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Raramente abordo o tema Sócrates, juízes como Carlos Alexandre e outros, as justiças ou injustiças a que ele possa estar sujeito e as acusações falsas que, segundo ele, lhe estão a ser imputadas. O que raras vezes aqui escrevi sobre Sócrates teve mais a ver com a comunicação social, não a nova, as das redes sociais, mas a clássica da imprensa,da rádio e da televisão.

Noutro blog escrevi vários textos a criticar Sócrates e a sua ação governativa estou, por isso, à vontade para dizer o que acho do desvairo que para aí anda sobre José Sócrates sem que isso me coloque a favor ou contra ele. Não ando por aí a procurar argumentos para lhe poder apontar o dedo ou para o desculpabilizar. Se não tenho a certeza não digo, não escrevo, nem me vou fiar no que dizem tabloides, jornalistas, comentadores e escribas de opinião, talvez ressabiados pelo que lhes aconteceu no tempo em que Sócrates foi desastrosamente governante. O que comento é a forma e a qualidade da substância que é passada pela comunicação social sobre o processo e o modo como é transformado de acordo com interesses. Nada me obriga a tomar o que dizem como sendo legítimo, válido, verdadeiro e indiscutível. O esclarecimento e a verdade virão apenas e aquando da acusação, do julgamento ou julgamentos e da condenação, ou não, do presumível réu.

Durante estes últimos três ou mais anos o assédio pelos órgãos de comunicação social que vivem do sensacionalismo e da baixeza jornalística tem sido mais do que evidente. Sócrates é uma fonte de notícia e rendimento para os jornais e estou em crer que vai sê-lo cada vez mais. Ao mesmo tempo é utilizado por uma oposição vazia, sem argumentos válidos e credíveis e de baixo caráter que se serve disso como arma de arremesso político. Para isso já basta Donald Trump.

É curioso como periodicamente se retira da gaveta da investigação da Operação Marquês e das gavetas da comunicação social o tema Sócrates, coincidindo com certos momento da política, ou de outros, com eles relacionados.

Também é verdade que ele anda a pôr-se a jeito. As deambulações que José Sócrates faz por aí para ganhar o espaço mediático que a comunicação social depois lhe dedica, as suas intervenções, os apoios de "amigos" e admiradores, sejam eles do partido ou não e, agora, um livro que vai ser apresentado em outubro põem muito boa gente da comunicação social e outros fora de si fazendo-os entrar em devaneios obsessivo-compulsivo de escrita por tudo quanto é jornal.

Criticar Sócrates e dizer que não se gosta dele pelos motivos que cada um entenda é legítimo. Deixa de o ser quando se fazem insinuações desonestas e sórdidas para se criticar seja quem for. Ou se conhecem dados exatos e informações sólidas do processo ou, então, as afirmações produzidas baseiam-se apenas e só no que alguns jornais por aí dizem a quem acusam de serem fugas ao segredo de justiça. Até existe quem ache que essa história do segredo de justiça foi uma má ideia talvez porque lhes limite condenações públicas sem julgamento. Ao mesmo tempo Sócrates serve também àqueles que o atacam como ajudazinha atacar o Governo e António Costa e aplaudem quando socialistas censuram Sócrates por prejudicar o partido.

Uma das estratégias da oposição de direita e dos seus adeptos comentadores e jornalistas ressabiados é a de tentarem estabelecer uma colagem de António Costa a Sócrates. É esta a oposição duma direita desorientada que diz ser social-democrata. Por outro lado, há jornalistas ineptos, lamentavelmente à frente de jornais que deviam ser exemplo de seriedade que chegam tendenciosamente ao desplanto de associar os grupos que por aí andam em reuniões e almoços a apoiar Sócrates aos saudosistas de Estaline na Rússia. Afirmarem coisas como estas só pode ser considerado como ódio pessoal e político que lhes tolda a razão.

Muitos não suportam Sócrates não apenas pelos traumas que lhes causaram no passado mas também pela sua capacidade de defesa e recuperação perante fatores e condições adversos.

