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Quem mente uma vez mente mais duas ou três

por Manuel_AR, em 26.04.15

Coligação_4.png

 

Ontem deram-se dois acontecimentos. O mais importante foi a efeméride da revolução do 25 de abril de 1974 marcado pelos desfiles de gentes das mais diversas idades e profissões. O outro, premeditadamente oportunista, foi a renovação de votos do casamento entre o PSD e o CDS.

Apesar dos momentos de pré rutura do casamento o “casal” reconciliou-se desistindo do divórcio. Por interesse de partilha de interesses de poder resolveram fortalecer a sua ligação.

Enquanto num casamento entre duas pessoas existe a formalização da aliança para uma vida em conjunto sem que haja submissão de um, face ao outro. Na aliança entre o PSD e o CDS, a chamada coligação, existe, na prática, uma espécie de sujeição.

O partido submisso é, neste caso, o CDS. Esta submissão era espectável uma vez que, se fosse isolado às eleições, haveria a possibilidade de ficar com uma percentagem de votos muito abaixo do previsto. Assim, apesar da subalternidade os resultados serão uma incógnita.

Analisemos a situação. Nas eleições em 2011concorreram separados tendo obtido em conjunto a maioria dos deputados no Parlamento e só após resolveram constituir um Governo em conjunto. Naquela altura o CDS obteve 11,71% e o PSD 38,66%. Que razão terá levado a que se coligassem agora antes das próximas eleições? O desespero da perda das eleições em 2015 leva-os a dar tudo por tudo.

Se ambos estivessem cientes de que obteriam bons resultados não haveria razão para tal. Se tivesse que haver coligação seria na altura da formação do novo Governo.

Por princípio uma coligação constitui-se quando um partido político não tem apoio suficiente numa legislatura como consequência dos resultados eleitorais e tem como condição que os grupos minoritários recebam contrapartidas estabelecidas, como pastas ministeriais que se costumam repartir de acordo com o peso parlamentar ou uma orientação determinada das políticas do novo governo.

Paulo Portas ganhou em todas as frentes neste acordo de coligação. Com a possibilidade de vir a ser o elo mais fraco devido às previsões uma votação muito inferior nas próximas eleições, para evitar a vergonha eleitoral, negociou a coligação e as listas com base nos resultados das últimas eleições legislativas. Ao fazê-lo obtém contrapartidas iguais às que tem atualmente em número de pastas e talvez até em determinadas orientações políticas. Se, por um lado, Paulo Portas se submete ao PSD de Passos Coelho tendo apenas na mira o poder e não Portugal como dizem, por outro, o PSD vendo que nunca obteria maioria absoluta resolve deitar-se novamente na mesma cama. É um casamento de conveniência por desespero.  

Neste casamento ambos se comprometem a prometer aos seus convidados um banquete diferente do anterior com as mesmas iguarias melhoradas. O grave é que, num banquete normal, os convidados, se não gostam das iguarias podem sair sem dar nas vistas. No banquete que este casal nos oferece ficamos presos por mais quatro anos a comer as iguarias que prometeram mas que, depois das portas fechadas, mandam o pessoal que serve o banquete retirar as iguarias prometidas das mesas ficando apenas os pratos de menor qualidade que quiserem impor.

Sabemos que Passos e Portas mentiram e mentem e, quem mente uma vez, mente mais duas ou três.

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publicado às 19:47


41 comentários

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De Jorge a 28.04.2015 às 17:45

O mentiroso compulsivo era o 44. Ou pensam que o people tem a memória curta? É mais fácil encontrar um melro branco que um socialista sério!
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De Anónimo a 28.04.2015 às 22:59

Sr. Jorge, não precisa de ofender ninguém. Deve ser mesmo o desespero que o faz agir assim. Penso que será mais fácil encontrar uma agulha num palheiro que algum indicio de boa educação na sua pessoa.
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De Sacudir o Caos a 28.04.2015 às 20:39

Coligação PSD/cds
Este é um gesto de Passos Coelho carregado de nobreza: morrer sim, mas devagar, e, principalmente com quem se partilha devaneios e cumplicidades.
De facto, deixar cair na valeta um companheiro de grandes lides, ainda por cima irrevogável, seria a repetição da tragédia “Gorro do pintor” de Guerra Junqueiro.
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De rui a 28.04.2015 às 21:10

o ano é 1974 e nao 1975
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De Manuel_AR a 02.05.2015 às 22:17

Obrigado Rui pelo aviso. Foi um lapso. Vou proceder à correção.
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De Manuel_AR a 02.05.2015 às 22:52

Obrigado a todos sem excepção pelos comentários e discussão que o post provocou. Alguns mais fortes e críticos mas o debate político é mesmo assim. Tento sempre que os textos não sejam ofensivos mas por vezes alguns têm mais sarcasmo do que outros. Tenho por princípio que a discussão seja de ideias e não de ofensas.
Alguns posts podem ser por vezes provocadores e gritos de alerta.
Compreendo que haja comentários com pontos de vista politicamente mais emotivos do ponto de vista ideológico. A tendência da crítica é para a direita porque é ela que está na chamada "berlinda" pois está no poder. É óbvio que o blog é tendencialmente mais à esquerda, mas apesar disso gosto de ler comentários vindos de outro quadrantes que ajudem ao debate de ideias e de políticas sem necessidade de verbalizações menos apropriadas. Mas enfim, o debate político nos comentários é também isso. Costuma dizer-se, o que seria do amarelo se todos gostassem do azul.
Para finalizar, a propósito da direita e da esquerda aconselho consultar o meu blog do tempo de Sócrates (que neste momento está parado), o tal a que alguns aqui chamaram o 44, onde faço críticas ao dito e do qual deixo o endereço. http://antinomias.blogs.sapo.pt/3647.html

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