ideologias militantes, herméticas e incompreensivelmente corporativas.

Antes de continuar esclareço desde já que não pertenço nem sou simpatizante do PCP, mas também não pertenço ao grupo dos irracionais, primários e viscerais anticomunistas. Sou, sobretudo, um crítico dos seus pontos de vista e da sua máquina sindical. Assim, para o PCP, serei “mais um” de direita que, embora lhes custe, não sou.

Os eventos culturais, musicais ou religiosos que envolvem multidões a que me vou referir não são os de uma centena de pessoas, mesmo que espaçadas entre si por mais ou menos metros, mas aos concertos, cerimónias e comemorações religiosas como a que teria sido as celebrações do 13 de maio em Fátima e as do NOS Alive ou o Paredes de Coura e Rock in Rio em Lisboa.

A deslocação a um evento como a Festa do “Avante” é também uma espécie de peregrinação à quinta da Atalaia, apenas que não é religiosa na aceção da palavra. A Festa do “Avante” organizada pelo PCP na quinta da Atalaia chamem-lhe o que quiserem, seja festival, feira, evento político, comício ou qualquer outro nome para o qual a imaginação daquele partido é prolífera é como os outros, a diferença está nos discursos político-partidários que se efetuam por lá.

Argumentos como o de querem calar-nos e de perdas de liberdades políticas e de reunião são demagógicas e fazem parte dos já tradicionais chavões do PCP como “Alguns queriam calar-nos. Mas não nos calamos. É um direito de que não abdicamos” disse o de Isabel camarinha líder da CGTP no último 1º de Maio ao condicionarem-se as comemorações por razões de segurança sanitária. 

Para o PCP a comparação com outros eventos já cancelados não faz sentido porque não se resume a um simples festival de música, mas antes a uma “grande realização político-cultural” que não se pode colocar no mesmo saco de eventos já cancelados.

Chamar à Festa do “Avante” evento político “grande realização político-cultural” não é desajustado, porque é de facto um evento político e é, especificamente, partidário, mas lá também se misturam cultura, música, dança, comércio de feira, convívio, copos, petiscadas, etc. colocados no mesmo saco. Mesmo que fosse exclusivamente um evento político e partidário, à semelhança de outros partidos que já os cancelaram, não haverá razão para que a dita festa se realize sob que pretexto ou configuração for.

A Festa do Avante é um local onde se juntam milhares e milhares de pessoas de todas as idades e estratos socioprofissionais que por mais cuidados existam é grande a probabilidade de contaminação. O PCP coloca o partido acima de tudo, do a quem doer, castigue a quem castigar, das pessoas, da pandemia, da religião, do Estado e até da própria democracia que diz defender ao extremo.       

Na quinta-feira a Proposta de Lei do Ministério da Cultura sobre festivais e outros espetáculos musicais vai ser votada na Assembleia da República.

Não é admissível que se abra uma possível exceção à lei em relação à Festa do "Avante".  Se assim for também se poderá estender a muitos outros eventos, sobretudo de teor "não comercial". O argumento de “não comercial” do evento do PCP não é verdadeiro porque é também comercial pois se comercializam objetos, livros, bebidas e outras variedades alimentares, embora revertam para subsidiar o partido. E o preço das entradas também não é comercial?

É insensato avançar com a Festas do “Avante” no atual contexto da pandemia Covid-19 e o Governo, ao pretender negociar a realização do evento em troca da paz social ou de futuros orçamentos, mostra insegurança e arrisca-se a perder a popularidade que tem conseguido.

Um partido, seja ele qual for, não pode colocar-se acima de tudo e de todos, inclusive a de ameaçar a saúde dos cidadãos.

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publicado às 16:14

Trabalho e emprego (1).png

O desemprego, independentemente da sua causa, para além de ser um flagelo social e económico é ainda um tormento para famílias e trabalhadores isolados que sofrem e sofreram da sua perda. Vivemos num sistema de economia de mercado onde as empresas sobrevivem apenas se tiverem resultados positivos. Quando estes resultados não se verificam há que garantir a viabilidade das empresas e então começa aquilo a que habitualmente se designa por reestruturação.

No mundo globalizado em que vivemos existe a necessidade de as empresas estarem atentas às mudanças políticas, económicas e sociais que ocorrem num país poderão vir a interferir com o desempenho e desenvolvimento empresarial.