Os que apanharam a síndrome do socratismo afirmam categoricamente, como se isso fosse determinante para um caso do âmbito da justiça, que é um dado adquirido a culpa baseada "no que se vai sabendo sobre os esquemas que Sócrates utilizaria para fazer circular o dinheiro" e continuam dizendo que a outros "apenas lhes interessa que parte do que foi divulgado pelos jornais devia estar em segredo de Justiça.". Isto não é nada mais, nada menos, senão um manifesto apologético dos julgamentos na praça pública através da comunicação social. Grandes jornalistas estes não há dúvida.

Temem Sócrates e não estão interessados em que ele recupera a imagem e volte à cena política. Eu, cá por mim, estou-me nas tintas, mas as probabilidades podem ser significativas, tudo depende do julgamento, quando for.  

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publicado às 22:05

Confuso ou talvez não

por Manuel_AR, em 26.09.16

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Duma maneira geral a comunicação social é vista como um dos fatores mais responsáveis pela criação de instabilidade social e de desconfianças sobre as práticas políticas dos diversos atores em presença. Não inventa as notícias, elas existem, mas molda-as, adequa-as para terem mais impacto, alterando ou acrescentando sentidos. Os objetivos para tal podem ser vários e dependem das linhas editoriais, da necessidade de amplificação do impacto que o acontecimento ou a notícia possam ter para atrair o interesse do público para a compra e, no caso da televisão, para o aumentar as audiências.

Sem que seja caso único é um bom exemplo o que tem alimentado nos últimos dias, debates, notícias, informações e contrainformações sobre o caso dum potencial imposto sobre o património acumulado desnecessariamente causado por Marina Mortágua do BE.

A liberdade de imprensa que temos (impressa e televisiva) é um bem que deve ser preservado, contudo, corre sempre o risco de estar a ser limitada, condicionada, mesmo não existindo trâmites censórios próprios dos regimes ditatoriais, como era no tempo de Salazar e Caetano.

A pergunta que podemos colocar é a de saber se em democracia existe ou não uma tendência para o controle da comunicação social por grupos económicos através de "correias de transmissão" ligadas a ideologias e partidos políticos, mais ou menos dissimuladas.

A análise dos jornais, noticiários e comentários televisivos mostra-nos algumas tendências que se manifestam mais a favor, ou mais contra, consoante o ponto de vista ideológico de quem está no poder.  

Não deve ser noticiado apenas o que é bom e agradável mas estamos exaustos de ver e ouvir todos os dias notícias negativistas, o fatalismo como sendo as únicas notícias. Noticia-se o que é superficial e fútil e não o relevante. Sabe-se, eles sabem, os da comunicação, que isso é que "vende" e, por isso, insistem. A competição comercial entre canais a isso obriga, deixando a ética como se fosse um objeto sem valor. Espetacularização e sensacionalismo são a chave do negócio.

O alinhamento noticioso dos canais de televisão começou a adotar o modelo de outros canais como o CMTV onde, diariamente, se gasta tempo demais com são oferecidos crimes, marginalidade, corrupção, dinheiro sujo, estúpidos concursos, factos privados enfatizados ad nauseam, gira-se à volta de quem tem dinheiro e declarações de má política, mas compacta-se ao máximo no espaço e no tempo uma qualquer ideia, reflexão construtiva ou qualquer contributo positivo.

O que vemos nos canais noticiosos será de facto o retrato do país onde tudo o que acontece é mau? Desde que não esteja em linha com o que ideologicamente eles, os senhores dos comentários, pensam e que acham deveria ser e porque se quer estar do lado dos opositores que perfilham é tudo mau. Foi assim no passado recente, mas ao contrário.

Não se pode ser otimista irrefletido mas, o que se vê na "fotografia" dos media é um pessimismo paralisante e um fatalismo permanente. Comentar é também criticar com imparcialidade, com isenção, não apenas atacar por mera fação e questão ideológica de que, afinal, acusam outros. Ou, então, criticam porque sim.

Penso que já referi várias vezes neste blog a impressão negativa que tenho sobre alguns comentadores da televisão e sobre artigos de opinião escritos, independentemente de estar ou não de acordo com eles, venham da direita ou da esquerda. Nem tudo o que uns gostam de ouvir ou ler agradará a outros. Uma coisa é o debate de ideias e de pontos de vista em democracia, outra é o "arranjo" argumentativo falacioso propositadamente construído com deturbação e interpretação abusiva de opiniões, acontecimentos ou factos ainda não comprovados. Outro caso ainda é dizer-se que uma coisa é preta quando é evidente a perceção comprovada de que é branca. Isto é, nega-se uma realidade, lança-se-lhe umas pinceladas de frases mais ou menos demagógicas e populistas para se poder a continuar a dizer que aquela coisa é preta.

