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Restaurantes.pngEsta minha opinião em termos de notícia já está desatualizada, mas na vida real mantem-se atual. A promessa eleitoral de António Costa de baixar o IVA da restauração de 23% para 13% concretizado a partir de 1 de julho deste ano teve como consequência a quebra de receita cujo efeito no consumidor não se fez sentir e que agora tornou mais problemático a elaboração do Orçamento de Estado para 2017.

Poucos foram os restaurantes que mantiveram os preços, na generalidade, a maior parte deles, até o aumentou, e nos locais frequentados por turistas é melhor nem falar.

O índice de negócios do setor restauração e similares revelou em agosto, já deduzida a sazonalidade, um aumento significativo em comparação com 2015. Todavia, neste mesmo ano, a perceção dos frequentadores de restaurante era de que o negócio estava em alta, o que podia ser verificado pelo aumento da quantidade de pessoas a frequentá-los e pela abertura de novos espaços. Claro que a opinião dos representantes da restauração, como a de quaisquer outros setores, o negócio está sempre mau, mesmo que esteja melhor.

Não tenho a certeza absoluta se houve ou não crise na restauração, mas a perceção é de que houve de facto muitos restaurantes que fecharam e outros abriram com os chamados novos conceitos sobre os quais já me referi noutro “post”.

Em muitos dos restaurantes fora de locais insuportavelmente turísticos a inclusão nas ementas de doses e meias doses e dos chamados menus de refeição, como se verifica em Espanha e em França, pode ser um indicador do setor que a crise terá afetado alguns segmentos do setor.

Costumo andar por aí de norte a sul do país, quer seja de verão quer de inverno, é em Lisboa que passo a maior parte do meu tempo. Nestas deambulações frequento vários tipos de restaurantes dos quais excluo aqueles que são pertença de pretensiosos chefs que as televisões se encarregaram de publicitar com programas de culinária e concursos onde júris, mais ou menos emproados, classificam as iguarias dos concorrentes. Estes não são representativos da maior parte da população frequentadora de restaurantes, são destinados a uma classe que ainda aprecia comer com comodidade e experienciar uma dose de inovação e qualidade, mais do que quantidade, pelas quais pagam um elevado preço. A frequência de restaurantes classificados como casas de pasto, turístico-triviais, familiares, e outros, quer no interior, quer no litoral, e em cidades como Lisboa, leva-me a poder avaliar, embora subjetivamente, os preços e qualidade dos serviços, instalações e ambientes.

Começam a rarear os restaurantes onde podemos degustar uma refeição com mesas cobertas por toalhas de pano que, além de decorativas proporcionam comodidade distinguindo-se das mesas comedouro dos restaurantes abertos à luz de novos conceitos. Curioso é que até os mais populares ainda mantêm a sua tradicional cobertura de toalha de pano, embora com uma proteção de papel.

É vulgar vermos agora mesas de restaurantes com preços elevados, com mesas de madeira cobertas com toalhetes de papel ou sem eles dando à refeição a condição de estar a comer em cima duma tábua de madeira. Espaços há, que se refugiam na designação de tasca, não nos preços, onde se servem os clientes colocando diretamente sobre a mesa de madeira o prato e respetivos acessórios. São os novos conceitos importados de Paris. Baixa qualidade e alto preço. Curiosamente, esses locais de comedoria alguns dias da semana encontram-se plenos de clientela que paga mais do que o que o serviço e a qualidade merecem. Indiretamente, quem fornece o serviço está a chamar otários aos clientes que gostam de os frequentar.

A baixa do IVA da restauração de 23% para 13% foi uma bênção para os proprietários de alguns desses restaurantes que, para além disso, também limitaram a qualidade da oferta. 

No entanto ainda se encontram restaurantes, e são cada vez menos, a preços acessíveis, conceito também subjetivo, que merecem aquilo que se paga tendo em conta o atendimento, a comodidade, a variedade e a qualidade dos ingredientes.

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publicado às 22:11



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