A estratégia da reestruturação duma empresa é utilizada entre outras quando da aquisição ou fusão de outra empresa; quando existe a necessidade de mudança no segmento de negócio da empresa com um reposicionamento no mercado como reforço sua posição; quando a empresa está a atravessar dificuldades financeiras, quebra nos negócios, dívidas com bancos etc.

No entanto, para algumas empresas, a reestruturação não é mais do que um eufemismo para justificarem a dispensa de pessoal sendo os trabalhadores a pagar a crise empresarial que, não tendo causas macroeconómicas nem sociais, não poucas vezes, é resultado da má gestão dos empresários ou dos seus mandantes.

As empresas procuram um ajuste ou uma mudança para continuar a sobreviver, poder aumentar o lucro e produzir maiores resultados para seus acionistas ou donos. É esse um dos objetivos em regime de economia de mercado. N maior parte dos casos a dita reestruturação tem como alvo em primeiro lugar os recursos humanos com vista à demissão de funcionários ou de outras medidas lesivas dos seus interesses. A reestruturação pode também ser feita simulando ou provocando uma situação de falência, ou através da venda da empresa com a consequente redução de substituir e ou reduzir trabalhadores.

Numa economia liberal e de livre concorrência um governo, sendo a instância máxima de administração executiva, geralmente reconhecida tendo a liderança de um Estado, que não adote doutrinas ou ideias coletivistas, deve ser apenas um regulador, não devendo, não podendo intervir nem intrometer-se nas políticas empresariais. Sobre este tipo de intervenção tem-se o exemplo real do tempo do governo de Vasco Gonçalves, que governou o país entre julho de 1974 e setembro de 1975, e que adotou políticas intervencionistas indiscriminadamente em empresas em dificuldades, ainda que fossem pequenas empresas. O objetivo era, nessa altura, a coletivização da economia. Os sindicatos sob a área de influência do PCP ajudaram trabalhadores a destruir, sem o saberem, as empresas onde trabalhavam, sei do que estou a falar.

Muitos dos sindicatos na esfera da CGTP dizendo-se contra o “patronato” envolvem os trabalhadores através da manipulação verbal fazendo tentativas, a maior parte das vezes falhadas, para retroceder o processo e ao mesmo tempo ter visibilidade da comunicação social para mostrar que defende os trabalhadores. Claro que, face aos acontecimentos a presença de um sindicato, ainda que nada adiante, é sempre uma esperança para quem está em vias de perder o seu sustento.

Veja-se o caso da Triumph cujo processo culminou no despedimento coletivo e, mesmo assim, puseram os trabalhadores ao fim de 20 dias de “luta” a soltar gritos de vitória apenas e porque lhe foi passado pela administração da insolvência o documento para o fundo do desemprego.

O caso da Autoeuropa é ainda mais complexo porque em vez de negociações inteligentes que promovam a manutenção dos postos de trabalho, há oportunistas que querem o sol e a lua o que poderá, a prazo, vir a ser prejudicial aos próprios trabalhadores.

João Vieira Pereira numa opinião publicada no semanário Expresso vê assim o problema:

“… há uma parte da sociedade, nomeadamente a ligada a   partidos políticos ou outros lobbies que, de forma conservadora, insistem em ver o mundo do trabalho como foi retratado por Joel e   Ethan Coen no fantástico filme Hudsucker — (o grande salto). As novas   empresas já não são comandadas por um grupo de velhos gordos que   exploram ao máximo os trabalhadores contra um salário mínimo em   troca de tarefas repetidas à exaustão sem nexo aparente. As empresas   evoluem cada vez mais ao sabor dos clientes e não dos acionistas. Isso   obriga à alteração de horários e à adaptação do colaborador e da   empresa.   Se quem trabalha na Autoeuropa não percebe isto então pode dizer   adeus ao seu emprego. Chegará o dia em que a empresa procurará quem   perceba. Não porque querem maximizar o lucro, mas porque disso   depende a sua sobrevivência. E claro que tudo isto tem custos sociais e   cabe às empresas os corrigir, seja através de condições financeiras ou   outros similares.”.    

Mais uma vez, cá para mim, podem chamar-me o que quiserem.