Neste segundo semestre aconteceu haver uma agitada dança de cadeiras a nível das direções em jornais e rádio, o que para o cidadão comum não é novidade. As justificações são sempre as mesmas, reorganizações, ajustamentos, rentabilizações, etc. e, por vezes, estas mudanças estão também ligadas a mudanças de orientação editorial. Desta vez estas mudanças verificam-se ocasionalmente num ano em que um Governo é apoiado por uma maioria parlamentar de esquerda.

Na direção do Diário de Notícias encontra-se desde setembro Pedro Baldaia que era diretor da TSF; David Dinis que saiu do jornal Sol, fundou com outros o jornal online Observador e foi para diretor da TSF donde sairá para passar a dirigir, a partir de 3 de outubro, o jornal Público. Também, José Miguel Tavares, passou a ter direito naquele jornal a mais um diazinho por semana para divulgar as suas facciosas opiniões. A direção do jornal i que mudou várias vezes (em pouco mais de seis anos de vida, o jornal já teve quatro proprietários e sete direções), cabe desde 15 de dezembro de 2015 a Mário Ramires que também é presidente do conselho de administração da proprietária do jornal, a NEWSPLEX, SA., e também do semanário Sol. O jornal i e o Sol anteriormente pertenciam à Newshold, empresa angolana liderada por Álvaro Sobrinho que tinha investido na entrada do capital da Cofina, (dona do "CM" - Correio da Manhã) e da Impresa (dona do Expresso).

A crise que há na imprensa escrita vai alastrando e por ela a liberdade de expressão dos jornalistas pode ser condicionada face a uma potencial perda de emprego à vista. As razões apresentadas são várias, normalmente de natureza financeira e económica que levam ao despedimento e a rescisões por mútuo acordo de jornalistas. A razão para que este ano exista tal azáfama leva-me a pensar. Mas isto de momento não nos interessa.

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publicado às 16:55

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A estratégia económica do anterior governo não trouxe crescimento mas desigualdade, os mais ricos ficaram-no ainda mais sem que o investimento aumentasse, o que parece provar a investigação agora publicada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, "Desigualdade do Rendimento e Pobreza em Portugal: As consequências sociais do programa de ajustamento".


A teoria ideológica do governo anterior baseava-se na ideia de que a distribuição a favor das classes de topo seria boa porque são essas classe que tomam decisões e passariam a investir melhor. A classe que detém o capital se ficasse melhor iria melhorar os que estão abaixo. Apesar dos cortes de salários, pensões, aumento de impostos nada disso aumentou o investimento como se pode verificar pelo gráfico Formação Bruta do Capital Fixo (indicador de investimento) caminhando no final da etapa 2014 para a estagnação dos 15% do PIB aproximadamente o que parece continuar em 2016, consequência do anterior governo que este não conseguiu estancar.

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Fonte: INE Set/2016

O que nos trouxe até aqui foram as declarações, plenas dum certo desvario ideológico e demagógico, de Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda (BE) e também do PCP, de forma mais comedida, mas e indisposto com a antecipação pelo seu rival de esquerda. Em pleno Parlamento e em resposta a Passos Coelho dizia Jerónimo de Sousa em 2014: "Coitadinhos dos ricos, que foram tão explorados com impostos e conseguiram aumentar as suas fortunas". Esta afirmação parece estar atualmente comprovada. Independentemente da certeza deste facto o que se está a percecionar é uma espécie de ódio aos ricos, isto é, às grandes fortunas, como dizem, numa espécie de caça às bruxas através dos impostos.

Para aqueles dois partidos, especialmente para o BE, os ricos e a propriedade privada, seja ela produtiva ou não, são privilégios duma classe alvo a abater. Resta saber o que entendem eles por rico. Para Passos Coelho e o seu governo uma família que auferisse rendimentos mensais acima dos 1000 euros, isto é, aproximadamente 14000 euros por ano era considerada rica.

Todos temos uma perceção do que é ser rico muito pouco rigorosa e sem que se tenha uma definição precisa. Esta perceção varia de pessoa para pessoa em função da classe social onde se julga incluir e da forma como olha para a que lhe está acima. A definição de rico é subjetiva. Podemos definir rico como alguém que tem mais património e dinheiro do que necessita para viver do que outro. Isto não é mais do que uma apreciação subjetiva e varia de país para país. Por sua vez, o conceito de necessidade para viver varia também drasticamente.

Possuir um negócio e ter trabalhadores na sua empresa significa, para alguns, ser rico, independentemente de se tratar gradativamente de uma pequena loja ou de uma grande empresa multinacional.

Existirão de facto conjuntos neutros de parâmetros para classificar a riqueza? Uma forma de o fazer é através de escalões de taxas do IRS mas, mesmo assim, como se pode agrupar em cada escalão a riqueza maior ou menor por grupos de rendimentos. E estes grupos de rendimentos na sua grande maioria pertencem aos do trabalho. Mais uma vez entramos no campo da subjetividade classificativa. Porque deve uma pessoas estar incluída no mesmo escalão do que outros que auferem dezenas de milhares de euros por ano a mais não manifestos ou disfarçados. 

Dos que hoje se consideram ricos uma grande parte do dinheiro não virá apenas exclusivamente de rendimentos do trabalho, virá também de retornos de investimentos e legados e, a grande maioria, de lucros gerados pelos investimentos e outros rendimentos. Não há mal nenhum desde que contribua em função de todos os seus rendimento e património. 

Mariana Mortágua poderá ter boas intensões sociais mas tem uma visão demasiado romântica da economia sociopolítica do marxismo clássico e ortodoxo de meados do século XIX. Mas, não vou agora entrar por essa discussão.

O imposto sobre a totalidade do património imobiliário de que de fala Mariana Mortágua vai atingir quem tem património acumulado no valor acima de determinada verba, entre 500 e um milhão de euros. Não há certezas. Segundo alguns o novo imposto sobre o património destina-se a substituir o imposto de selo em vigor por outro de 1% sobre prédios com valor patrimonial tributário (VPT) superior a um milhão de euros. O que está em discussão é um novo cálculo em que o que conta não é o valor patrimonial de um edifício ou de um andar, mas a soma de todo o património.

Sobre isto, comentadores que mais parecem deputados da oposição de direita, são duma falta de seriedade notória. Insurgem-se alegando prejudicar o investimento e, como tal, o crescimento.

Antes de continuar recorde-mos o que dizia o deputado social-democrata Luís Menezes em agosto de 2011 quando considerava então que o projeto de lei do BE para taxar as grandes fortunas era "meritório", mas argumentava que "a pressa é inimiga da perfeição" e que o PSD está a "estudar" a matéria. O BE tinha apresentado naquela data um projeto de lei para a criação de um "imposto de solidariedade sobre as grandes fortunas", incidindo no património global acima de dois milhões de euros.

Esquecem-se também do disse Passos Coelho sobre este assunto agora em cima da mesa e que pode ser visto no vídeo que se segue, que está a ser utilizados como propaganda do BE , mas o certo é o que ele mesmo afirmou.

 

 

Aqueles comentadores que falam de catastróficos prejuízos no investimento procuram, rebuscam catastróficas previsões, sem ainda saberem ao certo os contornos desse tal imposto. Faço um investimento na compra duma habitação na cidade com um valor de mercado superior a 500 mil euros e mais uns terrenos, e, mais ainda, uma casa para férias num sítio localizado numa paisagem estratégica. A pergunta é: quantos postos de trabalho criou este investimento, sem contar com a pequena parcela no setor aquando da sua construção? E, quem o vendeu poderá ou não colocar o dinheiro que recebeu da venda ou parte, fora do país? Ah pois! Não está sequer em causa a dinamização do mercado da construção para um mercado especial de elevado capital que deve continuar. Mas a gente do meu país costuma que, quem quer luxos paga-os.

A confusão gerada pela comunicação social sobre este possível imposto foi culpa da própria Mariana Mortágua, mas lançar pressupostos para a opinião pública de que ele se destina à classe média e à habitação familiar não é mais do que um embuste argumentativo e uma falta de seriedade.