 

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publicado às 00:08

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Não sou defensor da exploração dos trabalhadores, nem da desregulamentação indiscriminada dos contratos de trabalho, nem do abuso dos horários de trabalho, nem tão-pouco de salários baixos. Todavia, acho que há limites na utilização dos trabalhadores e das empresas como recurso para a concretização de movimentos e formas de pressão, mais ou menos dirigidos, para se obterem dividendos políticos.

O jornal Público numa das suas páginas coloca como título “A paz social na Autoeuropa e outros recados de Natal de Marcelo a Costa” a propósito do Presidente da República ter feito um apelo à paz social na Autoeuropa que pode estar a caminho de uma nova greve.

Não necessito de saber muito do que se passa no interior da Autoeuropa no que se refere à dita luta entre os trabalhadores e a administração da empresa. Basta-me saber o que começa a passar-se quando a CGTP e os sindicatos a ela afetos se intrometem. Não é novidade o que tem acontecido ao longo de décadas e por causa disso muitas empresas saíram de Portugal ou fecharam. Argumento de direita? Chamem-lhe o que quiserem.

Nos últimos anos a anterior Comissão de Trabalhadores negociou com a administração e, normalmente, chegavam a acordo. A Autoeuropa é uma empresa importante para o país e tem sido um dos exemplos de clarividência, quer por parte dos trabalhadores, quer por parte da administração, e um exemplo de como gerir a pacificação social dentro duma empresa, até um dia.

 Esse dia chegou com a infiltração da CGTP de Arménio Carlos, esse dito defensor dos direitos trabalhadores naquela empresa com ânimos agitados pela penumbra que olha em todas as direções onde pode lançar ou aproveitar a discórdia e parece apostada na destruição de empresas necessárias ao país.

Apesar de ter ficado em terceiro lugar com 26,58% nas eleições de outubro passado para a Comissão de Trabalhadores a CGTP está a conseguir manipular os trabalhadores daquela empresa prejudicando a produção e mais agora o sr. Arménio Carlos.

O secretário-geral da CGTP, já se arroga  o direito de falar sobre a estratégia produtiva a médio e longo prazo da fábrica da Autoeuropa em Palmela, que passe pela produção de carros elétricos.

Não sr. Arménio Carlos, não estamos num regime coletivista estatal como gostaria. A Autoeuropa é uma empresa privada e é ela que decide o que irá ou não produzir. Ou será que a que a quer nacionalizar assim como a tudo e acabar com tudo quanto é privado? Até a mercearia da esquina.

A tática da CGTP é sempre a mesma, onde quer que se infiltre é para cria instabilidade nas empresas e nos próprios trabalhadores através de processos reivindicativos, por vezes irrealistas, prejudicando assim as próprias empresas e, potencialmente, os postos de trabalho. Nesta “luta” aparece também o Bloco de Esquerda que, não querendo ficar na sombra, deita achas para a fogueira não querendo ficar atrás do PCP.

A CGTP é uma espécie de rapace que ataca rapidamente sempre que se lhe abre uma oportunidade. Arménio Carlos é um radical de extrema esquerda comandado à distância pelo espírito vanguardista do PCP, levando o BE de arrasto ambos se reivindicando defensores dos trabalhadores. A CGTP segue e fomenta o breviário da instabilidade social nas empresas com promessas vãs de aumentos salariais, redução de horas de trabalho e defesa de direitos para, depois, poderem gritar o estribilho de uma vitória que se poderá vir a ser efémera.

O PCP perdeu parte das autarquias nas últimas eleições, mas quer agora, através da “luta”, ver se consegue mostrar que são os únicos defensores dos direitos dos trabalhadores, por não se ter sido recompensado nas últimas autárquicas. Procura no futuro que lhe coloquem mais uns votinhos nas urnas. Puro engano. Quando os trabalhadores começarem a sentir que poderão perder os seus postos de trabalho porque alguns os conduziram a isso através de vãs e efémeras promessas passarão para o lado do populismo de direita que anda por aí a espreitar.

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publicado às 23:06

Juntos pela ira nas perdas eleitorais

por Manuel_AR, em 05.10.17

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1 - No PSD a pressão dos apoiantes de Passos Coelho, gente neoconservadora e neoliberal, que não pretendem que a social-democracia regresse ao partido e lhes faça perder as oportunidades que lhes foram dadas. São os Passistas que querem manter-se, e manter o passado recente no partido para que a caleira construída não se estrague nem fique a descoberto.