Afirmações de pessoas com responsabilidades como esta que incluo, “novos aumentos dos impostos sobre o imobiliário que, a exemplo do passado, apenas conduzem ao aumento da tributação sobre as famílias, à redução do investimento e a graves efeitos sobre a atividade económica colocando em causa o acesso a bens fundamentais, como a habitação”, são hilariantes. Os sublinhados são meus. Mas que famílias? Que bem fundamental? São patrimónios de valores astronómicos e de exceção. Claro que são legítimos, e estão de acordo com a capacidade financeira de cada um e ninguém coloca a sua posse em causa, mas deixem-se de demagogia mais ou menos de má qualidade e, sobretudo indefensável.

Eu, que tenho uma habitação de luxo no valor de 800 mil euros, e pedi um financiamento a um banco de 400 mil euros auferirei, com certeza, rendimentos suficientes para cumprir com as obrigações do financiamento e com a manutenção da habitação de família e se lhe juntar mais uma casa de férias no valor de 500 mil euros terei, por acaso, algum problema em pagar 1%, se for esse o caso, sobre todo o meu património, de cerca de 13 mil euros que corresponde a muito menos do que o valor anual dum ordenado mínimo.

Mas em que posição afinal me coloco neste caso? Pergunta pertinente de quem teve paciência para ler até aqui.

Voltemos então ao tema que interessa. Gerar na opinião pública um rancor contra quem é rico e aqui o conceito de rico é subjetivo como já vimos atrás, é tão negativo como gerar animosidade contra quaisquer outras classes sociais e trabalhadoras como já foi o caso num passado próximo de governação neoliberal.

Para parecer bem aos radicais do seu partido, e para se evidenciar politicamente pela diferença Mariana Mortágua tornou público algo ainda não definitivo, logo, a comunicação social especula, inventa, deduz sem premissas válidas, desestabiliza, influencia e, com isso, cria a dúvida na opinião pública levando a que, quem adquiriu casa para habitação familiar própria também já se vê a pagar esse tal e indefinido imposto.

Alguns comentadores, não isentos nas suas análises, parecem mais ser porta-vozes duma direita retrógrada e, na ansia de ser notados, só lhes falta dizer que retiremos os impostos aos ricos e aumentemos os impostos sobre o trabalho, cortemos nas pensões, não nos deles, claro. Não brinquemos com coisas sérias. Devemos hostilizar os ricos? Não. Precisamos de mais ricos? Sim. Mas a riqueza de que Portugal precisa é para investimento que crie riqueza, postos de trabalho e que contribua para as exportações e não uma fortuna originada apenas pela pura e simples especulação. Aí, os governos, sejam eles quais forem, em países como o nosso, têm o dever de criar incentivos e controlar os resultados desses incentivos.

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publicado às 16:18

 

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Paulo Rangel é um militante e deputado europeu do PSD que pertence ao grupo de direita PP. Quando é questionado num qualquer debate em que participe começa as suas respostas por "bem… vamos lá ver…".

Os seus argumentos são confusos, baralhados, intelectualizados e construídos de modo a confundir opiniões. Até ponho em dúvida que ele próprio os perceba.

"Confesso que Paulo Rangel é uma criatura que me causa irritação. Faz lembrar aqueles meninos com manifestas dificuldades de socialização, que, em consequência disso, se desforram nos serões de família, nos quais encantam as tias velhotas com as mais variadas aptidões não reconhecidas fora de portas." (Miguel Abrantes, 2015)

Declaro que a mim também me causa irritação, coisa que, se ele soubesse, o encheria de orgulho pelos resultados obtidos. 

Rangel parece ser um indivíduo sem convicções e, como tal, não serve para líder do partido. Sobre este assunto e a sua posição no Parlamento Europeu prefiro citar Sebastião Bugalho que escreve no jornal i cujas opiniões leio com algum cuidado e muitas reservas.

Diz Bugalho: "Cinco anos de austeridade, em que Portugal serviu como cartaz de defesa de Berlim e ataque à Grécia, em que ministros portugueses eram aprovados previamente pelo governo alemão, em que políticas defeituosas eram impostas sem escrúpulo, e não se ouviu uma palavra contra Bruxelas. Uma palavra. Cinco anos depois, o patriotismo de Montenegro ressuscita milagrosamente para defender José Manuel Durão Barroso que, como se sabe, é outro apogeu do patriotismo em política.".