Não é por acaso que o jornal Diário de Notícias coloca em primeira página “Passistas não querem deixar Rui Rio sozinho.”. Daí haver pressões para levar Montenegro a avançar para a liderança. Quem as faz sabe que Montenegro não traz uma regeneração ao partido, mas a mudança (apenas de líder) na continuidade.

2 - Após os resultados das eleições autárquicas há dois desesperados que se vão lançar em fúria e com todas as forças para pressionar o Governo. São eles o PSD e o PCP que se prperam para fazer, ao nível da contestação social, uma “aliança” informal, estratégica, mas não concreta de facto e que se fará sobretudo através dos sindicatos que controlam e onde se encontra a chamada mão de obra elitista, bem paga e com direitos que sobram, que, qual gula, querem sempre mais e já esqueceram as perseguições que o governo de direita PSD/CDS lhes fez. São elas as classes da área da saúde, nomeadamente os enfermeiros e na da educação, os professores, esta última à qual pertenço.

Serão eles os veículos da instabilidade social manobrados por aquelas duas forças partidárias. Os primeiros, a classe dos enfermeiros de sindicatos afetos ao PSD através da UGT e o dos professores com a sua maioria afeta à CGTP controlada pelo PCP começaram a ser mobilizados para possíveis reivindicações irrealistas.

Vai ser uma aliança entre inimigos não concretizada com negociações, mas simultânea, com objetivos idênticos e com causas diferentes. Estão juntos pela ira das perdas eleitorais. Mas a responsabilidade da instabilidade vai ser sobretudo apontada ao PCP que, se trair o seu acordo parlamentar, venha a querer prejudicar o país dará razões à direita, e não seria a primeira vez. A desforra do PCP vai em direção ao partido do Governo como se as culpas das perdas fossem da exclusiva responsabilidade do partido que, de algum modo, tem apoiado ao nível parlamentar e mediante negociações.

Se assim for o PCP faz o jogo da direita, atributo com que ele mesmo ao longo dos anos caracterizava outros partidos. Se o comité central não sabe, talvez atordoado por uma cegueira radical, mas que deveria saber, é que quem terá mais a perder será o próprio PCP que captará contra si grande parte do povo pelos prejuízos eventualmente causados e que lhe poderão a vir ser imputados juntamente com os da direita.

Ver outra opinião segundo Daniel Oliveira.

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publicado às 18:57

Uma vista de olhos sobre a imprensa de hoje

por Manuel_AR, em 19.10.16

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- Começo pelo artigo de opinião de João Miguel Tavares no jornal Público que intitula “António Costa: demasiado bom para o nosso bem”. Não há muito para dizer sobre este artigo, é mais do mesmo, no que se refere ao que ele costuma escrever. Resta apenas perguntar se Passos Coelho, de quem ele parece ser fã, foi demasiado bom para o nosso mal em tudo o que fez durante quatro anos de Governo.

Já é costume muitos editoriais de jornais escritos muitas das vezes pelos seus diretores tentar arranjar distorções imprimida aos factos por efeito de preconceitos, interesses pessoais que conduzam a falhas nas políticas mesmo que ocasionais e pontuais.

- É opinião generalizada que duma maneira geral a abertura do ano letivo em termos comparativos com os anteriores não esteve mal. Pelo não houve grandes notícias sobre isso ao contrário do que acontecia no anterior governo. Assim sendo, o que alguns senhores se entretêm a fazer é esgaravatar para se conseguir algo onde pegar. Então diz Paulo Baldaia que desde setembro ocupa a cadeira principal da redação do Diário de Notícias que o ano escolar não começou na perfeição (reparem que não é bem, é a perfeição que ela agora exige), que os problemas não foram em número reduzido nem rapidamente resolvidos e de seguida atira-se ais sindicatos, os da GCTP, claro está, por estarem muito caladinhos. Lança veneno provocatório no sentido de desestabilizar o que está mais ou menos estabilizado.

Para ele, editorialista, o problema é que tudo correu tão mal no início do ano letivo que não percebe porque não houve manifestações por parte dos sindicatos. E critica a Fenprof por ter contestado tanto no “tempo da outra senhora”. Porque estão acomodados no corporativismo. De seguida cospe mais veneno sobre a mesma CGTP avançando já com as futuras renegociações da contratação coletiva, E vai lá mais uma acha provocatória “Uma negociação do orçamento não se apenas sobre o deve e o haver do Estado também se joga nas negociações paralelas”, com os empresários estão a ver? Quem tem acompanhado as negociações na concertação social sabe que a CGTP sai sempre sem concordância. Pica aqui, pica ali para a ver se encontra minhoca que desacredite e desestabilize uma geringonça que até hoje tem funcionado.

- Falta de funcionários fecha escolas e deixa salas sem limpeza é um dos títulos num jornal de hoje e daí parte-se para divagações mais ou menos anti ministério da educação. Se bem me lembro foi no Governo de Passos Coelho que se começou a cortar no orçamento da educação e consequentemente no pessoal auxiliar. Era o tempo do não há alternativa. Só agora é que se lembraram disso, mas à época, a não ser o sindicato, estas mesmas pessoas que agora comentam nada diziam.

- A Associação de Turismo de Cascais está em polvorosa. Hoteleiros teme fuga de turistas. Porquê? Porque a Associação de Turismo de Cascais vai propor à Câmara Municipal a aplicação de uma taxa turística de cerca de 1,50 euros por noite até um máximo de cinco. Insurgem-se os representantes da hotelaria porque temem perder clientes para outros municípios. Será que os turistas estrangeiros, tendo em conta o seu nível de vida e a escolha de Cascais como destino, vão retrair a sua vinda por causa deste valor? Quem escolhe Cascais para fazer turismo sabe o que quer e para onde vai.               

- Não sei se será coincidência ou não com o Prémio Nobel que foi dado a Bob Dylan, o certo é que o Diário de Notícias de hoje dá destaque de primeira página ao cantor Emanuel com uma frase sua onde diz que “Nós Pimba” “É uma obra-prima da Música Popular” e mais afirma que “Sou um operário da música, não sou uma vedeta.”

Desconheço o propósito da entrevista de duas páginas que lhe foi concedida, mas teve direito a publicidade gratuita. Talvez para o ano possa ser nomeado para um Nobel da música pimba.

- Leio quase sempre as críticas de cinema porque gosto da sétima arte. Gosto de ler as críticas que João Lopes escreve no Diário de Notícias. Todavia, a sua compreensão só é acessível algumas pessoas porque intelectualizadas e com considerações socio-filosóficas tornando-se porventura incompreensível para a maior parte das pessoas. É dirigida a uma elite de cinéfilos. Será que tem que ser mesmo assim?

 

 

 

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publicado às 00:00

Inconsequente sindicalista

por Manuel_AR, em 03.05.16

Bota abaixo.pngNo dia 1 de maio dei-me à paciência e ao trabalho cansativo de ver e ouvir o discurso de Arménio Carlos, presidente da CGTP, proferiu nas comemorações do dia do trabalhador na Alameda D. Afonso Henriques. Correndo o risco de não estar a ser política e sindicalmente correto não me escuso de emitir a minha opinião dizendo que aquele senhor há muito nos tem vindo massacrar com à sua lengalenga discursiva repetitiva ao estilo revolucionário “démodé” de populismo ofensivo, provavelmente para agradar a um muito escasso setor saudosista de outros tempos.

Foi um discurso longo, cansativo, repetitivo nas ideias, sem soluções que não fosse apelo a greves, manifestações que, em vez de ser conciliar e unir os trabalhadores os divide. Todos quantos proporcionam ou venham a proporcionar postos de trabalho ele denomina, com a sua já habitual agressividade e de modo pejorativo, de patronato. Seja ele grande, médio ou pequeno empresário, todos merecem que nas suas empresas se façam greves e reuniões reivindicativas tudo em nome da defesa dos trabalhadores. Quanto ao desemprego nada disse.

Os mais velhos que viveram meses posteriores ao 25 de abril recordar-se-ão de que muitas pequenas e médias empresas, capturadas aos seus proprietários (palavra diabólica para Arménio Carlos), fecharam devido à incapacidade dos trabalhadores para as gerir quando lhes caíram nas mãos pelas reivindicações demagógicas. Casos houve em que esses mesmos trabalhadores tiveram que chamar novamente os proprietários para que pudessem continuar a manter os postos de trabalho.