Continua dizendo mais à frente: "O patriotismo de Rangel caiu do céu para “defender Durão Barroso”. E o euroceticismo de Rangel nasceu para denunciar uma conspiração “contra António Guterres”. Mas nada disso foi verdadeiro. Foram populismos.

Rangel disse o que disse porque sabe que defender Guterres e fazer voz grossa aos alemães cai bem junto dos portugueses e faz dele uma exceção dentro do PSD. Quer, portanto, ser presidente do partido."

Podem ler o artigo completo em http://ionline.sapo.pt/artigo/523932/a-europa-contra-passos-coelho?seccao=Opiniao_i

 

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publicado às 15:32

Conversas de comadres

por Manuel_AR, em 15.09.16

Comadres.pngComeçou em Portugal a conversa de comadres com a discussão do Orçamento de Estado para 2017 Na Comissão Europeia as comadres falam sobre a uma possível suspensão dos fundos estruturais a Portugal. Comadres é um termo popular que designa maledicência, mexeriquice com criação de rumores e boatos, geralmente baseados em presunções maliciosas e facciosas.

É o tempo da apresentação e discussão do Orçamento de Estado para 2017, é tempo também para o regresso à conversa das comadres do anti Governo a nível interno. A nível europeu a conversa é sobre as pressões de ordem politica e financeira a um Governo que tem um apoio parlamentar que não é do seu agrado.

Este, que devia ser o tempo da oposição apresentar propostas concretas e credíveis dedica-se antes à prática da conversa mexeriqueira e ao baile mandado.

Passos Coelho com os mais diversos pretextos anda por aí a fazer intervenções que mais não são do que uma espécie de homilias dominicais para a paróquia de que é prior. Afirma que o Governo está a enganar os portugueses. Afinal, enganá-los foi o que ele fez durante mais de quatro anos consecutivos para além de criar divisões e conflitos entre eles.

A direita de Passos Coelho anda num desnorte. Luís Montenegro, presidente do grupo parlamentar do PSD disse num primeiro momento que não iria apresentar propostas para o Orçamento de Estado e, ao mesmo, criticava, dizendo ser uma tontice, quem dizia que o PSD não apresentava propostas.

Passos Coelho, numa das suas homilias, disse, a certa altura, avisando o Governo, que, "quem quer compromissos "não anda à pedrada". O que quer dizer que Passos Coelho rejeita entendimentos "com quem tem comportamentos revanchistas". Veja-se agora a disparidade entre o que disse Passos Coelho e o que diz Montenegro quando este revela agora que apresentará nada mais, nada menos, do que mais de 20 propostas.

Por outro lado Luís Montenegro acusa do Governo pela obsessão do défice e pela consolidação orçamental recuperando uma frase de Jorge Sampaio quando este disse "há mais vida para além do défice". Isto é no mínimo hilariante. Todos nos recordamos, basta reler antigos jornais, da obsessão de Passo Coelho pela consolidação orçamental no tempo do Governo PSD-CDS. Tudo se centrava aí. Recordemos algumas frases de Passo Coelho.

 

Outubro 2012. Numa reunião com a Comissão Política do PSD: “não pode haver amuos que ponham em causa a consolidação orçamental"

 

Março 2103. O antigo primeiro-ministro desafia o então secretário-geral do PS José Seguro "a esclarecer quanto vale o seu programa de consolidação orçamental alternativo, alegando que só depois de dar esse esclarecimento o PS poderá ser levado a sério." Isto porque acusava o PS de não querer a consolidação orçamental.

 

Julho 2013. Durante o debate da moção de censura do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV), ao Governo, Pedro Passos Coelho sustentou que o Governo conseguiu resultados para iniciar um novo ciclo virado para o investimento e que afastam uma espiral recessiva, mas defendeu que é preciso manter o rumo da consolidação orçamental.