A demagogia da CGTP e do seu líder Arménio Carlos é uma espécie de veneno entorpecente para as mentes de alguns trabalhadores que ainda cantam e se encantam com uns amanhãs de glória de trabalhar o menos possível e ganhar o mais possível. Poderá dizer-se que afinal o PCP já não é assim. Talvez não, porque a sua linha dura é agora representada por um sindicalista que pensa que ainda se encontra em meados do século vinte.  

 Arménio Carlos continua a pretender apanhar moscas com vinagre. Disse pomposamente que aos cem mil sindicalizados se inscreveram mais cinco mil. O que não diz é os que de lá “fugiram” no mesmo período.

O único trunfo da CGTP são os trabalhadores da função pública porque sabem que estão seguros. Deveria ter tirado lições com a atuação de Passos Coelho que durante o seu mandato governativo e em sentido oposto, também pretendeu apanhar moscas com vinagre e saiu-se mal.

Dirão agora alguns: mas afinal quem escreve isto não pode ser de esquerda. Dirão outros: afinal este é dos nossos. Pois, se assim é, então é sinal que estou do lado certo.

E termino com uma citação de Sérgio Figueiredo, diretor de informação da TVI, do artigo de opinião publicado no Diário de Notícias: “Governar sob protesto é normal. Governar com o protesto é a democracia em si mesmo. Governar em função do protesto é desistir do motivo mais nobre pelo qual se é eleito. O bem comum. Exatamente o contrário daquilo que mobiliza taxistas, produtores de suínos, ambientalistas inconsequentes e sindicalistas da CGTP que inventam pretextos para a greve e inventam as greves para não desaparecerem.”.

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publicado às 19:03

O agora, o antes, e o depois

por Manuel_AR, em 11.03.16
  1. Passos Coelho trocou o velho fato do liberalismo radical pelo fato da social-democracia, muito mal-amanhado pelos seus alfaiates. Vai dizendo por aí que o antigo fato foram as circunstâncias que o obrigaram a vestir. Deambula, falando…, falando…, Faz ainda de primeiro-ministro ou de primeiro-ministro faz de conta, a quem vão faltando as pilhas, mas é preciso que a comunicação social o tenha sempre debaixo de olho. Como quem diz, eu é que devia ser o primeiro-ministro porque ganhei as eleições, como se a coligação com o CDS-PP não existisse e este não tivesse contribuído para a vitória em número, mas não em deputados.
  2. Já agora, recordando os resultados, podemos fazer o seguinte exercício de extrapolação:

Em 2015 o PSD, em coligação, obteve 36,83% dos votos e em 2011, sem coligação, obteve 38,63%.

Entre 2005 e 2011 o CDS-PP obteve as seguintes percentagens de votos:

2005 - 7,3%

2009 - 10,46%

2011 - 11,74%

Supondo que em 2015 o CDS-PP concorria isoladamente às eleições e obteria a mesma percentagem de 2011, isto, é 11,74% qual seria a percentagem de votos do PSD se em 2015 também concorresse sozinho às eleições? E, qual seria o resultado do PSD se fossem retirados por estimativa os votos do CDS-PP da coligação?

Resposta:

O resultado do PSD seria 36,83 - 11,74 = 25,09%

E se o CDS-PP tivesse o mesmo resultado de 2009?

O resultado do PSD isolado seria 36,83 - 10,46 = 26,37%

E se ainda o CDS-PP tivesse o mesmo resultado de 2005?

O resultado do PSD isolado seria 36,83 - 7,3 = 29,53%

Isto é, se o resultado do CDS-PP fosse o mais baixo de todos estes anos, mesmo assim o PSD ficaria apenas com 29,53% dos votos abaixo do PS que obteve 32,38% mesmo assim acima do PSD.

Para que o PSD isoladamente igualasse os votos do PS em 2015, 32,38%, supostamente o CDS teria que obter apenas 4,45% dos votos.

Posto isto, Passos Coelho e o seu partido ou não sabem fazer contas, ou estão querer passar um atestado de menoridade eleitoral de votos ao CDS-PP.

  1. É curiosa a estratégia de Passos e de alguns dos seus deputados que é utilizar os mesmos argumentos utilizados do PS na altura em que era oposição. Um dos casos mais típicos é o tal plano B que terá o Partido Socialista para mais austeridade e que a atual oposição do PSD e do CDS utilizam quando é mais do que sabido que o PSD e o CDS tiveram planos A, B, C que também na altura não revelavam, para além de vários orçamentos retificativos e até devolvidos pelo Tribunal Constitucional.
  2. Alguns comentadores, acérrimos fãs e apoiantes das medidas do então Governo de Passos Coelho, e menciono como exemplo o titubeante e confuso comentador residente da TVI António Costa, que há tempo comentaram a falta de investimento público que não tinha sido comtemplado no orçamento, dizendo que nesse aspeto Portugal fica na cauda da União Europeia. O curioso é que, quando estava em funções o anterior Governo de Passos Coelho, se alguém falava em investimento público, apressavam-se a argumentar que isso não era possível porque estávamos em austeridade e que não havia dinheiro. Mudam-se ideologias mudam-se as vontades. Ou será que, para esses senhores, quando mudam os governos que apoiam mudam-se as suas vontades?
  3. É ainda curioso que os mesmos senhores, e outros que se lhes acrescentam, dizem agora que afinal continua a austeridade. No Governo de Passos Coelho, defendiam a austeridade como inevitável e que até era salutar. É tudo uma questão do antes e do depois.
  4. Os senhores da suinicultura manifestaram-se hoje (11 de março) alegando que passados cem dias de Governo este não os apoia. E mais, que a polícia não os deixou bloquear o trânsito em Lisboa tratando-os como se fossem criminosos. Veio-se a saber que não tinha sido pedida autorização como manda lei. Os suinicultores podem ter razão quanto aos preços praticados, quanto a estarem contra as grandes superfícies, contra os produtores espanhóis, contra o que quiserem. Argumentando ainda que nem um cêntimo foi considerado no Orçamento de Estado para esta atividade.
  5. Mais uma vez, o curioso é que durante o anterior Governo de Passos Coelho, quando na agricultura estava Assunção Cristas não foram tão reivindicativos como agora. Será que os problemas que afetam os suinicultores só surgiram agora que os levasse a um tão forte descontentamento após cem dias do Governo de António Costa?
  6. O que terá feito mover estes empresários? Será a mãozinha da CGTP comandada pelo PCP? Será algo mais subtil manobrado por outros interesses que não exclusivamente os dos suinicultores? Será que… bom o melhor é calar-me!...

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publicado às 22:24

Votos de sucesso

por Manuel_AR, em 24.11.15

Votos de sucesso.png

 

Embora contrariado, o Presidente da República Cavaco Silva, finalmente, indigitou António Costa como primeiro-ministro do novo Governo de Portugal.

A responsabilidade é enorme. Ninguém lhe vai perdoar se falhar e voltar a défices excessivos que eventualmente possam dar lugar a novos resgates. Os partidos que se comprometeram dar apoio parlamentar ao governo PS não podem falhar. A direita que perdeu votos vai andar por aí atenta a tudo e tudo sirva para fazer oposição, por mais sórdida que seja. Aliás, como já tem vido a ser seu hábito.

Logo que a decisão do Presidente da República foi conhecida alguns partidos, nomeadamente o BE através de Catarina Martins perfilou-se frente às câmeras das televisões falando como se o seu partido fosse o principal e único protagonista das mudanças que constam do programa de Governo do Partido Socialista, esquecendo-se que houve outros parceiros na negociação. Nesse aspeto o PCP foi mais comedido. Esperemos que isto não sirva para começar a gerar conflitos tendo como base a propaganda partidária, que a oposição de direita irá aproveitar em pleno. Não é estratégico os partidos que assinaram o acordo iniciarem uma competição onde cada um pretende chamar a brasa à sua sardinha, o que apenas servirá para dar argumentos e razão à direita.

Das centrais sindicais e dos sindicatos nelas filiados espera-se uma contenção reivindicativa responsável.

Ao presidente da CGTP, Arménio Carlos, pede-se uma outra atitude e contenção verbal e parar com a contínua guerra aberta respeitando os outros dirigentes quer da UGT quer das associações patronais, da mesma forma que o respeitam a ele. Refiro-me, neste caso, ao presidente da CIP.