 

Maio 2013. Dizia Passos Coelho numa declaração aos jornalistas, na residência oficial de São Bento, em Lisboa que "Portugal seguirá um caminho que procura equilibrar os objetivos de consolidação orçamental e que precisa de consolidar de modo a ter uma política financeira saudável para o país…" e reitera a defesa da consolidação orçamental: "No entanto, os riscos de um processo desse tipo só serão definitivamente menorizados se mantivermos o rumo. Que não haja equívoco quanto ao que significa esse rumo: é o rumo da consolidação orçamental

 

O certo é que a oposição ao Governo com base na obsessão pelo défice não tem qualquer credibilidade assim como as críticas que fazem ao baixo crescimento económico verificado e previsto. Porque é mais do que sabido que a imposição de Bruxelas pelo cumprimento do défice é incompatível com o crescimento porque os recursos são todos canalizados para cobrir o excesso de despesa e para amortização de dívida e pagamento de juros. Todos os governos sabem disso e Passos e o seu Governo tiveram disso a experiência.

Analisando as intervenções do PSD, enquanto oposição ao Governo, verificamos que muitos deles são de baixa política e carecidos de originalidade. Na prática são duplicados dos argumentos utilizados pela oposição na altura em que Passos Coelho era primeiro-ministro.

A dança dos impostos também já começou. Ninguém gosta que os impostos aumentem. Da direita à esquerda todos somos contra o seu aumento, sejam eles diretos ou indiretos. Os neoliberais que fazem parte do PSD, agora na oposição, têm este argumento. Esquecem-se no entanto que, quando estiveram no Governo, a sua ação foi dirigida para dois campos, cortavam rendimentos para alguns e aumentavam impostos para todos sem conseguirem reduzir o défice.

Mas, afinal, o que pretendem os neoliberais? Apenas e simplesmente algo como o ensaio tivemos com Passos Coelho: impostos e regulação deveriam ser reduzidos (mas não foram); serviços públicos, privatizados. Reduzir ou eliminar a organização do trabalho e a negociação coletiva. Os sindicatos apenas servem para a distorção do mercado, que impede a formação de uma hierarquia natural entre vencedores e perdedores. A desigualdade é virtuosa: um prémio para a utilidade, ela é geradora de uma riqueza que se espalha de cima para baixo, enriquecendo todos. Criar uma sociedade mais igualitária é, ao mesmo tempo, contraproducente e moralmente corrosivo. O mercado assegurará que cada um receba o que merece.

Passos Coelho é um político de recursos limitados com a obsessão pela teoria do empobrecimento deliberado de alguns setores do país, porque, segundo ele, servirá de alavanca a um enriquecimento futuro (será apenas de alguns?). Isto é de tal modo incerto que nem ele próprio se atreve a prognosticar. Não é mais do a que a teoria neoliberal que ele professa e que, agora na oposição, pretende disfarçar.

É tradição partidária não substituir líderes que ganham eleições, e Passos Coelho ganhou-as, mas a sua manutenção no PSD será prejudicial. As suas atitudes e políticas que aplicou, sugeridas ou não pelos o rodeiam, não serão facilmente esquecidas pela gente portuguesa, pelo menos por grande parte dela. Passos sempre foi um político e um líder partidário ingénuo. Ele seria melhor como formador de uma qualquer escola ou universidade.

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publicado às 23:30

Ó gente do meu país

por Manuel_AR, em 13.09.16

Gente da minha terra.png

“Ó gente da minha terra” é um fado que foi escrito por Amália Rodrigues que é interpretado por Mariza. Contrariamente ao que consta por aí não foi ela que o escreveu. O seu mérito deve-se à excecional interpretação. Completando a quadra:

Ó gente da minha terra

Agora é que eu percebi,

Esta tristeza que trago

Foi de vós que recebi.

 

Eu, que não aprecio fado, por que é que inicio este “post” com esta quadra? Recordei-me de autores como Eça de Queiroz e Guerra Junqueiro e de outros tantos escritores e políticos que, nas suas obras, cada um à sua maneira, traçaram perfis dos portugueses.

Para mim o povo português é muito acolhedor, sociável e hospitaleiro e recebe bem tudo quanto é estrangeiro e nos visita. Mostra, a seu modo, a sua subserviência disfarçada. Por princípio é um povo que ajuda o seu próximo quando necessário, é solidário quando se trata de defesa dos interesses da sua comunidade em que se integra. Falsamente pacífico, introvertido apesar de alegre, preocupa-se mais com a vida dos outros do que em expor a sua. Há várias citações sobre os portugueses, algumas delas antagónicas.

 

 

 

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publicado às 15:18


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