Arménio Carlos, quando fala, parece estar sempre em guerra aberta com todo e qualquer representante das confederações patronais quando em negociação ou em debates. Não negoceia, exige, reivindica, vendo apenas e só um lado da questão, esquecendo-se que existe uma economia para crescer e gerar postos de trabalho. Torna-se por vezes inconveniente, o que pode conduzir a ruturas que, nem agora, nem num futuro próximo, interessam a qualquer das partes, nem aos portugueses. Gerar conflitos apenas ajuda a direita. Não é o momento de vanguardismos de esquerda, mas de calma e consensos. Se assim não for quem ganha sempre é a direita. E, nas próximas eleições, se a direita volta a ganhar, as vítimas serão sempre os mesmos, os que afinal pretendem defender!

Pensem nisto.

 

 

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publicado às 22:47

Dia das bruxas da política

por Manuel_AR, em 30.10.15

Dias das bruxas da política.png

 

Segundo conta a lenda, as bruxas participavam de uma festa chefiada pelo próprio Diabo. Elas jogavam maldições e feitiços em qualquer pessoa, e causavam todo tipo de transtorno. 

Arménio Carlos anunciou em conferência de imprensa uma concentração, em Lisboa, junto à Assembleia da República, realizada pela CGTP no dia em que serão votadas as moções de rejeição ao Governo de direita. Assim, o dia das bruxas da política será comemorado mais tarde. Não havia nexexidade, ham…ham…!

Não facilita, apenas complica e favorece os argumentos da direita contra o acordo em que o PCP está envolvido para viabilizar um governo apoiado pela esquerda.

Ah! Mas a CGTP não é o PCP. Não é, mas….

O PCP não desarma e não abdica de querer ser o protagonista do vanguardismo da classe operária, desculpem, dos trabalhadores. O PCP tem muitas ilusões, e mantem-nas, esquecendo-se que foi um dos que contribuiu para que a direita, em 2011, viesse a ganhar as eleições com maioria absoluta e não conseguiu, com o seu vanguardismo, tirá-la do poder.

Acho ser inoportuna esta concentração que, diz Arménio Carlos, serve para  "reafirmar a recusa popular e a determinação de fazer com que este seja o último programa de Governo da autoria da coligação PSD/CDS" e "exigir resposta positiva às reivindicações dos trabalhadores e das populações e reclamar uma alternativa política…".

Mas essa alternativa está a ser já negociada e, segundo parece, está a decorrer em sentido positivo para quê agora manifestações de rua para forçar o que já está determinado pelos partidos proponentes da(s) moção(ões) de rejeição.

A resposta virá célere da direita com os argumentos do costume apresentados sobre a convergência da esquerda acusando o PCP de não ser de confiança.

Sou pelas negociações à esquerda mas esta concentração só pode servir para invocar as bruxas da política.

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publicado às 15:47

Os dias com lixo

por Manuel_AR, em 03.01.14

 

O título deste "post" nada tem a ver com o livro de Pacheco Pereira,"Os dias do lixo", mas sim com a greve injustificada dos trabalhadores da limpeza urbana da Câmara de Lisboa.

A não ser o facto de ter afetado o sentido da visão e do olfato da cidade esta greve não teve, do meu ponto de vista, o incómodo e o prejuízo de outras como, por exemplo, as dos transportes que impedem os trabalhadores de chegar atempadamente aos seus postos de trabalho.

A chamada greve do lixo foi devida a uma deturpação dos motivos reais para que a mesma fosse justificada. Quando os sindicatos a convocaram foi no pressuposto, assumidamente errado, de que os trabalhadores da recolha de resíduos sólidos da cidade de Lisboa iriam passar para a competência das freguesias. Ora, o que estava em discussão era a descentralização para as juntas de freguesia da limpeza sim, mas das ruas, passeios e jardins, o que faz algum sentido. Neste caso cada junta seria responsável pela respetiva limpeza.

O que esteve em causa nesta greve não foi mais do que lutar contra a reorganização administrativa de Lisboa que prevê a transparência de competências da autarquia para as freguesias a gestão de equipamentos sociais e desportivos, pavimentos pedonais, mercados e feiras, para além de outras.  

Embora muitas das vezes possa estar de acordo com algumas posições tomadas pela CGTP desta vez estou em completo desacordo. Não me colo com um seguidismo cego a qualquer posição de direita ou de esquerda, venha ele donde vier. Talvez, por isso, tenha deixado a militância em partidos políticos desde há muitos anos a esta parte. Para mim a disciplina partidária e a ideologia política têm limites.

 

 

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publicado às 13:53


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